Quais as modalidades elegíveis para pessoas com algum tipo de deficiência física?

O conceito de Paradesporto é bastante amplo e engloba todas as manifestações da prática de algum esporte por uma pessoa com deficiência, independente da modalidade escolhida do tipo ou nível da deficiência. O artigo 42 da Lei Brasileira de Inclusão – LBI prevê que a pessoa com deficiência tem direito ao esporte em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.

Dentro do Paradesporto temos um recorte de modalidades que são disputadas nos jogos Paralímpicos de verão (22 modalidades) e de inverno (05 modalidades) definidas pelo Comitê Paralímpico Internacional - IPC. No Brasil quem administra essas modalidades é o Comitê Paralímpico Brasileiro - CPB e as deficiências elegíveis são: Deficiência visual (cegueira e baixa visão), Deficiência física (motora) e Intelectual.

Cada esporte possui um sistema próprio de classificação funcional que tem como principal objetivo tornar a competição mais justa possível. Por isso em diversas modalidades existem classes funcionais diferentes que competem entre si de acordo os níveis de funcionalidade.

Já as modalidades que não fazem parte do programa Paralímpico também possuem suas diversas organizações de administração nacionais e internacionais, assim como eventos e sistemas específicos de classificação funcional. Destacam-se nesse grupo as modalidades praticadas por pessoas com deficiência intelectual, surdez e transtorno do espectro autista TEA que representam uma grande parcela do segmento de pessoas com deficiência. Além destes grupos temos as modalidades que fazem parte da cultura esportiva nacional como o futebol que é bastante praticado por diversas deficiências.

A SNPAR considera que o Paradesporto é uma excelente estratégia para construção dos conceitos de inclusão plena da pessoa com deficiência, pois através do esporte os valores e capacidades são redefinidos e a aceitação das diferenças tornam-se naturais dentro da sociedade.

As Paralimpíadas de Tóquio começam no dia 24 de agosto, e para que você não se perca na sopa de letrinhas das classes funcionais o ge preparou um guia explicando o sistema de classificação funcional dos atletas em cada um dos 22 esportes do programa paralímpico.

Cada modalidade tem um sistema próprio de classificação, com siglas em referência ao nome do esporte ou da deficiência em inglês, além de números que indicam o grau de comprometimento do atleta.

O objetivo da classificação é garantir sempre a igualdade de condições na disputa. Para tal são feitos 1) exames físicos, 2) avaliação funcional, com testes de força muscular, amplitude de movimento articular, medição de membros e coordenação e 3) exame técnico, que consiste na demonstração da prova em si, com o atleta usando as adaptações necessárias. Os avaliadores analisam a realização do movimento, a técnica utilizada, assim como as próteses e órteses.

Confira a classificação de todos os esportes:

Petrucio Ferreira corre na pista em treino de aclimatação do Brasil em Hamamatsu — Foto: Takuma Matsushita

A letra “F” (de field, em inglês) é utilizada para provas de campo, como arremessos e lançamentos. A letra “T” (de track, em inglês) é utilizada para corridas de velocidade, fundo e saltos. Quanto menor a numeração, maior o grau de deficiência.

· T 11 a 13: deficientes visuais
· T 20: deficientes intelectuais
· T 31 a 38: paralisados cerebrais (31 a 34 para cadeirantes, 35 a 38 para andantes)
· T 40 e 41: anões
· T 42 a 44: deficiência nos membros inferiores
. T 45 a 47 deficiência nos membros superiores
· T 51 a 54: competem em cadeiras (sequelas de poliomielite, lesão medular e amputação)
. T 61 a 64: amputados de membros inferiores com prótese

· F 11 a 13: deficientes visuais
· F 20: deficientes intelectuais
· F 31 a 38: paralisados cerebrais (31 a 34 para cadeirantes, 35 a 38 para andantes)
· F 40 e 41: anões
· F 42 a 44: deficiência nos membros inferiores
. F 45 a 47: deficiência nos membros superiores
· F 51 a 57: competem em cadeiras (sequelas de poliomielite, lesão medular e amputação)

BASQUETE EM CADEIRA DE RODAS

Os atletas recebem uma classificação funcional que varia de 1 a 4,5 pontos, de acordo com o comprometimento motor: quanto menor o comprometimento do atleta, maior a pontuação. Durante o jogo, a soma total dos cinco jogadores não pode ultrapassar os 14 pontos.

