Qual a importância dos Jogos Paralímpicos para as pessoas com deficiência?

O incentivo e a prática do esporte paralímpico na vida das pessoas têm sido de fundamental importância na busca da superação. É no esporte, que algumas pessoas com deficiência encontram a força necessária para se superarem. No Brasil, muitos atletas paralímpicos se destacam.

Afinal, uma das maiores preocupações da pessoa com deficiência é a de não conseguir alcançar independência ou realizar seus sonhos, por conta das limitações. Mas grandes histórias podem ajudar a juntar a coragem necessária para buscar e realizar sonhos.

A divulgação das atividades esportivas no Brasil, que acontece de variadas formas, até mesmo em novelas, faz crescer o sentimento como opção na busca de encontrar um caminho para amenizar a situação. A participação de vários medalhistas neste trabalho acaba abrindo a visão daqueles que até então não viam essa oportunidade para assumir um novo caminho e chegar à superação.

A lista é grande e dominada principalmente por atletas da natação e do atletismo, o que é natural por serem os esportes que mais oferecem medalhas. A exceção é o excepcional judoca Antônio Tenório, que conseguiu seis medalhas entre 1996 e 2016, uma a cada edição.

Confira a lista dos maiores medalhistas brasileiros em Paralimpíadas, que são exemplos de determinação e superação, servindo de espelho como forma de incentivo aos iniciantes:

  01 - Daniel Dias (natação), 2008-2016: 24 (14 ouros, 7 pratas, 3 bronzes);
02 - André Brasil (natação) 2008-2016: 14 (7 ouros, 5 pratas, 2 bronzes);
03 - lodoaldo Silva (natação) 2000-2016: 14 (6 ouros, 6 pratas, 2 bronzes);
04 - Ádria Santos (atletismo) 1988-2008: 13 (4 ouros, 8 pratas, 1 bronze);
05 - Luiz Cláudio Pereira (atletismo) 1984-1992: 9 (6 ouros, 3 pratas);
06 - Odair Santos (atletismo) 2004-2016: 9 (5 pratas, 4 bronzes);
07 - Terezinha Guilhermina (atletismo) 2004-2016: 8 (3 ouros, 2 pratas, 3 bronzes);
08 - Adriano Lima (natação) 1996-2008: 8 (1 ouro, 4 pratas, 3 bronzes);
09 - Luis Silva (natação) 2000-2008: 7 (1 ouro, 5 pratas, 1 bronze);
10 - Phelipe Rodrigues (natação) 2008-2016: 7 (5 pratas, 2 bronzes);
11 - Antônio Tenório (judô) 1996-2016: 6 (4 ouros, 1 prata, 1 bronze);
12 - Felipe Gomes (atletismo) 2012-2016: 6 (2 ouros, 3 pratas, 1 bronze);
13 - Miracema Ferraz (atletismo) 1984: 6 (1 ouro, 5 pratas);
14 - Yohansson Nascimento (atletismo) 2008-2016: 6 (1 ouro, 3 pratas, 2 bronzes);
15 - Lucas Prado (atletismo) 2008-2012: 5 (3 ouros, 2 pratas);
16 - Maria Jussara (natação) 1984-1988: 5 (1 ouro, 3 pratas, 1 bronze);
17 - Anelise Hermany (atletismo) 1984-1988: 5 (3 pratas, 2 bronzes);
18 - Genezi Alves de Andrade (natação) 1992-2000: 5 (1 prata, 4 bronzes).

*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

Representatividade importa, e nunca cansaremos de falar sobre isso. Todas os indivíduos e, especialmente, as crianças, têm o direito de se enxergar no mundo, porque fazem parte dele. Elas precisam crescer sabendo que podem ocupar todos os espaços, e, para isso, precisam ver pessoas como elas ocupando também.

O esporte é extremamente importante para a manutenção da vida saudável e, no caso dos pequenos, para o desenvolvimento. Muitas vezes, crianças com alguma deficiência podem se sentir afastadas desse universo, e é por isso que precisamos trazê-lo mais para perto com as Paralimpíadas. 

