1. Introdu��o Show A pr�tica de atividades f�sicas ou exerc�cios f�sicos regulares � preconizada atualmente como forma de manuten��o da sa�de, sendo este um fator importante de ser contemplado para uma melhor qualidade de vida. As atividades f�sicas podem ser representadas por todas as atividades da vida di�ria e exercem efeitos ben�ficos nos sistemas locomotores, digestivo, respirat�rio e cardiovascular, assim como no metabolismo celular e nas fun��es dos �rg�os em geral (Pereira, 1996; Pitanga, 2004). Os exerc�cios f�sicos s�o formas de atividade f�sica planejada, estruturada, repetitiva, que objetivam o desenvolvimento da aptid�o f�sica, de reabilita��o org�nico-funcional e habilidades motoras (Nahas, 2003). Nesse contexto, a pr�tica regular de exerc�cios f�sicos tem papel essencial no funcionamento normal do corpo e para a sa�de, por esse motivo n�veis de aptid�o f�sica apropriados devem ser mantidos durante toda a vida (Pereira, 1996). A pr�tica regular de exerc�cios pode provocar altera��es nos sistemas cardiovascular e respirat�rio, principalmente nos indiv�duos sedent�rios e n�o atletas, melhorando assim a absor��o, transporte, entrega e utiliza��o de oxig�nio pelo m�sculo. Ainda, s�o desenvolvidos tamb�m os aspectos f�sico-motores como a coordena��o, o ritmo, o equil�brio e a agilidade (Santos, 1994). Diante do exposto, esta revis�o mostra sua relev�ncia ao destacar a import�ncia da pr�tica de atividades f�sicas ou exerc�cios f�sicos para a manuten��o da sa�de e lan�a um olhar al�m dos aspectos fisiol�gicos tendo seu principal enfoque nos elementos motores, buscando apresentar a forma ben�fica com a qual o exerc�cio atua nas capacidades coordena��o motora e propriocep��o. 2. Exerc�cios f�sicos A pr�tica de atividades f�sicas e de exerc�cios f�sicos est� em voga atualmente pelo fato de contribuir para a manuten��o e promo��o da sa�de. De acordo com Pitanga (2004), essa pr�tica se encontra dentro do conjunto de aspectos comportamentais que somados aos aspectos ambientais (moradia, transporte, lazer, educa��o, entre outros) s�o determinantes para o bem-estar, refletindo na qualidade de vida.Atividade f�sica � definida por Caspersen et al. (1985), como qualquer movimento corporal produzido pela musculatura esquel�tica, portanto volunt�rio, que resulte em gastos energ�ticos acima dos n�veis de repouso. Inclui atividades ocupacionais do cotidiano, deslocamento, atividades de lazer, exerc�cios f�sicos, esportes, dan�a, artes marciais, entre outros. J� exerc�cio f�sico, segundo Nahas (2003), � uma das formas de atividade f�sica planejada, estruturada, repetitiva, que objetiva o desenvolvimento da aptid�o f�sica, de habilidades motoras ou a reabilita��o org�nico-funcional. Incluem, geralmente, atividades de n�veis moderados ou intensos, tanto de natureza din�mica como est�tica. Com base nessas informa��es, cabe destacar que a busca pelo movimento, seja atrav�s da pr�tica de atividade f�sica ou exerc�cio f�sico � refletida positivamente nos n�veis de aptid�o f�sica dos indiv�duos. De acordo com Nahas (2003), a aptid�o f�sica � a capacidade que um indiv�duo possui de realizar atividades f�sicas, podendo derivar de fatores herdados, do estado de sa�de, alimenta��o e principalmente da pr�tica regular de exerc�cios f�sicos. O autor coloca ainda que a aptid�o f�sica pode apresentar-se de duas formas: aptid�o f�sica relacionada � performance motora, a qual se refere ao bom desempenho em tarefas espec�ficas, quer no trabalho ou nos esportes e aptid�o f�sica relacionada � sa�de, a qual se refere ao estado de sa�de (preven��o e redu��o de fatores de risco) e maior disposi��o para as atividades da vida di�ria. Guedes & Guedes (1995), complementam ao colocarem que a aptid�o f�sica relacionada �s habilidades atl�ticas envolve algumas vari�veis, dentre elas a capacidade aer�bia, velocidade, for�a explosiva, agilidade. J� a aptid�o f�sica relacionada � sa�de implica a participa��o de componentes voltados �s dimens�es morfol�gica, funcional-motora, fisiol�gica e comportamental. Em se tratando de exerc�cios