Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

. Acesso em: 26 maio 2016.

a) No início da viagem, eram levados a bordo uma quantidade mais variada de alimentos e mesmo de animais vivos para serem abatidos durante a viagem. Essa situação permanecia a mesma com o passar do tempo? Que tipo de alimento acabava sobrando para ser consumido ao longo do tempo?

Não. Os gêneros alimentícios se deterioravam rapidamente. Em viagens longas, passado um mês, o que sobrava para comer era uma espécie de biscoito duro e seco, então já todo roído por ratos e baratas. [...]

b) Que sintomas os marinheiros poderiam apresentar, devido à má alimentação?

Disenteria, febre, fraqueza extrema e desnutrição, além dos sintomas do escorbuto.

c) Sem saber, muitos marinheiros acabavam evitando o aparecimento do escorbuto ao comerem carne de ratos. Por que o consumo deste animal prevenia tal doença?

Porque o rato sintetiza a vitamina C a partir dos alimentos que consome. Portanto, mesmo não consumindo alimentos que contivessem vitamina C, os marinheiros indiretamente ingeriam esta vitamina através da carne do rato.

7. Leia o texto a seguir com atenção .

Iniciou-se assim um movimento, cujo objetivo era atualizar, dinamizar e revitalizar os estudos tradicionais, baseado no programa dos studia humanitatis (estudos humanos), que incluíam a poesia, a filosofia, a história, a matemática e a eloquência [...]. Assim, num sentido estrito, os humanistas eram, por definição, os homens empenhados nessa reforma educacional, baseada nos estudos humanísticos. Mas o que tinham esses estudos de tão excepcional, a ponto de servirem para reformar o predomínio cultural inquestionável da Igreja [...]. Ocorre que esses studia humanitatis eram indissociáveis da aprendizagem e do perfeito domínio das línguas clássicas (latim e grego) [...]. Assim sendo, deveriam ser conduzidos, centrados exclusivamente sobre os textos dos autores da Antiguidade clássica, com a completa exclusão dos manuais de textos medievais. Significava, pois um desafio para a cultura dominante e uma tentativa de abolir a tradição intelectual medieval e de buscar novas raízes para a elaboração de uma nova cultura.

SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. 16. ed. São Paulo: Atual, 1994. p. 15.

a) O texto é literário, filosófico, historiográfico, jornalístico ou jurídico?

É historiográfico e foi escrito por Nicolau Sevcenko, professor aposentado da USP.

Página 374

b) A que movimento o autor se refere no início do texto?

Refere-se ao humanismo que, como vimos, visava renovar o padrão de ensino e o currículo das universidades medievais.

c) De que forma os estudos e os autores eleitos pelos humanistas desafiavam a cultura dominante?

Esses estudos deviam ser feitos em latim e em grego e os autores a serem estudados deviam ser gregos ou latinos excluindo-se, portanto, os textos medievais e os conteúdos por eles transmitidos.

d) De que forma os humanistas contribuíram para uma nova atitude diante do conhecimento?

Eles apontaram para a importância da razão e da experiência na busca pelo conhecimento, quebrando o paradigma medieval fundado na tradição e na autoridade.

8. Leia o texto a seguir:

O principal agente da venda de indulgências na Alemanha foi o frade dominicano Johann Tetzel. [...] Tetzel oferecia uma indulgência plena àqueles que confessassem [...] seus pecados e contribuíssem de acordo com suas posses para a construção da igreja de São Pedro:

Que Nosso Senhor Jesus Cristo se apiede de ti, e te absolva pelos méritos de Sua Santíssima Paixão. E eu, por Sua autoridade, e a de seus benditos apóstolos Pedro e Paulo, e do santíssimo Papa, a mim concedida e transmitida nestas partes, absolvo-te, [...] de todos os teus pecados, transgressões e excessos, por mais enormes que sejam, e até dos que são reservados ao julgamento da Santa Sé; e, até onde se estenderem as chaves da Santa Igreja, redimo-te de todo o castigo que mereças no purgatório em nome delas, e te reintegro nos santos sacramentos da Igreja e naquela inocência e pureza que possuías no batismo; de modo que quando morreres os portões do castigo estarão fechados, e os portões do paraíso de delícias estarão abertos; e, se não morreres agora, esta graça continuará em plena força quando estiveres a ponto de morrer. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

SEFFNER, Fernando. Da Reforma à Contrarreforma. São Paulo: Atual, 1993. p. 22-23. (História Geral em Documentos).

Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

Escola alemã. Séc. XVI. Gravura. Biblioteca Nacional, Paris. Foto: Bridgeman Art Library/Keystone

Gravura de Johann Tetzel (1465-1519).

Responda com base no texto:

a) Quem teria concedido a Tetzel a autoridade para perdoar pecados?

Jesus Cristo, os apóstolos Pedro e Paulo e o Papa.

b) Além de perdoar os pecados, o que mais o monge Tetzel prometia àquele que comprasse indulgência? Justifique.

Prometia salvação eterna, o que era afirmado no trecho que diz “os portões do castigo estarão fechados, e os portões do paraíso de delícias estarão abertos”.

c) Qual foi a consequência da venda de indulgências na época? Justifique.

A venda de indulgências foi a razão imediata da Reforma Luterana. Justificativa: o marco inicial da Reforma foi justamente o momento em que, indignado com a venda de indulgências, Lutero pregou, na porta de sua paróquia, as 95 teses.

Página 375

6. Sugestões de respostas e comentários das atividades propostas no livro do aluno

Capítulo 1

História, cultura, patrimônio e tempo

Vozes do passado

a) • Título: A utilidade da História • Autor: Deodoro da Sicília • Época: século I a.C. • Fonte: 100 textos de história antiga, de Jaime Pinsky • Conteúdo: a defesa da ideia de que a História é a mestra da vida.

b) O texto se destina ao público em geral.

c) O autor justifica sua afirmação mostrando a utilidade que ela tem para os jovens, para a pessoa comum, os governantes e os militares, entre outros.

d) Para o autor, a História é a mestra da vida.

e) Resposta pessoal. Professor: a intenção do autor, como se pode concluir pelo texto, é tecer um elogio à História defendendo a antiga ideia de que ela é a “mestra da vida”. Segundo essa concepção, o conhecimento da História serviria para evitar no presente os erros do passado. Hoje, a maioria dos historiadores discorda dessa concepção utilitarista e considera a História uma ciência em permanente construção. Sugerimos aproveitar o texto para retomar a ideia de que a História aumenta a nossa compreensão do presente e do passado e fornece elementos para pensarmos e agirmos de forma mais crítica e consciente.

Integrando com Sociologia

Professor: os objetivos desta atividade são: a) Identificar as características da cultura jovem atual e conhecer as diferenças e semelhanças entre os jovens de hoje. b) Refletir sobre o consumismo. Foi o sociólogo francês Michel Maffesoli, autor do livro Saturação e um dos fundadores da Sociologia do Cotidiano, que popularizou o conceito de “tribo urbana”. Conforme a pesquisadora Débora C. Carvalho, a ideia moderna de juventude começou a ganhar corpo e forma na prosa romântica e, logo depois, com a poesia francesa do final do século XIX, cujo representante mais expressivo foi Arthur Rimbaud. No entanto, foi somente nos anos de 1960 que a ideia de uma cultura e de um comportamento próprio dos jovens se consolidou. Para complementar a preparação para esta atividade, sugerimos o seguinte artigo sobre cultura jovem na escola:




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Page 2


ABERTURA DE CAPÍTULO

As aberturas dos capítulos propõem a discussão dos temas que serão trabalhados nas páginas seguintes.

Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

DIALOGANDO

Desafios propostos ao longo do texto para discutir imagens, gráficos, tabelas e textos.

GLOSSÁRIO

Explicação de um termo-chave ou conceito.

Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

PARA REFLETIR

Uma seção que traz textos estimulantes sobre os conteúdos estudados e propõe a discussão sobre esses temas.

Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique



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Page 3

. Acesso em: 1 jun. 2009. (com adaptações).

O texto acima permite analisar a relação entre cultura e memória, demonstrando que:

Página 25

a) as referências culturais da população afrodescendente estiveram ausentes no sul do país, cuja composição étnica se restringe aos brancos.

b) a preservação dos saberes das comunidades afrodescendentes constitui importante elemento na construção da identidade e da diversidade cultural do país.

c) a sobrevivência da cultura negra está baseada no isolamento das comunidades tradicionais, com proibição de alterações em seus costumes.

d) os contatos com a sociedade nacional têm impedido a conservação da memória e dos costumes dos quilombolas em regiões como a do Sertão de Valongo.

e) a permanência de referenciais culturais que expressam a ancestralidade negra compromete o desenvolvimento econômico da região.

5. Resposta: b.

6. (Enem/MEC – 2014)

Queijo de Minas vira patrimônio cultural brasileiro

O modo artesanal da fabricação do queijo em Minas Gerais foi registrado nesta quinta-feira (15) como patrimônio cultural imaterial brasileiro pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O veredicto foi dado em reunião do conselho realizada no Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte. O presidente do Iphan e do conselho ressaltou que a técnica de fabricação artesanal do queijo está “inserida na cultura do que é ser mineiro”.

Folha de S. Paulo, 15 maio 2008.

Entre os bens que compõem o patrimônio nacional, o que pertence à mesma categoria citada no texto está representado em:

6. Resposta: e.

a)

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Rubens Chaves/Pulsar Imagens

Mosteiro de São Bento (RJ).

b)

Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

Robert Napiorkowski/ Shutterstock/Glow Images

Conjunto arquitetônico e urbanístico da cidade de Ouro Preto (MG).

c)

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Tales Azzi/Pulsar Imagens

Sítio arqueológico e paisagístico da Ilha do Campeche (SC).

d)

Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

Pedro Américo. 1893. Óleo sobre tela. Museu Mariano Procópio, Juiz de Fora

Tiradentes esquartejado (1893), de Pedro Américo.

e)

Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

João Prudente/Pulsar Imagens

Ofício das Paneleiras de Goiabeiras (ES). Página 26

II. Leitura e escrita em História

PROFESSOR, VER MANUAL.

a. Leitura de imagem

As pinturas a seguir foram feitas em rocha e se encontram em sítios arqueológicos do Nordeste. A primeira está em Lajeado de Soledade, no município de Apodi, no estado do Rio Grande do Norte. A segunda está no Parque Nacional Serra da Capivara, no município de São Raimundo Nonato, no estado do Piauí; este parque foi tombado pelo Iphan em 1991. Observe as imagens com atenção.

Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

Joao Prudente

Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

Ricardo Azoury/Olhar Imagem

a) O que se vê na primeira imagem?

a) Na primeira imagem veem-se figuras com motivos geométricos: pontos agrupados, linhas, triângulos, círculos, linhas paralelas, entre outros. Professor: os estudiosos classificam as pinturas rupestres do Brasil em dois grandes grupos: obras com motivos naturalistas e obras com motivos geométricos. Esta figura, portanto, pertence ao segundo grande grupo.

b) E na segunda imagem?

b) Na imagem vê-se a representação de uma capivara e seu filhote, pintura que se transformou em símbolo do Parque Nacional Serra da Capivara. Professor: a obra é um exemplo de pintura rupestre com motivo naturalista e em estilo Várzea Grande. As pinturas rupestres assim classificadas retratam figuras de animais como onça, pássaros, peixes, insetos. Neste estilo predomina o uso da cor vermelha.

c) Dê o significado dos termos: pintura rupestre; sítio arqueológico; Iphan.

c) Pinturas rupestres: pinturas feitas em rochas por povos que viveram há milhares de anos. Sítio arqueológico: local no qual os seres humanos deixaram algum vestígio de suas atividades, como uma ferramenta de pedra lascada, uma fogueira na qual assaram sua comida, uma pintura, uma sepultura, a simples marca de seus passos. Iphan: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Professor: o Iphan foi criado em 13 de janeiro de 1937 pela Lei nº 378, no governo de Getúlio Vargas, e hoje está vinculado ao Ministério da Cultura.

d) O artista que pintou a capivara e seu filhote conseguiu transmitir a ideia de movimento?

d) Sim; como se pode ver, a pintura sugere movimento; mãe e filhote avançam na mesma direção e transmitem a impressão de estarem correndo; o filhote parece estar fazendo um esforço grande para acompanhar a mãe. O interior do corpo é todo pintado, o que transmite a impressão de volume; já os membros e a cabeça do animal são representados por meio de uns poucos traços.

e) Quando terão vivido os seres humanos que elaboraram essas pinturas?

e) Durante muito tempo a data da chegada do ser humano à América opôs os estudiosos, mas, em 2006, o cientista francês Eric Boeda comprovou que os artefatos de pedra encontrados pela arqueóloga brasileira Niède Guidon foram feitos por seres humanos que viveram, onde hoje é o estado do Piauí, entre 33 e 58 mil anos atrás. Ficava assim comprovada a tese da arqueóloga de que o povoamento da América é muito mais antigo do que se supunha.

b. Leitura e escrita de textos

VOZES DO PASSADO

A História também possui uma história. Na Antiguidade, encontramos os primeiros historiadores. Escolhemos um texto antigo do historiador Deodoro da Sicília (ilha que hoje pertence à Itália), que viveu durante o século I a.C. Leia-o com atenção.

A utilidade da História

Em todas as circunstâncias da vida, dever-se-ia acreditar que a história é a mais útil das disciplinas. Aos jovens ela confere a prudência dos adultos. Em relação aos velhos ela redobra e multiplica a experiência já adquirida. Ela transforma uma pessoa comum em alguém digno de governar, e, em relação aos governantes, ela os inclina a façanhas admiráveis [...]. Graças aos elogios que estes merecerão depois de sua morte, ela estimula os militares a correrem riscos pela Pátria! E desvia os criminosos do caminho do mal pelo medo de serem mal vistos pelas gerações futuras!

SICÍLIA, Deodoro da. A utilidade da História. In: PINSKY, Jaime (Org.). 100 textos de história antiga. 4. ed. São Paulo: Contexto, 1988. p. 149. Página 27

a) Monte uma ficha com os seguintes elementos do texto: título, autor, época, fonte de onde foi retirado, conteúdo.

b) O texto se destina aos jovens ou ao público em geral?

c) Como o autor justifica a sua afirmação de que a História é a mais útil de todas as disciplinas?

d) Que visão o autor do texto tem da História?

e) Em dupla. Debatam, reflitam e respondam: vocês concordam com essa visão da História?

III. Integrando com Sociologia

PROFESSOR, VER MANUAL.

