Por que os catolicos nao comem carne na sexta feira

Entenda a tradição de não comer carne na Sexta-Feira Santa

A abstenção de carne na Sexta-Feira Santa acontece em respeito ao derramamento do sangue de Jesus Cristo durante o seu sacrifício

Por que os catolicos nao comem carne na sexta feira

Hoje em dia, a prática da privação de carne durante a Sexta-Feira Santa segue vigente (Foto: Reprodução)

Uma das principais datas do calendário religioso do cristianismo é a Páscoa, comemoração que relembra a crucificação e celebra a ressurreição de Jesus Cristo, e durante a Semana Santa, existe a tradição de não consumir carne, especificamente na Sexta-Feira Santa.

Durante o período, os fiéis observam muitas práticas e tradições que são ligadas, principalmente, ao catolicismo, e uma das mais conhecidas diz respeito à abstinência de carne na Sexta-feira Santa. Afinal, por que a Igreja Católica recomenda aos fiéis não se alimentarem de carne vermelha na Sexta-Feira Santa?

Dentro da tradição da Igreja Católica, a Sexta-Feira Santa, também conhecida como Sexta-Feira da Paixão, é um dia reservado para a prática da abstinência. Essa tradição milenar do catolicismo opõe-se ao consumo de carne vermelha e de frango nesse dia. Dentro desse costume, é comum que nesse dia as pessoas substituam o consumo dessas carnes pelo consumo de peixe.

A tradição de jejuar na Sexta-Feira Santa, provavelmente, teve sua origem na Idade Média. Isso porque outra tradição do catolicismo surgiu nesse período: a de jejuar toda sexta-feira. No século IX, durante o pontificado de Nicolau I, foi imposta a prática de abdicar de carne toda sexta-feira a todos os cristãos maiores de sete anos.

Nos primeiros tempos dessa prática, era comum que as pessoas abstivessem-se nas quartas e nas sextas e, além da carne, as pessoas não consumiam laticínios e ovos também. A prática, no entanto, perdeu força, e a Igreja defende atualmente a abstenção apenas na sexta. Hoje em dia, a prática da privação de carne durante a Sexta-Feira Santa segue vigente.

Existem aqueles que ainda fazem o jejum na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa. O mais comum entre aqueles que praticam o jejum é de realizá-lo apenas na Sexta-Feira Santa.

A abstenção de carne na Sexta-Feira Santa acontece em respeito ao derramamento do sangue de Jesus Cristo durante o seu sacrifício. Além disso, muitos religiosos destacam que a realização do jejum é uma prática daqueles que desejam ser afastados do pecado.

Com informações do Portal Brasil Escola*

Na sexta-feira, os católicos de todo o mundo celebrarão a Sexta-Feira Santa, que antecede o Domingo de Páscoa. O dia sagrado também marca a última sexta-feira da Quaresma, a celebração católica de 40 dias em que os católicos se abstêm de comer carne às sextas-feiras.

É uma tradição que milhões de nós seguimos – comer peixe na Sexta-feira Santa. Faz parte da Páscoa tanto quanto os ovos de chocolate e o coelhinho da Páscoa , só que essa tradição é muito mais antiga.

Quaresma: entenda porque o período é importante

Por que não comer carne na sexta-feira santa?

Os cristãos se abstiveram de comer carne na Sexta-feira Santa por séculos e muitas pessoas, sejam elas religiosas ou não, ainda comem peixe apenas no dia. Na verdade, muitos cristãos, especialmente católicos, não comem carne em nenhuma sexta-feira. A razão por trás dessa tradição é muito religiosa.

Acredita-se que Jesus Cristo sofreu e morreu na cruz em uma sexta-feira. Os cristãos desde o início reservaram esse dia para se lembrar disso e ‘unir seus sofrimentos’. Isso levou a Igreja a marcar todas as sextas-feiras como uma ‘Sexta-feira Santa’, onde as pessoas se lembram da Paixão oferecendo a ‘penitência’.

A carne era vista como um sacrifício digno, pois estava ligada a festas e celebrações. Em culturas antigas, a carne era vista como uma iguaria e “o bezerro gordo” não era abatido a menos que houvesse algo para comemorar.

As sextas-feiras eram vistas como um dia de penitência, então comer carne em uma sexta-feira para “celebrar” a morte de Jesus não agradava à Igreja.

Então, por que o peixe não é visto como carne?

 A lei da Igreja dizia especificamente “animais terrestres”. “As leis de abstinência consideram que a carne provém apenas de animais como galinhas, vacas, ovelhas ou porcos – todos os quais vivem em terra. Os pássaros também são considerados carne.” Os peixes não são vistos com a mesma classificação.

É importante ressaltar que, enquanto a carne era vista como uma celebração, o peixe era visto como uma “coisa cotidiana”, sendo a maioria das pessoas pescadores.

Pode comer carne na Sexta Feira Santa?

Para os católicos que observam a Sexta-feira Santa, a resposta é não.

A lei católica de abstinência diz que os católicos com 14 anos ou mais se abstêm de comer carne às sextas-feiras durante a Quaresma , inclusive na Sexta-feira Santa.