f�sicos, Nahas (2003) destaca que estes devem ser adequados em termos de tipo, dura��o (ideal 60 minutos) e intensidade, sendo ideal uma freq��ncia de 3 a 5 sess�es semanais. Fitcor (apud Pereira, 1996) acredita que s�o necess�rios dias de repouso para que sejam evitadas les�es e que se permitam intervalos de recupera��o do treinamento, ainda, o autor salienta que programas de 2 sess�es semanais j� mostram melhoras significativas no organismo. De acordo com Pitanga (2004), esses exerc�cios devem ser prescritos e orientados de forma individualizada, tendo resultados mais satisfat�rios com rela��o � sa�de. O autor acredita que os exerc�cios aer�bicos devam ter sua pr�tica incentivada a partir do momento em que as pessoas se conscientizarem da import�ncia da ado��o de um estilo de vida fisicamente ativo. 3. Elementos perceptivo-motores De acordo com Schmidt & Wrisberg (2001), as capacidades s�o tra�os est�veis e duradouros determinados geneticamente e que embasam a performance habilidosa dos indiv�duos. Os autores ainda salientam que a ess�ncia das capacidades n�o � modificada pela pr�tica ou experi�ncia. Segundo Fleishmann (1964), as capacidades podem ser divididas em dois grupos: capacidades perceptivo-motoras e de profici�ncia f�sica. As primeiras s�o quantific�veis e mensur�veis e englobam a coordena��o multimembros, precis�o, tempo de rea��o, destreza manual, mirar, entre outros. As segundas tamb�m s�o mensur�veis, por�m relacionam-se ao desempenho f�sico global ou esportivo, como for�a est�tica, for�a explosiva, flexibilidade, coordena��o corporal ampla, entre outros. J� Singer (1975), descreve as capacidades motoras como sendo, ritmo, equil�brio, percep��o e coordena��o. Cabe ressaltar, que a manuten��o das capacidades motoras vai al�m das pr�ticas desportivas, ela � a base fundamental para o desempenho das atividades da vida di�ria. A coordena��o motora � a a��o sin�rgica do Sistema Nervoso Central e da musculatura esquel�tica dentro de uma determinada seq��ncia de movimentos (Hollmann & Hettinger apud Pereira, 1996). Turvey (1990) define a coordena��o como a padroniza��o dos movimentos do corpo e dos membros relativamente � padroniza��o dos eventos e objetivos do ambiente. De acordo com Meinel & Schnabel (1984) e Teixeira (2006), coordena��o na atividade do ser humano � a harmoniza��o de todos os processos parciais do ato motor em vista do objetivo, da meta a ser alcan�ada pela execu��o do movimento. A import�ncia desta capacidade, segundo Mazo et al. (2004), d�-se no sentido de permitir ao indiv�duo assumir a consci�ncia da execu��o dos movimentos, levando-o ao encontro de uma integra��o progressiva de aquisi��es e favorecendo uma a��o dos diversos grupos musculares, com vistas � realiza��o de uma seq��ncia de movimentos com o m�ximo de efici�ncia e economia. Pereira (1996) complementa que quanto melhor for a qualidade de coordena��o, mais f�cil e preciso ser� o movimento. Barbanti (1990) distingue duas �reas da coordena��o motora: fina e grossa. A primeira � a capacidade de executar movimentos consecutivos das m�os, p�s em tarefas motoras finas (escrever, costurar, pintar, etc.), j� a segunda trata-se da capacidade de executar movimentos consecutivos e com grandes amplitudes. Teixeira (2006) vai ao encontro dessa id�ia e salienta que as capacidades grossas (amplas) possuem caracter�sticas opostas �s finas por exigirem a contra��o de grandes grupos musculares no desempenho dos movimentos globais. Mazo et al. (2004) destacam que a coordena��o � a base para o aprendizado sens�rio-motor e facilita a aprendizagem e corre��o de movimentos novos e automatizados. Ainda, a autora coloca que a coordena��o depende de outros elementos da aptid�o f�sica e de suas intera��es, como for�a, velocidade, resist�ncia, flexibilidade, equil�brio. Estudos t�m investigado a import�ncia do desenvolvimento da coordena��o motora ampla e fina com popula��es diversas, atrav�s da pr�tica de atividades f�sicas ou exerc�cios f�sicos, revelando resultados satisfat�rios nessas vari�veis para indiv�duos