Em grupo. Pesquisem e produzam uma apresentação sobre o tema “cultura jovem hoje”. Cada grupo pesquisará um dos seguintes assuntos:

Grupo 1: modos de se vestir dos jovens (semelhanças e diferenças entre jovens de diferentes partes do mundo);

Grupo 2: modos de se comunicar oralmente e/ou por escrito (mensagens de texto via celular, postagens em redes sociais);

Grupo 3: modos de se relacionar afetivamente (“ficar”, curtir, namorar, entre outros);

Grupo 4: modos de se divertir (shows, festas, baladas, cinemas, jogos, esportes radicais, entre outros);

Grupo 5: modos de estudar (estudar conectado, assistindo à TV, comendo, conversando ao celular, entre outros).

Depois de apresentar suas pesquisas na forma de um painel, debatam com os colegas as seguintes questões:

» Quais as semelhanças e diferenças entre os jovens de hoje? (Incluir nesse universo os agrupamentos juvenis chamados pelos sociólogos de “tribos urbanas”: os desportistas radicais, os metaleiros, as patricinhas, os nerds, os emos, os góticos, os geeks, os rastas, os praticantes de cultura hip-hop, entre outros).

» Quanto aos traços comuns, vocês consideram o consumismo uma característica da juventude atual? Você se considera consumista?

Fontes para a pesquisa:

1.




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Page 4

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Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

João Prudente/Pulsar Imagens

Inscrições rupestres de 5000 a.C. em Santana do Riacho (MG). Fotografia de 2011.

Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

Ayrton Vignola/Folhapress

Ao lado de uma reconstituição de Luzia, o antropólogo Walter Neves examina, em seu laboratório na USP, parte de um crânio de c. 7000 a.C. encontrado na região de Lagoa Santa (MG). Fotografia de 2005.

Os estudos de Niède Guidon

Já para a cientista Niède Guidon, há provas da presença humana no sítio arqueológico da Pedra Furada, em São Raimundo Nonato, Piauí, há mais de 50 mil anos. Sua tese se baseia em datações feitas de carvões originados de fogueiras e pedras lascadas produzidas por seres humanos que viveram onde hoje é o estado do Piauí.


Página 40

Outros arqueólogos, porém, contestaram Niède Guidon, argumentando que o carvão encontrado por ela pode ter sido resto de incêndios florestais e que as lascas de pedra podem ser consequência da decomposição das rochas; assim, tanto os pedaços de carvão quanto as pedras podem ser resultado de fenômenos naturais, e não da ação humana. 1

1. Dica! Vídeo com entrevista da arqueóloga Niède Guidon. [Duração: 27 minutos]. Acesse:




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Page 5

. Acesso em: 11 maio 2016.

Leia as imagens, o texto, reflita sobre o assunto e tente responder:

» A fonte 1 mostra uma das diversas formas de lazer em São Paulo; já as fontes 2 e 3 mostram alguns dramas da cidade de São Paulo; quais são eles?

» Que relação se pode estabelecer entra a fonte 3 e a fonte 4?

» Dentre os problemas das megacidades citados no texto, quais atingem também a sua cidade (ou a cidade mais próxima)?

» Reúna-se com o seu grupo e, depois de debater os principais problemas das megacidades, proponham por escrito possíveis soluções para eles. Ao final da unidade, retomem esse debate.

Professor: a intenção foi estimular a reflexão sobre a vida urbana no presente para interessar o aluno pelo estudo do tema no passado. O problema registrado pela fonte 2 é a falta de infraestrutura (esgoto a céu aberto); já a fonte 3 evidencia o luxo e a pobreza convivendo lado a lado na megacidade de São Paulo. Na fonte 4, o autor aponta a necessidade de superar esse problema para se conseguir sustentabilidade.

Página 50

Capítulo 3 Mesopotâmia

Na imagem abaixo vemos arqueólogos trabalhando nas ruínas de um palácio, centro de poder e residência do rei na Antiguidade. Logo depois, na segunda imagem, manequim com brincos, colares e gargantilha, objetos da cultura material sumeriana de cerca de 2500 a.C.

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James L. Stanfield/National Geographic/Getty Images

Escavação arqueológica na Síria, país que tem parte de seu território nas terras ocupadas no passado pelos povos da Mesopotâmia, 1980.

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c.2650-2550 a.C. Coleção particular. Foto: Akg-Images/Latinstock

Manequim do Museu do Iraque com joias e enfeites de c. 2500 a.C. encontrados nas Tumbas Reais de Ur.

» Que relação se pode estabelecer entre as duas imagens acima?

» Os objetos da cultura material ajudam a contar a história de um povo; o que essas joias contam sobre os sumérios?

» O que você sabe sobre este e outros povos da Mesopotâmia?

Professor: retomar com os alunos que a Arqueologia - ciência que estuda os povos a partir da sua cultura material – auxilia decisivamente no estudo da História. Escavando sítios arqueológicos (cena à esquerda) descobrem-se objetos, como esses mostrados à direita, que, quando classificados, catalogados e devidamente interrogados, fornecem importantes informações sobre o povo que os criou.

Página 51

A Mesopotâmia

Mesopotâmia foi o nome dado pelos gregos às terras do Oriente Médio cortadas pelos rios Tigre e Eufrates, que nascem nas montanhas da Armênia e deságuam no Golfo Pérsico.

Mesopotâmia: palavra de origem grega que significa “entre rios” (mésos = “meio”, “centro”; potamós = “torrente”, “água que se precipita”, “rio”).

A região encontrava-se cercada por montanhas e desertos, possuía uma vegetação pobre e um clima quente e seco durante a maior parte do ano; esses elementos tornavam a região desfavorável à vida humana. Mas graças ao aproveitamento das águas dos rios Tigre e Eufrates, por meio do trabalho coletivo e direcionado, a Mesopotâmia transformou-se em um polo de atração para diferentes povos e berço de culturas ricas e variadas. Entre esses povos cabem citar os sumérios, os acádios, os amoritas, os assírios e os caldeus. 1 e 2

1. Dica! Documentário sobre as cidades da antiga Mesopotâmia. [Duração: 46 minutos]. Acesse:




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Page 6

.

Altos funcionários e sacerdotes

Abaixo do faraó estavam os altos funcionários do governo (vizir e escribas, por exemplo) e os sacerdotes.

O vizir, que depois do faraó era o que tinha maior autoridade no império, supervisionava a polícia, a justiça e a cobrança de impostos; já os escribas trabalhavam para o Estado, os templos e o Exército. Para se tornar um escriba frequentavam escolas especiais, onde aprendiam cálculo, leitura e escrita, e com isso conseguiam controlar os impostos arrecadados, os rebanhos, as áreas cultivadas e a safra do ano; enfim, toda a vida econômica do Egito antigo.

Os sacerdotes, por sua vez, ocupavam-se dos serviços religiosos e geriam os templos. Eles constituíam um grupo poderoso e rico; sua riqueza vinha das terras que possuíam e das oferendas feitas aos deuses nos templos sob sua direção; tinham, além disso, milhares de trabalhadores a seu serviço.

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Museu Egípcio, Cairo. Foto: The Bridgeman Art Library/Keystone

Estátua de um escriba sentado, pintada em calcário e pertencente à 4ª dinastia. Página 68

Artesãos, comerciantes e militares

Os artesãos egípcios fabricavam e coloriam o vidro (acredita-se que eles foram os inventores do vidro); com o couro faziam calçados, escudos, assentos; com o papiro confeccionavam cordas, esteiras, sandálias e papel; com o bronze faziam armas, alavancas, cunhas, parafusos, talhadeiras e serras eficientes. Confeccionavam também tecidos, com destaque para os de linho, além de vasos, esculturas, pinturas e joias de ouro e pedras preciosas conhecidas em todo o mundo antigo.

Com as conquistas e a expansão do comércio durante o Novo Império, aumentou muito o número de comerciantes. Carregados de trigo, linho e papiro, os barcos egípcios saíam do porto de Mênfis (no delta do Nilo) e iam até a ilha de Creta, a Palestina, a Fenícia e a Síria. Na Fenícia, os egípcios iam buscar o cedro, madeira preciosa que utilizavam para fazer casas, caixões mortuários, navios, carruagens, esculturas e brinquedos variados. Os fenícios, por sua vez, exportavam para outros lugares o papiro que adquiriam do Egito. O comércio externo era feito pelo mar Mediterrâneo e pelo mar Vermelho.

O comércio interno era feito pelo rio Nilo; as trocas eram in natura, isto é, produto por produto, já que os egípcios não desenvolveram o uso de moeda. As trocas aconteciam, geralmente, nos mercados das cidades portuárias egípcias, como Mênfis.

O grupo dos militares se fortaleceu durante as guerras de conquista que o Egito antigo moveu contra seus vizinhos. A maioria deles lutava em troca de terras e de outras riquezas tomadas dos vencidos.

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1333-1323 a.C. Calcita, ouro e pedras. Museu Egípcio, Cairo. Foto: Werner Forman. Archive/Glow Images

Representação, em ouro, pedras preciosas e vidros, de um dos muitos barcos graciosos com os quais os egípcios deslizavam pelo rio Nilo levando e trazendo mercadorias.

Camponeses e escravos

A atividade econômica que ocupava o maior número de pessoas no Egito antigo era a agricultura. Os camponeses, chamados no Egito antigo de “felás”, constituíam a maioria da população e trabalhavam muitas horas por dia. Cultivavam principalmente o trigo, usado para fazer pães e bolos, e a cevada, usada na fabricação da cerveja. Além disso, eles realizavam todo tipo de serviço nas propriedades dos faraós, dos sacerdotes e dos altos funcionários públicos, como arar, semear, plantar e colher; afugentar animais e ladrões; transportar produtos; construir e consertar moradias.

Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

Em Tumba de Sennedjem. 1314- 1200 a.C. Vale dos Artesãos, Tebas

O camponês ara o campo com a ajuda de uma junta de bois, enquanto sua esposa o segue lançando sementes à terra. Atribui-se aos egípcios a invenção do primeiro arado puxado por boi, por volta de 3100 a.C.
Página 69

A qualquer momento eles podiam ser convocados pelo Estado para trabalhar em obras públicas, como, por exemplo, estradas, reservatórios, canais e pirâmides. Apesar disso, os camponeses viviam em más condições, pois, além de entregar ao senhor da terra parte da colheita, tinham de pagar pesados impostos ao Estado.

Os escravos, obtidos geralmente nas guerras de conquista, eram utilizados em serviços pesados como o trabalho nas pedreiras, nas minas e na construção de grandes obras, como as pirâmides.

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715-332 a.C. Harrogate Museums, Inglaterra. Foto: The Bridgeman Art Library/Keystone

Máscara de Anúbis, deus da mumificação e guardião das tumbas.

Religião

A religião estava presente tanto na vida pública quanto na vida privada dos antigos egípcios; e eram comuns as oferendas aos deuses para pedir ou agradecer. Os antigos egípcios eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses que tinham forma humana (Osíris), humana e animal (Hórus – homem com cabeça de falcão) ou somente a forma animal (Anúbis – que tinha a feição de um chacal).

Desde muito tempo, os antigos egípcios cultuavam o Sol, chamado por eles de Rá. Quando a capital do império foi transferida para a cidade de Tebas, Rá foi identificado como o deus tebano Amon, surgindo daí Amon-Rá, que os egípcios passaram a ver como o “rei dos deuses” e criador do Universo. Enquanto Amon-Rá era o mais cultuado oficialmente, Osíris era o mais popular dos deuses egípcios.

Os egípcios acreditavam que, ao morrer, todo indivíduo devia comparecer ao Tribunal de Osíris para ser julgado. Era Anúbis quem conduzia o morto até Osíris. Lá, em um dos pratos da balança, colocava-se o coração do morto e, no outro, uma pena. Se o coração tivesse peso igual ou menor que o da pena, o indivíduo seria salvo por Osíris e iria para os Campos da Paz, onde conviveria com outras almas iluminadas. Caso contrário, iria para uma espécie de purgatório ou tornar-se-ia uma alma perdida. Ammit, representada na imagem à direita da balança, comeria o coração caso ele fosse mais pesado que a pena. Sem o coração, o corpo não poderia viver no pós-morte.

Dica! Documentário sobre a religiosidade no Egito antigo. [Duração: 44 minutos]. Acesse:




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Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

Nancy Louie/Getty Images

Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

DP RM/Alamy/Glow Images

A leitura da Torá é vista pelos judeus de hoje, herdeiros da tradição hebraica, como uma aproximação com Deus. Por isso, eles realizam cerimônias de iniciação dos jovens nessa leitura. Nas fotos, vemos um aspecto do bar mitzvah, cerimônia de iniciação dos meninos na leitura da Torá, e um aspecto do bat mitzvah, cerimônia equivalente, para as meninas. Página 82

Para refletir

O texto a seguir é do historiador Jaime Pinsky. Leia-o com atenção.

A Bíblia serve à História?

É preciso ter presente que a Bíblia tem um compromisso básico com a unidade do povo hebreu e não com a narrativa fiel de acontecimentos. Hoje em dia até autores religiosos, cristãos e judeus, duvidam, se não da existência física dos três patriarcas (Abrahão, Isaac, Jacó), ao menos da genealogia que estabelece a sucessão entre eles (Abrahão pai de Isaac pai de Jacó). O fato de questionarmos a historicidade de alguma personagem não significa que não possamos tirar da história contada informações que nos interessem. O narrador acaba referindo-se a costumes e padrões de comportamento que caracterizam uma época e dizem respeito também a mitos que derivam de uma região. Assim, não há contradição entre questionar a historicidade de personagens bíblicos, colocar em dúvida alguns dos fatos milagrosos ali narrados e utilizar o material como fonte para o trabalho do historiador.

Bíblia: palavra que vem do latim biblia (pequenos livros), e uma referência ao nome grego de uma cidade síria, famosa por sua indústria de papiros, Biblos.

PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. São Paulo: Contexto, 2001. p. 108-109. (Repensando a História).