Além disso, os católicos com idades entre 18 e 59 jejuam na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa – uma regra dentro da Igreja Católica Romana que significa que você só pode consumir uma refeição completa, ou duas refeições menores no dia.

Ritual para a quaresma: aprenda a se proteger energeticamente

Por que é chamada de Sexta-feira Santa?

Sabemos que o propósito da Páscoa é celebrar a vida e a ressurreição de Jesus. O dia da Sexta-feira Santa tradicionalmente é reconhecido para o luto da crucificação e da morte. A tradição católica é semelhante aos cristãos na maneira como reconhecemos a morte e ressurreição. A diferença que percebi é que há uma grande ênfase em reconhecer a tristeza da morte de Cristo.

Quando essa tristeza é reconhecida de uma forma tradicional e religiosa, muitos optam por jejuar, seja só comida ou apenas carne. Alguns católicos chegam ao extremo de não comer carne em nenhuma sexta-feira. A Igreja Católica até fez uma lei de abstinência dentro da igreja que, “  Católicos com 14 anos ou mais evitam comer carne nas sextas-feiras durante a Quaresma, incluindo na Sexta-feira Santa ”.

Quando é a Sexta Feira Santa?

Todos os anos, a data da Sexta-Feira Santa muda, bem como o Domingo de Páscoa e o início da Quaresma, com base no calendário desse ano. Sexta-feira Santa é sempre a sexta-feira anterior ao Domingo de Páscoa. Isso é para lembrar o dia em que Jesus foi crucificado e morreu, seguido pela miraculosa ressurreição três dias depois, e representado pelo Domingo de Páscoa.

A Páscoa pode ser considerada uma das principais celebrações do calendário cristão. O período que antecede a comemoração é marcado pela Semana Santa, que se inicia no domingo anterior à data que marca a ressurreição de Jesus. Cada dia possui um sentido próprio e não é diferente com a Sexta-feira Santa. Um dos costumes da data é a abstinência de carne.

A tradição cristã está relacionada, principalmente, ao catolicismo. A "Sexta-feira da Paixão" é um dia para recordar a tortura e morte de Jesus e a Igreja Católica recomenda aos fiéis que pratiquem o jejum e a abstinência de carne vermelha e frango. 

Por que não comer carne na Sexta-feira Santa?

Acredita-se que esta tradição tenha surgido na Idade Média, tendo em vista que o catolicismo surgiu nesse período e com ele o ato de jejuar na sexta-feira em memória à morte de Jesus, que ocorreu exatamente em uma sexta-feira de acordo com a Bíblia.

O Código de Direito Canônico diz que todas as sextas-feiras do ano devem ser reservadas à abstinência de carne ou algum outro alimento. Este jejum deve ser revertido na realização de uma obra de caridade. Durante a Quaresma, os 40 dias que antecedem a Páscoa, a Igreja Católica orienta os fiéis a fazerem um jejum durante todo o período, seja ele de carne ou algum outro alimento à escolha.

No caso da Sexta-feira Santa, a abstenção de carne é feita em respeito ao sangue de Jesus que foi derramado durante seu sacrifício. Por isso que muitas pessoas fazem a substituição do alimento por peixas, laticínios, dentre outras opções, de acordo com o que cada pessoa acredita ser melhor.

Por que os catolicos nao comem carne na sexta feira

| Foto: Bigstock

A abstinência de carne na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa é um costume largamente conhecido, mesmo fora da Igreja Católica. Já há muito tempo o peixe é considerado o alimento típico da sexta que precede a Páscoa – muitas vezes, de forma requintada e abundante, o que acaba contradizendo o próprio sentido da abstinência de carne. Mas qual é esse sentido mesmo?

O Catecismo da Igreja Católica é muito breve ao falar do jejum e da abstinência. O texto elenca o jejum, ao lado da oração e da esmola, como uma das três formas de expressão da “penitência interior do cristão” sublinhadas pela Bíblia e pelos Padres da Igreja – os teólogos e pastores dos primeiros séculos da Igreja. O Catecismo ainda relaciona cada uma delas com a expressão da conversão “em relação a si mesmo, a Deus e aos outros” (CIC 1434), respectivamente.

Aqui já temos algumas ideias interessantes. A primeira é que essas expressões exteriores estão ligadas a uma disposição interior de penitência. O próprio Catecismo, alguns parágrafos antes, define a penitência interior como “uma reorientação radical de toda a vida, um regresso, uma conversão a Deus de todo o nosso coração, uma ruptura com o pecado, uma aversão ao mal, com repugnância pelas más ações que cometemos” (CIC 1431).

