Apresente cinco requisitos fundamentais ao planejamento curricular

CRIT�RIOS PARA SELE��O DE CONTE�DOS

����������������������������������������������������������������������� Maria In�cia Lopes*

Resumo

Este artigo d� uma vis�o geral de como o tema Sele��o de Conte�dos � tratado entre os professores, faz uma abordagem te�rica sobre conte�dos de ensino com base em diversos autores nacionais e internacionais, apresenta propostas para selecionar conte�dos incluindo o enfoque Hist�rico-Cultural e apresenta recomenda��es para que os professores selecionem conte�dos de forma cient�fica, contribuindo para formar o perfil do futuro profissional.

O mundo atual vive uma �poca de grandes transforma��es. Em todos os setores da vida as mudan�as s�o uma constante. N�o se trata de evitar ou impedir as mudan�as mas, sim, de saber conviver com elas de forma natural, buscando o que trazem de positivo e diminuindo os aspectos negativos .

A escola tem que estar trabalhando com o aluno o que acontece � sua volta, preparando-o para uma leitura cient�fica dos acontecimentos. O ensino conteudista, banc�rio j� n�o atende as necessidades e interesses dos alunos que vivem num meio altamente tecnologizado.

A concep��o de umaescola voltada para a constru��o de uma cidadania consciente e ativa, oferecendoaos alunos as bases culturais que lhes permitam identificar e posicionar-se frente �s transforma��es em curso e incorporar-se na vida produtiva e s�cio-pol�tica torna-se cada vez mais necess�ria.Refor�a-se, tamb�m, a concep��o de professor como profissional do ensino que tem como principal tarefa cuidar da aprendizagem dos alunos, respeitandosua diversidade pessoal, social e cultural e ligando os saberes te�ricos � pr�tica.

� comumouvir professores comentando que sua mat�ria tem muito conte�do para ser trabalhado, que o tempo dispon�vel n�o � suficiente para se trabalhar todo esse conte�do, que os alunos n�o s�o capazes de assimilar tudo que � trabalhado na disciplina e que n�o sabem o que fazer para adequar o tempo dispon�vel ao conte�do determinado

Conte�do significa o conjunto de conhecimentos, habilidades, formas de comportamento e h�bitos de estudo relacionados aos objetivos e organizados pedag�gica e didaticamente, visando sua aplica��o.

Esses conte�dos podem ser

espec�ficos, correspondendo a conceitos, leis, teorias, axiomas, procedimentos, m�todos e t�cnicas espec�ficas de uma �rea do conhecimento; e

n�o espec�ficos, abrangendo:

-�� habilidades, que s�o procedimentos l�gicos, ��heur�sticos, algoritmos;

-�� formas de comportamento, incluindo atitudesevalores; e

����������� -h�bitos de estudo, levando � busca e processamento de informa��es, organiza��o�� e�� controle da atividade de estudo,autoprepara��o.

Os conte�dos, dentro do processo ensino-aprendizagem, t�m sido objeto de estudos por parte de v�rios autores e, �s vezes, at� se encontram posi��es antag�nicas sobre o seu papel nesse processo.

Nogueira (2001,p.19) chama os professores de �conteudistas� por se preocuparem com o cumprimento integral dos conte�dos selecionados para um determinado ano letivo em detrimento, at�, do processo de aprendizagem. O conte�do passa a ser o mais importante e a ele se submetem professor e alunos.

Esse autor fundamentando-se na Ley de Ordenacion general del sistema educativo - da Espanha � LOGSE e nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino classifica os conte�dos em tr�s categorias: conceitual, procedimental e atitudinal.

Conte�do conceitual � o conhecimento que o professor det�m e transmite de forma te�rica ao aluno. N�o se discute este tipo de conte�do mas, sim, o fato de se ficar apenas nessa categoria tratando-o como fim e n�o como meio, n�o o relacionando com o dia-a-dia do aluno, n�o o tornando significativo.

Conte�do procedimental � citado nos Par�metros Curriculares Nacionais � PCN-como

procedimentos que expressam um saber fazer, que envolvem tomar decis�es e realizar uma s�rie de a��es, de forma ordenada e n�o aleat�ria, para atingir uma meta. Os conte�dos procedimentais sempre est�o presentes nos projetos de ensino pois realizar uma pesquisa, desenvolver um experimento, fazer um resumo, construir uma maquete s�o proposi��es de a��es presentes nas salas de aula. (PCN ApudNogueira, 2001,p.20)

Os procedimentos devem se constituir em um objeto no processo de ensino-aprendizagem e complementar a informa��o te�rica, ou seja, o conte�do conceitual.