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Fábio Guinalz / Fotoarena

O historiador e professor Jaime Pinsky.

a) O texto acima pode ser classificado como historiográfico, religioso ou literário?

a) O texto é historiográfico e foi escrito por um historiador com grande conhecimento da cultura hebraica.

b) O texto é dirigido aos especialistas em História, aos religiosos, às autoridades ou aos estudantes?

b) O texto é voltado aos estudantes. [Comentar que o livro do qual o texto foi extraído é classificado como material de apoio didático.]

c) Como o autor responde à pergunta contida no título do texto?

c) Ele responde afirmativamente, pois, por meio dos textos bíblicos, podemos conhecer a história, os costumes, os padrões de comportamento, a ética, os mitos do povo judeu e da região onde ele transitou no passado distante.

d) A Bíblia pode ser considerada a única fonte histórica importante para o conhecimento dos hebreus?

d) Não, ela é uma delas. Faz parte do ofício do historiador o cruzamento de diferentes fontes. Assim procedendo, ele poderá construir uma narrativa mais fiel da história dos hebreus. [Diferentemente do que ocorre com a narrativa histórica, a narrativa bíblica não tem compromisso com a evidência.]

Outras fontes para o estudo dos hebreus são as de cultura material encontradas em escavações arqueológicas e escritos de pessoas que viveram em tempos antigos, como o historiador judeu Flávio Josefo (37-100), nascido em Jerusalém.

Dono de sólida formação intelectual, esse historiador judeu atuou inicialmente como soldado, ocasião em que chegou a combater os romanos. Apesar de ter sido aprisionado por eles, escapou com vida graças à proteção do imperador Vespasiano. No ano 70, Flávio Josefo assistiu à destruição do Templo de Jerusalém; no ano seguinte mudou-se para Roma, onde adotou o nome de Titus Flavius Josephus, pelo qual ficou conhecido. Em Roma, escreveu e publicou suas obras, entre as quais cabe citar Antiguidades judaicas, publicada em grego, em 20 volumes. Testemunha ocular de passagens importantes da história, Flávio Josefo forneceu importantes informações sobre personagens e episódios envolvendo judeus e romanos e a vida dos primeiros cristãos.
Página 83

Embora fosse admirador dos romanos e da cultura greco-romana, procurou também valorizar os judeus de seu tempo, apresentando-os como povo religioso e civilizado.

A narrativa bíblica

Conta a Bíblia que os hebreus viviam do pastoreio nas proximidades da cidade de Ur, na Mesopotâmia. Certo dia, por volta de 1800 a.C., Deus confiou a um pastor hebreu, de nome Abraão, a missão de conduzir seu povo na busca por boas pastagens para seu rebanho. Abraão, sua gente e seus rebanhos deixaram, então, a Mesopotâmia e, depois de muito caminhar, chegaram em Canaã (Palestina) e lá se fixaram. Segundo a Bíblia, aquela era a terra que Deus reservara aos hebreus, a Terra Prometida. Veja no mapa o provável percurso dos hebreus.

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Fonte: VIDAL-NAQUET, Pierre; BERTIN, Jacques. Atlas histórico: da Pré-História aos nossos dias. Lisboa: Círculo de Leitores, 1990. p. 39.

A Palestina era uma estreita faixa de terra cortada pelo rio Jordão; na versão bíblica, o patriarca Abraão e sua gente partiram de Ur, na Caldeia, e passaram pelas cidades da Babilônia, de Mari, Haran, Aleppo, Hamath e Damasco até se fixarem em Canaã.

A Palestina

O texto a seguir sobre a Palestina ajuda-nos a formar uma ideia do cenário em que se desenrolou a história dos antigos hebreus; ele foi escrito por Mario Liverani, professor de Oriente próximo na Universidade de Roma. Leia-o com atenção.

A Palestina é um país modesto e fascinante. Modesto pelos recursos naturais [...]; fascinante pela estratificação histórica da paisagem [...].

[...] A Palestina situa-se quase toda na faixa semiárida (com precipitações entre 400 e 250 mm anuais). [...] Há um único rio digno desse nome, o Jordão [...] com seus dois afluentes perenes da esquerda [...] que [...] vão se perder na bacia fechada e salgadíssima do mar Morto. A agricultura, portanto, não é irrigada (exceto em pequenos “oásis” em torno das fontes), mas pluvial, ou seja, depende das incertas precipitações [...] – às vezes [...] benévolas, às vezes punitivas.


Página 84

O contraste com o vizinho Egito, onde a água é um “dado de fato” perene que não produz ansiedade, era absolutamente evidente. [...]

Nem todo o território pode ser utilizado para as culturas agrícolas. As únicas campinas [...] estão no médio vale do Jordão e na planície de Yizre’el; a faixa costeira é arenosa e salina; [...]. Todo o resto são colinas e montanhas, outrora cobertas de bosques, mas depois desnudadas pela ação do homem e da cabra [...] Cenário adequado para um pastoreio de [...] gado miúdo (ovelhas e cabras) e para uma agricultura de pequeno formato [...] de dimensões [...] familiares e de vilas em miniatura, como num presépio. [...]

Os metais são, na verdade, muito escassos (o cobre da Arábia está fora do território palestino propriamente dito), não há pedras semipreciosas (a turquesa do Sinai está ainda mais distante), não há madeira nobre (como no Líbano) [...] As caravanas que percorrem a “via do Mar”, que liga o delta do Egito à Síria, têm pressa de atravessar um país pobre e à espreita. [...]

Comparada a outras zonas do Oriente Próximo, como o Egito e a Mesopotâmia [...] que no passado foram sedes de celebradas civilizações, de grandes formações estatais, de metrópoles monumentais, a Palestina oferece um espetáculo decididamente modesto.

LIVERANI, Mario. Para além da Bíblia: história antiga de Israel. São Paulo: Paulus Editora, 2008. p. 27-30.

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Hazem Bader/AFP Photo/Image Forum

Homem pastoreia um rebanho de ovelhas em um vilarejo de Susya, Palestina, 2015.

Nesse ambiente acanhado que caracteriza o território da Palestina, os hebreus praticavam o pastoreio e a agricultura. As famílias organizaram-se em clãs, cujos chefes eram chamados de patriarcas. Ainda segundo a Bíblia, os primeiros patriarcas foram Abraão, Isaac e Jacó. Este último teve seu nome mudado para Israel, por isso seus descendentes foram chamados de israelitas.

Clã: aglomeração de famílias que são ou se presumem descendentes de um ancestral comum.

Hebreus no Egito

Ainda segundo o relato bíblico durante um longo período de seca e fome, os hebreus foram forçados a emigrar para o Egito, na época sob o domínio dos hicsos. Enquanto durou essa dominação, os hebreus progrediram, chegando a ocupar posições de destaque na sociedade egípcia. Mas, com a expulsão dos hicsos, em cerca de 1550 a.C., os hebreus foram escravizados pelos faraós, sob a acusação de colaborarem com os invasores. Depois de longo período de cativeiro, liderados pelo patriarca Moisés, os hebreus se rebelaram, abandonaram o Egito e retornaram à Palestina.

Hicsos: povo da Antiguidade, originário da Síria, que se estabeleceu na metade oriental do delta do Nilo no século XVIII a.C. Os faraós egípcios chamavam esses invasores asiáticos de “chefes estrangeiros”.

Essa saída em massa dos hebreus do Egito é chamada de êxodo (palavra que em grego significa “saída”). Segundo a Bíblia, foi durante uma caminhada de cerca de 40 anos que Moisés recebeu de Deus, no Monte Sinai, duas tábuas com os Dez Mandamentos (Decálogo). O primeiro deles dizia:


Página 85

“Não terás outros deuses diante de mim”; este mandamento é a base da crença dos hebreus em um só Deus, Jeová ou Iahweh.

Dica! Documentário abordando o êxodo dos hebreus no Egito à luz da História. [Duração: 59 minutos]. Acesse:




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As culturas yangshao e longshan

Escavações arqueológicas feitas no vale do rio Amarelo revelam que, por volta de 2000 a.C., as aldeias chinesas eram grandes e numerosas e seus habitantes produziam artefatos em cerâmica, usados no armazenamento e preparo de alimentos (como vasos e panelas) e no transporte e consumo de água (como moringas e taças). Por meio de objetos da cultura material, ficamos sabendo também que, naquele tempo, os chineses produziram duas culturas notáveis: yangshao (cerâmica pintada) e longshan (cerâmica negra).


Página 98

Em ambos os vasos, pode-se constatar a perícia dos artesãos chineses. Yangshao e longshan são nomes aplicados também aos grupos humanos que produziram essas culturas, bem como aos estilos de cerâmica criados por eles.

Pedras espiraladas desenterradas pelos arqueólogos sugerem que os antigos chineses as usavam como rocas de fiar; os fios, provavelmente, eram empregados na confecção de tecidos com os quais eles faziam suas roupas. Restos de casulos de bichos-da-seda indicam que eles já conheciam a seda.

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500-300 a.C. Cerâmica. Museu de Arte e História, Xangai. Foto: Werner Forman Archive/Glow Images

Vaso da cultura yangshao.

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c. 2500 a.C. Cerâmica. Museu de Arte da Ásia Oriental, Bath. Foto: Heritage-Images/Glow Images

Vaso da cultura longshan.

História política do Império Qin

O império chinês foi fundado após uma disputa de poder entre líderes de sete principados independentes em que se dividia a China na época. A disputa se encerrou em 221 a.C., com a vitória do príncipe de Qin, Shi Huang Di (que, em chinês, quer dizer “Primeiro Imperador”).

Linha do tempo

De 221 a.C. a 206 a.C.: O IMPÉRIO QIN

De 206 a.C. a 220 d.C.: DINASTIA HAN

De 220 d.C. a 618: DIVISÃO DA CHINA EM VÁRIOS REINOS

De 618 a 906: DINASTIA TANG

De 906 a 960: ERA DAS CINCO DINASTIAS

De 960 a 1279 DINASTIA SONG

De 1279 a 1368: DINASTIA DOS MONGÓIS

Observação: Nesta obra, por questão de espaço, as linhas do tempo não obedecem a uma escala.

Editoria de arte

O Império Chinês

Ao assumir o poder, Shi Huang Di unificou o território chinês e, a seguir, tomou uma série de medidas visando enfraquecer a nobreza e centralizar o poder: obrigou os chefes dos antigos principados a se mudarem para a capital e a entregarem suas armas para que fossem derretidas; adotou um sistema único de pesos e medidas e uma moeda única; padronizou a escrita; definiu leis para o país inteiro e introduziu os concursos para o preenchimento de cargos públicos (os empregos no governo até então eram privilégio da nobreza). Shi Huang Di coordenou também grandes obras de irrigação e deu continuidade à construção da Grande Muralha para se defender de invasores.

Além disso, com base em suas crenças, mandou construir um exército de terracota composto de cerca de 7 mil guerreiros, muitos deles acompanhados de cavalos, a fim de proteger seu túmulo e servi-lo depois da morte.

Terracota: argila cozida em forno.

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c. 221-210 a.C. Terracota. Shaanxi History Museum, China. Foto: Tim Graham/Easypix

Um soldado do famoso exército de terracota. Essas estátuas foram encontradas em 1974, por camponeses do condado de Lintong, e declaradas pela Unesco Patrimônio Cultural da Humanidade. As figuras de tamanho natural, esculpidas individualmente, eram dispostas em posição marcial, para guardar o imperador Huang Di no além-túmulo. Este soldado provavelmente tinha em suas mãos uma lança e um escudo. Nessa grande obra foram utilizados cerca de 700 mil trabalhadores forçados. Página 99

A dinastia Han

Com a morte de Shi Huang Di, as disputas pelo poder foram vencidas por Liu Bang, o primeiro imperador da dinastia Han, em 206 a.C. Os Han fortaleceram o poder real, aliando-se à nobreza e valendo-se de seus exércitos particulares; adotando o recrutamento obrigatório de homens com idade de 30 anos para servirem o exército; e estabelecendo uma língua oficial para todo o país, o mandarim. Uma vez fortalecidos, lançaram ofensivas sistemáticas contra seus vizinhos e alargaram o território chinês em direção à Mongólia (ao norte do império), ao centro e ao sul da Ásia. As conquistas territoriais fizeram com que a influência chinesa na Ásia aumentasse, fato confirmado por achados arqueológicos, como machados, armas (espadas, bestas) e fragmentos da cerâmica Han nas áreas conquistadas.

Enquanto ampliavam seu território, os chineses expandiram também seu comércio exterior com a Índia e com as possessões orientais do Império Romano. Fontes chinesas informam que no ano 166 uma embaixada de mercadores romanos esteve na China, atraída pela seda, artigo chinês mais cobiçado no Ocidente. Desde então, o comércio entre o Oriente e o Ocidente se intensificou. Caravanas chinesas partiam do vale do rio Amarelo, carregadas de sedas, joias, vidros, estatuetas e pedras preciosas, seguindo pela chamada Rota da Seda até os portos do Oriente Próximo; de lá, mercadores de diferentes origens distribuíam esses produtos por todo o Império Romano. Observe o mapa.

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Allmaps


Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel Maurício de et al. Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: FAE, 1991. p. 106.

Repare que os caminhos terrestres da seda tinham como ponto inicial as cidades chinesas de Luoyang e/ou Chang’an e, como pontos de chegada, as cidades de Trebisonda, no Mar Negro, e Tarso e Beritos, no Mediterrâneo Oriental. Beritos era o nome que se dava na época à atual cidade de Beirute (capital do Líbano).

A extraordinária expansão territorial e comercial sob a dinastia Han, a partir da metade do século II a.C., só foi possível graças ao aumento da produção de riquezas que, por sua vez, está associado aos progressos técnicos feitos pelos chineses na época. Página 100




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» Faça uma breve pesquisa sobre como era a vida no tempo em que o Brasil esteve sob uma ditadura militar (1964-1985) e estabeleça diferenças entre aqueles tempos e os tempos atuais no tocante à participação dos brasileiros na vida política.

» Interprete: o que o autor da charge da página anterior quis criticar?

» Alguns analistas consideram a corrupção um mal endêmico/enraizado na cultura política brasileira. E você, o que pensa sobre o assunto?

» Ao final do estudo desta unidade, reúna-se com o seu grupo e levantem o maior número possível de informações sobre a democracia ateniense e a democracia brasileira e estabeleçam um paralelo entre uma e outra. Dica: a democracia ateniense era direta e a democracia brasileira é representativa.

Professor: a intenção aqui foi partir do presente para interessar o aluno pelo estudo do passado, com destaque para o modelo de democracia criada pelos antigos gregos. Buscou-se também fornecer elementos para o tratamento do tema em uma perspectiva temporal. Ao final da unidade, sugerimos retomar o tema e propor ao alunado que compare o modelo grego ao modelo brasileiro, atento às diferenças e semelhanças entre um e outro; pode-se comentar, por exemplo, que tanto na Grécia antiga quanto no Brasil republicano foram criados mecanismos de defesa da democracia. Os antigos gregos criaram o ostracismo, nós inventamos a Lei da Ficha Limpa, entre outros. Esse debate inicial sobre o presente pode ajudar na decolagem do trabalho sobre o assunto.

