Qual a importância da conservação e preservação da floresta amazônica?

Amélio Dall’Agnol, pesquisador da Embrapa Soja

O bioma amazônico é um ecossistema único. É abrigo da maior biodiversidade do planeta em plantas, animais e microrganismos. Estima-se a existência nesse bioma de cerca de 30 milhões de espécies animais. Compreende 40% de toda a América do Sul, e 60% desse território fica localizado no Brasil, onde vivem quase 30 milhões de brasileiros.

Com mais da metade do bioma em seu território, o Brasil é reconhecido como o país da Amazônia, a maior floresta tropical do planeta. Mas parte dessa floresta (40%) está localizada em outros nove países sul-americanos, com destaque para Peru, Equador e Venezuela. Mas é para o Brasil que se aponta o dedo quando o assunto é Amazônia.

Qual a importância da conservação e preservação da floresta amazônica?

Floresta Amazônica. Imagem: Antônio Carlos Pereira Góes.

O valor inestimável da biodiversidade dessa floresta torna a Amazônia um bem de interesse global. Descuidar dela traz não apenas prejuízos econômicos ao Brasil, mas desgaste internacional para a imagem do país.

A floresta desempenha um papel fundamental no ciclo da água e do carbono. No ciclo do carbono ocorre a absorção do CO2 atmosférico liberado pela combustão de combustíveis fósseis e pela queima de resíduos vegetais e outros produtos orgânicos. Com o CO2, que é um dos gases de efeito estufa, capturado da atmosfera pelas plantas da grande floresta, a quantidade desse gás presente no ar atmosférico é reduzida drasticamente.

É preocupante o alto índice de desmatamento realizado na porção brasileira da Amazônia a partir da década de 1970, quando o governo brasileiro facilitou o acesso dos desbravadores nativos, construindo rodovias que facilitaram a esses aventureiros alcançar as mais remotas localidades, antes inalcançáveis da região. A intensidade do desmatamento chegou ao auge de 29.059 km² em 1995 (PRODES/INPE) e, em 2018, atingiu-se o menor desmatamento (2.500 km2), montante que aumentou 289% em 2019 e 500% em 2020, quando foram desmatados aproximadamente 10.000 km², o que ainda é preocupante, pois é a última grande reserva ambiental tropical do planeta. A principal causa do desmatamento amazônico tem origem nas extrações ilegais de madeira, no garimpo e na mineração, também ilegais do solo da floresta.

Pensando na riqueza escondida na Amazônia em biodiversidade, uma alternativa considerada estratégica para o Brasil usufruir das riquezas da região, seria agregar valor a esses recursos em novos produtos farmacêuticos, cosméticos e alimentícios, entre outros, mas a legislação brasileira não facilita. As plantas amazônicas contêm segredos em novas moléculas, enzimas, antibióticos e fungicidas naturais que podem ser sintetizados em laboratório, resultando em produtos de alto valor agregado.

A lógica econômica e social dos povos amazônicos para evoluir econômica e socialmente, é poderosa. Mas alternativas de sobrevivência seguras e sustentáveis precisam ser facilitadas pelo poder público, o que não acontece, para que o cidadão que sobrevive na região não dependa desses recursos para subsistir.
Ciência, inclusão social e conscientização da sociedade salvarão a Amazônia.

A ocorrência de incêndios florestais na Amazônia é comum na temporada de seca, que se estende de julho até outubro no Brasil. No entanto, alguns dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que o país foi alvo de um aumento devastador no número de focos de incêndio em 2019 (com um aumento de 83% com relação ao mesmo período do ano anterior), levantando a suspeita de que incêndios criminosos também contribuíram para o aumento da devastação.

Apesar de os estados de Roraima, Acre, Rondônia e Amazonas terem sido os mais afetados, as consequências do desmatamento atingem todas as partes do país. O fenômeno que escureceu o céu de São Paulo durante o dia é um exemplo de como nenhuma área está totalmente isolada ou imune ao desequilíbrio ambiental. Você sabe os impactos que a destruição da Amazônia pode causar para o Brasil e para o mundo?