Conte�do atitudinal � formado pelas normas e valores que, atrav�s da fun��o socializadora e mediadora da escola, possibilitam ao aluno diferentes leituras e interpreta��es do mundo em que vive.

Lib�neo ( 1994, p.127) faz uma abordagem ampla sobre o tema ressaltando sua relev�ncia n�o s� na vida escolar mas, tamb�m, na forma��o de uma sociedade justa. Critica a forma est�tica e sem significado vital para o aluno como muitas vezes os conte�dos s�o trabalhados, aspecto apenas conceitual, n�o valorizando a capacidade e habilidade do aluno para adquirir conhecimentos, aspecto procedimental e separados das condi��es s�cio-culturais e individuais do aluno, aspecto atitudinal.

Afirmaque o ensino dos conte�dos � um processo din�mico, uma a��o rec�proca entre mat�ria, ensino e estudo dos alunos. Os conte�dos devem ser significativos, isto �, interessantes, expressivos, incluir elementos da vida dos alunos para serem assimilados de forma ativa e consciente. O dom�nio de conhecimentos, conte�dosconceituais e das habilidades, conte�dos procedimentais, visa ao desenvolvimento das fun��es intelectuais como o pensamento independente e criativo.

Lib�neodefine conte�do de forma abrangente incluindo n�o s� conhecimentos mas habilidades, h�bitos, modos valorativos e atitudinais de atua��o social visando sempre sua aplica��o na vida pr�tica dos alunos. Conte�do, para ele, engloba conceitos, id�ias, fatos, processos, princ�pios, leis cient�ficas, regras, habilidades cognoscitivas, modos de atividade, m�todos de compreens�o e aplica��o, h�bitos de estudo, de trabalho e de conviv�ncia social, valores, convic��es, atitudes.

A palavra conte�do, na tradi��o das institui��es escolares, significa elementos de disciplina, mat�rias, informa��es diversas, os resumos da cultura acad�mica, reflete a vis�o dos que decidem o que ensinar e dos que ensinam, o que se pretende transmitir e o que deve ser assimilado. Essa concep��o � diversa dos resultados dos conte�dos n�o espec�ficos que o aluno obt�m.

A amplia��o da escolaridade alargou a concep��o de conte�dos do curr�culo, englobando as finalidades da escolaridade e as aprendizagens que os alunos obt�m da escolariza��o. Conte�dos passam a ser �todas as aprendizagens que os alunos devem alcan�ar para progredir nas dire��es que marcam os fins da educa��o numa etapa da escolariza��o, em qualquer �rea ou fora delas, e para tal � necess�rio estimular comportamentos, adquirir valores, atitudes e habilidades de pensamento, al�m de conhecimentos�.(Sacrist�n, 1998, p. 150).

No texto � El desarrollo y la educacion en America Latina:desafios y esperanzas�a Doutora Gonzalez (2001) do CEPES, comenta que atualmente o conte�do do ensino est� voltado para a assimila��o de conhecimentos, habilidades e h�bitos e n�o para o desenvolvimento da personalidade e das potencialidades do aluno. Esse costume traz como conseq��ncia a satura��o das mat�rias escolares, a perda do car�ter integral e sistem�tico do conte�do, sua convers�o em informa��es abstratas e distanciadas da realidade, sobrecarga de conte�dos, perda de interesse do aluno e diminui��o da qualidade dos egressados. Segundo Gonzalez �para o ensino que requerem os pa�ses de nosso continente � mais vi�vel a via da intensifica��o do conte�do, poss�vel de conseguir se se emprega o enfoque baseado no contexto da atividade�.[1]Esse enfoque se orienta, n�o s� para o dom�nio dos conte�dos como, tamb�m, aos procedimentos de sua utiliza��o, relacionando-os com modelos e a��es de pensamento que lhe servem de base e desenvolvendo o potencial criativo de cada aluno. Permite, ainda, superar a passividade do aluno e o car�ter abstrato de conte�dos desligados da realidade e da atividade.

As v�rias teorias da educa��o assumem posi��es diferentes sobre a quest�o dos conte�dos escolares. A Escola Tradicional enfatiza a transmiss�o de conhecimento sistematizado e organizado como verdades sobre a sociedade e o indiv�duo. A cultura acumulada pela humanidade deve ser aprendida.