Página 114

Capítulo 7 O mundo grego: democracia e cultura

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Pronomos. C. 410 a.C. Cerâmica. Museu Arqueológico, Nápoles. Foto: The Bridgeman Art Library/Keystone

Detalhe de um vaso grego de 410 a.C. com representação de atores gregos e suas famosas máscaras.

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Christian Goupi/Easypix

Teatro de Epidauro, na Grécia, em fotografia recente. Neste espaço foram encenadas peças imortais criadas pelos gregos da Antiguidade, a exemplo de Édipo Rei, de Sófocles.




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As artes plásticas

Na Grécia antiga, a arquitetura, a escultura e a pintura eram artes feitas para a coletividade; daí serem expostas, principalmente, nos espaços públicos, como templos, fontes, praças e teatros. Por esse motivo, empregavam nessas construções – especialmente nos templos – materiais duráveis, como o mármore. A maioria dessas obras era encomendada e paga pelo governo da cidade, muitas delas servindo para indicar os exemplos a serem seguidos na vida cívica; além disso, eram feitas para ser vistas e para demonstrar a capacidade de seus realizadores. Por isso, o exterior dos prédios era decorado com relevos e esculturas.

Página 128

Arquitetura

Três estilos arquitetônicos (o dórico, o jônico e o coríntio) constituem importante legado dos antigos gregos à civilização ocidental. As diferenças entre os três estilos estão principalmente na coluna e no capitel:

Capitel: arremate superior de uma coluna.

» no estilo dórico, a coluna era grossa e se apoiava diretamente no degrau mais elevado, e o capitel era simples;

» no estilo jônico, o capitel era ornamentado, a coluna era mais fina, sugerindo leveza, e se apoiava sobre uma base decorada;

» no estilo coríntio, o capitel era rebuscado, a coluna possuía inúmeros sulcos verticais e se apoiava sobre uma base de formas circulares e lisas.

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Getulio Delphim

Colunas em estilo dórico (1), jônico (2) e coríntio (3).

Escultura

Como vimos, as esculturas gregas serviam sobretudo para embelezar os locais públicos e eram também quase sempre obras encomendadas: os escultores gregos do Período Clássico procuravam reproduzir a figura humana de maneira fiel, harmoniosa, de modo que transmitissem ao observador uma ideia de movimento. Sobre a estatuária grega, disse um historiador:

Período Clássico: período compreendido entre os séculos VI e IV a.C.; coincide com o fortalecimento da democracia ateniense.

A escultura grega também tinha o homem no seu centro de preocupações e, em seus grandes momentos, tanto no século V a.C. como posteriormente, ela caracterizou-se por representar o movimento e os indivíduos. Enquanto a estatuária egípcia e oriental, em geral, representavam deuses e reis com formas perfeitas e imóveis, os gregos passaram a mostrar os movimentos, os músculos, como é o caso de uma estátua que figurava um atleta. [...] Assim como nas outras artes, a estatuária grega serviu de inspiração para as correntes artísticas ocidentais posteriores.

FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2009. p. 73-74. (Repensando a história).

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Museu Arqueológico Nacional, Nápoles. Foto: DEA/G. Nimatallah/De Agostini/Getty Images

Cópia romana de Doríforo, estátua esculpida pelo artista grego Policleto. Seu autor pretendeu transmitir a ideia de movimento (o personagem parece estar caminhando), assim como reproduzir, de maneira fiel, as proporções e a anatomia da figura humana.

Pintura

A pintura em cerâmica foi muito valorizada pelos antigos gregos; os vasos gregos (usados para armazenar e transportar alimento e decorar ambientes) chamam a atenção pelas cores, pela beleza e são fontes importantes para o conhecimento histórico. As pinturas reproduzem, em geral, cenas da mitologia ou do cotidiano dos antigos gregos (esporte, amor, trabalho).


Página 129

Os gregos desenvolveram duas importantes técnicas de pintura: a técnica de figuras negras e a de figuras vermelhas.

Exéquias é considerado o maior pintor da técnica de figuras negras. O artista pintava os personagens de preto e o fundo permanecia com a cor natural da argila. Andócines, aluno de Exéquias, inverteu o esquema de cores: pintou o fundo de preto e deixou as figuras com a cor avermelhada da argila ateniense. Com a inversão das cores, o artista consegue conferir vivacidade às figuras.

A filosofia

Durante muito tempo, os antigos gregos recorreram à mitologia para explicar o Universo, os seres humanos e os acontecimentos. Por volta do século VI a.C., o ambiente de debates presente nas cidades gregas favoreceu o surgimento de pensadores que não se limitavam às explicações mitológicas, mas buscavam respostas na realidade física. Os homens que assim procediam foram chamados de físicos pois empenharam-se racionalmente em compreender os fenômenos naturais (o termo grego physis significa natureza).

Esses pensadores responderam à pergunta sobre a origem do Universo de maneira variada. Para Tales de Mileto, o elemento gerador foi a água; para Anaxímenes, o ar; para Heráclito, o fogo; e para Empédocles, os quatro elementos: ar, água, fogo e terra. Pouco a pouco, esses pensadores, empenhados em usar meios racionais para demonstrar suas afirmações, migraram do mito à razão. Nascia assim a filosofia, palavra que em grego quer dizer “amor à sabedoria”.

A filosofia pode ser definida como uma reflexão sobre o mundo, os seres humanos e os fenômenos. O nascimento da filosofia na Grécia ocorreu ao mesmo tempo que o desenvolvimento da pólis (séculos VIII a VI a.C.), quando os gregos começaram a organizar suas cidades-Estados, debater os problemas que os afligiam e tentar entender o Universo. Nesse contexto, e pouco a pouco, o pensamento lógico foi ocupando o lugar do mito.

Sócrates

Sócrates (469-399 a.C.) propunha o diálogo como caminho para chegar ao conhecimento. Por meio de perguntas pensadas, Sócrates levava a pessoa com a qual estava dialogando a perceber que ignorava o assunto. Ao refletir sobre a virtude, por exemplo, Sócrates procurava, inicialmente, retirar de seu interlocutor a convicção de que ele sabia o que era virtude; posteriormente, e por meio de novas perguntas, esforçava-se para que ele fosse chegando ao conceito ou à definição de virtude. Esse método socrático que levava o interlocutor a duvidar do que sabia e a ir construindo um conceito é chamado de maiêutica.

Uma premissa do método socrático está contida na afirmação atribuída a ele: “Só sei que nada sei”. Outra questão importante para Sócrates era o autoconhecimento; daí outra frase atribuída a ele: “Conhece-te a ti mesmo”. Por contrariar ideias tradicionais a respeito da virtude, Sócrates passou a ser visto como uma ameaça; os governantes de Atenas, então, o acusaram de corromper a juventude da cidade e o condenaram a beber cicuta, veneno que provocou sua morte. Sócrates não deixou nada escrito. Suas ideias chegaram até nós por meio de seu discípulo, Platão. Página 130

Platão

Platão (427-348 a.C.) fundou em Atenas uma escola de filosofia chamada Academia, na qual se estudavam filosofia, matemática e se praticava ginástica. Platão era radicalmente contrário à democracia ateniense; para ele, uma pessoa comum não tinha capacidade de fazer parte do governo da cidade; confiar o governo a ela era o mesmo que permitir a um aprendiz que pilotasse um navio durante uma tempestade. Segundo Platão, o governo de uma cidade deveria ser entregue aos filósofos, isto é, aos poucos indivíduos com capacidade para tratar os problemas humanos com sabedoria; esses filósofos-governantes não buscariam o poder ou a riqueza, mas o bem e a justiça.

Para Platão, o mundo dos fenômenos (o que se pode ver ou tocar) é ilusório; já o mundo das ideias universais é verdadeiro, e nele é possível encontrar as ideias universais de verdade, bem, bondade, justiça. A mais importante dessas ideias para Platão era a ideia de bem. Eis o que um historiador diz sobre o assunto:

Platão via o mundo dos fenômenos como instável, transitório e imperfeito, enquanto o seu reino das Ideias era eterno e universalmente válido. Cada pessoa em particular partilha de uma forma imperfeita e limitada da Ideia de homem; os homens vêm e vão, mas a Ideia de Homem persiste eternamente. Assim, a verdadeira sabedoria é obtida através do conhecimento das Ideias, e não através de reflexões imperfeitas sobre as Ideias percebidas pelos sentidos.

PERRY, Marvin. Civilização ocidental: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 1985. p. 74.

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c. 428-348 a.C. Pedra. Museus Capitolinos, Roma. Foto: The Bridgeman Art Library/Keystone

Busto de Platão, c. 428-348 a.C.




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O Primeiro Triunvirato

Nesse cenário, emergiram novos comandantes militares com pretensões ao poder: Crasso, um dos homens mais ricos da Itália, e vencedor da revolta escrava liderada por Espártaco; Pompeu, que se destacara por suas vitórias militares no Oriente; e o sobrinho de Mário, Júlio César.

Em 60 a.C., Crasso, Pompeu e Júlio César fizeram um acordo secreto, mais tarde chamado Primeiro Triunvirato, e assumiram o comando do mundo romano. Júlio César e suas tropas partiram, então, para conquistar a Gália; Crasso dirigiu-se ao Oriente, também em campanha militar; e Pompeu, sozinho em Roma, recebeu amplos poderes do Senado.

Depois de conquistar a Gália, Júlio César voltou a Roma, venceu as forças de Pompeu e tomou o poder. Valendo-se do cargo de ditador, que forçou o Senado a lhe conceder, promoveu um amplo programa de reformas:

» distribuiu terras a milhares de ex-soldados;

» coibiu abusos dos governadores de províncias e dos cobradores de impostos;

» melhorou a distribuição de trigo à plebe de Roma;

» introduziu o calendário Juliano, que divide o ano em 365 dias;

» promoveu a construção de um fórum.

No entanto, um grupo de senadores contrários ao ditador o acusou de trair a República e de querer ser rei, e, em 44 a.C., Júlio César foi assassinado. Descobriu-se que ele havia deixado no seu testamento uma quantia em dinheiro a cada romano, o que aumentou ainda mais sua popularidade e motivou uma violenta perseguição aos seus assassinos. 2 e 3

2. Dica! Documentário sobre o comportamento do general Júlio César. [Duração: 43 minutos]. Acesse: .
3.
Dica! Vídeo que reconta a traição de Brutus e o assassinato de Júlio César. [Duração: 5 minutos]. Acesse: .

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100-44 a.C. Mármore. Museu de História da Arte, Viena. Foto: Justus Göpel/AKG-Images/Album/Latinstoc

Escultura em mármore do político, escritor e general Júlio César. Como ditador, ele autorizou a emissão de uma moeda de ouro com a sua efígie e, em público, usava sempre o traje triunfal: um manto de púrpura e uma coroa de louros. Página 151

O Segundo Triunvirato

Com a morte de César, o Senado continuou perdendo força, e outros três militares formaram o Segundo Triunvirato. Eram eles: Caio Otávio (o filho adotivo de Júlio César), Marco Antônio (cônsul) e Lépido (chefe da cavalaria). Otávio ficou com o Ocidente, Marco Antônio, com o Oriente, e Lépido, com a África.

Otávio destituiu Lépido de seu posto na África. A seguir, apresentando-se como defensor das tradições romanas, acusou Marco Antônio de trair Roma ao se casar com Cleópatra, rainha do Egito. A disputa entre eles teve fim quando Caio Otávio venceu o exército de Marco Antônio na Batalha de Ácio, em 31 a.C., invadiu o Egito e o transformou em uma província de Roma. Cleópatra e Marco Antônio se suicidaram, e Caio Otávio assumiu o comando do mundo romano.

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Filme de Joseph L. Mankiewicz. Cleópatra. 1963. EUA. Foto: Bettmann/Corbis/Latinstock

Cena do filme Cleópatra em que se vê a atriz Elizabeth Taylor no papel da famosa rainha do Egito. Os olhos claros, os cabelos lisos e o nariz afilado da atriz construíram uma imagem absolutamente idealizada da rainha egípcia Cleópatra. O filme espelha, assim, muito mais o tempo em que ele foi realizado (década de 1960) do que a época que pretendeu retratar.

Dica! Trailer oficial do filme Cleópatra (1963) com a atriz Elizabeth Taylor. [Duração: 6 minutos]. Acesse:




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2. Dica! Saiba mais sobre o processo de penetração dos germanos no Império Romano. [Duração: 4 minutos]. Acesse: .

O Império Bizantino

O Império Bizantino era extenso; abrangia a Grécia, o Egito e as províncias da Síria-Palestina, da Mesopotâmia e da Ásia Menor. Além disso, abrigava um mosaico de povos e culturas e, embora em Constantinopla as pessoas falassem várias línguas, a língua oficial do Império Bizantino era o grego. O nome “bizantino” deriva de Bizâncio, antiga colônia grega que, por sua excelente localização, foi elevada a capital pelo imperador Constantino em 330 e rebatizada de Constantinopla.

Conhecida como Porta do Oriente, a cidade de Constantinopla estava entre a Europa e a Ásia, e todo trânsito de mercadorias entre o mar Negro e o mar Mediterrâneo passava obrigatoriamente por ali. A cidade era, por isso, um dos maiores centros comerciais e urbanos do mundo, recebendo pessoas e mercadorias de diversas partes do Oriente e do Ocidente. Além disso, tinha a protegê-la o fato de ser cercada de água por três de seus lados.

Geralmente, os historiadores abordam os aspectos políticos, artísticos, sociais e religiosos das sociedades humanas como forma de facilitar sua compreensão. Mas, na realidade, esses aspectos não existem isoladamente; ao contrário, são interligados e interdependentes. Além disso, no estudo de cada sociedade, é possível perceber um elemento-chave que articula os demais e nos ajuda a compreender o todo; no caso do Império Bizantino, esse elemento é a religião. Era a religião cristã que fundamentava o poder do imperador, direcionava o dia a dia das pessoas, fornecia os temas das obras de arte e legitimava a política externa.

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Séc. XV. Gravura. Biblioteca Nacional, Madrid. Foto: The Bridgeman Art Library/Keystone

Miniatura do século XV que representa Constantinopla. Como sugere a imagem, a cidade era cercada de água por três de seus lados, um importante fator de proteção.