Neste post, vamos falar um pouquinho sobre as Paralimpíadas, a importância do esporte, a edição deste ano, em Tóquio, e, ao final, relatos de alguns atletas paralímpicos. Siga na leitura!

Qual a importância dos Jogos Paralímpicos para as pessoas com deficiência?

  • A importância do esporte para o desenvolvimento infantil e as Paralimpíadas
  • Paralimpíadas: uma rápida história
  • Paralimpíadas 2021 (Tóquio) 
  • Esportes paralímpicos
    • Atletismo
    • Futebol
    • Basquete em Cadeira de Rodas
    • Judô
    • Natação
    • Vôlei sentado
  • Representatividade, esportes e paixões (relatos)
    • “Quando o handebol saiu da minha vida, eu senti um vazio muito grande, que só foi preenchido quando eu entrei em quadra de novo”
    • “O esporte transformou a minha vida, trouxe desafios que eu gosto de encarar”
    • “O esporte traz experiências e ensinamentos incríveis. A cada bola lançada, novas perspectivas e expectativas são criadas”
    • “O esporte me ajudou a ter autoconfiança, autoestima, a me amar do jeito que eu sou”
    • “O esporte, na minha vida, é praticamente tudo!”
    • “O esporte me ensina a ser melhor todos os dias”

A importância do esporte para o desenvolvimento infantil e as Paralimpíadas

Quando pensamos em todas as nossas habilidades motoras, elas parecem muito simples: parece até que nascemos sabendo fazer tudo! Andar, sentar, pular, correr, segurar objetos… mas cada um desses aprendizados é um marco motor diferente, e para alcançá-los as crianças precisam de treino e estímulo.

Esse desenvolvimento motor deve ser contínuo, e por isso o ideal é que estejamos sempre em movimento, treinando e descobrindo novas possibilidades, principalmente durante a infância. A prática esportiva, como vemos nas Paralimpíadas, é uma excelente fonte de estímulos para esse desenvolvimento motor, além do aspecto cognitivo que também é trabalhado por meio de formas de se relacionar com o outro, aprendizados sobre a competitividade saudável, respeito a regulamentos e trabalho em equipe, por exemplo.

O ideal é que as crianças tenham contato com as práticas esportivas o mais cedo possível, de forma lúdica e diversificada para que conheça as várias modalidades e se sinta convidado a explorá-las. A partir do momento em que existir uma identificação maior, a criança pode ser então estimulada a praticá-lo de forma mais orientada e com as responsabilidades cabíveis de acordo com sua idade e maturidade.

Qual a importância dos Jogos Paralímpicos para as pessoas com deficiência?
A importância da prática de esportes para o desenvolvimento das crianças está tanto nos aspectos motores quanto nos cognitivos.

Na vida de pessoas e crianças com deficiência, o esporte é ainda mais importante por sua capacidade transformadora, inclusive nos âmbitos sociais e psicológicos. A prática esportiva é uma ferramenta poderosa em processos de reabilitação e, também, na inclusão na sociedade de pessoas com deficiência. 

Paralimpíadas: uma rápida história

Os jogos das Paralimpíadas são o maior evento esportivo do mundo para pessoas com deficiência, e sua primeira edição oficial aconteceu em 1960, na Itália. No entanto, a organização se inspirou nas competições esportivas para deficientes físicos realizadas no final da década de 40, iniciativa criada por um hospital londrino focado na recuperação de pessoas com lesões na medula óssea. 

Por seu rápido sucesso, as Paralimpíadas que, em sua primeira edição, contaram com cerca de 400 atletas advindos de 23 países, cresceram e começaram a se profissionalizar muito rapidamente. A edição de 1976 das Paralimpíadas já contava com 40 países participantes e, em 1992, estabeleceu-se o formato que acompanhamos até hoje, dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos acontecendo na mesma época e ambos os comitês trabalhando juntos para desenvolverem ações relativas ao esporte para pessoas com deficiência. 

Qual a importância dos Jogos Paralímpicos para as pessoas com deficiência?
Desde a edição de 1992, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos são organizados conjuntamente.