Neste post, você vai ter acesso a um breve panorama sobre o nosso cenário ambiental e entender por que a preservação da Amazônia é crucial para o equilíbrio de todo o Brasil. Confira!

Qual é a atual situação da Amazônia?

As análises baseadas na observação da floresta amazônica (feita por satélites da NASA) confirmaram um aumento na intensidade do desmatamento em 2019, destacando o mês de agosto como um dos mais notáveis no número de incêndios intensos e persistentes. Além disso, a localização e os momentos em que essas queimadas ocorreram foram mais consistentes com a limpeza de terras do que com a seca regional.

Segundo dados de uma pesquisa feita pelo Banco Mundial, se o atual patamar de mudanças climáticas e incêndios for mantido, cerca de 75% da floresta amazônica estará perdida até 2025. A previsão é ainda mais pessimista para um cenário projetado em 65 anos, quando apenas 5% do bioma seria mantido em seu terreno original.

Além da sua importância econômica (tanto para o Brasil quanto para o exterior), é necessário levar em conta todo o capital natural que a Amazônia abriga em mais de 5 milhões de quilômetros quadrados de floresta. Já que grande parte da água doce brasileira está armazenada por lá (sendo fundamental também para a produção de energia elétrica), é inegável a sua influência na manutenção humana e ambiental.

Quais são os impactos da falta de preservação da Amazônia?

As consequências da falta de preservação podem ser devastadoras, impactando a qualidade do solo, a vegetação e a fauna da Amazônia, causando até mesmo efeitos com alcance global.

Liberação de carbono

As florestas tropicais armazenam carbono e são as principais fontes de estabilização do clima em todo o mundo. No entanto, o desmatamento e a extração de madeira liberam esses gases para a atmosfera, poluindo o ar e contribuindo para o desequilíbrio da temperatura. Com as queimadas na região amazônica, as árvores liberam em torno de 200 milhões de toneladas de carbono por ano.

É por esse motivo que o plantio de árvores é uma estratégia para reduzir a emissão de poluentes na atmosfera. Em 2015, o Governo Federal assinou um compromisso nos Estados Unidos de recuperar 120 mil quilômetros de florestas e zerar o desmatamento ilegal até 2030. O objetivo era cumprir as metas de redução de emissões de carbono, conforme estabelecido em um acordo internacional.

Regime de chuvas

Você sabia que a área amazônica é responsável por gerar e disseminar grandes quantidades de água para todo o país? O vapor gerado pela evapotranspiração é responsável por levar umidade e distribuir chuvas pela Bolívia, Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile, além de irrigar o Sudeste, o Centro-Oeste e o Sul do Brasil.

O desmatamento prejudica a evapotranspiração e a rota aérea da água, afetando o regime de chuvas em todo o país, com impactos em diferentes setores produtivos.

Agricultura

Com o regime de chuvas desequilibrado, ela pode deixar de encher rios, córregos, represas (inclusive as que são importantes para as hidrelétricas) e irrigar lavouras. Safras inteiras podem ser perdidas com o atraso das chuvas em uma semana, por exemplo.

É por isso que, ao contrário do que possa parecer, a preservação da Amazônia é crucial para a manutenção do agronegócio no Brasil. Isso não inclui apenas a produção de alimentos, mas também de energia elétrica.

Disponibilidade de água doce

O Rio Amazonas é um dos mais extensos do mundo, levando cerca de um quinto de todo o volume de água doce aos oceanos. Além disso, as florestas também promovem o reabastecimento dos lençóis freáticos. Por isso, não é difícil concluir que a degradação ambiental compromete a disponibilidade de água doce. Afinal, a falta de preservação desequilibra o volume de chuvas, reduz o nível de água em rios e seca nascentes.

Todos esses fatores combinados influenciam diretamente o aumento de gases causadores do efeito estufa na atmosfera, contribuindo para o agravamento das mudanças climáticas e do aquecimento global.

