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O racismo cientifico é uma corrente de ideias que busca justificar o racismo a partir dos conceitos científicos. O racismo é uma forma de discriminação de pessoas por suas características fenotípicas associadas às suas características socioculturais, como se ambas derivassem dos elementos biológicos do ser humano, e não se uma construção histórico-cultural.
Para Bobbio, as teorias racistas buscavam a justificação cientifica a partir do século XVIII, devido às próprias características da época iluminista. A ideia de um racismo científico se relaciona, assim, com a justificativa biológica de que existem raças humanas superiores e inferiores, e isso pode ser analisado de forma objetiva pela ciência. Diferentes ramos científicos estavam relacionados a estes estudos, como a frenologia, fisionomia, antropometria, além da utilização de conceitos da biologia, psicologia, antropologia e mais. O racismo cientifico, porém, não se sustenta enquanto argumento cientifico contemporaneamente. Tanto por não existirem raças dentro da espécie humana, como por que suas bases não são comprovadas por meio de pesquisas recente. O adjetivo cientifico se refere meramente à tentativa de justificar com as ciências do século XIX e começo do século XX, as discriminações que diferentes grupos étnicos sofriam. Os postulados gerais do racismo científicos tentam incluir dentro das características das raças, elementos psicológicos, morais, sexuais, culturais etc. Esses elementos são, atualmente, estudados pelas demais ciências e entende-se que a sua construção não se refere a raças, mas as condições biopsicossociais que os diferentes grupos humanos apresentam e que não podem ser hierarquizados em primitivos ou superiores como propunha o racismo cientifico. O racismo científico no Brasil transmite a situação histórica em que o país vivia. Um país com heranças da escravidão e a maior população negra fora de África. No entanto, isto era visto de forma pejorativa e acreditava-se que por este motivo a nação estaria comprometida. Desta forma, o racismo científico no caso brasileiro vai se pautar mais nas teorias de embranquecimento do que nas teorias de segregação racial. Assim, era fomentada a imigração de pessoas brancas, e dificultada a imigração de pessoas negras e asiáticas.
Com o tempo, o discurso que explicará o Brasil será vinculado à obra de Gylberto Freire e a construção de uma matriz nacional baseada na cultura e na união das três raças, e não mais uma ideia de que a miscigenação seria nociva ao país. A mesma coisa, porém, não acontece em outros países, como Estados Unidos ou África do Sul, em que a ideia de segregação levam a criar o regime de apartheid, tornando ambos os países casos emblemáticos dessa configuração social. Porém, isto não significa que não existissem autores que defendiam a discriminação racial com base na ciência da época. Diversas teorias sociais para a interpretação do Brasil e para resolução de problemas sociais brasileiros postulavam ações discriminatórias baseadas nas conclusões da antropometria. Esta última ciência tinha por intenção definir raças humanas e os índices de criminalidade a partir das medidas humanas.
Para Nina Rodrigues, autor brasileiro do século XIX e reconhecido por suas teorias racistas, a Nação precisaria de uma homogeneidade para prosperar, criticando, assim, a mestiçagem. A igualdade entre os indivíduos da nação também era um problema por este autor considerar, a partir da antropometria, que as raças tem aptidões diferentes e não podem ser tratadas com igualdade.