Já existem, atualmente, 22 modalidades esportivas contempladas pelas Paralimpíadas de verão, e outras 5 pelas edições de inverno dos jogos. Os esportes foram adaptados para que pessoas com diferentes graus de deficiência possam praticá-los. Confira, a seguir, quais são alguns deles.

Paralimpíadas 2021 (Tóquio) 

Após serem adiados por um ano por conta das restrições impostas pela pandemia de Covid-19, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio acontecerão no início do segundo semestre de 2021. A cerimônia de abertura das Paralimpíadas está marcada para o dia 24 de agosto e, segundo reportagem do Rede do Esporte, o Brasil tem vaga garantida em 14 modalidades.

É interessante comentar que, historicamente, o Brasil costuma se sair bastante melhor (em questão de medalhas) nos Jogos das Paralimpíadas do que nos Olímpicos! O maior número de medalhas conquistadas até então são na natação e no atletismo. 

De acordo com as competições do ciclo paralímpico entre 2017 e 2019, é possível prever grandes chances de medalha para o país nas Paralimpíadas em Tóquio 2021, incluindo novamente a natação e o atletismo mas, também, em esportes como o futebol de 5, o judô, o ciclismo, a bocha, o tênis de mesa e o menos conhecido goalball. 

Esportes paralímpicos

Como dissemos acima, são 22 os esportes nas Paralimpíadas que contemplados pelos jogos de verão. Confira abaixo uma lista com alguns dos mais conhecidos. As informações sobre cada um deles estão de acordo com o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB)

Atletismo

O atletismo contempla provas de velocidade, provas de rua e provas de campo. Nas competições paralímpicas, os competidores são divididos em categorias de esportistas com deficiências visuais, físicas e intelectuais. Suas classes de competição são definidas de acordo com o grau de comprometimento da deficiência.

As provas de velocidade e de rua são divididas entre as seguintes categorias:

  • Esportistas com deficiências visuais
  • Esportistas com deficiências intelectuais
  • Esportistas com paralisia cerebral (cadeirantes)
  • Esportista com paralisia cerebral (andantes)
  • Esportistas anões
  • Esportistas com deficiências nos membros inferiores
  • Esportistas com deficiências nos membros superiores
  • Esportistas cadeirantes
  • Esportistas com membros inferiores amputados e que utilizam prótese
Qual a importância dos Jogos Paralímpicos para as pessoas com deficiência?
Prova de velocidade na categoria de esportistas com membros inferiores amputados que utilizam próteses.

As provas de campo são divididas entre:

  • Esportistas com deficiências visuais
  • Esportistas com deficiências intelectuais
  • Esportistas com paralisia cerebral – cadeirantes
  • Esportistas com paralisia cerebral – andantes
  • Esportistas anões
  • Esportistas amputados ou com deficiência nos membros superiores
  • Esportistas amputados ou com deficiência nos membros inferiores
  • Esportistas cadeirantes

Atletas com deficiência visual devem se atentar à regulamentação para o acompanhamento de atletas-guia e de apoio.

Futebol

O futebol nas Paralimpíadas aparece em duas modalidades distintas. O Futebol de 5 é praticado por deficientes visuais, enquanto no Futebol de 7 os atletas possuem paralisia cerebral. 

No primeiro caso, quatro jogadores com deficiência visual jogam vendados, para garantir que todos estejam em pé de igualdade na falta de visão, e o goleiro, quinto membro do time, possui visão total. As classes são divididas entre jogadores totalmente cegos, jogadores que conseguem perceber vultos e jogadores que conseguem definir imagens. 

No Futebol de 7, por sua vez, as regras e o tempo da partida são semelhantes ao do futebol olímpico, com poucas exceções (não existe a regra do impedimento, por exemplo). Os atletas são divididos em três classes de comprometimento nas Paralimpíadas: severo, leve e mediano, sendo que um time deve contar com no máximo um jogador de grau leve e, no mínimo, um jogador de grau severo. Na falta deste atleta com grau severo para compor a equipe, ela deve ser orquestrada com pelo menos um jogador a menos.

