O que é hpv feminino tem cura

O HPV (CID 10 B97. 7) é um vírus que infecta a pele e as mucosas, podendo causar verrugas ou lesões em diferentes partes do corpo, como boca, ânus, garganta, pés e mãos.

O nome é uma sigla inglesa para Papiloma vírus humano, e as lesões provocadas pela doença também podem ser percursoras de câncer - entre eles, o câncer de colo de útero, garganta e ânus.

É importante lembrar que mais de 90% das pessoas conseguem eliminar o vírus do organismo naturalmente, sem apresentar manifestações clínicas.

O HPV é um vírus contagioso e transmitido, na maioria das vezes, pelo contato direto entre a pele. Entre os meios de transmissão mais conhecidos, está o ato sexual. 

Porém, diferente de outras ISTs, não é preciso haver troca de fluídos para que a transmissão ocorra: só o contato entre os órgão sexuais já ocasiona a transmissão do vírus.

No primeiro contato sexual, 1 em cada 10 meninas entram em contato com o vírus. Em geral, dados médicos mostram que cerca de 85% da população já entrou em contato com o vírus em algum momento da vida, mesmo que não tenha desenvolvido lesão.

Outras formas de transmissão,  apesar de raras, ocorrem pelo contato com verrugas de pele, compartilhamento de roupas íntimas ou toalhas e, por fim, a transmissão vertical - ou seja, da mãe para o feto, que pode ocorrer durante o parto.

O vírus pode ser transmitido mesmo quando a pessoa não percebe ter os sintomas. Outro ponto sobre o HPV é que, apesar de os sintomas normalmente se manifestarem entre dois e oito meses desde a infecção, ele pode ficar encubado, presente no organismo, mas sem se manifestar por até 20 anos.

Especialistas respondem:

Se o parceiro tem HPV, é preciso usar camisinha em todos os tipos de sexo?

Ao tocar em uma verruga do HPV é possível passá-la para outra parte do corpo?

Existem mais de 200 tipos de HPV. Até hoje, 150 deles já foram identificados e sequenciados geneticamente.

Entre esses tipos, 14 apenas podem causar lesões precursoras de câncer, 

Cerca de 70% dessas lesões são causadas pelos HPVs tipo 16 e 18, enquanto o HPV 31, 33, 45 e outros tipos menos comuns são encontradas nos casos restantes.

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Já os HPVs tipo 6 e 11 são conhecidos por provocarem, principalmente, verrugas genitais na vagina.

O principal sinal de infecção pelo HPV é o surgimento de verrugas ou lesões na pele, normalmente como uma pequena mancha branca ou acastanhada. Também pode surgir coceira e irritação no local.

Muitas vezes, no entanto, a lesão pode não ser visível a olho nu, aparecendo apenas em exames médicos.

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Normalmente, as lesões do HPV aparecem na região genital, mas podem ocorrer em outras partes do corpo.  No organismo feminino, as lesões costumam se desenvolver na vulva, vagina, colo do útero

Na genitália masculina, o pênis é o local mais comum para aparecimento do HPV. Em todos os gêneros, o ânus, garganta, boca, pés e mãos são locais em que o vírus do HPV costuma se manifestar.

Mais de 90% das pessoas conseguem eliminar o vírus do HPV do organismo naturalmente, sem manifestações clínicas.

Normalmente, a descoberta do HPV acontece durante um exame de rotina, como o Papanicolau, colposcopia, vulvoscopia, peniscopia ou anuscopia.

Alguns exames utilizam um reagente corante, que facilita a procura de lesões feitas com o auxílio de um aparelho especial, que permite a visualização através do aumento da superfície da pele e das mucosas.

Quando a lesão é encontrada, é feita uma biópsia em que parte afetada é retirada para análise do tecido e DNA do vírus causador da lesão.

Exames como o teste genético PCR e o teste de captura híbrida podem trazer informações como o tipo, a carga viral ou, até mesmo, marcar se esse HPV é ou não oncogênico - se pode evoluir para um câncer.

Além disso, existem testes genéticos capazes de detectar a presença do vírus HPV no organismo, o chamado teste do HPV.

Normalmente, ele é indicado para mulheres acima dos 30 anos - época em que a maioria já teve a chance de eliminar o vírus que pode ter adquirido no começo da vida sexual.

Todas as pessoas com vida sexual ativa estão em risco de entrar em contato com algum dos tipos de HPV. No entanto, alguns fatores de risco aumentam a chance de esse contato ocorrer:

  • Sexo sem proteção
  • Vida sexual precoce
  • Múltiplos parceiros
  • Não fazer exames de rotina
  • Imunodepressão, ou seja, a queda do sistema imunológico
  • Presença de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)

Além disso, os fatores de risco para câncer associado ao HPV são alterações da resposta imunológica no organismo, como:

  • Múltiplas gestações
  • Uso de contraceptivos orais de alta dose por tempo prolongado
  • Tabagismo
  • Infecção pelo HIV
  • Tratamento com quimioterapia, radioterapia ou imunossupressores
  • Presença de outras infecções sexualmente transmitidas, como herpes simples e clamídia

Especialistas que podem diagnosticar uma infecção pelo HPV são:

  • Ginecologista
  • Infectologista
  • Urologista
  • Clínico geral
  • Dermatologista

Saiba mais: HPV: existe outra forma de prevenção além da camisinha?

