Lima, 17 Abr 2019 (AFP) - O ex-presidente peruano Alan García morreu nesta quarta-feira em consequência de um ferimento a bala na cabeça depois que ele tentou se matar em sua casa, pouco antes de ser detido pela polícia em um caso vinculado ao escândalo Odebrecht. "Alan García morreu, viva o Apra", afirmou Omar Quesada, secretário-geral do partido de Garcia. García havia sido levado para o hospital em caráter de urgência por um ferimento a bala na cabeça depois que ele tentou se matar em sua casa, pouco antes de ser detido pela polícia. "Esta manhã aconteceu este acidente lamentável: o presidente tomou a decisão de atirar", afirmou o advogado de defesa Erasmo Reyna na entrada do Hospital de Emergências Casimiro Ulloa, em Lima. A ministra da Saúde peruana, Zulema Tomás, informou posteriormente que o estado de saúde do ex-presidente era delicado e de prognóstico reservado. Garcia sofreu três paradas cardíacas, acrescentou. García, ex-presidente do Peru entre 1985-90 e 2006-2011, foi detido em sua casa no distrito residencial de Lima, em Miraflores, por volta das 06h30 local. A polícia apresentou um mandado de prisão preventiva de até 10 dias pela acusação de lavagem de dinheiro e recebimento de propinas em um caso ligado ao escândalo Odebrecht investigado pela Operação Lava Jato. - Caso García -Antes da emissão do mandado de prisão, García havia declarado na terça-feira que não ficaria isolado ou escondido, em alusão tácita ao asilo frustrado que pedira ao Uruguai em dezembro. Na ocasião, a Justiça determinou que ele estaria impedido de sair do país por 18 meses. A ordem de prisão contra García emitida nesta quinta-feira é de 10 dias e buscava, segundo o Ministério Público, coletar novos elementos na investigação diante de um eventual risco de fuga. O ex-presidente permaneceu durante 16 dias na embaixada uruguaia, onde pediu asilo "ante a iminência de um mandado de prisão". O pedido foi rejeitado pelo governo do Uruguai depois de analisar a documentação apresentada por Lima e pelo requerente. Nas últimas semanas, García reiterou que "não há declaração, prova ou depósito que me ligue a qualquer ato criminoso, muito menos à empresa Odebrecht ou à realização de qualquer de suas obras". García também está sob a lupa por supostas propinas pagas pela Odebrecht para obter um contrato de construção para o metrô de Lima durante seu segundo mandato. No ano passado, ele afirmou ser "perseguido politicamente", mas sua versão foi rejeitada pela Justiça e pelo governo peruano. O ex-presidente peruano está sujeito a uma investigação preliminar da acusação, mas ainda não é réu. Segundo a promotoria, o então presidente García e 21 outras autoridades conspiraram para ajudar a empresa holandesa Terminal Multibancom, que venceu a licitação em 2011 para a concessão do Terminal Norte do porto de Callao, vizinho a Lima. Ainda no escândalo da Odebrecht no Peru, os ex-presidentes Alejandro Toledo (2001-2006), Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018) também estão sendo investigados, e este último se encontra sob prisão preventiva até o dia 20 de abril, bem como a líder da oposição Keiko Fujimori, igualmente em prisão preventiva. ljc/rc/gm/cn/ll cm/ljc/gm/cn Alan Garcia, ex-presidente do Peru afp_tickers Este conteúdo foi publicado em 17. abril 2019 - 20:17 (AFP)O ex-presidente peruano Alan García morreu nesta quarta-feira (17) em consequência de um ferimento a bala na cabeça depois que ele tentou se matar em sua casa, pouco antes de ser detido pela polícia em um caso vinculado ao escândalo Odebrecht. Após o disparo, o político de 69 anos foi levado ao Hospital de Emergências Casimiro Ulloa, em Lima, onde foi atendido, informou o advogado do ex-chefe de Estado, Erasmo Reyna. Na emergência, foi constado um ferimento na cabeça e por isso foi imediatamente submetido a uma operação, durante a qual sofreu três paradas cardíacas, segundo os médicos que o atenderam. "Lamentamos informar o falecimento do ex-presidente Alan García às 10H05 horas locais (12H05 de Brasília) por hemorragia cerebral massiva por projétil de arma de fogo e parada cardiorrespiratória", comunicou o ministério da Saúde. O secretário particular do ex-presidente, Ricardo Pinedo, confirmou que García tinha entre quatro e cinco armas em casa que recebeu de presente do Comando Conjunto das Forças Armadas. "Eu mesmo cuidei das licenças", acrescentou. De