A política no Império Bizantino

O Estado bizantino era tido como uma organização celeste na Terra, uma teocracia – do grego theos (Deus), kratos (poder). O imperador considerava-se representante de Deus, intérprete infalível das coisas divinas e humanas e, portanto, autoridade maior em assuntos terrenos e espirituais. Era ele também que escolhia o patriarca de Constantinopla, o cargo mais alto na Igreja Bizantina e o segundo no Império. O patriarca, homem de confiança do imperador, legislava em matéria eclesiástica e o assessorava na política.


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Com o título de basileus, o imperador era visto por seu povo como uma divindade, uma figura sagrada, separada dos demais homens. Seu poder absoluto e ilimitado fazia dele um autocrata.

Basileus: em grego, aquele que possui autoridade suprema.

O governo de Justiniano

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The Bridgeman Art Library/Keystone

Imperador Justiniano com um modelo da Catedral de Santa Sofia nas mãos em um mosaico do século X.

O governo do imperador Justiniano (527-565) foi decisivo na história do Império Bizantino. Como basileus, Justiniano esforçou-se para reunificar o Império Romano, reconquistando as terras perdidas para os germanos. Para isso, aparelhou e treinou as forças bizantinas e, após ofensivas bem-sucedidas, retomou parte do norte da África aos vândalos, a Itália, aos ostrogodos e o sul da Espanha, aos visigodos, passando, com isso, a controlar também o mar Mediterrâneo.

Itália: os habitantes da Roma antiga chamavam a Itálica de Itália.

Para custear os gastos com essas guerras de conquista, Justiniano ordenou constantes aumentos de impostos, que recaíam sobre a população; além disso, ao cobrar os impostos, a burocracia imperial empregava muitas vezes métodos violentos. Essa situação gerou descontentamento e revolta.

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Alexandre Bueno

Fonte: DUBY, George. Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 2003. p. 34.

As conquistas bizantinas no Ocidente duraram até o século seguinte, quando os árabes dominaram quase toda a região.

A Revolta de Niké

A mais popular das revoltas contra o poder imperial bizantino teve início em um domingo do ano de 532, no Hipódromo de Constantinopla.

Hipódromo: imenso estádio em que se realizavam corridas de quadrigas, carros de duas rodas puxados por quatro cavalos.

O estádio estava lotado, e os torcedores se dividiam entre Verdes, de tendência popular, e Azuis, de perfil aristocrático. Verdes e Azuis eram, ao mesmo tempo, agremiações esportivas e partidos políticos. Alguns imperadores bizantinos se fortaleciam estimulando a rivalidade entre os dois partidos; outros favoreciam um deles, o que acabava gerando a revolta do preterido.


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Raramente os dois partidos se uniam, mas foi o que aconteceu naquele domingo em que o imperador Justiniano e sua esposa Teodora estavam no Hipódromo, torcendo pelos Azuis.

No intervalo entre duas corridas, os Verdes organizaram uma manifestação contra a alta nos impostos e o abuso de autoridade; os Azuis se juntaram a eles e marcharam para o palácio imperial aos gritos de Niké! Niké!, que significa “vitória”; daí o nome dado a essa revolta popular. A revolta e a violência se espalharam pela cidade, mas o imperador ordenou uma cruel repressão que ocasionou um incêndio gigantesco e resultou na morte de 35 mil rebeldes. 1

1. Dica! Vídeo sobre a revolta de Niké. [Duração: 3 minutos]. Acesse:




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Para refletir

Leia o documento a seguir com atenção.

Deveres de Carlos Magno e do Papa (796)

[...] Assim como fiz um pacto com o bem-aventurado predecessor (Adriano I) [...], desejo estabelecer com Vossa Santidade um pacto inviolável de fé e caridade [...]. O nosso dever é, com o auxílio da divina piedade, defender por toda a parte com as armas a Santa Igreja de Cristo, tanto das incursões dos pagãos como das devastações dos infiéis, e fortificá-la no exterior e no interior pela profissão da fé católica. É vosso dever, Santíssimo Padre, levantar as mãos para Deus, como Moisés, para auxiliar o nosso exército de maneira que, por vossa intercessão e pela vontade e graça de Deus, o povo cristão obtenha para sempre a vitória sobre os inimigos do Seu Santo nome, e o nome do Nosso Senhor Jesus Cristo seja glorificado em todo o mundo.

MAGNO, Carlos apud PEDRERO-SÁNCHES, M. Guadalupe. História da Idade Média: textos e testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000. p. 69-70.

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Albrecht Dürer. C.1511-13. Óleo sobre painel. Germanisches Nationalmuseum, Nuremberg

Carlos Magno, obra de Albrecht Dürer, século XVI. Repare que ele o pintou portando a cruz (aliança com a Igreja) em uma das mãos e a espada (guerra), na outra.

a) Quem é o autor do texto?

a) O autor do texto é Carlos Magno.

b) A quem o autor do texto se dirige e a quem ele se refere quando diz “incursões dos pagãos” e “devastações dos infiéis”?

b) Ele se dirige ao papa, representante máximo da Igreja católica; no texto, os pagãos seriam povos de outras religiões, como os saxões, adversários do Império Carolíngio; já os infiéis seriam os muçulmanos.

c) Qual é a ideia central do texto?

c) A proposta de Carlos Magno de estabelecer com o papa um “pacto inviolável” em que cada uma das partes tem deveres para com a outra.

d) Quais seriam, segundo o texto, os deveres de cada uma das partes envolvidas no pacto?

d) Deveres de Carlos Magno e seu exército: defender e expandir o cristianismo por meio das armas. Dever do papa: interceder junto a Deus para que Carlos Magno e seu exército alcançassem o sucesso.

e) Em dupla. Avaliem e comentem o “pacto inviolável de fé e caridade” proposto por Carlos Magno.

e) Resposta pessoal. Professor: comentar que o pacto de fé e caridade feito com o representante máximo da Igreja católica serviu para legitimar a política guerreira e expansionista do Império Carolíngio. Para estimular o debate, pode-se levantar com os alunos a seguinte questão: a expansão do Império Carolíngio foi movida pela fé ou pela cobiça?

Na noite de Natal do ano 800, Carlos Magno consolidou sua aliança com a Igreja, fazendo-se coroar imperador pelo papa. Ao coroar o imperador, o papa usou as mesmas palavras reservadas aos imperadores romanos na noite da sagração. Com isso, o chefe da Igreja e o imperador tentavam restabelecer o Império Romano do Ocidente.


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O Império Carolíngio recebia o apoio da Igreja; ela, por sua vez, aumentava seu poder e sua influência.

Dica! Vídeo sobre o reinado de Carlos Magno, sua coroação e suas batalhas. [Duração: 2 minutos]. Acesse:




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Fonte 2

Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

Marcos Corazza/Olhar Imagem

Seguidores de religiões de matriz africana exercendo sua religiosidade na Praia do Rio Vermelho, Salvador (BA), 2013.
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Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

Manzi


Fonte: LOYN, Henry R. (Org.). Dicionário da Idade Média. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.

Das rendas do senhorio vivia toda a sociedade feudal, do servo ao senhor.

Trabalho e obrigações

Por volta do ano 1000 a maioria dos habitantes do Ocidente medieval vivia em senhorios. Como essas terras eram muitas vezes doadas durante a transmissão de um feudo, habituou-se, por simplificação, a chamá-las de feudos. O senhorio estava dividido, geralmente, em três áreas:

» manso senhorial: terras exclusivas do senhor, nas quais toda a produção era reservada a ele;

» manso servil: faixas de terra que os camponeses usavam para extrair sua sobrevivência e cumprir suas obrigações para com o senhor;

» terras comunais: florestas e pastagens usadas por todos e que se destinavam geralmente à extração da madeira e ao pastoreio.

Em troca de proteção senhorial e do direito de usar a terra para o seu próprio sustento, os servos tinham uma série de obrigações para com o senhor. As principais obrigações eram:

» a corveia: trabalho gratuito no manso senhorial durante alguns dias por semana (durante dois ou três dias). Toda produção aí obtida ia para o celeiro ou para a mesa do senhor. Além de trabalhar nas plantações do senhor, o servo devia construir ou consertar caminhos, reparar pontes, cortar e carregar madeira, entre outras funções;

» a talha: obrigação de entregar ao senhor uma parte (30% ou 40%) do que produzia no manso servil, faixa de terra reservada a seu uso;

» a banalidade: pagamento em produtos que o servo devia ao senhor pelo uso do forno, do moinho, das prensas e de outros equipamentos do senhorio;

» a mão morta: pagamento feito pelo servo quando seu pai morria, para manter o direito de utilizar a terra;

» o censo: pagamento em dinheiro ao qual estavam obrigados os vilões.

Além de todas essas obrigações, o servo tinha ainda de pagar o dízimo (10%) da sua produção à Igreja.

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Mudanças no feudalismo

A partir do século XI, o Ocidente europeu passou por um conjunto de mudanças que transformou o modo de viver e de pensar de suas populações.

Terras para a agricultura e inovações técnicas

Uma dessas mudanças foi a expansão das áreas de cultivo por meio da derrubada de florestas, da drenagem de pântanos e/ou da obtenção de terras por meio de diques e/ou barragens. Nos tempos do feudalismo, o espaço cultivado era restrito, havendo grandes áreas de mata virgem, das quais as pessoas retiravam alimentos (caça, coleta vegetal, entre outros) que completavam sua dieta.

Dique: construção sólida para represar águas correntes e impedir sua entrada ou saída.

Outra mudança importante foi o surgimento ou difusão de algumas inovações técnicas, entre as quais merecem destaque:

» o uso da charrua: um arado com rodas e uma relha de ferro. Além de ser um tipo de arado mais pesado, a charrua também era mais eficiente, pois permitia revolver a terra e trazer para cima os nutrientes acumulados nas camadas inferiores;

» a adoção do sistema trienal, isto é, a divisão da terra cultivável em três campos, deixando apenas um deles em pousio. Antes era adotado o sistema bienal, no qual metade da terra ficava em pousio. Além disso, a cada ano mudava-se o produto cultivado nos campos em uso. A adoção do sistema trienal aumentou a extensão da área produtiva e permitiu uma variedade maior de cultivo de grãos (trigo, centeio, cevada e aveia) e leguminosas (ervilhas, lentilhas e favas), que acrescentavam proteínas à dieta humana;

Pousio: prática agrícola que consiste em deixar uma parte da terra sem cultivo, todo ano alternadamente, a fim de que o solo recupere a fertilidade.

» a utilização do cavalo na agricultura, graças à mudança no sistema de atrelagem desse animal. Antes, as correias eram colocadas no pescoço do cavalo, onde pressionavam a jugular e a traqueia, sufocando-o. A partir do século X, passou-se a atrelá-lo pelo peito, o que aumentou muito o seu rendimento e sua resistência (o cavalo desloca-se mais rápido que o boi e consegue trabalhar até duas horas a mais por dia).

O aumento da área cultivada e o surgimento e/ou difusão de inovações técnicas aumentaram a produtividade agrícola. Com isso, as pessoas passaram a se alimentar melhor e a viver mais, e as mortes por inanição e/ou doença diminuíram. Esses fatores foram, ao mesmo tempo, causa e efeito do crescimento extraordinário da população entre os anos 1000 e 1300. Observe o gráfico da página seguinte.

Dica! Documentário sobre a formação do sistema feudal na Europa. [Duração: 50 minutos]. Acesse:




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Tendo sua ação guerreira legitimada pela Igreja, Carlos Magno e seus guerreiros ampliaram suas conquistas e constituíram um império de enormes dimensões. Veja o mapa.

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Allmaps


Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 2001. p. 38.

O Império Carolíngio abrangia as terras das atuais França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Suíça, Áustria, Hungria, Eslováquia, República Tcheca, além de parte da Itália e da Espanha.

Durante a expansão militar que liderou, Carlos Magno adotou um antigo costume germânico de doar terras e privilégios aos nobres que o serviam e lutavam com ele. Em troca dos bens recebidos, esses nobres se tornavam seus vassalos, isto é, se ligavam a ele por laços de dependência e fidelidade. Essa relação entre nobres recebe o nome de vassalagem – vínculo de dependência pessoal, que se baseava em compromissos recíprocos, embora desiguais. Se, por um lado, isso unia o rei aos nobres, por outro, ao receber terras e privilégios, esses nobres ganhavam um grande poder em seus domínios.

No reinado de Carlos Magno, o império conheceu certa estabilidade, e isso se deveu, em boa parte, à sua administração. Para melhor controlar o reino, Carlos Magno dividiu-o em províncias e entregou sua administração a duques, marqueses e condes, isto é, nobres escolhidos entre os homens de sua confiança. Na hierarquia que definia as relações entre a nobreza, os duques eram os mais próximos do rei e os que recebiam as maiores porções de terra, os ducados; os marqueses administravam as marcas (nome dado aos territórios situados nas fronteiras do império ou áreas de conflito); os condes administravam territórios menores; todos, cada qual em seu domínio, tinham o direito de cobrar impostos e deviam fazer cumprir as decisões do rei.

Para ter controle sobre esses administradores, Carlos Magno ampliou os poderes dos Missi Dominici (Enviados do Senhor), funcionários reais que iam periodicamente aos ducados, marcas e condados, para fiscalizá-los e informar a situação ao rei. A administração carolíngia valia-se também decapitulares, documentos escritos contendo ordens e comunicados do rei sobre os mais diversos assuntos. Página 184

Renascimento carolíngio

No seu império, Carlos Magno valorizou a educação e o conhecimento. E preocupou-se também em preparar funcionários com capacidade administrativa. Com esse intuito, criou várias escolas nos conventos, nos bispados e uma delas no seu próprio palácio. As primeiras preparavam os jovens para a carreira religiosa; já a escola do palácio, chamada, por isso, de Escola Palatina, preparava os filhos da nobreza para assumir a administração do reino. Lá, eles aprendiam latim (língua empregada nos documentos oficiais), religião, gramática, aritmética, música e geometria. Além disso, Carlos Magno reuniu na sua corte estudiosos de diferentes partes da Europa, como Alcuíno de York (teólogo e professor anglo-saxão), autor de uma versão oficial da Bíblia, Paulo Diácono (gramático e historiador lombardo), Eginardo (historiador franco, biógrafo e secretário do imperador), entre outros.