A Pedagogia Libertadora de Paulo Freire prop�e o conte�do program�tico a partir da investiga��o interdisciplinar e de um m�nimo de conhecimentos da realidade; os conte�dos n�o devem ser impostos aos estudantes mas partir de suas experi�ncias e necessidades. Freire considera a pr�tica educativa como uma totalidade e por isso n�o separa conte�do de m�todo, professor de aluno, dizendo que o professor progressista se preocupa com a totalidade da pr�tica educativa procurando descobrir os momentos parciais que comp�em essa totalidade.

Na teoria construtivista os conte�dos selecionados por especialistas n�o s�o muito valorizados uma vez que � o aluno que determina o que tem sentido no contexto em que est� operando e que problemas s�o importantes para ele.

Para a teoria do enfoque hist�rico-cultural o ensino e a educa��o s�o formas universais e necess�rias do processo de desenvolvimento ps�quico e da apropria��o, pelo homem, da cultura e da experi�ncia hist�rico-social da humanidade. O ensino n�o tem um conte�do est�vel mas vari�vel, uma vez que � determinado historicamente e o desenvolvimento ps�quico da crian�a tamb�m tem um car�ter hist�rico-concreto de acordo com o n�vel de desenvolvimento da sociedade e das condi��es da educa��o.

Nogueira apresenta algumas quest�es que ajudam o professor a selecionar conte�dos tornando-os exeq��veis, significativos, contextualizados e dotando-os de uma roupagem did�tica:

-              para que � importante esse t�pico?

-              Qual � a rela��o dessa unidade com as anteriores e com as pr�ximas ?

-              Como contextualizar esse conte�do no cotidiano de meu aluno?

-              Como posso trabalhar essa unidade de forma procedimental e atitudinal ?

-              O que aconteceria para o aluno se eu n�o ministrasse essa unidade ?

A essas quest�es pode-se acrescentar outras:

-              O que pretendo atingir trabalhando esse conte�do?

-              Que habilidades e atitudes pretendo formar em meus alunos trabalhando esse conte�do?

-              Que valores posso ajud�-los a desenvolver estudando esse conte�do?

Uma reflex�o sobre essas perguntas leva o professor a repensar a forma como tem selecionado os conte�dos e a import�ncia deles para o aluno, para sua forma��o como cidad�o e como profissional. Um conte�do que n�o � trabalhado procedimentalmente e atitudinalmente, que n�o tem significado para a vida do aluno deve ser questionado quanto a sua relev�ncia e, talvez, nem sequer fazer parte do Plano do professor.

O professor, ao selecionar os conte�dos, torna-se o mediador que vai possibilitar ao aluno apropriar-se do patrim�nio cultural e cient�fico da sociedade.

O princ�pio b�sico para selecionar o conte�do s�o os conhecimentos e modos de a��o que surgem da pr�tica social e hist�rica dos homens revelando um v�nculo entre o aluno, sujeito do conhecimento, e sua pr�tica social de vida.

Para se selecionar um conte�do � necess�rio considerar a heran�a cultural, a experi�ncia da pr�tica social e do contexto em que o aluno vive e a perspectiva de futuro, tendo em vista a constru��o de uma sociedade humanizada.

Como a heran�a cultural � rica e complexa cabe � escola selecionar o que deve ser objeto de estudo, isto �, o conte�do a ser trabalhado pelo aluno. Este conte�do, segundo Lib�neo, � composto por quatro elementos:

- conhecimentos sistematizados; habilidades; atitudes; e convic��es.

� interessante notar que Lib�neoressalta muito o car�ter social dos conte�dos e a participa��o na pr�tica social, o que vai exigir do aluno o dom�nio de conhecimentos b�sicos e habilidades intelectuais e, do professor, uma sele��o de assuntos vivos e significativos e a considera��o das condi��es de rendimento escolar dos alunos.