O que se percebe, então, é que o racismo cientifico é uma teoria vinculada ao momento de consolidação das ciências enquanto discurso explicativo da realidade, com foco principalmente nas teorias da biologia do século XIX. Em diferentes países do mundo, buscou-se estudar as diferenças humanas a partir de um ideal de raça e justificar as diferentes características humanas com elementos hereditários e biológicos. Essas teorias eram utilizadas para explicar as diferenças culturais e sociais entre os povos humanos a fim de criar hierarquias e justificar a dominação e as condições subalternas a que eram submetidos os povos. REFERENCIAS BOBBIO, Norberto. Dicionário de Política. Brasília: Universidade de Brasília, 2016. HOFBAUER, Andreas. CONCEITO DE" RAÇA" E O IDEÁRIO DE" BRANQUEAMENTO" NO SÉCULO XIX. Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, v. 1, n. 42, 2003. Disponível em: http://www.teoriaepesquisa.ufscar.br/index.php/tp/article/view/57/47 SANTOS, Raquel Amorim dos; SILVA, Rosângela Maria de Nazaré Barbosa e. Racismo científico no Brasil: um retrato racial do Brasil pós-escravatura. Educ. rev., Curitiba , v. 34, n. 68, p. 253-268, Apr. 2018 . Disponivel em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40602018000200253&lng=en&nrm=iso Racismo científico ou racismo biológico[1][2] é a crença pseudocientífica de que existem evidências empíricas que apoiam ou justificam o racismo (discriminação racial) ou a inferioridade ou superioridade racial.[3][4] O racismo científico recorre a conceitos de antropologia, antropometria, craniometria e outras disciplinas ou pseudo-disciplinas para propor tipologias que apoiem a classificação das populações humanas em raças fisicamente distintas, que possam ser classificadas como superiores ou inferiores.[5] Atualmente as noções de racismo científico não são consideradas ciência e o termo é usado de forma pejorativa para se referir a ideias pseudocientíficas.[4] O racismo científico foi relativamente comum no período entre o século XVII e o fim da II Guerra Mundial. Embora a partir da segunda metade do século XX tenha sido considerado obsoleto e desacreditado, em alguns meios continuou a ser usado para apoiar ou legitimar a ideias racistas, baseadas na crença de que existem categorias raciais e raças hierarquicamente inferiores e superiores.[5] Após o fim da II Guerra Mundial passou a ser denunciado em termos formais.[6] Os avanços na genética populacional humana mostraram que as diferenças genéticas são praticamente todas graduais.[7] Durante o Iluminismo (entre 1650 e 1780), os conceitos de monogenismo e poligenismo tornaram-se populares, embora só fossem sistematizados epistemologicamente durante o século XIX. O monogenismo afirma que todas as raças têm uma única origem, enquanto o poligenismo é a ideia de que cada raça tem uma origem separada. Até o século XVIII, as palavras "raça" e "espécie" eram intercambiáveis.[8] Um dos primeiros cientistas que estudaram sobre raça foi Robert Boyle (1627–1691), um filósofo, químico, físico e inventor anglo-irlandês. Boyle acreditava no que hoje é chamado de "monogenismo", isto é, que todas as raças, não importa quão diversas, vieram da mesma fonte, Adão e Eva. Ele estudou histórias relatadas de pais dando à luz diferentes albinos, então ele concluiu que Adão e Eva eram originalmente brancos e que brancos podiam dar à luz diferentes raças coloridas. As teorias de Robert Hooke e Isaac Newton sobre cor e luz via dispersão óptica em física também foram estendidas por Boyle em discursos sobre a poligênese, especulando que talvez essas diferenças se devam a "impressões seminais". No entanto, os escritos de Boyle mencionam que em sua época, aos "olhos europeus", a beleza não era tão medida em cor, mas em "estatura, simetria graciosa das partes do corpo e boas características do rosto".[9] Vários membros da comunidade científica rejeitaram seus pontos de vista e os descreveram como "perturbadores" ou "divertidos".[10] O advogado escocês Henry Home, Lord Kames (1696–1782), era um poligenista: ele acreditava que Deus criara diferentes raças na Terra em regiões separadas. Em seu livro de 1734 Esboços Sobre a História do Homem, Home afirmava que o ambiente, o clima ou o estado da sociedade não podiam explicar as diferenças raciais, de modo que as raças devem ter se originado de de ações distintas e separadas.[11] Carl Linnaeus (1707–1778), o médico, botânico e zoólogo sueco, modificou o padrão estabelecido das base taxonômica da nomenclatura binomial para fauna e flora, e foi um pesquisador pioneiro na definição biológica de "raça humana". Em Systema Naturae (1767), ele rotulou[12] "variedades"[13][14] de espécies humanas. Cada uma delas foi descritas como possuindo as seguintes características fisionômicas "variando por cultura e lugar":[15]
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