Basquete em Cadeira de Rodas

Presente nas Paralimpíadas desde sua primeira edição, o basquete em cadeiras de rodas foi a primeira modalidade esportiva para pessoas com deficiência praticada no Brasil. As cadeiras utilizadas para a prática nas Paralimpíadas são adaptadas e padronizadas de acordo com as regras da Federação Internacional de Basquete de Cadeira de Rodas (IWBF).

Para a organização dos times, os atletas são avaliados de acordo com o seu grau de comprometimento físico-motor dentro de uma escala que vai de 1 a 4,5. Quanto maior a dificuldade do esportista, menor a nota. A soma dessas notas, dentro de uma equipe, não pode passar de 14. 

Qual a importância dos Jogos Paralímpicos para as pessoas com deficiência?
Os esportes em cadeiras de rodas são modalidades paralímpicas bastante conhecidas!

Judô

O judô paralímpico é disputado por atletas com deficiência visual, que são separados em categorias de acordo com seu peso. As regras da modalidade sofrem apenas poucas modificações em relação às do judô convencional, como, por exemplo, o fato de não haver punição caso o esportista saia da área de combate. 

Natação

Em suas versões paralímpicas, as provas de natação das Paralimpíadas são divididas em baterias de acordo com o tipo de deficiência e o grau de comprometimento do atleta. O esporte contempla esportistas com deficiências físico-motoras, visuais e intelectuais. 

As competições são realizadas em três modelos: 

  • S: Nados livre, costas e borboleta
  • SB: Nado peito
  • SM: Nado medley
Qual a importância dos Jogos Paralímpicos para as pessoas com deficiência?
Na natação paralímpica, competem atletas com deficiência visual, deficiência física e deficiência intelectual.

Vôlei sentado

Na versão das Paralimpíadas do vôlei, competem esportistas que tenham alguma deficiência física ou relacionada à locomoção. A quadra é menor que sua versão olímpica e os times possuem seis jogadores cada. As partidas, no entanto, são divididas da mesma maneira: sets de 25 minutos e o Tie-Break com 15 minutos, sendo que a equipe vitoriosa é a que vencer três sets.

Os atletas são divididos entre duas classes, de acordo com o grau de comprometimento de suas deficiências.

Listamos apenas cinco modalidades, para dar um gostinho, mas o rol de esportes paralímpicos ainda inclui:

  • Bocha
  • Canoagem
  • Ciclismo
  • Esgrima em Cadeira de Rodas
  • Esportes de Inverno
  • Goalball
  • Halterofilismo
  • Hipismo
  • Parabadminton
  • Parataekwondo
  • Remo
  • Rugbi em Cadeira de Rodas
  • Tênis de mesa
  • Tênis em Cadeira de Rodas
  • Tiro com arco
  • Tiro esportivo
  • Triatlo

Representatividade, esportes e paixões (relatos)

Como acreditamos que a representatividade e o exemplo inspiram vidas, entrevistamos algumas atletas paralímpicas e trouxemos um pouco de suas histórias!

“Quando o handebol saiu da minha vida, eu senti um vazio muito grande, que só foi preenchido quando eu entrei em quadra de novo”

Qual a importância dos Jogos Paralímpicos para as pessoas com deficiência?
Luiza Fiorese é atleta da seleção brasileira de vôlei sentado feminino, e conta sobre como conhecer os esportes adaptados foi importante em sua vida!