fisicamente ativos (Contreira et al., 2007; Corazza et al., 2007; Katzer et al. 2008). Em estudo realizado por Contreira et al. (2007) no qual se verificou a coordena��o motora ampla e for�a em crian�as asm�ticas submetidas a um programa regular de exerc�cios f�sicos (nata��o e gin�stica respirat�ria), obteve-se diferen�a estatisticamente significativa entre o grupo na coordena��o motora ampla ap�s as 20 sess�es. Este resultado levou as autoras a conclu�rem que para esse grupo um programa efetivo de exerc�cios f�sicos pode contribuir para o aprimoramento da coordena��o motora ampla, tornando a movimenta��o do corpo mais eficiente e integrada. Corazza et al. (2007) realizaram um estudo com trabalhadores praticantes de gin�stica laboral, avaliando al�m da flexibilidade e aspectos emocionais, tamb�m a coordena��o motora ampla e fina. Os achados das autoras mostraram que ap�s 2 meses de pr�tica da gin�stica laboral os trabalhadores apresentaram resultados superiores nessas capacidades, o que refletiu em efeitos ben�ficos � sua sa�de. Outro estudo que tamb�m obteve resultados satisfat�rios em rela��o � coordena��o motora para praticantes de exerc�cios f�sicos foi o realizado por Katzer et al. (2008). Neste estudo as autoras investigaram a diferen�a na coordena��o motora fina em idosas praticantes e n�o praticantes de exerc�cios f�sicos. Os resultados revelaram que as idosas fisicamente ativas apresentaram desempenho superior para a execu��o da tarefa, id�ia que fortalece os benef�cios da pr�tica regular de exerc�cios f�sicos para a manuten��o dos elementos de uma estrutura motora b�sica, sendo a coordena��o motora fina uma capacidade motora de grande import�ncia para a autonomia funcional do idoso. 3.2. Propriocep��o A propriocep��o envolve a identifica��o senso-receptora das caracter�sticas de movimento do corpo e dos membros. Refere-se tamb�m � capacidade do sistema sensorial de captar sinais gerados pelo corpo de um indiv�duo, atrav�s de receptores localizados internamente no organismo (Magill, 1998;Teixeira, 2006). Segundo Paix�o (1981), � uma fonte importante de feedback chamada tamb�m de retroalimenta��o intr�nseca, ela � uma conseq��ncia natural do pr�prio movimento. A autora tamb�m a define como cinestesia e acredita que esta prov�m de v�rios receptores sensoriais presentes nos m�sculos e articula��es informando da for�a e velocidade do movimento e da posi��o do corpo no espa�o. Schmidt & Wrisberg (2001) complementam ao colocarem que os termos cinestesia e propriocep��o s�o hoje utilizados quase como sin�nimos, pois se referem ao conjunto de informa��o sensorial interna do controle da a��o. Os autores ainda definem a cinestesia como o sentido ou a consci�ncia que temos dos movimentos de nossas articula��es e a tens�o em nossos m�sculos durante a atividade motora. J� Deshpande et al (2003), acreditam que � atrav�s da cinestesia que se pode mensurar e quantificar a propriocep��o. Quanto aos receptores sensoriais, Mendon�a (2005) destaca que eles t�m como fun��o assimilar, discernir e interpretar as sensa��es que o meio provoca e tamb�m orientar movimentos e rea��es realizados pelo organismo, assim como suas posi��es no espa�o. Schmidt & Wrisberg (2001) corroboram ao afirmarem que na complexa combina��o de receptores que captam os est�mulos integrados pelo Sistema Nervoso Central encontram-se os fusos musculares, �rg�os tendinosos de golgi, aparelho vestibular e receptores cut�neos. Teixeira (2006) acrescenta que pelo fato destes receptores localizarem-se internamente no organismo, ou seja, fora do contato com o ambiente externo, eles s�o capazes de gerar informa��es exclusivas sobre a postura e os movimentos do corpo. De acordo com Haywood & Getchell (2004), o desenvolvimento do sistema cinest�sico ou proprioceptivo � importante tanto na manuten��o das capacidades f�sico-motoras necess�rias �s atividades da vida di�ria quanto na performance de habilidades esportivas, j� que produz informa��es importantes sobre as posi��es das partes do corpo relativas umas �s outras, sobre a posi��o do