Existem diversas opções de tratamento para os sintomas do HPV, que são usadas conforme o tipo de manifestação da infecção (lesão ou verruga) e também o seu grau e localização.

Elas podem ser feitas nas lesões clínicas e subclínicas. Veja a seguir as formas de tratamento mais comuns:

Lesões pequenas, em menor quantidade ou externas, podem ser tratadas com cremes e ácidos. Um dos mais usados é o ácido tricloroacético.

Além disso, cremes que melhoram a imunidade local (imunoterápicos) também são opções, mas costumam ser usados por um período mais prolongado.

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A retirada da lesão pode ser feita de diversas formas. Uma das técnicas mais utilizadas é a cauterização a laser, em que o feixe de luz é direcionado na lesão, queimando-a.

Além disso, ela também pode ser feita com gelo seco (crioterapia), ácidos (cauterização comum) ou usando radiofrequência.

O tratamento do HPV é feito contra os sintomas, não há uma terapia que elimine o vírus - esse trabalho precisa ser feito pelo sistema imunológico sozinho.

Portanto, se o exame do HPV detecta a presença do vírus, mas não há manifestações dele pelo corpo, nem mesmo subclínicas, o médico pode apenas pedir o acompanhamento mais de perto, com exames de rotina feitos com maior frequência.

Sim, o parceiro de alguém diagnosticado com HPV deve ir ao médico para investigar se também tem a doença.

Caso haja alguma lesão clínica ou subclínica, é preciso que seja feito o tratamento, para evitar os perigos da doença e também não transmiti-la novamente ao parceiro já diagnosticado.

Especialistas respondem:

Quanto tempo leva o tratamento do HPV?

Após a eliminação do vírus HPV do corpo, as verrugas podem permanecer?

Cerca de 90% dos pacientes com HPV conseguem a cura completa da lesão e apenas 10% das pessoas mantêm o vírus sem recidivas.

O mais importante é diagnosticar as lesões do HPV cedo, e isso só é possível quando se tem acompanhamento de rotina com seu médico, seja ginecologista ou urologista.

Como funciona a vacina contra HPV

De acordo com a literatura científica, as vacinas contra o HPV previnem aproximadamente 70% dos casos de câncer de colo do útero - aqueles causados pelos HPV 16 e 18.

Isso não elimina, porém, a necessidade de as mulheres passarem por consultas de rotina ao ginecologista para a realização de exames preventivos.

A vacina contra o HPV é mais uma estratégia possível para o enfrentamento do problema e um momento importante para avaliar se há existência de IST. Ela funciona estimulando a produção de anticorpos específicos para cada tipo de HPV.

A proteção contra a infecção vai depender da quantidade de anticorpos produzidos pelo indivíduo vacinado, a presença destes anticorpos no local da infecção e a sua persistência durante um longo período de tempo.

Saiba mais: Saiba tudo sobre a vacina contra HPV

A medida preventiva mais preconizada para o HPV é o uso de camisinha. A maior parte das transmissões desse vírus são sexuais e, ao impedir o contato da pele entre os parceiros, a camisinha é uma das melhores formas de prevenir o problema.

Saiba mais: Você sabe se prevenir contra o HPV?

Pessoas com o vírus HPV ativo devem ter cuidados básicos de saúde para ativar o sistema imunológico e ajudá-lo a eliminar o vírus.

  • Evite fumar
  • Tenha uma alimentação equilibrada
  • Sempre vá ao médico com as frequências que ele determinar
  • Faça sexo seguro e protegido

Entre os 150 tipos de vírus do HPV catalogados, apenas 14 podem causar lesões precursoras de câncer, como o câncer de colo de útero, câncer de garganta ou câncer do reto.

Os principais cânceres relacionados ao HPV são os do colo de útero, um problema bem mais comum nas mulheres.

Pesquisas recentes indicam que o vírus pode afetar o deslocamento do espermatozoide e sua capacidade de fecundação.

O HPV também está relacionado a lesões na região oral e no sistema respiratório superior, como na língua, amídalas, palato e nariz.

Saiba mais: HPV nas formas mais graves pode favorecer câncer de colo do útero

Por fim, existe a transmissão vertical do HPV, que pode ocorrer durante o parto. Essa transmissão é rara, ocorre em uma em cada 10 mil gestações com verruga de HPV.

Porém, suas consequências podem ser graves, já que há o risco de desenvolver a papilomatose laringea juvenil, doença em que a criança desenvolve as verrugas e lesões no sistema respiratório.

Infectologista Lessandra Michelim (CRM-RS: 23.494), Assessora da Vigilância Epidemiológica do Rio Grande do Sul e Presidente da Sociedade Riograndense de Infectologia

Ginecologista Márcia Fuzaro Terra Cardeal (CRM-SP: 55.963), membro da Sociedade de Obstetrícia Ginecologia do Estado São Paulo (SOGESP), professora da Faculdade de Medicina do ABC e doutura em ginecologia pela Santa Casa de São Paulo

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