Luiza Fiorese tem 23 anos e não sabe dizer quando foi que o esporte entrou na sua vida, já que ele sempre esteve ali. Criada na roça, ela sempre foi uma criança muito ativa, que simplesmente não conseguia ficar parada e gostava de fazer de tudo um pouco. Entre os 10 e os 11 anos de idade, decidida a escolher uma modalidade para praticar de forma mais intensa, optou pelo handebol e começou, então, a treinar. Aos 14 anos já treinava todos os dias, começou a participar de competições e cogitar a hipótese de realmente seguir carreira profissional. Por volta dos 15 anos, quando passou para a categoria juvenil, no entanto, ela levou um susto:

“Comecei a sentir uma dor no joelho que imaginei que fosse uma tendinite ou ligamento rompido, algo que eu resolveria rápido e em poucos meses estaria pronta para participar do próximo campeonato. Busquei um médico e foi aí que tudo começou a mudar, porque ele pediu uma ressonância magnética que detectou que eu tinha um tumor chamado osteossarcoma e que seria bem provável que eu precisaria amputar minha perna. Eu nem sabia que cânceres aconteciam em adolescentes e foi horrível pensar que eu teria que deixar o esporte.”

Um protocolo de quimioterapia pré-operatória bem sucedido, no entanto, permitiu que Luiza salvasse sua perna. Ela utiliza uma endoprótese, que substitui seu osso, e conta que passou por várias complicações com essa prótese por conta de uma bactéria, o que fez com que ela tivesse que sofrer outras cinco cirurgias.

Hoje eu me considero curada, mas todos esses procedimentos cirúrgicos fizeram com que minha perna ficasse reta. Minha prótese é capaz de dobrar, mas eu desenvolvi uma fibrose que permite que eu dobre a perna em apenas 17 graus, e essa é a minha deficiência.”

Depois de completar seu tratamento, Luiza conta que ficou bastante abalada por não conseguir voltar a praticar handebol.

“Na minha ignorância, o esporte paralímpico só podia ser praticado por atletas com braços ou pernas amputados, que precisassem de cadeira de rodas ou fossem cegos, então eu não fazia ideia de que havia, também, lugar para mim. Ninguém me orientou nesse sentido e eu fiquei perdida, pois não sabia o que fazer longe do esporte.”

Ela optou por cursar jornalismo na faculdade: já que não podia praticar esportes, queria pelo menos poder falar sobre eles. Se apaixonou pela profissão e é muito feliz contando histórias — mas a sua história ainda tinha espaço para mudar. Ao final do curso, participou do programa da Fátima Bernardes para falar sobre assuntos que nada tinham a ver com a prática esportiva, mas uma atleta da seleção brasileira de vôlei sentado estava assistindo e chamou Luiza para conversar.

“É muito difícil achar meninas com deficiência que sejam altas. Eu tenho 1,77 e para o vôlei sentado essa é uma altura bastante boa, então quando ela me viu, quis me chamar para conversar. Viu a cicatriz na minha perna, mas nem sabia nada sobre a minha história ou mesmo meu histórico de atleta, queria apenas me chamar para conhecer a modalidade para que, quem sabe, eu tirasse algum fruto da experiência. Quando ela me chamou eu me senti viva de novo.”

Passados seis anos desde o diagnóstico, Luiza sentiu-se aberta a aceitar o esporte de novo em sua vida, por meio de uma nova possibilidade, e considera que essa foi sua melhor decisão. A atleta conta que quando o futebol saiu de sua vida, ela sentiu um vazio muito grande que tentou preencher com os estudos, com o jornalismo, assistindo esportes e de diversas outras formas, mas não conseguia.

“Esse vazio só foi preenchido quando eu entrei na quadra de novo, comecei a jogar e soube que aquilo era a minha vida. Era aquilo que eu queria fazer.”

Como já havia passado anos de sua vida praticando esportes, Luiza pegou o jeito do vôlei muito rapidamente e, com apenas seis meses de treinos, foi percebida pelo treinador da seleção brasileira convocada para a seleção para as Paralimpíadas. 

“Hoje eu sei que ser uma atleta profissional é abrir mão de muita coisa. Não é fácil, não é porque a gente faz o que ama que é uma vida fácil, mas eu sou muito realizada. Por meio do esporte me sinto uma mulher completa. Me sinto uma mulher madura. O esporte me ensinou, desde cedo, a saber ganhar e perder, saber trabalhar em grupo, aprendi muito sobre liderança e aprendi que nunca devemos desistir dos nossos sonhos. Meu sonho é o esporte. A realização dos meus sonhos é o esporte. Por mais que seja difícil, a vida fica leve quando você tem um propósito.”