Esse clima favorável à cultura facilitou também a atuação dos monges copistas, que passavam um tempo enorme trancados nas bibliotecas dos mosteiros copiando manuscritos greco-romanos que lhes eram ditados em voz alta pelos colegas. Com esse trabalho paciente e meticuloso, os monges permitiram que importantes obras da Antiguidade clássica chegassem até nós. Todo esse movimento cultural ocorrido na época de Carlos Magno ficou conhecido como Renascimento Carolíngio.

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Ambrosius Benson, 1500. Óleo sobre tela. Museu Lázaro Galdiano, Madri. Foto: The Granger Collection/

Os monges copistas passavam muitas horas nas bibliotecas dos mosteiros copiando textos que os colegas lhes ditavam em voz alta. Foi graças ao trabalho paciente desses monges que a obra de importantes autores gregos e romanos, como Tucídides, Sêneca e Cícero, chegou até nós. Esta pintura do século XV mostra São Jerônimo fazendo a primeira tradução da Bíblia para o latim.

Carlos Magno foi sucedido por seu filho Luís, o Piedoso (814-840), que se dedicou mais à religião do que à política e teve dificuldade em manter a unidade do império. Após a morte de Luís, seus três filhos passaram a disputar o trono pelas armas. Depois de alguns anos de luta, eles assinaram o Tratado de Verdun, em 843. Por esse acordo de paz, o Império Carolíngio ficava dividido em três partes: a parte ocidental coube a Carlos, o Calvo; a parte oriental coube a Luís, o Germânico; e a parte central, que vai do Mar do Norte ao centro da atual Itália, coube a Lotário.

Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

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Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 2003. p. 36. Página 185

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Fonte 3

Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

Daniel Cymbalista/Pulsar Imagens

Multidão de evangélicos durante a 23ª Marcha para Jesus, na Avenida Tiradentes. São Paulo (SP), 2015.

As fontes 1, 2 e 3 são manifestações de adeptos de diferentes denominações religiosas. A fonte 1 mostra a denominação com o maior número de adeptos no Brasil, o catolicismo; já a fonte 2 é uma manifestação dos adeptos de religiões afro-brasileiras; a fonte 3 é uma passeata dos evangélicos, na Marcha para Jesus.



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Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

Escola espanhola. Séc. XIII. Velum. Biblioteca Monasterio del Escorial, Madrid. Foto: The Bridgeman Art Library/Keystone

Velino que mostra um camponês ensinando seu filho a arar o campo, século XIII. Página 191

Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

Editoria de arte

Fonte: FRANCO JR., Hilário. As Cruzadas. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1991. p. 17-18.

DIALOGANDO

Em que intervalo de tempo a população aumentou mais?

Entre 1200 e 1300.

O revigoramento do comércio e das cidades

Com o aumento da produtividade agrícola não havia mais necessidade de tanta gente ocupada na agricultura. Assim, muitos trabalhadores deixaram o campo e buscaram outro meio de vida. Alguns se dedicaram ao artesanato, produzindo, por exemplo, sapatos, roupas, artefatos de ferro e móveis. Outros passaram a viver como mercadores ambulantes (iam de um lugar a outro vendendo e comprando produtos).

Além disso, as trocas entre as populações do meio rural e as do meio urbano estimularam o artesanato, o comércio e o crescimento das cidades. A partir do século XI, o comércio externo europeu, até então limitado e de pouco alcance, ganhou um grande impulso.

Os três mais importantes polos comerciais na Europa da época eram:

» Polo 1 – Cidades italianas – Oriente. Os mercadores italianos de Pisa, Gênova e Veneza compravam especiarias (pimenta, cravo, canela, entre outras) e artigos de luxo (sedas e porcelanas) nos portos de Constantinopla, Antioquia e Trípoli e os revendiam com grande lucro na Europa.

» Polo 2 – Ligava o sul ao norte da Europa. Havia duas rotas importantes nesse polo: uma ligando Gênova a Bruges e outra unindo Veneza a Hamburgo. A primeira dessas duas rotas passava pela região de Champagne (França), na qual se realizavam importantes feiras.

» Polo 3 – Cidades do norte europeu entre si e com outros centros do oeste e do leste europeu. O comércio entre as cidades do norte da Europa, como Bruges (parte da atual Bélgica), Bremen e Hamburgo (norte da atual Alemanha), e pelo mar Báltico, como Lübeck, era intenso. Essas cidades também comerciavam com cidades situadas a leste, como Novgorod, na Rússia, e a oeste, como Londres, na Inglaterra.

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Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 2001. p. 64-65.

As feiras medievais

Com o aquecimento do comércio surgiram também as feiras, eventos que duravam de 15 a 60 dias, ocorriam uma ou duas vezes ao ano e reuniam mercadores de várias partes do mundo. As feiras mais famosas ocorriam na região de Champagne, em cidades como Troyes, Bar-sur-Aube e Lagny, e atraíam mercadores de várias partes do globo; nelas era comum ver, por exemplo, um veneziano vendendo seda chinesa, um inglês oferecendo lã, um nativo da cidade de Bruges oferecendo madeira.

Nessas feiras a moeda passou a ser o meio mais usado para se adquirir um produto. Como cada comerciante comparecia à feira com a moeda de sua região, e como as moedas tinham valores diferentes, surgiram os cambistas, pessoas que faziam o câmbio, isto é, a troca do dinheiro. Como os cambistas examinavam e trocavam as moedas apoiados em um banco de madeira, eles receberam o nome de banqueiros. Em pouco tempo, os banqueiros passaram a fazer o que ainda hoje fazem: guardar dinheiro e fornecer empréstimos a juros.

As cidades medievais

Nos primeiros séculos da história medieval havia cidades pequenas, sob a autoridade de um bispo ou um nobre, com poucos moradores, que viviam principalmente do trabalho agrícola ou, mais raramente, do artesanato.

A partir do século XI, no entanto, ocorreu o crescimento de algumas cidades, antes acanhadas, bem como a criação de outras. Algumas delas originaram-se em torno das feiras; outras, às margens de rios; outras, ainda, ao redor do castelo de um nobre, como a cidade francesa de Aveyron. Veja a imagem a seguir.

Dica! Documentário sobre as origens das cidades, desde a Antiguidade, passando pelo período medieval até o atual. [Duração: 52 minutos]. Acesse:




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O nascimento do Ocidente medieval

Segundo o medievalista brasileiro Hilário Franco Jr., o Ocidente medieval nasceu da conjugação de três fatores que se influenciaram mutuamente ao longo dos séculos: as heranças romanas, as heranças germânicas e o cristianismo.

Entre as heranças romanas, temos:

Medievalista: historiador especializado no estudo da Idade Média.

» o colonato (relação de trabalho em que o trabalhador utiliza uma parcela de terra e, em troca, tem de entregar ao proprietário parte da sua colheita);

» o caráter sagrado da monarquia, ou seja, a ideia romana de que o monarca era sagrado perdurou por toda a Idade Média.

Entre as heranças germânicas, temos:

» o comitatus, grupo de guerreiros que juravam fidelidade a um chefe, a quem deviam servir e honrar;

» o direito consuetudinário, isto é, baseado na tradição e nos costumes.

O cristianismo, por sua vez, foi o terceiro fator decisivo na formação do Ocidente medieval, pois propiciou a ligação entre romanos e germanos e deu unidade à civilização medieval.

O feudalismo

Vimos que, para montar expedições guerreiras, Carlos Magno pedia auxílio militar aos nobres (duques, marqueses, condes etc.), que, em troca dos serviços prestados, recebiam do rei um feudo (palavra de origem germânica que significa “bem de importância”). O feudo era, muitas vezes, uma grande área de terra com camponeses. Mas não se restringia a isto. Leia o que um medievalista brasileiro diz:

O feudo não era necessariamente um bem imóvel, podendo ser um direito, como cobrar pedágio numa ponte, numa estrada ou num rio. Podia ser um certo cargo remunerado [...]. Podia ser uma determinada quantia paga periodicamente [...], em moeda, cabeças de gado ou sacas de trigo. [...]

Como o contrato feudo-vassálico implicava direitos e obrigações recíprocos, o rompimento do acordo por uma das partes era considerado felonia (“traição”). [...]

FRANCO JR., Hilário. Feudalismo: uma sociedade religiosa, guerreira e camponesa. São Paulo: Moderna, 1999. p. 33-34.

Com a morte de Carlos Magno, os vassalos dele e seus descendentes passaram a fazer o mesmo; isto é, a doar um feudo a outro homem em troca de fidelidade e dependência pessoal. Ao receberem terras e/ou cargos, os nobres foram se fortalecendo, enquanto os monarcas se enfraqueciam. Com isso, consolidou-se na Europa ocidental o feudalismo (sistema de organização econômica, social e política baseado nos laços de fidelidade e de dependência entre suserano e vassalo).

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As relações de suserania e vassalagem

Aquele que doava o feudo era chamado de suserano, e o que recebia era denominado vassalo. Por exemplo, se um duque doasse um feudo a um marquês, ele passaria a ser suserano do marquês e este, seu vassalo. Caso esse marquês doasse um feudo a um conde, passaria a ser seu suserano e, ao mesmo tempo, continuava sendo vassalo do duque. Dessa forma, os nobres estabeleciam entre si relações de suserania e vassalagem, por meio das quais se comprometiam a ajudar um ao outro. A doação de um feudo se dava por meio do juramento de fidelidade, que ocorria durante uma cerimônia chamada de homenagem.

O trecho a seguir faz parte de um juramento de fidelidade feito durante a cerimônia.

Prometo, por minha fé, ser, a partir deste instante, fiel ao conde Guilherme e guardar-lhe contra todos e inteiramente a minha homenagem, de boa fé e sem engano.

BRUGES, Gilberto de. História da morte de Carlos, o Bom, conde de Flandres. In: FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de História. Lisboa: Plátano. v. 1. p. 139-140.

Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

Anônimo. Séc. XIII. Iluminura. Archives Départementales de Perpignan, França

Iluminura do século XIII representando o juramento de fidelidade de um vassalo ao seu suserano.

A partir desse juramento, um passava a ter obrigações com o outro:

» o vassalo devia apresentar-se sempre que fosse chamado por seu suserano; dar ajuda financeira para o casamento da filha de seu suserano, para armar o filho cavaleiro e para pagar o resgate, caso o filho do suserano fosse raptado ou aprisionado; comparecer ao tribunal para depor a favor do senhor, caso fosse convocado;

» o suserano, por sua vez, devia ajudar o seu vassalo em caso de conflito e comparecer ao tribunal para depor a favor dele.

Tanto o suserano quanto o vassalo obrigavam-se a cumprir o juramento de fidelidade. Cada senhor era a autoridade máxima dentro de seu feudo. Era ele quem julgava os infratores, aplicava as penas, cobrava impostos e cunhava sua própria moeda. Por isso se diz que o poder político era descentralizado; duas outras características do sistema feudal eram: produção voltada para a subsistência e forte presença do cristianismo. O modelo clássico de feudalismo existiu somente em partes da Europa, que correspondem especialmente ao que é hoje a França e a Alemanha.

A sociedade feudal

Segundo o medievalista Georges Duby, a sociedade feudal estava dividida em três ordens: a dos que oram (o clero), a dos que guerreiam (a nobreza), e a dos que trabalham (servos, vilões e escravos).

Vilão: camponês livre, isto é, que não era preso à determinada terra, podendo escolher o lugar onde desejasse trabalhar.

Dica! Audiovisual que trata dos grupos sociais medievais e das relações de poder entre eles. [Duração: 58 minutos]. Acesse:




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» Observe o que vem ocorrendo na sua cidade, no seu bairro, na sua escola: pessoas de religiões diferentes têm se respeitado?

» E você, tem respeitado o colega cuja religião é diferente da sua?

» Debatam e opinem: o que podemos fazer para melhorar o relacionamento entre pessoas de diferentes religiões no Brasil? Elaborem propostas para difundir o respeito à diferença no campo religioso e a cultura da paz; postem suas sugestões no blog da turma.

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Capítulo 10 Os francos e o feudalismo

Observe a imagem com atenção.

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Mauricio Simonetti/Pulsar Imagens

Fachada da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, em Uberaba (MG), 2010.

» Você já visitou uma universidade?

» Sabia que o número de brasileiros que conseguem concluir um curso universitário ainda é pequeno?

» Sabia, também, que a universidade possui autonomia para organizar o ensino, a duração dos estudos, as modalidades de exames, entre outras questões? E que essa instituição, onde jovens do mundo todo desejam estudar, é uma invenção medieval?

Professor: a ideia é chamar a atenção para a importância da universidade, uma das criações mais elaboradas do Ocidente medieval. Durante boa parte da Idade Média, as únicas escolas eram as dos mosteiros ou das catedrais e os professores eram monges ou padres. No século XII, percebendo que a prática do comércio exigia o conhecimento da escrita e do cálculo, os burgueses passaram a financiar a criação de escolas leigas, isto é, desvinculadas da Igreja. As universidades daquela época eram diferentes das de hoje. Eram associações de professores ou de alunos que se reuniam para defender seus interesses frente às autoridades.

A Universidade de Bolonha, por exemplo, se originou de uma associação de estudantes, que tomaram para si a organização e a gestão da universidade, que era forte na área de Direito. Já a Universidade de Paris foi criada por uma associação de professores e destacava-se na área da Medicina. Inicialmente, as universidades medievais não possuíam instalações próprias. Eram universidades “ambulantes”. As aulas muitas vezes eram dadas em lugares como celeiros ou na beira de estradas: onde o professor ia, os alunos o acompanhavam em verdadeiras viagens. Com o tempo, as universidades passaram a alugar salas para suas aulas. A universidade medieval era constituída, geralmente, por quatro faculdades: Direito, Medicina, Artes (mais tarde chamada de Letras) e Teologia (que na época era muito ligada à Filosofia). A primeira universidade da Europa foi a de Bolonha (1088), depois foram fundadas várias outras, como a de Paris e Montpellier (França), Oxford e Cambridge (Inglaterra), Salamanca (Espanha) e Coimbra (Portugal). Uma característica primordial da universidade, do passado e do presente, é a autonomia: dentro dos muros da universidade se permitia e ainda se permite a liberdade de pensamento e de ensino.

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Idade Média: conceito e periodização

Para alguns historiadores, a Idade Média é um período da história europeia de cerca de mil anos, que tem início em 476, com a deposição do último imperador romano do Ocidente, e termina em 1453, com a queda de Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente.

Essa periodização, que tem como marco inicial o século V e o final do século XV, tem recebido várias críticas. Nós a apresentamos por ser muito usada em livros, revistas e jornais.