acordo com a polícia, o ex-dirigente utilizou uma dessas armas no suicídio. Após o anúncio, dezenas de simpatizantes foram à porta do hospital e lamentaram a morte do político, sob a vigilância dos policiais. "O presidente García tomou uma decisão de dignidade e de honra. Um ato de honra diante de uma perseguição fascista", destacou Mauricio Mulder, congressista da Apra, o partido mais antigo do Peru, ao qual pertencia o ex-presidente. O governo decretou três dias de luto nacional, de 17 a 19 de abril. O congressista Jorge del Castillo informou que a família de García pediu que as autoridades se mantenham à margem e rejeitou as honras de um funeral de Estado. "A família tomou sua decisão e devemos respeitá-la", assinalou Del Castillo. García está sendo velado no histórico local do partido APRA conhecido como "Casa do Povo", onde receberá o último adeus da população até sexta-feira. - Reações - O atual presidente do Peru, Martín Vizcarra, comentou no Twitter: "Consternado pelo falecimento do ex-presidente Alan García. Envio minhas condolências à família e entes queridos". "Com muita tristeza recebo a notícia da trágica partida do ex-presidente Alan García Pérez", postou na mesma rede social Keiko Fujimori, líder da oposição, em prisão preventiva por 36 meses por conta do caso Odebrecht. Ao ser informado sobre a morte de García, o presidente do Equador, Lenín Moreno, disse "cada um escolhe a forma de viver e também a forma de morrer", numa declaração à imprensa em Washington, onde participa de uma sessão na Organização de Estados Americanos (OEA). - O momento da tragédia - Por volta das 06H30 (08H30 de Brasília), a polícia foi à casa de García no distrito de Miraflores, em Lima, para apresentar ao ex-presidente (1985-1990 y 2006-2011) uma ordem de prisão preventiva por lavagem de dinheiro no caso Odebrecht. Segundo o ministro do Interior, Carlos Morán, García cometeu o suicídio assim que soube da presença dos oficiais da justiça. Em seguida, entrou no seu quarto e fechou a porta. Poucos minutos depois, ouviram o disparo de uma arma de fogo e (a polícia) o encontrou (...) sentado com ferimento na cabeça", disse Morán à imprensa. "De imediato foi levado ao hospital e foi suspensa a diligência (judicial)", acrescentou o funcionário. A reação de García surpreendeu porque o ex-governante havia defendido sua inocência perante as acusações apresentadas pela procuradoria, assim como sua disposição para colaborar com as investigações. Caso García- Antes da emissão do mandado de prisão, o ex-presidente havia declarado na terça-feira que não ficaria isolado ou escondido, em alusão tácita ao asilo frustrado que pedira ao Uruguai em dezembro. Na ocasião, a Justiça determinou que ele estaria impedido de sair do país por 18 meses. A ordem de prisão contra García emitida nesta quinta-feira é de 10 dias e buscava, segundo o Ministério Público, coletar novos elementos na investigação diante de um eventual risco de fuga. O ex-presidente permaneceu durante 16 dias na embaixada uruguaia, onde pediu asilo "ante a iminência de um mandado de prisão". O pedido foi rejeitado pelo governo do Uruguai depois de analisar a documentação apresentada por Lima e pelo requerente. Nas últimas semanas, o veterano político reiterou que "não há declaração, prova ou depósito que me ligue a qualquer ato criminoso, muito menos à empresa Odebrecht ou à realização de qualquer de suas obras". García também estava sob investigação por supostas propinas pagas pela Odebrecht para obter um contrato de construção para o metrô de Lima durante seu segundo mandato. No ano passado, ele afirmou ser "perseguido politicamente", mas sua versão foi rejeitada pela Justiça e pelo governo peruano. O ex-presidente peruano era alvo de uma investigação preliminar da acusação, mas ainda não era réu. Segundo a promotoria, o então presidente García e 21 outras autoridades conspiraram para ajudar a empresa holandesa Terminal Multibancom, que venceu a licitação em 2011 para a concessão do Terminal Norte do porto de Callao, vizinho a Lima. Ainda no escândalo da Odebrecht no Peru, os ex-presidentes Alejandro Toledo (2001-2006), Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018) também estão sendo investigados, e este último se encontra sob prisão preventiva até o dia 20 de abril, bem como a líder da oposição Keiko Fujimori, igualmente em prisão preventiva. |