A classificação varia de acordo com o grau de comprometimento motor e a necessidade de auxílio, como o uso de calha e de capacete com agulha.

.BC1: podem ter auxílio para estabilizar a cadeira e receber a bola.
· BC2: não há assistência.
· BC3: atletas com deficiências muito severas, que utilizam instrumento auxiliar e podem ser ajudados por outra pessoa
· BC4: atletas com deficiências severas que competem sem assistência

Existem três classes funcionais nos eventos de canoagem paralímpica:

. KL1: usa somente os braços na remada
. KL2: usa tronco e braços na remada
. KL3: usa pernas, tronco e braços na remada

Luis Carlos Cardoso treina na canoa: ele compete na classe 1, que usa somente braços na remada — Foto: Ale Cabral / CPB

CICLISMO - DE PISTA E ESTRADA

Há quatro tipos de bicicletas, indicadas por diferentes letras. Quanto menor o número, maior a limitação do competidor.

· Tandem - B: atletas com deficiência visual que competem no tandem (bicicleta com dois assentos) com um ciclista sem deficiência no banco da frente.
· H1–H4: atletas que utilizam a handbike (bicicleta especial em que o impulso é dado com os braços) e se posicionam deitados
. H5: atletas que utilizam a handbike e se posicionam ajoelhados, utilizando a força dos braços e também do tronco para impulsão
· T1–T2: atletas com paralisia cerebral que precisam competir usando um triciclo.
· C1–C5: atletas com deficiência físico-motoras e/ou amputados que competem usando uma bicicleta convencional.

ESGRIMA EM CADEIRA DE RODAS

São elegíveis atletas com deficiência física que afeta o movimento de pelo menos uma perna ou pé. Há duas classes nas Paralimpíadas.

· Categoria A: atletas com bom controle do tronco, em que o braço que porta a arma não é afetado pela deficiência.
· Categoria B: atletas com deficiência que afeta o controle do tronco ou do braço que porta a arma.

Nas Paralimpíadas são elegíveis apenas os cegos totais (B1) para as posições de linha. Se encaixam neste quesito atletas sem qualquer percepção luminosa ou com alguma percepção luminosa, mas incapazes de reconhecer formas a qualquer distância ou em qualquer direção. O goleiro tem visão normal.

Todos os atletas usam vendas para que haja igualdade de condições.

· B1 – cego total: nenhuma percepção luminosa em ambos os olhos ou percepção de luz, mas com incapacidade de reconhecer formatos a qualquer distância ou em qualquer direção.
· B2 – atletas com percepção de vultos.
· B3 – atletas que conseguem definir imagens.

A classificação para a modalidade é feita unicamente através do peso. Portanto, atletas com diferentes deficiências competem juntos pela mesma medalha. São elegíveis atletas com deficiências que afetem o movimento das pernas e quadris, assim como anões.

Quanto menor o número, maior o comprometimento físico do atleta.

· Classe I (dividida em Ia e Ib): cadeirantes com pouco equilíbrio do tronco e/ou debilitação de funções em todos os quatro membros
· Classe II: cadeirantes ou com comprometimento severo do tronco e mínima limitação de membros ou comprometimento moderado de tronco, pernas e braços
· Classe III: atletas com lesões severas nas pernas, mas com mínimo ou nenhum comprometimento de troco, ou com moderado comprometimento de pernas, troncos e braços.
· Classe IV: reúne atletas com comprometimento severo em ambos os braços, com comprometimento moderado dos quatro membros, com baixa estatura ou com deficiência visual severa ou total (B1)
.Classe V: deficiência em um membro ou deficiência leve em dois membros, comprometimento de amplitude de movimento ou da força muscular e atletas com deficiência visual moderada (B2)

Antonio Tenório é da classe B1, para cegos — Foto: Reprodução

Competem apenas deficientes visuais. Há divisões por peso, mas atletas com diferentes graus de comprometimento da visão competem juntos.