“O esporte transformou a minha vida, trouxe desafios que eu gosto de encarar”

Qual a importância dos Jogos Paralímpicos para as pessoas com deficiência?
Aline Rocha nos Jogos Paralímpicos de Inverno de Pyeongchang em 2018.

Aline Rocha tem 30 anos e, ao contrário de Luiza, passou a infância e a adolescência detestando esportes e atividades físicas. Foi apenas em 2010, aos 19 anos de idade, que conheceu o esporte paralímpico — 4 anos após ter sofrido o acidente de carro no qual perdeu o movimento das pernas por fraturar a 3ª vértebra lombar. 

Menos de 2 meses após começar a treinar corrida, Aline já estava competindo no atletismo. Em sua primeira competição, conquistou três medalhas de bronze e entendeu que poderia ser uma pessoa de sucesso, mesmo com a deficiência. Se apaixonou pelo esporte ao perceber que ele era uma nova possibilidade. 

“Eu era cadeirante há 4 anos quando me convidaram para conhecer uma associação esportiva em Joaçaba, a Associação de Arbitragem Desportiva (ARAD).  Lá eu conheci o técnico Fernando Orso, que foi quem me apresentou a corrida em cadeira de rodas. Hoje ele é meu técnico e meu marido.”

Em 2014, a atleta investiu em um equipamento profissional de competição e se mudou para São Caetano do Sul para tentar realizar seu sonho de participar dos Jogos Paralímpicos do Rio em 2016 – e realizou!

Depois das competições de 2016, Aline teve a oportunidade de conhecer o ski cross country paralímpico, e conta que recebeu todo o apoio tanto do Comitê Brasileiro de Desportos na Neve (CBDN) quanto do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) nas Paralimpíadas

“Em dezembro de 2016 eu vi a neve pela primeira vez, treinei uns 20 dias na Suécia e em janeiro de 2017 estava participando da minha primeira competição, na Copa do Mundo da Ucrânia. Não foi fácil me adaptar ao frio e a essa modalidade totalmente diferente, mas em dezembro de 2017 já obtive o índice Paralímpico e em março de 2018 me tornei a primeira mulher a representar o Brasil nos Jogos das Paralimpíadas de Inverno. Sendo a única mulher latino americana da competição, ainda fui escolhida como porta-bandeira na cerimônia de abertura!”

Por ser uma atleta paralímpica tanto dos jogos de verão como dos jogos de inverno, os ciclos de competição de Aline duram dois anos. Atualmente, a esportista está treinando tanto para Tóquio 2021 quanto para Pequim 2022, nos Jogos Paralímpicos de Inverno . 

“Eu amo como o esporte transformou a minha vida e me trouxe desafios que eu gosto de encarar! Todos os dias eu tenho a possibilidade de evoluir e encarar meus medos. Passo por uma evolução constante não apenas no âmbito físico, mas também na mente e na minha visão de mundo. Hoje eu conheço 19 países diferentes, muitas culturas e pessoas maravilhosas, e isso não tem preço. O acidente me tirou o movimento das pernas, mas o esporte me deu asas. Não consigo imaginar minha vida sem ele!”

“O esporte traz experiências e ensinamentos incríveis. A cada bola lançada, novas perspectivas e expectativas são criadas”

Qual a importância dos Jogos Paralímpicos para as pessoas com deficiência?
Amanda Alether tem uma síndrome neurodegenerativa — mas essa é só uma de suas muitas facetas!

Amanda Alether tem 26 anos e é atleta, publicitária, jornalista e palestrante motivacional. Sua jornada no esporte começou em 2012, quando ministrou uma palestra em uma universidade e um professor a abordou para perguntar se ela conhecia a bocha nas Paralimpíadas — mas aos 4 anos de idade ela já tinha iniciado um novo capítulo de sua história.

“Eu fui diagnosticada com Síndrome de Leigh aos 4 anos e, a partir daí, comecei a perder os movimentos das pernas e das mãos. Depois, minha fala também foi afetada. Eu comecei então a fazer tratamentos de fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e psicologia.”

