Quais são as causas do derretimento das geleiras?

Cientistas analisaram as medições de satélite tridimensionais de todas as geleiras de montanha do mundo e chegaram à conclusão de que as geleiras estão derretendo mais rápido do que nunca, perdendo 31% mais neve e gelo por ano do que 15 anos atrás. A culpa, afirmam os pesquisadores, é da mudança climática causada pelo homem.

  • A pandemia está mexendo com a economia e os negócios em todo o mundo. Venha aprender o que realmente importa na EXAME Invest Pro

Utilizando 20 anos de dados de satélites, foi calculado que 220.000 geleiras de montanhas pelo mundo estão perdendo mais de 328 bilhões de toneladas de gelo e neve por ano desde 2015. O derretimento é suficiente para aumentar os níveis dos oceanos e hipoteticamente colocar a Suíça sob aproximadamente 7,2 metros de água a cada ano.

As informações são de um estudo divulgado nesta quarta-feira, 28, no periódico científico Nature. O estudo é o primeiro a usar imagens de satélite 3D para examinar todas as geleiras da Terra não conectadas às camadas de gelo da Groenlândia e da Antártica. Estudos mais antigos tinham grandes margens de erro, pois usavam estimativas ou analisavam apenas uma fração das geleiras.

Em comparação com os anos de 2015 a 2019, a taxa de derretimento anual é 78 bilhões de toneladas a mais por ano do que era de 2000 a 2004. Um dos autores do estudo e glaciologista, Romain Hugonnet, afirma que as taxas globais dobraram nos últimos 20 anos e que o derretimento quase uniforme "reflete o aumento global da temperatura" e é causado pela queima de carvão, petróleo e gás.

Hugonnet também conta que as taxas de derretimento do Alasca estão "entre as mais altas do planeta", com a geleira Columbia recuando cerca de 35 metros por ano. O estudo concluiu que todas as geleiras do mundo estão derretendo, com exceção de algumas na Islândia e na Escandinávia, que "se alimentam do aumento da precipitação".

Até as do Tibete, que são conhecidas por serem estáveis, estão derretendo. Algumas menores estão desaparecendo completamente. "Dez anos atrás, dizíamos que as geleiras são o indicador das mudanças climáticas, mas agora elas se tornaram um memorial da crise climática", disse Michael Zemp, diretor do Serviço Mundial de Monitoramento de Geleiras, que não fez parte do estudo .

O que isso significa para o mundo?

De acordo com Hugonnet, o derretimento das geleiras é um problema para milhões de pessoas que dependem do derretimento glacial sazonal (ou seja, um fenômeno natural) para água diária. Além disso, ele afirma que o encolhimento rápido pode levar a explosões mortais de lagos glaciais em países como a Índia.

A maior ameaça, com certeza, é o aumento do nível do mar. As geleiras são responsáveis por 21% do crescimento, de acordo com o estudo. Mantos de gelo, como alguns na Groenlândia e na Antártica que já estão influenciando os níveis do mar, são ameaças maiores a longo prazo, mas causam menos impacto imediato do que as geleiras.

"Está ficando cada vez mais claro que o aumento do nível do mar será um problema cada vez maior à medida que avançamos no século 21", disse Mark Serreze, diretor do National Snow and Ice Data Center.

Quais são os maiores desafios da ciência em 2021? Entenda assinando a EXAME.

Pesquisadores do Centro de Pesquisa Polar e Climática Byrd, da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, descobriram em uma geleira do Tibet amostra de diversos vírus que indicam ser de mais de 15 mil anos, revelou o site Olhar Digital. A comunidade científica global teme que o derretimento das geleiras possa liberar vírus inertes há milhares de anos, provocando novas pandemias.

