Quem agride uma vez agride sempre

O que acontece com o cérebro de um homem que toma uma atitude violenta como, por exemplo, agredir fisicamente a companheira, dentro de casa e na frente do filho pequeno. Um exemplo, é o caso do DJ Ivis, que viralizou na internet. As cenas são fortes: chutes, socos, tapas.

Disfunções em regiões específicas do cérebro resultam em atitudes incoerentes, não são doença, e portanto, cabíveis de punição; e não é desculpa para a ação. Comportamento agressivo também de influência genética, um gatilho disparado por causa de traumas na infância. Fatores ambientais ou disfunções do sistema límbico, devido a fatores emocionais, aumentam a probabilidade com a intensidade da ansiedade.

Fatores como culturais, educacionais e relação com a falta de conhecimento sugerem ações emocionais e incoerentes. Por mais que a pessoa tenha fatores que interferem nessas disfunções, através da plasticidade cerebral é possível balancear e aprimorar a conexão do córtex pré-frontal, região racional do cérebro com o sistema límbico, região do lobo temporal relacionado com o sistema emocional.

Outro detalhe que precisa ser observado é que o desequilíbrio entre os estímulos límbicos ascendentes e os mecanismos pré-frontais de controle descendentes resultam em comportamentos impulsivo-agressivos. A agressividade descontrolada pode ser causada pela baixa concentração de dopamina no cérebro, bem como outros neurotransmissores como a serotonina, a noradrenalina, entre outros, que afetam o equilíbrio entre os impulsos ascendentes e o controle descendente resultantes de estimulação aversiva ou provocativa.

Pessoas que possuem comportamento agressivo com ataques de fúria precisam procurar ajuda profissional para que, com terapia ou até mesmo uso de psicofarmacológicos, possam evitar comportamentos que causem danos a si ou a sociedade.

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Quem ouve falar em relacionamento abusivo logo pensa em agressão física. Mas saiba que este não é o único sinal de que a relação é totalmente nociva para a mulher. Em muitos casos, aliás, não existe a violência física, mas existe evidentemente a violência moral.

“Chantagem, humilhação, desqualificação, rejeição, abuso de poder, desmerecimento, ou seja, a prática de qualquer ação que faça a mulher se sentir maltratada ou constrangida caracteriza-se como violência moral”, explica Sirlene Ferreira, psicóloga de São Paulo. Saiba como reconhecer os principais sinais de violência moral e/ou física e confira as orientações para se livrar de um relacionamento abusivo o quanto antes.

Sinais de um relacionamento abusivo

Quem agride uma vez agride sempre

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Os relacionamentos abusivos são mais comuns do que se pode imaginar. O problema é que muitas mulheres não percebem ou “fingem que não percebem” que a relação é nociva, seja porque ainda gostam do(a) parceiro(a), seja porque têm medo de terminar.

Reconhecer a situação é o primeiro passo para se livrar de um relacionamento abusivo, por isso, atente-se aos principais sinais:

1. Ele(a) sente muito ciúmes

Não, ciúme excessivo não é “sinal de amor”. Seu(ua) parceiro(a) acha que você não deve conversar com outras pessoas; “faz cara feia” sempre que vê você interagindo com alguém; acha que, em todo lugar, tem alguém olhando ou “dando em cima de você”?!

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Saiba que isso tudo não é normal e, muito menos, sinal de que ele(a) te ama. Infelizmente, está muito mais associado ao fato de achar que você é “propriedade” dele(a).

2. Ele(a) faz você sentir que não entende de determinados assuntos

Ainda que ele(a) não diga abertamente, você percebe que seu(ua) parceiro(a) acha que você não entende de determinados assuntos?

Isso pode ocorrer tanto na conversa a dois como quando vocês estão entre amigos. Muitas vezes, aliás, de forma sutil. Em outros casos, isso pode ser dito de forma direta/desrespeitosa, por exemplo, em uma conversa em grupo, quando seu namorado ou marido diz: “não se intrometa, mulher não entende de carro”.

3. Ele(a) diz que você é louca e/ou faz drama

Frases desse tipo demonstram o desejo do(a) parceiro(a) em te desmerecer, te fazer desconfiar da sua própria sanidade e/ou, simplesmente, o desejo de cortar determinada conversa que, naquela ocasião, não é interessante para ele(a).

4. Ele(a) quer controlar sua vida e suas escolhas

Seu(ua) parceiro(a) quer saber todos os detalhes do que você fez no serviço? Tenta determinar o que você fará ou não em relação a trabalho ou estudos? Opina no tipo de roupa que você “pode ou não pode usar”? Controla o dinheiro e determina com o que você pode gastar?

Querer controlar todos os detalhes da vida da parceira é um comportamento clássico dentro de uma relação abusiva.

Sirlene destaca que sabatinas de perguntas (onde? com quem? por quê? pra quê?) para qualquer ação ou decisão da mulher demonstram claramente a intenção de controlar. “Isso fica evidente também quando a mulher deixa de se sentir merecedora de privacidade; quando acha que terá que dar satisfação o tempo todo”, diz.