A conversão em relação a si mesmo

Mas o que a ruptura com o pecado tem a ver com não comer carne em alguns dias do ano? A segunda ideia interessante daquele trecho do Catecismo ajuda a entender essa ligação: o jejum está ligado à conversão “em relação a si mesmo”. Muita gente repete que é melhor fazer jejum de fofoca e de falar mal dos outros do que de carne, chocolate ou outras coisas de que gostamos – com toda a razão. De fato, a Escritura é bem clara a respeito da importância apenas relativa do jejum – o que importa, diante de Deus, é o amor e a justiça. Isaías (58, 5-7) é enfático quanto a isso:

“O jejum que me agrada porventura consiste em o homem mortificar-se por um dia? Curvar a cabeça como um junco, deitar sobre o saco e a cinza? Podeis chamar isso um jejum, um dia agradável ao Senhor? Sabeis qual é o jejum que eu aprecio? – diz o Senhor Deus: é romper as cadeias injustas, desatar as cordas do jugo, libertar os oprimidos e acabar com todo tipo de escravidão. É repartir seu alimento com quem tem fome, dar abrigo aos infelizes sem asilo, vestir os maltrapilhos, em lugar de desviar-se de seu semelhante”.

Ainda assim, a tradição cristã desde o início conservou a prática judaica do jejum, como uma modalidade de ascese e disciplina. A Didaquê, por exemplo, um dos mais antigos textos cristãos – do fim do século I – traz orientações sobre o jejum, bem como o próprio Novo Testamento.

Por trás disso, está a consciência de que o “jejum de fofoca” não é tão fácil assim (como a nossa própria experiência pode testemunhar): para romper com aquilo que é mau, é necessária uma dose de liberdade interior da qual, muitas vezes, não dispomos. Dessa maneira, o jejum – como qualquer prática de ascese – tem a função de nos exercitar nessa liberdade, de nos libertar da necessidade de responder às primeiras sugestões do nosso corpo, da nossa mente e do nosso entorno. É uma forma de pôr ordem na casa, para que tenhamos condições reais de colocar a nossa vida a serviço do bem.

Por que os catolicos nao comem carne na sexta feira

Um mínimo

Compreendido o sentido da prática – que deixa claro que se esbanjar no bacalhau não é exatamente uma expressão de penitência –, resta entender a ligação com a abstinência de carne. Um dos “cinco preceitos da Igreja” (CIC 2041-2043) – um conjunto de regras disciplinares que têm por objetivo “garantir aos fiéis o mínimo indispensável de espírito de oração e de esforço moral e de crescimento no amor a Deus e ao próximo” – fala de “guardar abstinência e jejuar nos dias determinados pela Igreja”. É o Código de Direito Canônico – a versão em vigor, promulgada por João Paulo II, é de 1983 – que estabelece a obrigação do jejum e da abstinência de carne na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa (cânon 1251).

A ideia é, como se vê, estabelecer um mínimo de prática penitencial para o fiel católico, inserindo-o, como diz o Código (cânon 1249) em uma “observância comum de penitência”. Aqui há outros dois aspectos importantes: a dimensão comunitária da observância – faz-se penitência como comunidade, como assembleia, mais do que individualmente – e a proposta, que podemos chamar pedagógica, de “garantir o mínimo” de expressão penitencial na vida do cristão.

É como dizer que, fora de uma orientação mais geral de penitência interior na vida do fiel e da comunidade cristã, o jejum e a abstinência na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa não fazem muito sentido: essa obrigação pode ser um convite a dar mais espaço à ascese também fora desses dois dias ou uma expressão comunitária de uma prática que já se faz presente na vida do cristão, mas, tomada isoladamente, se assemelha muito mais a um costume vazio ou a uma excentricidade.

Mas por que a carne?

Ainda três observações rápidas. Como deve ter ficado claro, a prática do jejum está para a Igreja em um campo diferente do da moral. É uma orientação disciplinar. Não é imoral comer carne na Sexta-Feira Santa. Um católico pode se acusar de não aderir à observância comum determinada pela Igreja, mas não deveria colocar isso no mesmo nível de uma falta moral, contra o próximo. Além disso, enquanto a pregação moral da Igreja pode ser válida para qualquer pessoa, a orientação disciplinar é questão interna.

A segunda observação é sobre a questão da carne. O peixe, no contexto do Mediterrâneo, onde o cristianismo nasceu e se desenvolveu, era tido como um alimento comum, simples. A carne era mais apreciada e mais cara. A piedade também não demorou para associar a carne com o corpo de Cristo, violentado na Sexta-Feira Santa. Mas o sentido principal de que a carne tenha sido o alimento oficialmente associado à disciplina ascética da Igreja é mesmo o de que se trataria de um prato menos austero e, portanto, inadequado para um dia de penitência.

Por fim, um elemento da disciplina ascética que a tradição cristã constantemente guardou e que é muito menos lembrado do que as “proibições” de carne nas Cinzas e na Paixão é que o domingo, dia do Senhor, bem como os dias mais festivos do calendário litúrgico – as “solenidades” –, são dias em que não se faz penitência de jeito nenhum. Para os cristãos do primeiro milênio, o domingo é inclusive o dia em que se reza não de joelhos, mas de pé – postura do Ressuscitado. O domingo é festa, é a Páscoa, e esse é o coração do ritmo da vida cristã. A penitência, no fim das contas, contribui para que a festa tenha mais gosto.