· B1 – cego total: nenhuma percepção luminosa em ambos os olhos ou percepção de luz, mas com incapacidade de reconhecer formatos a qualquer distância ou direção.
· B2 – atletas com percepção de vultos.
· B3 – atletas que conseguem definir imagens.

A letra “S” antes da classe representa provas de estilo livre, costas e borboleta. As letras “SB” referem-se ao nado peito, enquanto “SM” indicam eventos medley. Como o nado peito exige maior impulsão com a perna, é comum que o atleta esteja em uma classe diferente neste estilo em relação aos outros. O mesmo acontecer com as provas medley. Quanto menor o número, maior a deficiência.

· 1–10: atletas com deficiências físicas.
· 11–13: atletas com deficiências visuais. Os da classe 11 tem pouca ou nenhuma visão.
· 14: atletas com deficiências intelectuais.

Vitor Tavares será o representante do Brasil na estreia do parabadminton em Paralimpíadas — Foto: Takuma Matsushita/CPB

O esporte estreante no programa dos Jogos tem seis classes funcionais

.WH1: atletas cadeirantes, geralmente com deficiência em ambas as pernas e tronco
.WH2: atletas cadeirantes em uma das pernas e mínima ou nenhuma limitação de tronco
.SL3: atletas andantes com deficiência em uma ou duas pernas e com muita dificuldade de locomoção e equilíbrio
.SL4: atletas andantes com deficiência em uma ou nas duas pernas, mas com pouca dificuldade de locomoção e equilíbrio
.SU5: atletas com deficiência nos membros superiores, podendo ser ou não no braço da raquete
.SH6: atletas de baixa estatura

Apenas a modalidade kiorugui, de luta, é disputada. Nas Paralimpíadas há combinação de duas classes funcionais em uma única disputa.

.K44: atletas com amputação unilateral abaixo da articulação do cotovelo ou perda de função equivalente ou perda de dedos dos pés que afete a capacidade de levantar o tornozelo.
.K43: atletas com restrições em ambos os lados abaixo da articulação do cotovelo ou dismelia bilateral.

.PR1- remadores com função nula ou mínima de tronco, que precisam ser amarrados ao barco e impulsionam o barco principalmente através de braços e ombros.

.PR2 - remadores com uso funcional dos braços e tronco, mas que ainda apresentam fraqueza/ausência da função das pernas para deslizar o assento.

.PR3 - Remadores com função residual nas pernas que lhes permite deslizar no assento. Esta classe também inclui atletas com deficiência visual, podendo haver até dois por barco de quatro.

RUGBY EM CADEIRA DE RODAS

Seleção brasileira de rugby em ação no Parapan de Lima — Foto: Saulo Cruz/EXEMPLUS/CPB

Todos os atletas são tetraplégicos. Cada um recebe uma pontuação de acordo com sua habilidade funcional, de 0.5 a 3.5. Quanto maior o número, menor o comprometimento pela deficiência. Os quatro titulares não podem somar juntos mais do que oito pontos. A cada mulher em quadra, o limite de pontuação é ampliado em 0.5 pontos.

Há 11 classes no tênis de mesa. Quanto maior o número, menor o comprometimento físico-motor.