O enfoque hist�rico cultural concebe a rela��o ou correspond�ncia entre objetivos e conte�dos como um movimento dial�tico atrav�s do qual os conte�dos se ajustam aos objetivos ou estes �queles, como no esquema a seguir:[2]

Apresente cinco requisitos fundamentais ao planejamento curricular
Apresente cinco requisitos fundamentais ao planejamento curricular
Apresente cinco requisitos fundamentais ao planejamento curricular
Apresente cinco requisitos fundamentais ao planejamento curricular
���������������������������������������MODELO DOS OBJETIVOS

������������������� Componentes do objetivo:

�������������������������� - a��o

�������������������������� - objeto sobre o qual recai a a��o(conhecimento)

������������������������� -condi��es de realiza��o da a��o

������������������������� -indicador de qualidade

��������������������������������������

Apresente cinco requisitos fundamentais ao planejamento curricular
Apresente cinco requisitos fundamentais ao planejamento curricular
Apresente cinco requisitos fundamentais ao planejamento curricular
��������������������������������������� MODELO DOS CONTE�DOS

Apresente cinco requisitos fundamentais ao planejamento curricular
 

Conte�do espec�fico������������������������������������� Conte�do n�o espec�fico

-              conceitos����������������������������������������������� -habilidades����������

-              leis���������������������������������������������������������� - valores

-              teorias����������������������������������������������������� - habilidades de estudo

-              procedimentos espec�ficos

Ao selecionar o conte�do deve-se considerar sua relev�ncia para o exerc�cioprofissional privilegiando a pessoa e o cidad�o.

A Doutora Herm�nia Hern�ndez Fern�ndez (2001 a) considera que os conte�dos devem agrupar tr�s tipos de atividades no processo docente que s�o a atividade acad�mica, a atividade trabalhista e a atividade de pesquisa.

A atividade acad�mica desenvolve os conte�dos necess�rios para treinar o estudante na resolu��o de problemas profissionais e os conte�dos que possibilitar�o ao aluno adquirir m�todos de pesquisa. Nesta atividade os conte�dos v�o se relacionar diretamente com o exerc�cio profissional, proporcionar m�todos, procedimentos e meios que ser�o utilizados na profiss�o escolhida pelo aluno e garantir a forma��o b�sica para assimilar os conte�dos anteriores. Essa atividade acad�mica � orientadora e formativa e se desenvolveno contexto da sala de aula e requer a orienta��o do professor. � complementada pelas outras atividades que, juntas, promovem a forma��o do homem, do cidad�o e do profissional.

Os conte�dos est�o ligados aos objetivos que se deseja alcan�ar e aos m�todos de ensino que possibilitar�o atingir tais objetivos. Devem preparar os alunos para solucionar problemas e trabalhar em equipes, comunicar-se, emitir ju�zos de valor, assumir posi��o de l�der e de subordinado, desenvolver valores e qualidades de personalidade e desenvolver uma cultura cient�fica, �tica profissional e responsabilidade social.

Corral y Nu�es, citados por Hern�ndez (2001 b) estabelecem tr�s tipos de correspond�ncia entre conte�dos e objetivos do perfil:

-              conte�dos selecionados pela l�gica da profiss�o: que modelam a tarefa profissional. Seria o caso da disciplina Metodologia do Ensino Fundamental modeladora doperfil do pedagogo;

-              conte�dos selecionados pela l�gica do instrumento ou etapa de realiza��o de uma tarefa profissional: funcionam como meios de realiza��o de uma a��o componente da tarefa profissional, t�m car�ter instrumental, s�o comuns a diferentes tarefas profissionais e suas fun��es s�o determinadas pelos objetivos de uma tarefa concreta. No curso de Pedagogia seriam os conte�dos da disciplina Psicologia da Aprendizagem, modeladora da fun��o, que devem orientar o futuro pedagogo sobre as diferen�as apresentadas pelos alunos nas diversas fases de idade e ajud�-lo a selecionar a metodologia adequada para se chegar � aprendizagem; e

- conte�dos selecionados pela l�gica das ci�ncias historicamente constitu�das e sistematizadas na pr�tica pedag�gica: constituem a linguagem da profiss�o, os s�mbolos que moldam e expressam os objetivos da profiss�o. Para o pedagogo seriam os conte�dos das disciplinas modeladoras da linguagem como L�ngua Portuguesa, Introdu��o � Filosofia, Estat�stica

Ao selecionar os conte�dos em fun��o dos objetivos a trabalhar no curso,� de vital import�ncia vincul�-los com a profiss�o e seus aspectos �ticos. N�o conceber uma programa��o r�gida dos conte�dos mas trabalh�-los de maneira flex�vel, considerando a conveni�ncia de que os estudantes possam propor seus interesses na inclus�o de novos temas. Estimular no aluno o interesse pela profiss�o e seus problemas, de modo que possam trazer para a sala de aula suas inquieta��es, tanto t�cnicas e cient�ficas como �ticas acerca do mundo profissional para o qual se est�o formandodesenvolvendo, assim, seu esp�rito cr�tico e sensibilidade social frente � profiss�o.(Ojalvo, 2001, p. 224)