“Alguns parceiros, aliás, controlam suas parceiras através do celular. Já ouvi algumas mulheres dizendo que, antes de sair de casa para trabalhar, tinham que mostrar suas roupas íntimas para o parceiro; enquanto outras tiveram seus corpos submetidos a uma análise visual feita pelos seus parceiros em busca de marcas”, comenta a psicóloga Sirlene.

5. Ele faz piadas sobre você na frente dos amigos

Se o seu parceiro faz piadas específicas sobre você ou sobre as mulheres de forma geral, para “chamar a atenção dos amigos”, reconheça que esta atitude é totalmente desrespeitosa (além de infantil).

6. Ele(a) não respeita quando você diz que não quer sexo

Você não está a fim de transar, mas ele(a) insiste? Ou pior, você sempre cede pois tem medo de desagradá-lo(a)?

Você já ouviu seu namorado ou marido dizendo que “mulher que não dá assistência abre concorrência”? Não tenha dúvidas, esses são sinais clássicos de um relacionamento abusivo.

7. Às vezes ele(a) te pega com força ou grita com você

A agressão física não é somente o ato de bater. Sirlene ressalta que não existe brincadeira que machuca. “Se machucou, não era brincadeira, era agressão”, alerta.

Muitas vezes, situações como esta vêm acompanhadas de discursos em que o(a) parceiro(a) tenta fazer você se sentir culpada pelo o que aconteceu: “desculpa, foi sem querer, não quis ser agressivo, você que me fez perder a cabeça”.

8. Ele(a) tenta fazer você se sentir sempre culpada por ter começado uma discussão

Se qualquer conversa torna-se uma discussão e seu(ua) parceiro(a) alega que “foi você quem começou”, isso deixa claro que ele(a) não quer dar sequência ao assunto e não dá abertura ao diálogo entre o casal.

9. Ele(a) fala que, além dele(a), ninguém vai te amar/aceitar

“Gorda desse jeito você acha que alguém vai te querer além de mim?!”. “Você não sabe fazer nada, quem além de mim vai aceitar isso?”. “Você é burra, tem mesmo que ficar em casa sendo sustentada por mim”.

Ofensas, tanto no que diz respeito a aspectos físicos quanto a aspectos psicológicos e morais, são típicas em um relacionamento abusivo e demostram um desejo de diminuir a parceira e fazê-la acreditar que, por mais que a relação não esteja boa, “ela não merece nada melhor do que isso”.

10. Ele(a) ameaça te deixar

“Se você continuar com esse assunto, vou embora de vez”; “não aguento mais essas cobranças, vou terminar com você”; “se você aceitar este emprego é porque não me ama” são apenas alguns exemplos de chantagens e ameaças que não devem ser admitidas em um relacionamento.

11. Ele(a) não fica feliz com suas conquistas

Você já percebeu que seu(ua) parceiro(a) não fica contente quando você chega alegre do serviço, quando consegue um novo emprego ou uma promoção de cargo, quando se inscreve em um novo curso e/ou quando tem uma realização pessoal?

Esse tipo de atitude demonstra que ele(a) não respeita sua individualidade, não gosta de ver você “se realizando sozinha”, que entende que suas conquistas devem ser apenas aquelas atreladas a ele(a).

12. Ele(a) não gosta que você saia sem ele(a)

Acredita que você não precise sair com suas amigas, que não deva ter amizade com o pessoal do trabalho, que somente a relação com ele(a) baste.

E isso não deve ser definido simplesmente como ciúmes, pois está muito mais relacionado a um sentimento de posse, de controle.

Neste contexto, existe, muitas vezes, por parte dele(a), o medo de que outras pessoas do seu convívio te alertem para o fato de você estar em uma relação doentia. Por isso, ele(a) deseja tanto que vocês continuem vivendo apenas “no mundinho de vocês”.

13. Ele fala que “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”

Seu parceiro já disse isso várias vezes, tanto em relação ao relacionamento de vocês quanto ao de terceiros? Mais um comportamento típico dentro de um casamento/namoro abusivo.

14. Ele(a) se mostra agressivo(a) batendo portas ou jogando objetos

Ainda que ele(a) nunca tenha te batido, você percebe que ele muda drasticamente de humor em meio a uma discussão e tem atitudes agressivas, como bater ou chutar portas, jogar objetos etc.

15. Ele(a) te agride (ou já agrediu)

Parece um pouco óbvio, mas é sempre bom frisar: a agressão física é a maior representação de um relacionamento abusivo. É aquele momento que exige uma tomada de decisão rápida, definitiva.

Basta parar para pensar: o que poderá vir depois disso? Se ele(a) já te agrediu uma vez, tem grandes chances de fazer isso novamente; e a agressão pode partir para um estágio mais avançado. Tenha certeza de que você “já esperou demais”, fuja deste relacionamento o quanto antes.

16. Ele(a) promete que não vai mais te agredir

Muito comum nos relacionamentos abusivos, após a agressão, o(a) parceiro(a) se mostrar arrependido(a), prometer que vai mudar, dar presentes, falar o quanto ama etc. E é neste momento que muitas mulheres desistem de denunciar e/ou de terminar a relação.

