Qual a situação da educação pública no Brasil?

postado em 09/09/2022 19:42 / atualizado em 12/09/2022 14:42

Regina Silva, diretora pedagógica do Educacional – Ecossistema de Tecnologia e Inovação, área
da Positivo Tecnologia para negócios de educação. -  (crédito: Cris Zitei)

Regina Silva, diretora pedagógica do Educacional – Ecossistema de Tecnologia e Inovação, área da Positivo Tecnologia para negócios de educação. - (crédito: Cris Zitei)

Impactado pela pandemia, o panorama educacional do Brasil demonstra elevados índices de evasão e de defasagem escolar.

Ao analisar os números divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), percebe-se que o percentual de crianças e jovens em idade escolar fora da escola aumenta ano a ano. Em 2019, eram pouco mais de 1 milhão e, em 2021, o índice saltou para 1,4 milhão. Alguns dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) reforçam esse cenário e apontam que a pandemia fez a taxa de evasão voltar aos índices de 14 anos antes.

Podem ser diversas as situações que levam essas crianças e adolescentes a estarem fora das instituições de ensino, porém, 37% dos jovens entre 11 e 14 anos, afirmam que isso ocorre porque não há interesse nos estudos.

Despertar essa vontade talvez seja uma das necessidades das instituições e governos.

Mudança de cenário

Vejo que, além de todas as dificuldades que a educação brasileira já enfrentava, a pandemia trouxe novos desafios. Professores e alunos precisaram ficar em casa, assim como toda a população, e o processo de ensino-aprendizagem foi prejudicado, em especial quando pensamos em educação pública.

Rapidamente, alunos e professores foram inseridos no ensino à distância, o que trouxe um panorama complicado. Em novembro de 2021, 3,7 milhões de crianças e jovens entre 6 e 17 anos estavam com matrículas ativas na rede de ensino, mas não recebiam atividades para estudar em casa.

O Censo Escolar 2021 mostra que 97,5% das escolas públicas municipais não retornaram às atividades presenciais no ano de 2020. E, durante o ano letivo, 19,7% dos municípios disponibilizaram equipamentos para os docentes, como computadores, notebook, tablets e/ou smartphones, e essa oferta para os estudantes aconteceu em apenas 4,3% das cidades brasileiras.

As principais estratégias usadas pelas redes municipais para levar o conteúdo até os alunos durante o período de isolamento foram materiais impressos e orientações via WhatsApp.

Dados apresentados pela PwC Consultoria mostram que 59% das escolas públicas realizaram aulas remotas, sendo que, praticamente 90% dos docentes afirmaram não ter experiência e não ter recebido formação devida para utilizar a tecnologia digital.

Dados da tecnologia na educação brasileira

Com a pandemia, as diferenças foram mais acentuadas e foi possível notar a necessidade que as instituições têm em levar a tecnologia para dentro da sala de aula. Dados do Unicef vão ao encontro dessa realidade, sendo que, entre as cidades analisadas, 48,7% das redes municipais registraram muita dificuldade para o acesso dos estudantes à internet e 24,7% para o acesso dos docentes.

Além disso, informações do estudo realizado pela PwC Consultoria reforçam a dificuldade que o Brasil ainda enfrenta quando o assunto é tecnologia. A pesquisa realizada aponta que 80% das crianças com 10 anos acessam a internet, porém apenas 20% têm conexão de qualidade.

Dos estudantes de escola pública, 78% afirmam ter acesso à internet, porém, mais de 8 milhões de estudantes brasileiros frequentam instituições de ensino que não têm conectividade, número que representa 21% dos alunos matriculados.

A defasagem escolar

Os desafios se estenderam para o ano de 2022, com a retomada do ensino presencial. Acredito que, para recuperar a defasagem escolar, que aumentou com o isolamento, é necessário que os alunos estejam muito engajados em aprender língua portuguesa e matemática, pois essa é a grande dificuldade.

As informações do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) de 2018, já mostravam a dificuldade dos estudantes e das instituições brasileiras no quesito educação. Entre 79 países avaliados, o Brasil aparece na 57ª posição, tendo um dos piores desempenhos em matemática e em leitura, já que os alunos demonstraram grande dificuldade em interpretação de texto, não conseguindo diferenciar o que é fato do que é opinião.

A pesquisa do Alicerce Educação, realizada em 2021, mostra que a defasagem em matemática é de 2,2 anos para crianças e 4,5 anos para jovens, o que apenas reforça a necessidade dos estudantes em recuperar os conteúdos que foram deixados de lado, em especial nos últimos dois anos.

Como recuperar a educação

Uma das maneiras de recuperar a defasagem escolar é com o uso da tecnologia na educação. Mas, para que isso aconteça, é necessário que as instituições brasileiras estejam devidamente equipadas, com hardwares compatíveis com a realidade dos professores e dos alunos, assim como forneçam o acesso às soluções e plataformas que auxiliem e revolucionem o ensino e a aprendizagem.

Para recompor a aprendizagem e para que os alunos tenham proficiência, em especial em língua portuguesa e matemática, é preciso mapear e compreender as dificuldades de cada um deles para, assim, oferecer um conteúdo significativo e que os auxiliem na compreensão e resoluções dos problemas.

As crianças e jovens que hoje estão nas escolas — e muitas vezes fora dela — estarão no mercado de trabalho em um futuro próximo e que exige, a cada dia, mais conhecimento e proximidade com a tecnologia e a inovação.

O Brasil pode ficar para trás caso a realidade do acesso à tecnologia não mude, o que pode e deve começar nas escolas.

*Diretora pedagógica do Educacional – Ecossistema de Tecnologia e Inovação, área da Positivo Tecnologia para negócios de educação

Como está a educação no Brasil em 2022?

Todo o ensino básico totalizou 35.760.081 matrículas em 2022. O dado abrange o ensino como um todo, de creches ao ensino médio. Outro dado revelado pelo censo é o aumento de 10,5% dos alunos matriculados em escolas de tempo integral.

Quais são os problemas da educação pública no Brasil?

Em uma conjuntura agravada por causa da defasagem provocada pela pandemia, os brasileiros avaliam que a baixa qualidade do ensino, os salários insuficientes dos professores e o desinteresse dos alunos são os principais problemas da educação pública no país.

Como está a educação nos dias de hoje?

A educação brasileira, que em outros contextos históricos era muito mais precária, hoje apresenta avanços significativos no que diz respeito a fatores como infra-estrutura, formação de professores, material didático, inovações tecnológicas, entre outros aspectos que deveriam favorecer a aprendizagem.

Por que a educação pública no Brasil não é de qualidade?

São muitos os problemas que estão presentes na educação brasileira, especialmente na educação pública. São diversos os fatores que proporcionam resultados negativos, um exemplo disso são as crianças que se encontram no 6ºano do ensino fundamental e não dominam habilidade de ler e escrever.