Para Vigotsky e seus seguidores o processo de ensino-aprendizagem se organiza a partir da formula��o dos objetivos ligados �s a��es que o aluno deve desenvolver e ao perfil que deve apresentar no final de um grau de estudos. Os conte�dos devem serselecionados de forma a garantir a forma��o de conhecimentos e caracter�sticas da personalidade necess�rias para a realiza��o de diferentes tipos de atividade. Esses conte�dos devem ser estruturados de forma sist�mica. O processo de ensino-aprendizagem precisa considerar os componentes funcionais da atividade que s�o a orienta��o, a execu��o e o controle; a rela��o professor-aluno assume uma nova caracter�stica cabendo ao professor orientar e guiar o processo de aprendizagem considerando os interesses do aluno e suas possibilidades de desenvolvimento.

De acordo com a teoria da atividade, para se formar profissionais faz-se necess�rio vincular os conte�dos program�ticos com a realidade em que o aluno ir� atuar atrav�s da an�lise da atividade profissionalA atividade � entendida como um processo que possibilita ao homem,sujeito,relacionar-se com o objeto da realidade.� constitu�da por:

-              sujeito ou agente da atividade;

-              objeto que,sob a a��o do sujeito,se transforma no produto final;

-              os meios materiais ou ideais usados pelo sujeito para chegar ao produto������ final; e

-              objetivos da a��o que estabelecem uma rela��o entre os componentes da atividade,levando-a ao resultado final.

A an�lise da atividade possibilita determinar os objetivos gerais do perfil profissional e delimitar os conte�dos disciplinares necess�rios para a sua forma��o atrav�s:

-              da determina��o dos conte�dos gerais fundamentais para o desempenho profissional numa �poca e contexto social considerando as perspectivas futuras e os objetivos gerais que o profissional deve conseguir;

-              dos conte�dos gerais essenciais a partir dos quais se pode integrar e explicar�� outrosparticulares;

-              dareconstitui��o dos v�nculos entre as disciplinas construindoum caminho para�� a interdisciplinaridade.

Pelo exposto v�-se que selecionar conte�dos n�o � tarefa simples, requer do professor, al�m de vasto conhecimento, no��o clara do tipo de homem e profissional que sua disciplina ajuda a formar e a orienta��o de uma linha de pensamento ou corrente pedag�gica.

O Grupo do CEPES (1994) apresenta para a estrutura��o do conte�do em um programa docente as seguintes premissas:

-            partir dos objetivos gerais do perfil e, a partir deles, determinar o papel que a disciplina desempenha na forma��o profissional, identificar os conceitos e procedimentos gerais e espec�ficos da profiss�o que essa disciplina deve ajudar a formar;

-            outras disciplinas com as quais a que est� em quest�o se vincula e pode contribuir e o conjunto de conhecimentos e procedimentos que requerem; e

-            a l�gica da pr�pria ci�ncia que cont�m um corpo de conhecimentos e m�todos concatenados logicamente. Isto faz incluir conhecimentos e procedimentos que, embora n�o estejam ligados diretamente ao perfil ou a outras disciplinas do plano de estudos, s�o necess�rios para a compreens�o de outros conte�dos ou para a cultura da disciplina.

Tal�zina (1984) prop�e que o planejamento curriculardeve considerar duas premissas fundamentais: as exig�ncias da teoria geral da dire��o e as regularidades do processo de assimila��o dos conhecimentos durante a atividade de ensino-aprendizagem.

Essas exig�ncias levaram � elabora��o de tr�s modelos de organiza��o do processo docente:

-              modelo dos objetivos do ensino � para que ensinar

-              modelo dos conte�dos do ensino � que ensinar

-              modelo do processo de assimila��o � como ensinar.

O modelo dos objetivos pode estar presente em diferente n�veis como:

-              nos objetivos finais da educa��o superior representando o perfil������ profissional do egressado;

-              nos objetivos parciais, referentes a per�odos de forma��o ou disciplinas; e

-              nos objetivos espec�ficos de uma aula ou atividade docente.

Na formula��o dos objetivos finais ou parciais devem estar presentes os elementos:

-              habilidade ou a��o, que o estudante deve realizar;

-              o conhecimento, que � o objeto sobre o qual se realiza a a��o;

����������� -������ as condi��es, sob as quais o estudante deve realizar a a��o; e

-������ as caracter�sticas ou indicadores qualitativos que deve ter a habilidade a ser��

����� formada.