17. Você pensa que precisa dele para viver “financeiramente bem”

Sirlene comenta que, em alguns casos, a mulher vive como se estivesse em uma “gaiola de ouro”, “presa, mas rodeadas de carros novos, joias e uma vida social de fachada”. Isso também, destaca a psicóloga, se caracteriza como um relacionamento abusivo.

Não deixe que seu parceiro diga e/ou nunca pense que você precisa dele para viver financeiramente bem. Saiba que você tem competência para construir e viver sua própria vida, sem precisar exibir um “casamento de fachada” e/ou um “estilo de vida caro”.

18. Você simplesmente tem medo de terminar

“Quando uma mulher tem medo de finalizar um relacionamento, não tenha dúvidas: ele é abusivo”, observa Sirlene.

19. Ele se mostra totalmente desrespeitoso com mulheres

Se você já notou que seu namorado, noivo ou marido é desrespeitoso com as mulheres em geral (por exemplo, com a própria mãe, com as irmãs etc.), não espere que ele seja respeitoso com você. Não acredite que ele “vá mudar da noite para o dia”, ou ainda, que “vá ser totalmente diferente porque te ama”.

Se você se identificou com um ou vários sinais de um relacionamento abusivo, comece a pensar o quanto antes em como se livrar dele. Não espere a situação se agravar.

Como sair de um relacionamento abusivo

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“Lembre-se que você vive num país onde as mulheres têm seus direitos adquiridos. Conte com a ajuda de pessoas de sua confiança. E, se essa ajuda não bastar, busque a delegacia da mulher”, orienta Sirlene.

Neste contexto, alguns passos são muito importantes na hora sair de um relacionamento abusivo:

  • Reconheça: o primeiro passo, sem dúvidas, é reconhecer/aceitar. Não, isso não é normal; você não precisa de um relacionamento desse tipo e, sobretudo, NÃO DEVE aceitá-lo.
  • Converse com alguém de sua confiança: converse, por exemplo, com alguma amiga de sua confiança ou com sua psicóloga/terapeuta. Ao exteriorizar o problema, ficará mais fácil de aceitá-lo e de pensar em medidas que deverão ser tomadas.
  • Procure ajuda: além de conversar com alguém de sua confiança, você pode ligar para o 180 (Central de Atendimento à Mulher) ou ainda, procurar uma Delegacia da Mulher.
  • Seja cautelosa: dependendo da situação, pode não ser bom que o seu(ua) parceiro(a) perceba que você quer terminar o relacionamento. Tome as devidas atitudes, mas evite ficar dizendo que “vai deixá-lo(a)”. Agir é muito mais importante do que “ameaçar”.
  • Fortaleça sua autoestima: não tenha dúvidas de que você deve se livrar de um relacionamento abusivo. Não leve a sério as ofensas que seu(ua) parceiro(a) disse. Foque nas suas qualidades e lembre-se de que você tem ao seu redor pessoas que te amam e te apoiam. Defeitos todo mundo tem, porém, nenhum defeito pode ser justificativa para uma pessoa pensar “que não merece algo melhor”.
  • Termine o relacionamento: a orientação não poderia ser outra. Um relacionamento abusivo não deve ser mantido. E esse, com certeza, é o passo mais difícil, mas é também o mais libertador.
  • Por fim, não se culpe por “um dia ter entrado em um relacionamento abusivo”. A “culpa” não é sua. Pense apenas no que você deve fazer daqui para frente.

    Seja cautelosa, mas seja, sobretudo, determinada. Ame-se, valorize sua vida e apoie-se em quem também te ama e quer seu bem. Aproveite e confira 10 dicas de mulheres seguras para melhorar sua autoestima.

É possível perdoar uma agressão?

Perdoar não é preciso, mas pode fazer sentido para você. Enright explica que embora o perdão seja direcionado ao outro, não começamos o processo com o intuito de beneficiar aquele que nos agrediu. Quando sofremos uma agressão, é natural desejarmos vingança, ou querermos que o agressor reconheça os seus erros.

O que se passa na cabeça de um agressor?

Podem ocorrer ofensas, comportamentos desagradáveis ou abusos físicos. A vítima tenta diminuir a raiva do seu agressor e tenta evitar que o surto do comportamento ocorra. Aos poucos, o desamparo aprendido vai se estabelecendo na mulher, ou seja, a crença de que tudo o que faz não pode evitar o abuso.

É possível uma pessoa agressiva mudar?

Neste caso, a mudança seria impossível, pois está fortemente ancorada como um fator constituinte. A questão não é se na infância ele viu ou não algo, mas o que sentiu a este respeito. e como pode, hoje, lidar da melhor forma com isto, sem cair no mesmo padrão.

Como agir após uma agressão?

Caso a agressão tenha sido forte o suficiente para ela perceber risco a sua integridade física ou mental ela deve recorrer a policia e pedir ajuda e orientação a quem ela perceber que tenha estrutura para ajuda-la, ou seja :família, amigos ou ajuda profissional como o psicólogo.