· TT1, TT2, TT3, TT4 e TT5 – atletas cadeirantes
· TT6, TT7, TT8, TT9, TT10 – atletas andantes
· TT11 - atletas andantes com deficiência intelectual

TÊNIS EM CADEIRA DE RODAS

· Classe aberta: atletas com deficiência para se locomover (medula ou amputação), mas sem comprometimento de braços e mãos.
· Classe “quad”: atletas com deficiências que afetem, além das pernas, o movimento dos braços, dificultando o domínio da raquete e da movimentação da cadeira de rodas. Nesta classe, homens e mulheres podem competir juntos.

Em Tóquio haverá disputa em apenas duas classes:

.W1: atletas com comprometimento em todos os quatro membros e que usem cadeira de rodas.
.Aberta: combina as classes W2 e ST, reunindo atletas que têm deficiência nas pernas e usam cadeira de rodas ou que possuem deficiência de equilíbrio e atiram em pé ou com auxílio de um apoio.

Atletas do tiro com arco do Brasil treinam em Hamamatsu — Foto: Takuma Matsushita/CPB

· SH1: atletas que conseguem suportar o peso da arma. Podem usar rifle ou pistola.
· SH2: atletas que necessitam de suporte para apoiar a arma. Podem usar apenas o rifle.

Existem nove classes no triatlo paralímpico. Nos Jogos de Tóquio haverá quatro classes para os homens (PTWC, PTS4, PTS5, PTVI ) e de quatro para as mulheres ( PTWC, PTS2, PTS5, PTVI).

.PTWC: Atletas cadeirantes, que utilizam handcycle e cadeira de rodas para corrida. A classe ainda é dividida nas subclasses PTWC1 (deficiências mais severas) e PTWC2 (menos severas).
.PTS 2-5: Atletas com deficiências físico-motoras e paralisia cerebral andantes, sendo a PTS2 para deficiências mais severas e PTS5 para deficiências mais moderadas. É permitido o uso de próteses para provas de ciclismo e corrida.
.PTVI: para deficientes visuais. Atletas são assistidos por um guia, e no ciclismo é usado a bicicleta tandem, para duas pessoas

Treino da seleção brasileira feminina de vôlei sentado em Hamamatsu — Foto: Fabio Chey/CPB

A formação em quadra permite no máximo um atleta VS2 por time por vez.

.VS1: atletas com comprometimento significativo das funções do core, com amputações altas, membros encurtados no nascimento, rigidez anormal de articulações, tensão muscular e movimentos descoordenados e/ou involuntários.
.VS2: atletas com comprometimento menos grave, como amputação de pés, de dedos de uma das mãos, casos mais brandos de tensão muscular, movimentos descoordenados e/ou involuntários.

Quais são as modalidades elegíveis para pessoas com algum tipo de deficiência física?

Modalidades das Paralimpíadas.
Atletismo. Essa modalidade paralímpica faz parte dos jogos desde sua primeira edição, em Roma, no ano de 1960. ... .
Basquete em cadeira de rodas. ... .
Bocha. ... .
Ciclismo. ... .
Futebol de cinco. ... .
Halterofilismo. ... .
Hipismo. ... .

Quais modalidades esportivas para pessoas com deficiência?

Conheça outras modalidades praticadas por pessoas com deficiência.
Futebol e suas adaptações. A paixão nacional, futebol, possivelmente foi a modalidade coletiva mais adaptada para ser jogada por pessoas com deficiência. ... .
Handebol em cadeiras de rodas. ... .
Surfe adaptado. ... .
Esportes para surdos..

Quantos tipos de deficiência são elegíveis?

Existem 10 tipos diferentes de deficiência. Eles são frequentemente divididos em três grupos de deficiência: física (potência muscular prejudicada, amplitude de movimento prejudicada, deficiência de membros, diferença de comprimento das pernas, hipertonia, ataxia, atetose e baixa estatura), de visão e intelectual.

Quais são as modalidades elegíveis para atletas com deficiência visual?

Existem vários esportes para deficientes visuais. Muitos deles apresentados no site, como Atletismo, Natação, Ciclismo, Remo, e alguns específicos para deficientes visuais como o Goalball e Futebol de 5.