Para refletir

O termo “Idade Média” foi inventado por pensadores europeus chamados de humanistas que viveram na segunda metade do século XV. A ideia era dar um nome ao período intermediário entre o que eles chamavam de “Idade Antiga” e a época em que eles viviam, a qual eles deram o nome de “Idade Moderna”.

Isso mesmo, esses pensadores que viveram na segunda metade do século XV se julgavam “modernos”, palavra que para eles significava ser “atual”, “de hoje”. Tais pensadores admiravam os gregos e romanos da “Idade Antiga”, mas tinham desprezo pelo que chamaram de “Idade Média”. E manifestavam esse desprezo chamando-a de “Idade das Trevas”, “Noite dos 1 000 anos” etc. Apesar disso, essa periodização e o preconceito em torno da Idade Média persistiram até os nossos dias.

Atualmente muitos historiadores questionam essa periodização e a visão negativa que os humanistas tinham da Idade Média. E argumentam que o medievo foi uma época de muitas e importantes criações, como a universidade, os óculos, o garfo, o uso de vidros nas janelas e o livro (tão útil a uma formação cidadã).

Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

C. 1542. Miniatura. Biblioteca Medicea Laurenziana, Italia. Foto: Iberfoto/Mary Evans/Easypix

Doutores e pacientes em um hospital. Manuscrito Gaddiano, c. 1542.

Já o historiador francês Jacques Le Goff não se restringiu a criticar essa periodização tradicional; propôs uma nova: uma “longa Idade Média”, que iria do século IV ao XIX. Para ele, os aspectos que caracterizam essa “longa Idade Média” são:

» do ponto de vista das ideias, a hegemonia do cristianismo e da crença na luta entre Deus e o Diabo;

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» sob o ângulo social, a existência de três grupos principais: sacerdotes, guerreiros e camponeses;

» no que diz respeito à saúde, o medo da peste e o aparecimento dos primeiros hospitais;

» quanto aos transportes, a grande importância da carroça e do cavalo;

» com relação à cultura, a lenta alfabetização e a crença no milagre.

a) O texto pode ser classificado como literário, historiográfico ou filosófico?

a) O texto é historiográfico, e foi feito com base nos escritos de medievalistas, isto é, historiadores especializados no medievo.

b) Qual era a visão dos humanistas a respeito da Idade Média? Explique.

b) Eles tinham uma visão negativa da Idade Média e referiam-se a ela como “Noite dos 1 000 anos”, “Idade das Trevas” etc. A explicação para esse preconceito é que, para os humanistas, a produção cultural do medievo não tinha valor. Ao mesmo tempo que eles negavam a importância da produção medieval, valorizavam o ideário e a produção cultural greco-romana.

c) Como a Idade Média é vista pelos historiadores atuais?

c) A Idade Média é vista hoje como um período da História tão criativo quanto os demais; no texto são citadas algumas das mais importantes criações medievais, como os óculos, a universidade, o uso de vidros nas janelas, o livro, a imprensa, entre outras.

d) Reflita e opine sobre a periodização proposta por Jacques Le Goff.

d) Resposta pessoal. Professor: comentar que toda periodização é uma convenção. E, como tal, reflete os valores e as referências culturais dos povos que a criaram. A divisão da História em Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea, por exemplo, é eurocêntrica: leva em conta somente o Ocidente europeu e ignora os povos do Oriente.

Vimos no capítulo anterior que, depois de um longo processo em que se alternaram migrações e invasões, os povos germanos se instalaram nas terras antes pertencentes ao Império Romano do Ocidente e lá fundaram vários reinos independentes, entre eles: o Reino dos Anglo-Saxões, o Reino Suevo, o Reino Visigodo, o Reino da Burgúndia, o Reino Ostrogodo, o Reino Vândalo e o Reino Franco. Quase todos os reinos germânicos tiveram vida curta e uma história tumultuada por disputas internas e assassinatos. Suas fronteiras se deslocavam quase constantemente em razão das lutas entre vizinhanças. Alguns desses reinos, como o dos vândalos e o dos ostrogodos, logo desapareceram. Um desses reinos, no entanto, prosperou e destacou-se dos demais por sua longevidade e poder: o Reino Franco.

Os francos

Depois de atravessar o rio Reno e usando o poder das armas, os francos se estabeleceram na Gália trazendo com eles suas crenças e seus hábitos guerreiros, enfim, sua cultura. Nos primeiros anos do século V, uma disputa armada entre os próprios francos levou ao poder um chefe militar de nome Clóvis, o primeiro da dinastia merovíngia, nome esse em homenagem a um ancestral de Clóvis, chamado Meroveu.

Meroveu: chefe lendário considerado o primeiro grande líder dos francos.

No poder, o rei Clóvis (481-511) estabeleceu a capital do seu reino em Lutécia, cidade que deu origem a Paris, e, à frente de seus guerreiros, conquistou terras dos burgúndios e dos visigodos. Esses povos tiveram seus bens saqueados, e o produto desses saques foi dividido entre os guerreiros francos. Mas a violência não foi a única estratégia usada pelo rei Clóvis. Para contar com a força dos burgúndios, o rei franco casou-se com a princesa do Reino da Burgúndia, a cristã Clotilde, e, com isso, diminuiu a resistência ao domínio franco.

O sucesso do expansionismo franco não se deveu apenas à perícia dos seus guerreiros, mas também, e principalmente, à aliança do rei Clóvis com a Igreja cristã, solidificada em 496, quando ele se converteu ao cristianismo. 1 e 2

1. Dica! Documentário com entrevistas de historiadores e encenações sobre os francos. [Duração: 45 minutos]. Acesse:




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a) O que se vê na pintura?

a) A pintura representa o momento crucial de uma luta de gladiadores numa arena da Roma Antiga. Ao centro, vê-se um gladiador vitorioso olhando para a plateia enquanto pisa, com o pé direito, no pescoço de um dos adversários derrotados. Seu olhar se volta para o público como se perguntasse o que fazer. As mulheres vestidas de branco, bem como os espectadores atrás delas, respondem apontando o polegar para baixo; numa versão popularizada pelo cinema, estariam incitando o gladiador vitorioso a matar seu adversário. Sabemos que um deles ainda está vivo porque seu braço direito está levantado como se implorasse ao público para salvar sua vida.

b) Na obra há algumas informações historicamente corretas e outras historicamente incorretas. Tente dar um exemplo de cada uma delas.

b) Historicamente corretas: a bancada onde ficava o imperador com colunas decoradas por águias esculpidas em ouro; o integrante da guarda pretoriana de uniforme vermelho (que era de fato a cor do uniforme usado por esses militares), indicando que o imperador tinha comparecido ao espetáculo.

Historicamente incorretas: o gladiador vitorioso está sendo mostrado com algumas armas e acessórios que pertencem a sua categoria e outras não pertencentes a ela. O capacete, por exemplo – no qual se vê um peixe estilizado –, era próprio da categoria dele, a dos mirmillo. Em latim “peixe” é murma, fato que originou o nome dessa categoria. Já o escudo redondo e o gládio (espada curta) que ele está portando pertencem à categoria dos hoplomachus (lê-se “hoplomacus”). O gladiador vitorioso deveria estar portando um grande escudo retangular e uma espada longa.

c) Em sua opinião o artista conseguiu transmitir a ideia da agitação e de movimento que caracterizavam as lutas de gladiadores nos anfiteatros romanos?

c) Sim; o artista conseguiu recriar a atmosfera dos espetáculos que ocorriam nos anfiteatros romanos; embora a pintura seja “muda”, ela sugere o “som” e a agitação do público nas arquibancadas. A sensação de movimento é transmitida, sobretudo, por meio dos gestos e das expressões fisionômicas dos personagens. É como se, por meio do quadro, o artista tivesse “ressuscitado” a plateia de um anfiteatro da Roma Antiga.

d) Reflita e opine: você considera a crueldade uma característica particular dos antigos romanos ou algo próprio dos seres humanos?

d) Resposta pessoal. Esta questão pode ser mais bem discutida com o auxílio da área de Filosofia.

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III. Você cidadão!

PROFESSOR, VER MANUAL.

Nesta unidade trabalhamos a democracia criada pelos gregos do passado. No texto a seguir, vamos conhecer um modelo atual de democracia. Leia-o com atenção.

Pelo quinto ano consecutivo, a Noruega foi considerada o país mais democrático do mundo, segundo o Índice de Democracia 2014, publicado pela The Economist Intelligence Unit (EIU) [...].

O país escandinavo obteve 9,93 pontos em uma escala de 10 pelo terceiro ano consecutivo. A presença do país no topo da lista já é mais tradição do que surpresa entre os 165 países e dois territórios que o índice contempla.

A Noruega conseguiu a pontuação máxima em quatro dos cinco fatores avaliados pela medição (processo eleitoral e pluralismo; liberdades civis; funcionalidade do governo; participação política; e cultura política).

Mas o que permitiu que o país nórdico se tornasse o mais democrático do mundo? [...]

Os especialistas consultados pela BBC concordam que instituições públicas fortes, uma cultura baseada na confiança e na baixa desigualdade são essenciais. “Um estado forte com pouca corrupção e favoritismo gera confiança e tem os instrumentos necessários para contribuir para baixar a desigualdade através de altos impostos que criam bons serviços públicos”, diz Benedicte Bull, líder da Rede Norueguesa de Estudos Latino-americanos (Norlarnet). No país, a igualdade parece ser um conceito-chave.

“A Noruega é um país com uma forte cultura igualitária, cujas origens estão na religião protestante, de ter sido um país pobre e austero e de ter uma profunda tradição de proximidade entre o poder público e a sociedade”, avalia Mariano Aguirre, diretor do Centro Norueguês para a Construção da Paz (NOREF), com sede em Oslo.

“Também acho que temos uma cultura de participação que vem de muito tempo atrás. Ela surgiu com os grandes movimentos sociais (de trabalhadores, movimentos laicos, etc.) do século XIX e alguns, pelo menos, continuam sendo fortes”, completa Bull.

[...]


O QUE faz da Noruega o país mais democrático do mundo? IG, 31 jan. 2015. Disponível em: http://ultimosegundo.ig. com.br/mundo/2015-01-31/o-que-faz-da-noruega-o-pais-mais-democratico-do-mundo.html. Acesso em: 17 abr. 2016.

a) Avalie o critério usado para medir o Índice de Democracia de um país. Qual deles você considera desnecessário e qual você acrescentaria?

b) O que se pode afirmar e está explícito no texto sobre a relação entre o Estado, impostos e serviços públicos?

c) Reflita e opine. Você considera que a relação entre a confiança no governo e baixa desigualdade são fatores decisivos para o sucesso de uma democracia? Justifique.

d) Em grupo. Debatam, reflitam e organizem uma lista com sugestões concretas e explícitas para melhorar a democracia brasileira. Postem-na no blog da turma.

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UNIDADE 4 Diversidade religiosa: o respeito à diferença

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Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

Levi Bianco/Olhar Imagem

Católicos em uma missa no Santuário de Nossa Senhora Aparecida (SP), 2011.

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Os que oram

O clero era formado pelo papa, cardeais, bispos, abades, monges e párocos. Suas funções eram ministrar sacramentos, fornecer orientação espiritual e amparar os necessitados.

Abade: dirigente de uma abadia (conjunto de construções onde vivem monges e monjas).


Monge: do grego monakhós, que significa “solitário”. Os monges eram indivíduos que se retiravam do convívio social e se dispunham a servir a Deus vivendo em solidão e contemplação.

Os membros do clero cobravam para ministrar sacramentos, como o batismo e o casamento, mas retiravam sua sobrevivência basicamente da renda de suas terras. Muitos membros do clero possuíam grandes propriedades em que trabalhava um grande número de camponeses.

Veja o que o historiador Hilário Franco Jr. diz sobre os oratores (nome dado aos clérigos por serem especialistas da oração).

[...] De fato, a chegada dos bárbaros não a prejudicou, pelo contrário, muitos indivíduos, diante da insegurança geral de então, entregaram suas terras ao patrocinium da Igreja. A recomendação de Santo Agostinho (354-430) era seguida com frequência: todo cristão deveria deixar à Igreja em testamento “a parte de um filho”; e caso não tivesse descendentes, deveria nomeá-la sua única herdeira. Por outro lado, graças ao celibato clerical, o patrimônio eclesiástico não era dividido ou alienado. Alargado pelas conquistas de Carlos Magno, esse patrimônio representava, no século IX, uma terça parte das terras cultiváveis do Ocidente cristão. 1

FRANCO JR., Hilário. A Idade Média: o nascimento do Ocidente. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2005. p. 71-72.

Patrocinium: administração.

1. Dica! Documentário sobre o poder da crença e da fé no período medieval. [Duração: 50 minutos]. Acesse: .

Os que guerreiam

Os nobres tinham poder e prestígio, que variavam segundo sua posição, expressa no título que possuíam: rei, conde, duque, marquês ou cavaleiro. O rei também era um nobre e, como tal, se tornava por vezes vassalo de outro rei. Assim, os nobres da Europa ocidental se ligavam uns aos outros por laços de dependência e fidelidade. Sendo o nobre um guerreiro, e tendo o monopólio das armas, ele oferecia proteção e exigia ser sustentado por aqueles que viviam em suas terras e lhe deviam obediência.

O trabalho manual era visto pelos nobres como algo indigno; as principais ocupações da nobreza eram a guerra, as caçadas e os torneios. Os torneios funcionavam como uma espécie de ensaio para as guerras e eram extremamente cruéis. Em registros da época – por exemplo, as novelas de cavalaria – é comum lermos que o herói derrubou seu adversário do cavalo, cortou-lhe a cabeça e ofereceu-a a uma donzela. 2

2. Dica! Documentário sobre as inovações na guerra e na sociedade durante o período medieval. [Duração: 80 minutos]. Acesse: .

Novela de cavalaria: gênero literário narrativo típico da Idade Média. De autor desconhecido, a novela de cavalaria narrava, geralmente, aventuras heroicas de cavaleiros andantes.

Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

Rudiger Manesse. C. 1300. Miniatura. Universidade de Heidelberg, Alemanha. Foto: Album Art/Latinstock

Rodolfo I, da família real Habsburgo, enfrenta um outro nobre num torneio medieval. As damas assistem ao combate, em obra de c. 1300. Página 188

Os que trabalham

Na Idade Média, os campos da Europa ocidental eram cultivados por diferentes trabalhadores (os laboratores), entre os quais cabe citar os servos da gleba, os vilões e os escravos. Uma grande parte do campesinato era formada por servos da gleba. Segundo o historiador Hilário Franco Jr.,

[...] os servos eram trabalhadores dependentes. Recebiam do senhor lotes de terra, os mansos, de cujo cultivo dependia sua sobrevivência e em troca da qual realizavam o pagamento de determinadas taxas àquele senhor.