Os objetivos determinam a sele��o dos conte�dos de ensino em cada n�vel e, com o modelo do processo de assimila��o, determinam os m�todos de ensino.

A �nfase no modelo dos objetivos suscita um conjunto de necessidades que se deve satisfazer atrav�s desses objetivos como:

-              um diagn�stico de necessidades sociais (perfil profissional); e

-              o modelo ideal proposto como fim da educa��o.

A elabora��o do perfil do profissional � o in�cio da consecu��o do plano de estudo e de todo o planejamento do processo educativo.

A determina��o dos objetivos finais do perfil profissional deve vincular o ensino com a vida refletindo as condi��es sociais hist�ricas nas quais transcorre a atividade profissional. O modelo de objetivos formulado em termos de tarefas profissionais permite elaborar o plano de estudo de uma carreira visando formar o sistema de capacidades e valores que possibilitem a realiza��o de uma atividade profissional com sucesso.

Segundo Tal�zina a elabora��o do plano de estudo sup�e resolver tr�s tarefas:

-              sele��o dos conte�dos;

-              estrutura��o dos conte�dos; e

-              determina��o do tempo dispon�vel

A sele��o dos conte�dos � um momento fundamental da elabora��o do plano de estudo.

Na medida em que se definem os conte�dos vinculados aos objetivos terminais se conformam os objetivos parciais que uma determinada sele��o e estrutura��o de conte�dos deve cumprir, de acordo com a rela��o que tenha com os terminais, o tipo de estrutura��o e distribui��o no tempo e as caracter�sticas concretas do processo docente e, incluso, as peculiaridades de estudantes e professores. Os objetivos intermedi�rios t�m um car�ter docente e s�o definidos nesse contexto. (Coletivo de Autores, CEPES, 1994, p. 156).

A correspond�ncia entre objetivos terminais e conte�do pode apresentar-se de tr�s formas denominadas l�gicas:

1.           Conte�dos selecionados pela l�gica da profiss�o;

2.           conte�dos selecionados pela l�gica do instrumento ou etapa de realiza��o de uma tarefa profissional; e

3.           conte�dos selecionados pela l�gica das ci�ncias historicamente constitu�das e sistematizadas na pr�tica pedag�gica.

O modelo dos conte�dos de ensino apresenta dois grandes blocos que s�o os conte�dos espec�ficos eos n�o espec�ficos

Tanto os conte�dos espec�ficos como os n�o espec�ficos s�o trabalhados relacionados com os objetivos da carreira, do curso, da disciplina.

O conte�do espec�fico e o n�o espec�fico s�o trabalhados concomitantemente, de forma global, entrela�ando conhecimentos com habilidades e formas de comportamento, visando a forma��o integral do aluno.

Na rela��o entre objetivo e tarefa est� a principal diferen�a entre a Teoria da Atividade e as demais teorias. � essa rela��o que faz com que os conte�dos sejam trabalhados de forma interligada e voltados para a atividade que ser� desenvolvida no futuro.

Os modelos de objetivos e de conte�dos n�o s�o excludentes, uma vez que definidos o perfil e os objetivos finais e intermedi�rios os conte�dos selecionados para ating�-los podem ser trabalhados no aspecto espec�fico e n�o espec�fico, suscitando, tamb�m, objetivos que podem contribuir para a forma��o do perfil.

Partindo de uma an�lise reflexiva sobre a proposta de conte�dos apresentada pela LOGSE e seus seguidores e o enfoque Hist�rico-Cultural, apresentamos nossa proposta baseada neste enfoque, adotando o Modelo dos Conte�dos,apresentado por Tal�zina, por considerar que permite conciliar os objetivos com os conte�dos e trabalhar, de maneira integrada,como um todo, os conte�dos espec�ficos e n�o espec�ficos, tornando as aulas din�micas e significativas atrav�s das tarefas que os alunos executam, ligadas � atividade profissional para a qual est�o se preparando e possibilitando formaro homem, o cidad�o e o profissional .