Na escola em que estudava, os professores de Amanda não tinham muito conhecimento sobre esportes paralímpicos, das Paralimpíadas e, em momentos como os de aula de educação física, ela fazia atividades paralelas como jogar damas. Quando foi apresentada à bocha, tudo mudou.

Praticada por esportistas com altos níveis de comprometimento físico-motor, a bocha consiste em atletas que utilizam cadeiras de rodas lançarem bolas coloridas o mais perto possível da bola branca. É permitido usar os pés, as mãos e instrumentos de auxílio.

Amanda começou a participar de competições nacionais em 2015 e já conquistou o terceiro lugar regional duas vezes seguidas, em 2018 e 2019. Atualmente, diz que não consegue mais enxergar sua vida sem o esporte.

“Seja praticando, trabalhando profissionalmente ou de forma voluntária, estou sempre ligada a atividades esportivas. O esporte traz experiências e ensinamentos incríveis. Muitas pessoas pensam o contrário, mas a bocha é um esporte com muita adrenalina. A cada bola lançada, novas perspectivas e expectativas são criadas.”

“O esporte me ajudou a ter autoconfiança, autoestima, a me amar do jeito que eu sou”

Qual a importância dos Jogos Paralímpicos para as pessoas com deficiência?
Edwarda Dias é atleta da seleção brasileira de vôlei sentado feminino.

Edwarda Dias tem 21 anos e nasceu com uma má formação congênita na perna direita. Ela conta que jogava vôlei convencional desde os 13 anos de idade, e chegou a representar sua cidade (Pinhão do Sul/PR) em campeonatos regionais, até que um professor, em Maringá/PR, notou que ela usava prótese no lugar da perna e a convidou para conhecer a modalidade de vôlei sentado.

Com apoio de seu município, ela conseguiu viajar para Maringá para treinar, e após um mês de treinamentos já participou de seu primeiro campeonato, no qual conheceu o técnico da seleção brasileira e foi convidada para participar do time. 

Em dezembro de 2012 a atleta já fazia parte da seleção brasileira de vôlei sentado feminino e, em 2014, se mudou para São Paulo a convite da equipe Sesi-SP para se dedicar 100% ao esporte. 

“O esporte foi muito importante para o meu desenvolvimento como pessoa, mulher e atleta. Me ajudou a ter autoconfiança, autoestima e me amar do jeito que sou. Provo para mim mesma, todos os dias, que posso muito mais do que imagino e que não existem limites, que os momentos e circunstâncias ruins apenas fazem parte do processo e nos fazem crescer mais e mais. Hoje, graças ao esporte, tenho orgulho da pessoa que me tornei. Ajudo, incentivo e influencio todos que posso. Me sinto orgulhosa em poder mostrar para todos que não é a falta de um membro que constrói caráter: sou muito mais que isso, somos muito mais que isso. Luto diariamente pela igualdade em nosso país!”

“O esporte, na minha vida, é praticamente tudo!”

Qual a importância dos Jogos Paralímpicos para as pessoas com deficiência?
Maria Dayane é uma nadadora paralímpica brasileira medalhista! | Imagem: Reprodução/Instagram.

Maria Dayane da Silva tem 28 anos e nasceu com má formação congênita nos membros inferiores. A natação entrou na sua vida quando ela tinha 12 anos de idade e foi aos 13 que começou a competir. 

“O esporte entrou na minha vida por meio de um amigo da família, Francisco Avelino, que já era medalhista de algumas paralimpíadas. Ele me chamou para começar a nadar, já com o intuito de competir nas Paralimpíadas. Rapidamente o esporte se tornou praticamente tudo na minha vida! Com ele eu aprendi a ser independente em todas as áreas da minha vida. Minha autoestima melhorou muito, assim como minha segurança emocional. “

Apesar de sua deficiência ser de nascença e Dayane ter, portanto, aprendido a lidar com ela desde muito pequena, ela conta que o esporte ajudou muito a superar desafios e entender que sua má formação é apenas um detalhe. A atleta diz que o esporte é muito potente em trabalhar a inclusão da pessoa diferente na sociedade, seja qual diferença seja essa. 

