O poema abaixo é um dos mais famosos do poeta e escrito Augusto dos Anjos, paraibano, nascido em 1884 e formado em Direito pela Universidade de Recife. O autor tornou-se professor de literatura no Rio de Janeiro onde viveu boa parte de sua curta vida.
O autor publicava seus poemas em jornais e periódicos. Como homenagem ao grande poeta brasileiro publicamos aqui o poema Versos íntimos:
Vês! Ninguém assistiu ao formidável /
Enterro de sua última quimera. /
Somente a Ingratidão – esta pantera –/
É que foi tua companheira inseparável!/
Acostuma-te à lama que te espera! /
O homem, que, nesta terra miserável, /
Mora,
entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera. /
Toma um fósforo. Acende teu cigarro! /
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,/
A mão que afaga é a mesma que apedreja. /
Se alguém causa inda pena a tua chaga, /
Apedreja essa mão vil que te afaga,/
Escarra nessa boca que te beija!
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críticos de sua época. Foi identificado como o mais importante poeta do pré-modernismo, embora revele em sua poesia, raízes do simbolismo, retratando o gosto pela morte, a angústia e o uso de metáforas. Declarou-se “Cantor da
poesia de tudo que é morto”. O domínio técnico em sua poesia comprovaria também a tradição parnasiana. Durante muito tempo foi ignorado pela crítica, que julgou seu vocabulário mórbido e vulgar. Sua obra poética, está resumida em um único livro “EU”, publicado em 1912, e
reeditado com o nome “Eu e Outros Poemas”, que causou espanto nos críticos da época, diante de um vocabulário grotesco e sua obsessão pela morte: “podridão da carne,’ cadáveres fétidos e vermes famintos”. Como também por sua
retórica delirante, por vezes criativa, por vezes absurda, como neste trecho do poema “Psicologia de um Vencido”: “Eu, filho do carbono e do amoníaco,/ Monstro da escuridão e rutilância,/ Sofro, desde a epigênese da infância,/ A influência má dos signos do zodíaco”.
Versos íntimos – Augusto dos Anjos
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira
inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa
boca que te beija!
Augusto dos Anjos fez esse poema com a intenção de demonstrar o seu ponto de vista sobre como está o mundo. E quando pesquisamos mais a fundo, conseguimos entender o que ele quer nos transmitir. Logo na primeira estrofe ele fala da morte da esperança e dos sonhos, pois as pessoas não se importam mais com os sonhos que são destruídos por serem ingratas e como ele diz, são como animais selvagens.
Na segunda, ele fala que o homem sempre voltará para a lama, ou
seja, o seu lugar anterior, pois estamos nos acostumando com a situação que o mundo se apresenta por convivermos com indivíduos sem compaixão, porque até nisso nos adaptamos para vivermos com os outros. E, na minha opinião, estamos vivendo nesse mundo em que o amor está sendo limitado e o ódio está sendo distribuído gratuitamente. E é sim importante falarmos sobre isso, para que as pessoas possam parabenizar o
próximo por suas conquistas e também para sermos gratos por cada dia em que
podemos fazer algo de bom para melhorar o mundo.
Na terceira estrofe o poeta utiliza a linguagem coloquial, convida o “amigo” (para quem
escreveu o poema) a se preparar para traições, para a falta de consideração do próximo. Mesmo quando temos demonstrações de amizade e de carinho como um beijo, isso é apenas o prenúncio de algo mau. Aquele que hoje é teu amigo e te ajuda, amanhã te abandonará e causará dor. A boca que beija é aquela
que vai cuspir em seguida, causando dor e
desilusão.
Na quarta estrofe o autor faz a sugestão de “cortar o mal pela raiz”, para evitar o sofrimento no futuro. Para isso, ele deve cuspir na boca de quem o beija e apedrejar a mão que faz carinho. Isso porque, de acordo com o poeta, mais cedo ou mais tarde, as pessoas vão nos desiludir e machucar.
Na minha opinião, ao interpretarmos o que ele quer dizer na terceira e quarta estrofe, podemos ver que ele está evitando se magoar no futuro. Eu não concordo nesse ponto. Acho que
devemos viver sem medo de
se magoar, e pensar que nem todas as pessoas vão te magoar de forma definitiva; então não acho que devemos fazer a mesma coisa que elas, devemos fazer melhor e ser melhor do que as atitudes dessas pessoas que nos magoam ou magoaram. Até porque a mesma boca que te beija, pode ser a boca que fala mal de você pelas costas, que cospe em sua cara.
Resenha feita por Carina e Taiane – Turma 2001