Assim, propomos os seguintes passos para selecionar conte�dos :

1.           Analisar a atividade profissional que ser� desempenhada pelo aluno,������������ identificando sua rela��o com os objetivos terminais e parciais do curso;

2.           Considerar os crit�rios did�ticos e psicopedag�gicos da disciplina, respeitando os princ�pios de:

-              car�ter cient�fico: trabalhar fatos, id�ias, m�todos, conhecimentos b�sicos que os alunos necessitam dominar da disciplina para exercerem a profiss�o escolhida;

-              acessibilidade: compatibilizar os conte�dos com o n�vel de preparo e desenvolvimento mental dos alunos, com os pr�-requisitos da disciplina, dosar os conte�dos de modo que possam ser assimilados pelo aluno;

-              sistematicidade: escolha dos conte�dos que tenham uma ordena��o numa seq��ncia l�gica, coerente com o desenvolvimento do curso e o tipo de atividade que ser� realizada pelo aluno;

-              rela��o entre teoria e pr�tica: considerando a relev�ncia social e profissional do conte�do;

-              conex�o com outros conte�dos da mesma disciplinacom os quais contribuipara a forma��o do homem e do profissional;

3.           Crit�rios sociais:considerar as quest�es:

-              que tipo de homem quero formar?

-              que tipo de profissional quero formar?

-              quais s�o as exig�ncias sociais e hist�ricas dessa profiss�o?

-              quais s�o os valores que devem ser formados nesse homem, nesse cidad�o e����� nesse profissional?

4.           Tempo dispon�vel: � outro crit�rio a ser considerado na sele��o de conte�dos pois n�o adianta escolherum n�mero grande de assuntos se n�o se disp�e de tempo suficiente para trabalhar todos eles. Assim, faz-se necess�rio uma triagem e escolha do que realmente � b�sico para a profiss�o e que pode ser bem trabalhado no tempo que se disp�e;

5.           A rela��o com as atividades acad�mica, trabalhista e de pesquisa: tamb�m deve ser considerada, pois fornece os conte�dos necess�rios para treinar o aluno a resolver problemas profissionais, buscar novos conhecimentos e se preparar para o auto-desenvolvimento;

6.           A l�gica da profiss�o: conte�dos que modelam a tarefa profissional que ser� desempenhada pelo aluno;

7.           A l�gica do instrumento ou etapas de realiza��o da tarefa profissional: conte�dos que funcionam como meios, instrumentos e s�o comuns a diferentes tarefas profissionais;

8.           A l�gica das ci�ncias historicamente constitu�das e sistematizadas na pr�tica pedag�gica:conte�dos que modelam e expressam os objetivos da profiss�o;

9.           Crit�rios filos�ficos e epistemol�gicos: hist�rico, desenvolvimento dos conceitos, princ�pios, hip�tese, resultadosda ci�ncia a que est� ligada a disciplina em quest�o;

10.       Crit�rios da interdisciplinaridade e multidisciplinaridade: conte�dos de outras disciplinas que podem ser trabalhados em conjunto e contribuem para a forma��o do homem, do cidad�o e do profissional que queremos.

Para que o Modelo dos Conte�dos, que envolve os conte�dos espec�ficos e os n�o espec�ficos, possa ser aplicado com sucesso faz-se necess�rio preparar os professores e para isso se prop�e:

-                forma��o de grupos de estudos entre os professores para adquirirem informa��es sobre o enfoque Hist�rico-Cultural e o Modelo dos Conte�dos;

-                realiza��o de interc�mbios com Institui��es que adotam o enfoque Hist�rico-Cultural a fim de adquirir subs�dios que auxiliem aado��o do modelo e troca de experi�ncias; e

-                sele��o de conte�dos com base na l�gica da profiss�o, na l�gica das etapas de realiza��o das tarefas profissionais e na l�gica das ci�ncias historicamente constitu�das.

A ado��o dessas medidas culminar� no preparo dos professores para selecionarem conte�dos que contribuam para formar o perfil profissional, preparar melhor os alunos para atuarem no campo profissionalemelhorar o n�vel da educa��o formal oferecida .

Abstract

This workshows how the subject Selection of Materials have been treated by teachers, makes a theoretical study about teaching materials based on many national and international authors, shows proposals to select teaching materials following the historic-cultural method andrecommendations for the teachersto select materials on a scientific way, contributing to the building the professional profile.

BIBLIOGRAFIA

BRASIL, MINIST�RIO DA EDUCA��O. Proposta de Diretrizes para a forma��o inicial de professores da Educa��o B�sica, em cursos de n�vel superior. s.l., s.e., 2000.

______.CONSELHO NACIONAL DE EDUCA��O. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Forma��o de Professores da Educa��o B�sica, em N�velSuperior, Curso de Licenciatura, de Gradua��o Plena. Parecer no. CNE/CP009/2001, aprovado em 08 maio 2001.