“O esporte sempre vai agregar muito na vida de qualquer pessoa que se ache diferente da outra. Sempre vai mostrar que você é igual, independentemente da condição física ou mental, o esporte transforma vidas!”

“O esporte me ensina a ser melhor todos os dias”

Qual a importância dos Jogos Paralímpicos para as pessoas com deficiência?
Nathalie Filomena é a capitã da seleção brasileira de vôlei sentado feminino. | Imagem: Reprodução/Instagram.

Apesar de ter adquirido no parto a sua deficiência, uma lesão de plexo braquial, Nathalie Filomena iniciou sua jornada no esporte jogando vôlei convencional, aos 8 anos de idade. Foi apenas quando tinha 15 anos que foi convidada a participar de um treino pela seleção brasileira de vôlei sentado, e, desde esse dia, a atleta veste a camisa da seleção e representa o Brasil pela modalidade nas Paralimpíadas. 

“São ao todo 14 anos participando de várias competições nacionais e internacionais, sendo que a última foram os Jogos Parapanamericanos de Lima, no Peru, em 2019. Neste evento, tive a honra de carregar a braçadeira de capitão do time, e trouxe para casa, juntamente com toda a equipe, a medalha de prata para o Brasil!”

Todos esses anos de esforço e dedicação trouxeram para Nathalie muitas outras conquistas, tais como a 8ª colocação no Campeonato Mundial de vôlei sentado em 2006, a 6ª colocação na edição de 2014, a 5ª colocação na Copa Continental de vôlei sentado feminino em 2011, outras duas medalhas de prata em Jogos Parpanamericanos, em 2011 e 2015 e a 5ª colocação nos Jogos das Paralimpíadas de Londres, em 2012.

Além das conquistas e prêmios, são muitos aprendizados na bagagem

“O esporte me ensina a trabalhar em equipe, habilidades de liderança, a ter mais empatia e resiliência, isso sem contar, é claro, no desenvolvimento das habilidades motoras em geral. Aprendo também a gerenciar expectativas, respeitar os meus limites e momentos e, também, os dos outros. E a zelar pelo fair play, sempre. O esporte é importante na minha vida porque me ensina a ser melhor todos os dias! Me estimula tanto em aspectos físicos quanto em aspectos mentais.”

Esperamos que este texto e esses relatos tenham trazido muita inspiração! O esporte é capaz de transformar vidas, assim como a representatividade, e as paralimpíadas são um ótimo motivo para pensarmos mais sobre o assunto. Para receber nossos conteúdos em primeira mão na sua caixa de entrada, é só se inscrever na newsletter do Amigo Panda, preenchendo o formulário abaixo!

Qual a importância dos Jogos Paralímpicos para pessoas com deficiência?

Os Jogos Paralímpicos representam uma chance dos atletas com deficiência mostrarem suas habilidades no esporte. | Foto: Reprodução. Dia 22 de Setembro é comemorado o Dia do Atleta Paralímpico.

Qual a importância dos Jogos Paralímpicos *?

A visibilidade adquirida pelos atletas faz com que pessoas com deficiência tenham mais oportunidades em outros segmentos do mercado. Os Jogos Paralímpicos reforçam a importância de debates sobre a inclusão de pessoas com deficiências.

Qual é a importância dos esportes paralímpicos e adaptados?

A prática de atividade física e/ou esportiva proporciona a oportunidade para nossos alunos testarem seus limites e potencialidades, prevenindo as enfermidades secundárias à sua deficiência, além de promover a integração social e melhora da autoestima.

O que é Paralimpíada e qual a sua importância?

Paralimpíadas são o evento esportivo dedicado aos atletas com algum tipo de deficiência. São realizadas a cada quatro anos no país que sedia as Olimpíadas. As Paralimpíadas são os eventos esportivos realizados a cada quatro anos para atletas que possuem algum tipo de deficiência física.