corpo no espa�o, sobre as diversas manifesta��es de movimentos corporais e tamb�m sobre a natureza dos objetos com os quais o corpo estabelece contato. Segundo Wall (apud Deshpande et al., 2003), a propriocep��o pode ser afetada em processos de doen�a, hipocinesia e tamb�m com a idade pelo fato de que � um sistema complexo que requer integra��o da energia sensorial de todos os receptores. Haywood & Getchell (2004) acrescentam que pouco � sabido sobre as mudan�as nos processos perceptivos � medida que as pessoas envelhecem, mas se sabe que os decr�scimos reduzem a qualidade da informa��o sensorial que alcan�a o Sistema Nervoso Central afetando a potencialidade da percep��o. Ainda, o decl�nio proprioceptivo com a idade pode ser uma importante influ�ncia no equil�brio aumentando a suscetibilidade a quedas (Ribeiro & Oliveira, 2007). A pr�tica regular de exerc�cios f�sicos pode ser uma estrat�gia ben�fica para preservar a propriocep��o e prevenir quedas em sujeitos idosos. Muitos estudos t�m revelado que a atividade f�sica regular pode atenuar o decl�nio proprioceptivo e que os n�veis de atividade tamb�m podem influenciar a propriocep��o (Ribeiro & Oliveira, 2007; Petrella et al. 1997). Petrella et al. (1997) investigaram a propriocep��o na articula��o do joelho em jovens e idosos ativos e sedent�rios. Diferen�as significativas foram observadas entre jovens e idosos ativos, jovens e idosos sedent�rios e idosos ativos e sedent�rios, resultados estes que levaram os autores a conclu�rem que a propriocep��o � diminu�da com a idade e que a pr�tica de atividade f�sica pode atenuar esse decl�nio. Existem evid�ncias de que o treinamento induz a adapta��es morfol�gicas nos mecanoreceptores envolvidos na propriocep��o, tais como a for�a muscular, ou seja, a melhora da for�a muscular com o exerc�cio pode melhorar a propriocep��o (Ashton-Miller et al.(2001) apud Ribeiro & Oliveira, 2007). Essas evid�ncias s�o confirmadas por Aydin et al. (2002) que em estudo com mulheres em dois grupos de ginastas e n�o ginastas, avaliando a propriocep��o de tornozelo encontraram diferen�as estatisticamente significativas entre os grupos, sugerindo que o treino espec�fico em gin�stica tem influ�ncia positiva no senso de posi��o articular do tornozelo e tamb�m no equil�brio. Corroborando esses achados, P�nics et al.(2008), verificaram programas de treinamento proprioceptivo espec�fico na propriocep��o de joelho em dois grupos de atletas profissionais de handebol feminino (experimental e controle) e obtiveram melhoras significativas no grupo experimental ap�s a interven��o, melhoras estas que n�o ocorreram no grupo controle. 4. Considera��es finais A pr�tica de atividade f�sica ou exerc�cio f�sico � fundamental na melhoria dos aspectos gerais da sa�de, como os aspectos fisiol�gicos e motores. Os elementos perceptivo-motores s�o potencializados com essa pr�tica, dentre eles destacamos a coordena��o motora e a propriocep��o que precisam ser constantemente estimulados. Esses elementos s�o fundamentais para a harmonia e efici�ncia na execu��o dos movimentos corporais tanto nas pr�ticas esportivas quanto nas atividades cotidianas, como por exemplo, deslocar-se de um local para outro, correr, subir escadas, vestir-se, banhar-se, segurar objetos, etc. A partir dessa revis�o fica evidente que atrav�s de um estilo de vida fisicamente ativo � poss�vel ter uma vida saud�vel e com qualidade. Com base nessas informa��es, � fundamental que indiv�duos de todas as faixas et�rias se conscientizem da import�ncia de manter a sa�de geral atrav�s do movimento, devendo ser incentivado � crian�a um repert�rio motor diversificado, tanto nas atividades de lazer quanto na educa��o f�sica escolar, potencializando o desenvolvimento psicomotor. Aos adolescentes, adultos e idosos recomenda-se a pr�tica habitual de exerc�cios f�sicos ou esportes de maneira que sejam estimuladas as capacidades motoras, a fim de manuten��o da sa�de f�sica e conseq�ente independ�ncia funcional. Refer�ncias bibliogr�ficas
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