CEPES. El contenido de la ense�anza. Grupo de pedagog�a y Psicologia. Universidad de La Habana. Cuba: CEPES. 1994.

______: Grupo de Pedagogia y Psicologia. . El contenido de la ense�anza. In Selecci�n de lecturas de Did�ctica Universitaria. Maestria em ciencias de la educaci�n superior. Universidade Estadual de Goi�s/Universidad de la Habana, 2001..

______. Los objetivos como proyecto a lograr em la educaci�n. CEPES, Selecci�n de lecturas de Did�ctica Universitaria. Maestria em ciencias de la educaci�n superior. Universidade Estadual de Goi�s/Universidad de la Habana, 2001.

Gonz�leZ, Otmara Pacheco.El desarrollo y la educacion em America Latina: desafios y esperanzas. In: Selecci�n de lecturas deTeoria y Dise�o Curricular. Maestria em ciencias de la educaci�n superior. Universidade Estadual de Goi�s/Universidad de la Habana, 2001.

______. El curriculo em el marco del planeamiento y la administracion institucional. In: Selecci�n de lecturas de Teoria y Dise�o Curricular. Maestria em ciencias de la educaci�n superior. Universidade Estadual de Goi�s/Universidad de la Habana, 2001.

Hern�ndez, Herminia Fernandez. Curriculo Integrado e Investigacion. CEPES: Universidade de La Habana, 2001 a.

______. Dise�o de Planes y Programas de Estudio. In: Teoria y Dise�o Curricular. In Coletivo de Autores. CEPES: Universidade de La Habana. 2001 b.

______. Cap�tulo VI. Dise�o de Planes y Programas de Estudio. In: Curriculo y formaci�n Profesional. (in�dito, en imprenta).

JEFATURA DEL ESTADO ESPA�OL. Ley de Ordenaci�n General del Sistema Educativo- LOGSE, 1990. <http://www.filosofia.org/mfa/fae 990 a.htm>

LIB�NEO, Jos� Carlos. Did�tica. S�o Paulo: Cortez, 1994.

MINIST�RIO DA EDUCA��O E DOS DESPORTOS. Par�metros Curriculares Nacionais. Bras�lia: MEC, 1997.

NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Pedagogia dos Projetos. S�o Paulo: �rica, 2001.

Ojalvo, Victoria Mitrany et al. La Educaci�n de Valores en el ContextoUniversitario. CEPES: La Habana, 2001

REGO, Teresa Cristina. Vigotsky: uma perspectiva hist�rico cultural da educa��o. Petr�polis, RJ: Vozes, 2000.

SACRIST�N, J. Gimeno.Poderes inst�veis em educa��o. Porto Alegre:Artmed,1998.

______. O curr�culo:uma reflex�o sobre a pr�tica. Porto Alegre: Artmed, 2000 a.

______. Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: Artmed , 2000 b.

TAL�ZINA, Nina F. Confer�ncias sobre �Los Fundamentos de la ense�anza en la educaci�n superior�. Universidad de la Habana: Departamento de Estudios para el Perfeccionamiento de la Educaci�n Superior, 1984.

VIGOTSKY, L.S. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. In: Psicologia e Pedagogia. S�o Paulo: Moraes, 1991, p. 1-17.

<Voltar

Quais os 5 tópicos para fazer o planejamento das atividades educativas?

Na construção de um plano de aula devemos indicar o que fazer no dia-a-dia da sala de aula propondo o bom emprego do plano de ensino. Os elementos de um plano de aula são: tema/assunto; público-alvo; objetivo(s), cronograma; conteúdos; atividades/estratégias; recursos; avaliação; registro das atividades.

Quais são requisitos fundamentais do planejamento educacional?

São requisitos fundamentais do planejamento educacional, exceto:Aplicação do método científico na investigação da realidade educativa, cultural, social e econômica do país. Apreciação objetiva das necessidades, para satisfazê-las a curto, médio e longo prazo.

Quais são os elementos de um plano curricular?

O planejamento curricular começa com um momento de levantamento de alguns aspectos: Qual é a realidade social, política, econômica e religiosa em que a escola está inserida? Quais teorias educacionais e filosóficas orientam o ensino nessa escola?

O que é importante em um planejamento curricular?

Então, para o bom planejamento do currículo escolar deve ser determinada a participação dos indivíduos que norteiam o processo educacional, considerando a equipe gestora, pedagógica, técnica e administrativa.