As funções da linguagem são os papéis que a linguagem cumpre enquanto instrumento de comunicação entre dois ou mais indivíduos. Essa comunicação pode ser feita de maneiras particulares, dependendo do tipo de efeito que o remetente (isto é, quem produz um enunciado) quer passar na mensagem para o destinatário (quem recebe o enunciado). Show
As funções da linguagem são:
Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) Leia também: Figuras de linguagem – recursos expressivos que desviam da denotação Elementos da comunicaçãoAs funções da linguagem estão intimamente relacionadas com a comunicação e seus efeitos de sentido, já que cada elemento da comunicação está associado a uma função da linguagem. Dessa forma, não é recomendável estudá-las sem antes abordar tais elementos comunicativos. O processo de comunicação envolve alguns elementos para que se estabeleça. O linguista Roman Jakobson teorizou que, para a comunicação ocorrer, é necessário que um remetente (ou emissor) envie uma mensagem a um destinatário (ou receptor), dentro de um contexto (ou referente), por meio de um código passado via contato (ou canal). Veja o infográfico a seguir, que traz todos os elementos da comunicação preconizados por Jakobson:
Dessa forma, Jakobson estabelece que a linguagem apresenta seis funções, definidas com base no elemento que predomina no enunciado. Função referencial ou denotativaQuando o enunciado se centra no contexto, dizemos que a linguagem possui função referencial ou denotativa. Nesse caso, o emissor transmite a mensagem da maneira mais realista e objetiva possível. Costuma ser a função predominante em notícias de jornais e em artigos científicos. Veja um exemplo|1|: Taxa oficial de desmatamento é 42% maior do que apontava sistema de alertas do Inpe A taxa oficial de desmatamento na Amazônia Legal divulgada nesta segunda-feira (18) é 42,8% maior do que os números já divulgados antes nos alertas de desmate. A comparação leva em conta dois sistemas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe): os dados mais recentes são do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), que é divulgado uma vez por ano e verificou área de 9.762 km² desmatados entre agosto de 2018 e julho de 2019.
Função poéticaNa função poética, o enunciado centra-se na mensagem. Significa que há muito mais preocupação estética e nos efeitos que a mensagem pode causar. Por isso mesmo, costuma ser um enunciado que pode gerar muitas interpretações pessoais. Tende a ser a função predominante em poemas, músicas, quadros e obras artísticas em geral. A seguir, um exemplo: Ou isto ou aquilo Ou se tem chuva e não se tem sol, Ou se calça a luva e não se põe o anel, Quem sobe nos ares não fica no chão, É uma grande pena que não se possa Ou guardo o dinheiro e não compro o doce, Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo… Não sei se brinco, não sei se estudo, Mas não consegui entender ainda (Cecília Meireles) O poema é escrito em versos e, em muitos casos, apresenta rimas ou um jogo de sons entre as palavras. Por isso, a forma é um elemento muito importante para esse tipo de comunicação, já que influencia de modo mais explícito a mensagem que se passa. A fim de aprofundar-se nessa função da linguagem, conferindo mais exemplos, leia: Função poética. Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) Função fáticaQuando o enunciado se centra no contato (ou no canal), dizemos que a linguagem possui função fática. Nesse caso, a mensagem está sempre voltada para o contato em si, a fim de certificar-se de que o canal está aberto, funcionando eficientemente, e de prolongar a comunicação. Costuma estar presente em determinados momentos de ligações telefônicas ou contatos por escrito (cartas e e-mails), além de algumas construções orais. Veja o exemplo:
Nesse caso, a mensagem do emissor ao receptor está completamente associada ao canal através do qual estão falando (o telefone). Observe o próximo exemplo:
No exemplo, a mensagem torna-se fática quando o emissor pergunta através de qual canal o receptor está acessando a mensagem. Para obter mais detalhes sobre essa modalidade, acesse: Função fática. Função conativa ou apelativaSe o enunciado centra-se no receptor da mensagem, a linguagem possui função conativa (ou apelativa). Aqui, o enunciado procura estabelecer um vínculo muito forte com o receptor, chamando sua atenção. Por isso, muitas vezes é um enunciado na 2ª pessoa. Essa função está fortemente relacionada a anúncios publicitários. Observe o exemplo:
Nesse caso, a mensagem tem função conativa ao dirigir-se ao receptor e propor a ele a possibilidade de destacar-se (tornando-se “um dos maiores pensadores do país”). Vamos a outro exemplo:
A frase de Abílio Diniz possui função conativa, já que, além de dirigir-se diretamente ao receptor, também chama sua atenção ao estabelecer um vínculo com ele, aconselhando-o a respeito do próprio corpo. Saiba mais detalhes sobre a função de linguagem abordada acessando: Função conativa. Função emotiva ou expressivaA função emotiva, por outro lado, está centrada no próprio emissor. Assim sendo, costuma tratar-se de um enunciado repleto de lirismo e de subjetividade, comumente construído na 1ª pessoa. O eu-lírico mostra-se de maneira muito evidente. Costuma estar presente em diários e em obras artísticas narradas em 1ª pessoa ou baseadas na autorrepresentação. Leia o exemplo a seguir, retirado do livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus (chamamos atenção para o fato de que a escrita foge à norma padrão da língua portuguesa):
No trecho, retirado do diário de Carolina Maria de Jesus, predomina a função emotiva, visto que está em 1ª pessoa e expressa a subjetividade da autora, com seus pensamentos e sentimentos. Vejamos outro exemplo|3|:
O excerto foi retirado do livro Acre, de Lucrecia Zappi. No trecho também há predomínio da função emotiva, visto que está em 1ª pessoa e apresenta o ponto de vista da personagem Oscar, que é o narrador-personagem da obra de Lucrecia. Temos suas impressões e reflexões a respeito de alguém. Para aprofundar-se mais nesse tema, leia: Função emotiva. Função metalinguísticaQuando o código é que se mostra o centro do enunciado, trata-se da função metalinguística. Como o próprio nome diz, o enunciado foca o código por meio do qual se estabelece a mensagem, citando-o e/ou descrevendo-o explicitamente. Está presente sempre que o código é explicitado de alguma forma. Leia o trecho seguinte de Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, em que o narrador escreve sobre o próprio processo de escrita do livro: O conhecimento das funções da linguagem proporciona uma comunicação mais eficiente, conforme o objetivo do locutor. Exercícios resolvidosQuestão 1 (Copeve-Ufal 2018) Cotovia Alô, cotovia! Aonde voaste, Por onde andaste, Que saudades me deixaste? – Andei onde deu o vento. Onde foi meu pensamento Em sítios, que nunca viste, De um país que não existe… Voltei, te trouxe a alegria. (Fonte: Os melhores poemas de Manuel Bandeira. SP: Global, 1994. p. 130.) Em cada mensagem, pode-se encontrar elementos correspondentes a diferentes funções da linguagem. Pela estrutura linguística, marcada tanto pelas formas verbais e pronominais quanto pelo emprego de figuras de linguagem, na estrofe predominam as funções da linguagem: a) apelativa e fática, centradas no receptor e no contato. b) emotiva e poética, centradas no emissor e na mensagem. c) referencial e apelativa, centradas no contexto e no contato. d) emotiva e metalinguística, centradas no emissor e no código. e) poética e referencial, centradas na mensagem e no contexto. Resolução Alternativa b, pois o poema é construído de modo a expressar a voz do eu-lírico (função emotiva) e pautado na lógica da métrica e da rima (função poética). Questão 2 (Enem 2018) A imagem da negra e do negro em produtos de beleza e a estética do racismo Resumo: Este artigo tem por finalidade discutir a representação da população negra, especialmente da mulher negra, em imagens de produtos de beleza presentes em comércios do nordeste goiano. Evidencia-se que a presença de estereótipos negativos nessas imagens dissemina um imaginário racista apresentado sob a forma de uma estética racista que camufla a exclusão e normaliza a inferiorização sofrida pelos(as) negros(as) na sociedade brasileira. A análise do material imagético aponta a desvalorização estética do negro, especialmente da mulher negra, e a idealização da beleza e do branqueamento a serem alcançados por meio do uso dos produtos apresentados. O discurso midiático-publicitário dos produtos de beleza rememora e legitima a prática de uma ética racista construída e atuante no cotidiano. Frente a essa discussão, sugere-se que o trabalho antirracismo, feito nos diversos espaços sociais, considere o uso de estratégias para uma “descolonização estética” que empodere os sujeitos negros por meio de sua valorização estética e protagonismo na construção de uma ética da diversidade. Palavras-chave: Estética, racismo, mídia, educação, diversidade. (SANT’ANA, J. A imagem da negra e do negro em produtos de beleza e a estética do racismo. Dossiê: trabalho e educação básica. Margens Interdisciplinar. Versão digital. Abaetetuba, n. 16, jun. 2017 (adaptado).) O cumprimento da função referencial da linguagem é uma marca característica do gênero resumo de artigo acadêmico. Na estrutura desse texto, essa função é estabelecida pela a) impessoalidade, na organização da objetividade das informações, como em “Este artigo tem por finalidade” e “Evidencia-se”. b) seleção lexical, no desenvolvimento sequencial do texto, como em “imaginário racista” e “estética do negro”. c) metaforização, relativa à construção dos sentidos figurados, como nas expressões “descolonização estética” e “discurso midiático-publicitário”. d) nominalização, produzida por meio de processos derivacionais na formação de palavras, como “inferiorização” e “desvalorização”. e) adjetivação, organizada para criar uma terminologia antirracista, como em “ética da diversidade” e “descolonização estética”. Resolução Alternativa a, pois a função referencial é caracterizada pela expressão objetiva e imparcial no enunciado, sendo o mais impessoal possível. Notas |1|Fonte:https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/11/18/taxa-oficial-de-desmatamento-e-42percent-maior-do-que-apontava-sistema-de-alertas-do-inpe.ghtml |2| Fonte: https://catracalivre.com.br/equilibre-se/como-controlar-o-seu-vicio-em-smartphone/ |3|ZAPPI, Lucrecia. Acre. São Paulo: Todavia, 2017. Publicado por Guilherme Viana Quais são as estratégias usadas pelo autor para chamar a atenção do leitor?Conheça seu leitor para ter bons títulos. Cada pauta é uma história, um ponto de vista único sobre determinado conhecimeto. ... Não esqueça, você está escrevendo para a internet. ... Mantenha o leitor a seu lado.
Qual a estratégia usada para persuadir as pessoas a doarem livros?03 – Que estratégia é usada para persuadir as pessoas a doarem livros? A troca do livro por uma camiseta.
O que é importante informar ao leitor essa posição?Para que o leitor possa emergir na obra entendendo todos os pontos da narrativa. Neste caso a linguagem utilizada pode servir de referência para o leitor de forma positiva.
Que estratégia o produtor do texto usou para fazer a narrativa?Resposta verificada por especialistas. A estratégia utilizada pelo produtor Sérgio Cabral, do texto Grande Otelo, para fazer a narrativa é a não linear da história. Ou seja, fatos não sequênciais e sim por uma ordem definida pelo autor.
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