Qual a importância do pensamento de Aristóteles para o mundo ocidental?

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Discípulo de Platão e preceptor de Alexandre Magno, Aristóteles foi um filósofo grego do século V a.C. cujo trabalho se estende por todas as áreas da filosofia e ciência conhecidas no mundo grego, sendo ainda o autor do primeiro sistema abrangente de filosofia ocidental.

Qual a importância do pensamento de Aristóteles para o mundo ocidental?

Escultura de Aristóteles. Foto: MidoSemsem / Shutterstock.com

Sua obra filosófica, organizada no Corpus Aristotelicum, chegou até nossos dias graças ao trabalho dos compiladores e estudiosos da era escolástica. Seguindo a ordem destas compilações, o primeiro passo no estudo da obra de Aristóteles são os trabalhos compilados sob o título Física, um compêndio de trabalhos nos quais Aristóteles estabeleceu uma interpretação sistemática da natureza e dos fenômenos físicos que permaneceu até o Iluminismo e a formulação da Mecânica Clássica.

Um dos aspectos mais marcantes da Física é a introdução de um quinto elemento, o éter (aithēr), que seria uma substância de origem divina, compondo a abóbada celeste visível, planetas e estrelas. Esta hipótese influenciou diversos pensadores, mantendo-se viva até o final do século XIX. Aristóteles também explora o movimento, os fenômenos ópticos, mudança e espontaneidade e a causalidade, sugerindo que a razão de todas as coisas pode ser atribuída a quatro tipos de causas:

  1. Causa material
  2. Causa formal
  3. Causa eficiente
  4. Causa final

Os estudos formais em lógica, que fazem parte da Física, foram introduzidos na estrutura da lógica formal moderna no final do século XIX.

Na Metafísica, Aristóteles dedica-se ao estudo dos objetos imateriais em geral. Respondendo a muitos de seus contemporâneos e abrindo caminho para desenvolvimentos posteriores, tendo influenciado a filosofia da idade média e através desta fundado a disciplina Metafísica.

Aristóteles examina os conceitos de substância e essência, concluindo que uma substância é a combinação daquilo que a compõe, a matéria, e aquilo que a distingue como tal, a forma. Desta maneira explorando também os conceitos de potencialidade e atualidade.

Utilizando o exemplo de uma mesa, temos a forma atual da mesa, aquilo que a distingue enquanto tal, diferenciando-a de uma cadeira ou um banco, esta é a atualidade da mesa. Por outro lado, uma mesa pode ser construída com aço ou madeira, de tal maneira que a madeira que constitui a mesa possui tão somente o potencial para ser mesa.

Este posicionamento leva Aristóteles a retomar a discussão platônica acerca da distinção entre universais e particulares. Embora concorde com seu mestre acerca da existência de formas universais, Aristóteles discorda da existência daquilo que Platão chamou de "universais não instanciados", aqueles que não possuem correlato particular. Platão defende que, embora talvez não exista um particular "bom", ainda há o universal "bom". Para Aristóteles, todos os universais são instanciados, como um particular ou como uma relação, que existe, existiu ou existirá, algo a que o universal possa ser predicado. Esta questão continua ativa na filosofia atual, sendo Sir Bertrand Russell o maior critico de Aristóteles, no que concerne este ponto, no século XX.

No campo da ética e moral, a obra Ética a Nicomâco, além de diversos tratados, é um marco importante no estudo e desenvolvimento da ética como disciplina filosófica. Baseada em seu pai, Nicomâco, a obra traz uma abordagem prática das virtudes como o caminho para o pleno desenvolvimento humano, do ponto de vista ético, defendendo que o objetivo é ser bom, não apenas saber o que é bom. Ainda, segundo Aristóteles, um caráter virtuoso nos aproxima da felicidade.

Diversos aspectos da produção filosófica de Aristóteles continuam a ser matéria de estudo e investigação. Ainda, graças ao trabalho de Aristóteles temos acesso ao pensamento de vários filósofos pré-socráticos, cujas obras não sobreviveram até nosso tempo, mas sobreviveram o bastante para serem citadas, criticadas ou comentadas por Aristóteles.

Referências bibliográficas:
ARISTÓTELES, De Anima. Apresentação, tradução e notas de Maria Cecília Gomes Reis. São Paulo. Ed. 34, 2006.

Aristóteles. Metafísica. Porto Alegre: Globo, 1969.

Aristotle, The Complete Works of Aristotle (ed. J. Barnes), Princeton: Princeton University Press. 1995.

Bertrand Russell; Laura Alves. História do Pensamento Ocidental. Ediouro Publicações. 2004.

Shields, Christopher, "Aristotle", The Stanford Encyclopedia of Philosophy(Fall 2015 Edition), Edward N. Zalta (ed.)

SMITH, William. "Philola'us". Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology. ed. 1870.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/filosofia/aristoteles/

ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010.

Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a identifica como:

Qual a importância de Aristóteles para a filosofia ocidental moderna?

Aristóteles foi um importante filósofo para a Grécia Antiga e para o Ocidente em geral, visto que a importância dada por ele ao conhecimento empírico e as suas classificações sistemáticas do conhecimento muito influenciaram a Filosofia Escolástica e Moderna e as ciências modernas que surgiram a partir do século XVI.

Quais as contribuições de Aristóteles para o pensamento ocidental?

Aristóteles quis criar um método mais seguro e desenvolveu o sistema que ficou conhecido como silogismo. Ele consiste de três proposições - duas premissas e uma conclusão que, para ser válida, decorre das duas anteriores necessariamente, sem que haja outra opção. Exemplo clássico de silogismo é o seguinte.

Qual a importância de Aristóteles para o pensamento atual?

Pioneiro na classificação de diferentes tipos de animais, o filósofo grego criou métodos de análises comparativas que continuam a ser adotados na biologia atual, como o conceito de anatomia comparada. Nas artes, é possível dizer que Aristóteles foi um dos primeiros a pensar o teatro.

Qual a importância da filosofia no pensamento ocidental?

Ela promove a atenção sobre tudo que é essencial e que passa despercebido: as relações, o diálogo, o questionamento sobre o cotidiano, o belo, bom e justo, o pensamento, as virtudes éticas, por exemplo, e o compromisso indispensável com a busca do conhecimento, que fundamenta os saberes e jamais fica nas opiniões, na ...