Os modelos de vírus encontrados na geleira do Tibet são diferentes de qualquer outro já descoberto e sobreviveram congelados durante milhares de anos. “Estas geleiras foram formadas gradualmente, e junto com a poeira e os gases, muitos vírus também foram depositados neste gelo”, disse o cientista Zhi-Ping Zhong, um dos autores do estudo que trabalha no Centro Byrd.

publicidade inserida(https://emailmkt.ictq.com.br/lancamento-inteligencia-visao-regulatoria-farma-ind?utm_campaign=IVR-JUL21&utm_medium=link-bio&utm_source=instagram&utm_campaign=IVR-JUL21&utm_medium=privado&utm_source=whatsapp)

No total, 33 vírus foram encontrados na amostra; desses, 29 são novos e apenas quatro já tinham sido vistos antes. Os cientistas também analisam o material para entender mudanças climáticas, gases, bactérias e vírus presentes ao longo dos séculos, nos últimos 15 mil anos. A pesquisa foi publicada na plataforma Biorxiv.

“Embora os núcleos de gelo da geleira forneçam informações climáticas ao longo de dezenas a centenas de milhares de anos, o estudo de micróbios é desafiado por condições de biomassa ultrabaixa e virtualmente nada se sabe sobre vírus co-ocorrentes”, salientou Zhong.

Para os cientistas, o aquecimento global agrava o degelo de solos congelados e pode trazer de volta vírus e bactérias que ficaram presos no passado, muitos deles desconhecidos.

O solo congelado ‘permafrost’ – aquele que passa o ano todo congelado e que cobre 25% da superfície terrestre do Hemisfério Norte e do qual se espera que uma parte significativa venha à superfície até 2100 por conta do aquecimento global, de acordo com um relatório da ONU –, ameaça liberar vírus ‘adormecidos’ e bilhões de toneladas de gases de efeito estufa, com o risco de acelerar o aquecimento global, revelou a agência France Presse (AFP).

Com o aumento das temperaturas, o permafrost esquenta e começa a derreter, liberando progressivamente os gases que estavam neutralizados. Além dos efeitos climáticos, o degelo do permafrost, que abriga bactérias e vírus às vezes esquecidos, também representa uma ameaça para a saúde. Em 2016, um menino faleceu na Sibéria após ser contaminada por antraz, o que não acontecia havia 75 anos na região.

Para os cientistas, a causa foi muito provavelmente o descongelamento de um cadáver de rena que havia sido vítima de antraz várias décadas antes. Liberada, a bactéria mortal, que se conserva no permafrost durante mais de um século, infectou manadas de renas.

Vírus adormecidos podem ‘reviver’

“À medida que o planeta aquece e o gelo derrete, os cientistas alertam que podemos ver o ressurgimento de patógenos antigos atualmente desconhecidos pela ciência. Esses vírus, que ficaram trancados em geleiras e permafrost por centenas, senão milhares de anos, poderiam ‘acordar’”, disseram pesquisadores, conforme o blog Mar Sem Fim, do Estadão.

Também a BBC ouviu cientistas que afirmaram que o derretimento de geleiras está levando ao ressurgimento de doenças ‘adormecidas’. “As mudanças climáticas estão derretendo o solo da região do Ártico que existiu ali por milhares de anos. E, conforme o solo derrete, ele libera antigos vírus e bactérias que, depois de ficarem tanto tempo ‘dormentes’, voltam à vida”, explicaram à emissora, conforme o Mar Sem Fim.

Sobre os vírus encontrados na geleira do Tibet, fontes ouvidas pela revista Newsweek revelaram que não está claro o quão completos ou infecciosos esses vírus seriam. “Os cientistas que analisaram duas amostras de núcleos de gelo da calota de Guliya, no Tibete, identificaram vários desses vírus. Uma das amostras principais datava de 520 anos, enquanto a outra mantinha sedimentos trancados 15 mil anos atrás. Quatro dos gêneros de vírus – a classificação taxonômica entre espécies e família – já eram conhecidos, mas 28 nunca haviam sido vistos antes”, explicaram os pesquisadores.