FRANCO JR., Hilário. A Idade Média: o nascimento do Ocidente. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2005. p. 91.

Além de terem sua liberdade seriamente limitada, os servos estavam sujeitos à autoridade judicial do senhor. Eles executavam os mais variados tipos de tarefas, como arar a terra, tecer, erguer casas, caçar, entre outras.

Já os vilões eram camponeses livres que cultivavam pequenos lotes de terra de sua propriedade. Vivendo em uma sociedade violenta, em que se sucediam torneios e saques, os vilões acabavam muitas vezes tendo de entregar a um senhor seu lote de terra em troca de proteção.

Havia também os escravizados, pessoas que podiam ser doadas ou vendidas, pois pertenciam a um senhor. Os escravizados eram utilizados, geralmente, em serviços domésticos, nas moradias de leigos ou religiosos. Os filhos de uma escrava viviam na mesma condição que a mãe. O número de escravizados era reduzido se comparado ao dos servos. O maior número de escravizados estava no sul da Europa.

Resta dizer ainda que a sociedade feudal é conhecida como sociedade estamental, pois a posição social do indivíduo era dada, geralmente, pelo nascimento, não havendo quase chance de ascensão social; geralmente as pessoas nasciam e morriam em um mesmo grupo.

Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

C. 1500. Iluminura. Coleção particular. Foto: The Bridgeman Art Library/Keystone

Camponeses cortando trigo em iluminura de 1500.

A economia feudal

A economia feudal baseava-se na agricultura (trigo, cevada, ervilha etc.) e no pastoreio (carneiros, porcos e bois), sendo voltada, sobretudo, à subsistência.

A unidade de produção no feudalismo era o senhorio. Hilário Franco Jr. chama a atenção para a diferença entre senhorio e feudo. O feudo era uma “cessão de direitos” que podia ou não incluir o senhorio. O senhorio era uma terra que dava a seu detentor o poder de explorá-la e cobrar tributos. Veja um exemplo de senhorio representado no desenho na próxima página.

Dica! Vídeo com revisão sobre o feudalismo e o mundo medieval. [Duração: 5 minutos]. Acesse:




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2. Dica! Videoaula sobre os francos com o professor Rodolfo Neves. [Duração: 18 minutos]. Acesse: . Página 181

Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

Master of Saint-Gilles. C. 1500. Madeira. Coleção particular. Foto: Akg-Images/Latinstock

O batismo de Clóvis em uma versão renascentista, c. 1500. Repare que o artista pintou o rei Clóvis nu, atento às características do corpo humano. Influenciado por Clotilde, Clóvis converteu-se ao cristianismo, ganhando apoio político e moral dos dirigentes da Igreja, que, em contrapartida, passaram a contar com o poder e as armas da monarquia franca.

Os reis indolentes

O Estado, como entidade política, tal como o conhecemos hoje, era desconhecido dos francos; na visão deles, o reino era propriedade particular do rei. Esse modo de ver acabou tumultuando a administração do reino e facilitando a ocorrência de uma série de traições, seguidas de assassinatos de membros da realeza. Além disso, os sucessores de Clóvis dedicavam boa parte do seu tempo a festas, passeios, torneios de esgrima e caçadas, tornando-se conhecidos, por isso, como reis indolentes. Esses dois fatores colaboraram para o enfraquecimento do poder real e para a passagem da administração do reino às mãos do prefeito do palácio ou mordomo do paço, um alto funcionário da monarquia com poderes de chefe de governo.

Um desses prefeitos do palácio, Carlos Martel, e seus guerreiros conseguiram barrar o avanço dos árabes muçulmanos na Europa Ocidental, vencendo-os na batalha de Poitiers, em 732. Com a morte de Carlos Martel, seu filho Pepino, o Breve (assim chamado por causa de sua baixa estatura), deu um golpe: aprisionou o legítimo herdeiro do trono e proclamou-se rei dos francos. Com isso, iniciou uma nova dinastia, chamada mais tarde de dinastia carolíngia, em homenagem a seu principal representante, o rei Carlos Magno.

Interessado no poderio militar dos francos, o papa Zacharias reconheceu Pepino, o Breve, como rei e, em troca, pediu a ele ajuda militar contra os bizantinos e os lombardos que tinham atacado a Península Itálica e ameaçavam tomar a sede do papado, em Roma. Pepino, o Breve, e seus guerreiros invadiram, então, a Itália, venceram os lombardos e os bizantinos ali instalados e, em 756, doaram à Igreja parte das terras conquistadas. Dessa doação originou-se o Patrimônio de São Pedro, também chamado de Estados da Igreja, que foram incorporados aos domínios do papado.

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Plinio Lepri/AP Photo/Glow Images

Vista geral do atual Estado do Vaticano, sede da Igreja católica, que se originou das terras doadas pelos reis da dinastia carolíngia. Fotografia de 2004.

DIALOGANDO

A usurpação do trono por Pepino, o Breve, foi aceita pelo papa Zacharias. Qual o significado dessa atitude do papa?

Aceitando a usurpação do trono, o papa legitimou o poder de Pepino, o Breve, e de seus sucessores.

Página 182

O Império Carolíngio

Sucedendo seu pai Pepino, o Breve, Carlos Magno (742-814), um rei guerreiro, dirigiu expedições militares contra outros povos, o que lhe possibilitou conquistar riquezas fabulosas e grandes porções de terra. E, ao mesmo tempo, estreitou seus laços com a Igreja, como evidencia o documento a seguir.

Dica! Documentário sobre a vida de Carlos Magno. [Duração: 25 minutos]. Acesse:


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2. Dica! Tour pela cidade alemã de Lübeck, uma das principais cidades da Liga Hanseática. [Duração: 4 minutos]. Acesse: .

Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

Manuscrito inglês. Século XV. Coleção particular

Nessa imagem de um manuscrito inglês do século XV, veem-se um trabalhador talhando uma pedra (à esquerda), outro trabalhando como carpinteiro (à direita) e um mestre observando e fiscalizando o desempenho dos dois. Página 194

As cidades ganham autonomia

Grande parte das cidades medievais se desenvolveu nas terras pertencentes a um nobre ou a um membro do clero, que as governava geralmente de modo autoritário: cobrava impostos abusivos, estabelecendo multas e exigindo que os moradores trabalhassem no conserto de pontes e estradas.

Reagindo a isto, os habitantes das cidades, especialmente artesãos e comerciantes, lutaram de várias formas por autonomia administrativa (direito de comuna). Algumas vezes esse direito de comuna foi conquistado por meio de rebeliões violentas; outras vezes, mediante a compra da carta de franquia (carta garantida pelo rei que dava aos moradores o direito de administrar a sua cidade). De posse dessa carta, os moradores escolhiam seus próprios representantes, que eram, geralmente, artesãos, comerciantes ou banqueiros.

DIALOGANDO

As cidades medievais apresentavam diversos problemas, como incêndios constantes; ruas tortas, esburacadas e sujas; insegurança à noite, por falta de iluminação; água poluída; ocorrência de doenças; entre outros. Um ou mais desses problemas afligem sua cidade atualmente? Em caso afirmativo, que sugestão você daria para resolvê-los?

Resposta pessoal. Professor: vários desses problemas, como poluição da água e falta de segurança, atingem muitas cidades brasileiras. Buscou-se mostrar a permanência no tempo e no espaço de alguns antigos problemas urbanos.

O poder da Igreja no medievo

Durante a lenta e profunda crise vivida pelo Império Romano, a vida na Europa se desorganizou e suas populações foram tomadas pela insegurança e pelo medo. Nesse contexto, a Igreja era a única instituição capaz de oferecer proteção e ajuda a essas populações.

Nos primeiros tempos, o sustento da Igreja provinha de esmolas dadas pelos fiéis. Posteriormente, ela passou a acumular um patrimônio crescente, originário de doações em terras e dinheiro que recebia dos fiéis. No século IV, a Igreja ganhou o direito à isenção de impostos e a um tribunal próprio. Em 445, desejando prestigiar a sua capital, o imperador romano Valentiniano III concedeu ao bispo de Roma autoridade sobre os outros bispos. Com o nome de Leão I (440-461), esse bispo passou a se chamar papa. Leão I era herdeiro e representante do apóstolo Pedro, tido como o primeiro bispo de Roma e cujo corpo se acreditava estar enterrado naquela cidade.

Abaixo do papa estavam os bispos e, abaixo deles, os padres e os párocos. Os padres, bispos e o papa estavam em contato direto com o mundo: realizavam missas, batismos, casamentos, entre outros sacramentos. Por isso eram chamados de clero secular.

Secular: palavra que deriva do latim saeculum e que significa “mundo”.

Dica! Documentário abordando a vida secreta dos papas medievais. [Duração: 48 minutos]. Acesse:


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Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

Eric Teissedre/Photononstop/Corbis/Latinstock

Esta foto atual mostra o castelo em torno do qual a cidade de Aveyron se desenvolveu, bem como as antigas muralhas que separam o núcleo original do povoado que se formou além da muralha e que era chamado de “burgo”. Por essa razão, esse grupo de artesãos, mercadores e banqueiros que lá vivia passou a ser chamado de burguesia.

As corporações medievais

Em muitas cidades medievais existiam associações profissionais denominadas corporações de ofício. Essas corporações tinham três finalidades básicas: garantir aos seus associados o monopólio de uma determinada atividade; amparar seus membros na velhice ou em casos de invalidez ou doença; e defender seus interesses perante o governo da cidade. Havia duas modalidades de corporações de ofício: as corporações de comerciantes, também chamadas de “ligas”, eram as mais antigas e englobavam várias cidades. A mais rica delas foi a Liga Hanseática que, com seus numerosos navios, chegou a dominar o comércio no norte da Europa. Fundada pelos mercadores da região onde hoje é a Alemanha, em 1161, ela conheceu seu apogeu nos 100 anos seguintes, quando chegou a congregar dezenas de cidades distribuídas por uma faixa de 1 500 quilômetros no eixo Novgorod-Reval-Lübeck-Hamburgo-Bruges-Londres.

Corporações de ofício: na Idade Média eram conhecidas apenas como “ofícios” (métiers, na França, e ghilds, na Inglaterra).

Havia também as corporações de artesãos: a dos tecelões, a dos tintureiros, a dos ferreiros, entre outras. Elas eram dirigidas por um grupo de mestres que estabeleciam as regras para o ingresso e a permanência na profissão, fiscalizavam seu cumprimento e controlavam a quantidade, a qualidade e o preço final dos produtos. Um tecelão jamais poderia cobrar um preço mais alto nem usar um fio de qualidade inferior à do seu companheiro. Evitava-se, assim, a concorrência entre os membros de um mesmo ofício. 1 e 2

1. Dica! Vídeo nos mostrando um tour pela cidade alemã de Burghausen, em seus aspectos medievais. [Duração: 9 minutos]. Acesse:




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Era comum que bispos tivessem a posse de grandes áreas de terra com centenas de trabalhadores. O acúmulo de terras por parte da Igreja adveio de doações mas também de que o clero não perdia bens por motivo de casamento, herança ou torneios, como ocorria com a nobreza medieval. Os membros do clero, como se sabe, não podiam se casar; em caso de morte de um membro, seus domínios territoriais continuavam pertencendo à Igreja.

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Esforços em favor do cristianismo

Cedo, uma parte do clero abandonou os ensinamentos de Cristo e se entregou a uma vida de luxo e de ociosidade, atitude esta que provocou protestos e atos de rebeldia. Alguns cristãos decidiram, então, servir a Deus vivendo em solidão e contemplação. Eles se retiravam e iam viver em grutas ou mosteiros (comunidades isoladas), daí seus membros serem chamados de monges.

No Ocidente, a primeira grande experiência de vida monástica deu-se com Bento de Núrsia (São Bento), que, em 529, fundou o Mosteiro de Monte Cassino (Itália) e criou uma regra específica de vida para os monges. A Regra de São Bento se baseava no preceito ora et labora (oração e trabalho), pois seu autor entendia que orar é uma forma de trabalhar, e o trabalho, uma forma de oração. De acordo com a Regra de São Bento, os monges deviam fazer votos de pobreza pessoal, de obediência a seus superiores e de castidade (abstenção de relações sexuais).

Voto de pobreza: é um compromisso professado por religiosos pelo qual eles renunciam à posse e/ou ao uso de todo e qualquer bem material.

Obediência: o abade eleito pelos monges devia receber deles total obediência.

A Regra de São Bento serviu de inspiração para o regulamento de várias outras ordens religiosas criadas na Idade Média, como a Ordem dos Franciscanos, a das Clarissas, a dos Dominicanos, a das Carmelitas, a dos Agostinianos. Os membros dessas ordens (monges ou freiras) formam o clero regular, isto é, que obedece a uma regra.

Regra: em latim, regula; por isso, o religioso que pratica uma regula é chamado de “regular”.

O trabalho desses religiosos foi de grande importância no período medieval: levaram o Evangelho ao campo, ensinaram técnicas agrícolas aos camponeses, mantiveram orfanatos, leprosários, escolas, hospitais e asilos. Os monges se dedicaram também a estudar e a copiar textos greco-romanos nas enormes bibliotecas de seus mosteiros e abadias.

Abadia: comunidade dirigida por um abade ou uma abadessa. O termo “abadia” pode-se confundir com mosteiro, e este diz mais respeito ao tipo de casa onde vivem monges; abadia refere-se mais ao estatuto administrativo.

Além de perdoar os pecados o que mais o monge tetzel prometia aquele que comprasse uma indulgência plena justifique

Antonio Bazzi. 1503. Afresco. Coleção particular

Afresco de Antonio Bazzi, feito entre 1503 e 1508. Na imagem, vemos monges beneditinos descobrindo uma fonte nas montanhas.

As Cruzadas

Desde o início da Idade Média, os cristãos fizeram peregrinações a centros religiosos para pagar promessas, pedir uma graça ou como forma de penitência. Os três centros mais frequentados pelos peregrinos cristãos daqueles tempos eram Roma, Santiago de Compostela e Jerusalém. 1 e 2

Penitência: sacrifício feito como expiação dos pecados.

1. Dica! Documentário sobre o poder da Igreja na sociedade medieval. [Duração: 10 minutos]. Acesse:




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