A história da Revolução Industrial se inicia na segunda metade do século XVIII e constitui um período de grande desenvolvimento que foi iniciado na Inglaterra e que se espalhou para outras partes do mundo. A Revolução Industrial mudou a história do mundo, por meio do surgimento da indústria e do capitalismo. A Revolução Industrial promoveu profundas transformações socioeconômicas: a rápida urbanização e o nascimento de uma nova categoria social, o proletariado. Essa classe se encontrava em permanente antagonismo com a burguesia – a categoria econômica e socialmente dominante. O proletariado era um grupo oriundo da área rural, que se modernizava. Expropriados de suas terras, esses camponeses se dirigiram para os núcleos urbanos em busca de ocupação, oferecendo sua força de trabalho em troca de uma remuneração em dinheiro (trabalho assalariado). Assim, pode-se afirmar que o antagonismo entre a burguesia e o proletariado é o antagonismo entre o capital e o trabalho. A burguesia, detentora dos meios de produção, utilizava a mão de obra assalariada, que colocava sua força de trabalho à disposição do mercado. O trabalho passou, portanto, a ser uma mercadoria comercializável. Ainda na primeira metade do século XIX, surgiram doutrinas econômicas e sociais que procuravam explicar as origens da burguesia e do proletariado e do antagonismo social entre essas duas classes. O liberalismo, herdeiro do pensamento iluminista do século XVIII, expressava o ponto de vista da burguesia, defendendo o capitalismo. Já o socialismo, em suas versões utópica e científica, expressava o ponto de vista do proletariado e propunha a abolição do capitalismo. Os intelectuais socialistas acreditavam que o capitalismo era a fonte de todos os males que assolavam o proletariado. O LIBERALISMO Nascido na Inglaterra durante a Revolução Industrial, tendo sido fundado pelo economista Adam Smith (A Riqueza das Nações, 1776), o liberalismo defende o ponto de vista da burguesia e, obviamente, do capitalismo. Sua ideia central é a da não intervenção do Estado nos assuntos econômicos. O liberalismo ensina que a intervenção do Estado em assuntos econômicos é não apenas desnecessária, mas até prejudicial, pois a economia, como as demais ciências, é regida por leis naturais e imutáveis. Os princípios básicos do liberalismo são:
Alguns dos principais representantes do liberalismo foram Adam Smith, Thomas Malthus e David Ricardo. Adam Smith, autor da obra A Riqueza das Nações (1776), acreditava que a divisão do trabalho era o elemento essencial para o crescimento da produção e do mercado, e que sua aplicação eficaz dependia da livre concorrência, que forçaria o empresário a ampliar a produção, buscar novas técnicas, aumentar a qualidade do produto e reduzir ao máximo os custos de produção. O natural decréscimo do preço final favoreceria a lei da oferta e da procura, determinando o sucesso econômico. Smith defendia a não intervenção do Estado nos assuntos econômicos, que deveria apenas harmonizar interesses individuais objetivando o bem-estar coletivo. Adam Smith Seguindo a trilha aberta por Smith, Thomas Malthus, em seu livro Ensaio sobre o Princípio de População, também se opunha à intervenção estatal na economia. Seu pessimismo em relação ao futuro da humanidade era evidenciado em suas observações de que a população tende a crescer em progressão geométrica enquanto os recursos naturais em progressão aritmética. Portanto, de acordo com Malthus, a pobreza e o sofrimento devem ser encarados com naturalidade e guerras e epidemias servem para equilibrar temporariamente a produção e a população. Malthus ainda defendia o controle da natalidade e da assistência social, com o objetivo de reduzir a miséria. Thomas Malthus Já David Ricardo, no livro Princípios de Economia Política e Tributação, desenvolveu a teoria do valor do trabalho e defendeu a Lei Férrea dos Salários, segundo a qual o preço da força de trabalho seria sempre equivalente ao mínimo necessário à sobrevivência do trabalhador, garantindo elevados lucros para os empresários. O SOCIALISMO Em oposição às ideias defendidas pelo liberalismo, surgiu o socialismo, cujo princípio fundamental é a crítica à propriedade privada e às classes sociais – em suma, ao capitalismo. Todavia, entre os socialistas havia divergências a respeito de qual estratégia deveria ser empregada na luta contra o capitalismo. Nasceram, portanto, duas tendências dentro da doutrina: o socialismo utópico e o socialismo científico. O socialismo utópico Doutrina que expressa o ponto de vista do proletariado, apesar de seu comprometimento com o liberalismo. Nasceu na França, mas atingiu partes da Europa oitocentista. Tecia severas críticas à ordem capitalista-burguesa, mas não oferecia alternativas viáveis na prática. Tratava-se de uma visão até romântica sobre a maneira de se atingir o socialismo. Os socialistas utópicos acreditavam na capacidade transformadora do homem, cujas vontades e paixões eram o combustível necessário à transformação social. Defendiam a abolição da propriedade privada e a instauração de sociedades igualitárias, em que vigorasse a justiça. Entre seus principais representantes, destacaram-se:
O socialismo científico O socialismo científico foi fundado por Karl Marx – cuja obra mais conhecida é O Capital – e Friedrich Engels. Em 1848, Marx e Engels publicaram o Manifesto Comunista – obra que sintetiza os mais importantes postulados dessa doutrina. Karl Marx
O socialismo científico distancia-se do socialismo utópico, pois, em vez de confiar na capacidade transformadora dos homens, parte para uma análise dos mecanismos econômicos e sociais do capitalismo, a fim de conhecê-lo a fundo e propor modos de eliminá-lo. Trata-se, portanto, de uma proposta revolucionária do proletariado. Para formular sua ideologia, Marx, o maior representante do socialismo científico, inspirou-se em outras doutrinas que se manifestavam na época. Assim, buscou elementos para sua análise no pensamento liberal de Adam Smith, no socialismo utópico dos franceses e na filosofia idealista alemã, representada por Kant e Hegel. Os conceitos e princípios mais utilizados pelo socialismo científico são:
Em pouco tempo, o pensamento marxista foi adotado por todos os insatisfeitos com o capitalismo, pois preconizava a luta proletária pela instauração do socialismo, igualitarista e justo. As lideranças operárias aderiram ao socialismo científico, adotando o lema “Proletários, uni-vos!”. O anarquismo Fundada pelo francês Pierre-Joseph Proudhon, o anarquismo foi outra doutrina surgida em meados do século XIX. Segundo essa corrente ideológica, toda forma de governo deve ser suprimida, enfatizando-se a liberdade geral. O anarquismo se inspirou nos pressupostos do socialismo utópico para criticar os abusos do capitalismo. Defendia a pequena propriedade ao mesmo tempo em que propunha a criação de cooperativas. A doutrina social da Igreja Também a Igreja Católica mostrou enorme descontentamento com alguns abusos praticados por empresários capitalistas em relação à mão de obra operária. Preocupada, ao mesmo tempo, com o avanço do socialismo entre os grupos mais carentes da sociedade, que, aos poucos, substituía o assistencialismo da Igreja, esta procurou, por meio do papa Leão XIII, apresentar uma doutrina que conciliasse os interesses do capitalismo com a caridade cristã. Nesse sentido, publicou-se a encíclica Rerum Novarum, que defende a ideia da religião como instrumento de reforma e justiça social, condena o marxismo e apela para o espírito cristão dos empregadores, pedindo-lhes que não explorem seus operários e que lhes garanta dignidade. Avalie a aula |