Economia

Os impactos do desmatamento têm um potencial enorme de prejudicar diretamente o agronegócio brasileiro. Como vimos, diversos fatores ambientais exercem grande influência sobre a atividade agrícola, especialmente o regime de chuvas, cuja manutenção está ligada à preservação da Amazônia.

Atualmente, o agronegócio é responsável por 21,6% do PIB do país, segundo o Ministério da Agricultura. No entanto, as mudanças climáticas, puxadas pela devastação da floresta, têm afetado negativamente o setor. Em 2019, por exemplo, a Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) mostrou a perda de mais de 16 milhões de toneladas na safra do grão, em função da seca que atingiu as principais regiões produtoras.

Além disso, a manutenção da diversidade da Amazônia também é importante para a boa oferta de “produtos da floresta”, ou seja: para a fabricação de medicamentos, óleos, cosméticos e alimentos. Alguns deles são comercializados em todo o país e exportados para o mundo, como o açaí, jaborandi, couro vegetal, castanhas, fitoterápicos, resinas e artesanatos indígenas. Isso porque mais de dez mil espécies de plantas amazônicas são ricas em ativos para uso medicinal e cosmético.

É papel dos governos, em todas as suas esferas, coibir a degradação não só da Amazônia, mas também da Mata Atlântica, do Pantanal e de todos os outros biomas do nosso país. No entanto, embora ninguém consiga promover grandes mudanças sozinho, algumas atitudes simples podem fazer a diferença na preservação da floresta amazônica. Abaixo, listamos algumas medidas para você colocar em prática na sua rotina:

Reduza o seu consumo de papel e madeira

Você pode ajudar reduzindo o consumo de itens descartáveis (como guardanapos, papéis, pratos e canudos), digitalizando documentos e fazendo a reciclagem de produtos usados. Ao comprar móveis e itens de construção, dê preferência para as empresas que trabalham apenas com madeira de reflorestamento.

Consuma menos carne

Reduzir o consumo de carne reduzirá a demanda por ela, acabando com os incentivos para derrubar mais florestas destinadas à criação de gado. De acordo com uma série de relatórios publicados pelo Greenpeace, a pecuária faz parte dos principais fatores de devastação ilegal na Amazônia, ocupando 80% das áreas desmatadas.

Participe de redes de apoio de preservação da Amazônia

Eduque-se e apoie petições ou projetos que cuidam das comunidades afetadas pelo fogo e de preservação da floresta. Quanto maior o número de vozes, maior tende a ser a pressão feita ao poder público e privado para que tomem consciência da prioridade que a preservação da Amazônia deve ter para o desenvolvimento do país, tanto no campo ambiental, quanto nos campos econômico e social.

Como você pôde perceber, preservar a Amazônia é preservar a qualidade de vida de todos os seres vivos, com impactos para boa parte do planeta. Você também pode se engajar e fazer a sua parte para reverter esse cenário tão crítico para a biodiversidade brasileira.

Se você gostou do post e quer aprender um pouco mais sobre sustentabilidade, leia o nosso artigo sobre saneamento básico e meio ambiente.

Qual é a importância da preservação da floresta Amazônica?

A floresta garante as chuvas para boa parte da América do Sul e tem papel central no combate ao aquecimento global e às mudanças climáticas. Abriga imensa biodiversidade, com milhares de espécies de plantas e animais, algumas ainda desconhecidas ou pouco estudadas. É berço da maior bacia hidrográfica do mundo.

Qual a importância de preservar a floresta?

As florestas fornecem água potável para mais de 33% das maiores cidades do mundo. A qualidade deste recurso, primordial para a saúde e o desenvolvimento rural e urbano, está vinculada com a gestão florestal. As florestas propiciam 40% de toda a energia renovável do mundo.

Como preservar a floresta Amazônica texto?

O bioma tem um papel fundamental na regulação da temperatura do planeta e no regime de chuvas no Brasil, um dos maiores produtores de alimentos do mundo..
Consumo consciente. ... .
Fortaleça as redes de apoio. ... .
Aprenda com os povos da floresta. ... .
Incentive o reflorestamento..