Vírus antigos poderiam representar um risco à saúde pública, alertou à Newsweek o professor de genômica e bioinformática da Universidade Aix-Marseille, na França, Jean-Michel Claverie. “Eles podem ser vírus antigos que já conhecemos – como o da varíola, que, erroneamente, achamos que foram erradicados –, mas também poderia haver vírus que causaram extinções de animais ou humanos no passado, e que a medicina moderna não tem conhecimento. O mesmo vale para bactérias patogênicas, como as que causam antraz”, completou.

A pesquisa de Claverie mostrou que os vírus podem sobreviver dezenas de milhares de anos imperturbáveis, desde que as condições sejam adequadas. Em 2014, ele foi coautor de um artigo descrevendo um vírus gigante de 30 mil anos extraído do permafrost da Sibéria. Fora do permafrost e no laboratório, ele reviveu, tornando-se infeccioso depois de um milênio adormecido, segundo a revista.

Receba nossas notícias por e-mail: Cadastre aqui seu endereço eletrônico para receber nossas matérias diariamente

O farmacêutico e professor da pós-graduação em Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêuticano ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Rafael Poloni, concorda com a previsão do professor da Universidade Aix-Marseille.

“O derretimento das geleiras causado pelas mudanças climáticas e pelo efeito estufa é muito preocupante porque podem aparecer não somente micro-organismos já conhecidos e tidos como erradicados no mundo, mas também aqueles desconhecidos. A pandemia do novo coronavírus trouxe à tona que o mundo inteiro não está preparado para combater de maneira ágil uma pandemia com vírus letal”, assinala Poloni.

Ele ressalva que não há motivo para desespero, mas é preciso agir enquanto é tempo. “Essa questão do aquecimento global é uma preocupação antiga dos cientistas. Precisamos ter consciência de que o efeito estufa, desmatamento e todas as agressões à natureza podem ter muitos impactos. E um deles que a gente não pensava é a liberação de vírus antigos. Os estudos precisam ser aprofundados para termos um melhor entendimento dos micro-organismos presentes nas geleiras e o que sua liberação pode acarretar”.

Participe também: Grupos de WhatsApp e Telegram para receber notícias farmacêuticas diariamente.

Obrigado por apoiar o jornalismo profissional

A missão da Agência de notícias do ICTQ é levar informação confiável e relevante para ajudar os leitores a compreender melhor o universo farmacêutico. O leitor tem acesso ilimitado às reportagens, artigos, fotos, vídeos e áudios publicados e produzidos, de forma independente, pela redação da Instituição. Sua reprodução é permitida, desde que citada a fonte. O ICTQ é o principal responsável pela especialização farmacêutica no Brasil. Muito obrigado por escolher a Instituição para se informar.

Quais são as causas e as consequências do derretimento das geleiras?

Dentre as consequências ligadas ao derretimento das geleiras, as principais são o aumento do nível da água dos oceanos, o avanço do mar sobre ilhas e cidades litorâneas, podendo ocasionar na sua submersão, e a extinção de várias espécies animais e vegetais em decorrência do desaparecimento de determinados ecossistemas.

Quais são as causas e as consequências do derretimento das geleiras Brainly?

Resposta. As consequências do derretimento é o aumento da temperatura ao nível global por causa da liberação de gases presos nas geleiras que são prejudiciais ao ambiente, aumento do nível da água do mar, e desaparecimento de algumas espécies residentes nessas áreas como animais polares e recifes de corais!

O que está causando o derretimento do gelo do solo?

O carbono, em contato com o ar, transforma-se em dióxido de carbono, um dos gases responsáveis pelo agravamento do efeito estufa. De acordo com algumas projeções, portanto, o permafrost estaria se derretendo graças ao aquecimento global e, por sua vez, seria o responsável pelo adensamento desse fenômeno.

Quais são as consequências do degelo?

As regiões polares são as mais atingidas pelo degelo, pois o derretimento dessas áreas está ocorrendo de forma muito rápida. Conforme cientistas ambientais, o degelo agrava ainda mais o aquecimento da Terra, haja vista que durante esse processo ocorre a liberação de gases prejudiciais ao meio ambiente.