Quando falamos de genes, nos soa como algo distante, que só importa ao cientista em seu laboratório, cultivando células em uma placa de Petri. Show
Embora alterações no genoma sejam, comumente, associadas a efeitos negativos, como doenças e malformações, elas têm um valor
essencial para a evolução das espécies. Algumas dessas alterações podem implicar em mudanças, sejam elas sutis ou nem tanto, no fenótipo, de forma a beneficiar um indivíduo, ao invés de prejudicá-lo. Se essas mudanças acabam contribuindo para a sobrevivência de um organismo, sob determinadas condições ambientais, isso pode facilitar que esse indivíduo se reproduza e essa mudança, que inicialmente surgiu ao acaso, como um erro, pode ser passada para seus descendentes. Os descendentes, que
herdarão essa característica, podem continuar se beneficiando e, por consequência, podem passando a essa característica para as gerações seguintes, e assim por diante. O acúmulo de mudanças, tanto no genoma, quanto no fenótipo, ao longo de muitas gerações (muitas mesmo!), é uma forma de se entender a evolução das espécies. E se existe variação entre indivíduos de uma mesma espécie (mesmo entre irmãos, pais e filhos, etc.), imagine a variação entre indivíduos de espécies diferentes. Nós, seres humanos, por exemplo, somos primatas (por sua vez, mamíferos) e um grupo irmão dos chimpanzés. Isso significa que nossa linhagem, a linhagem dos hominídeos, teve um ancestral comum muito recente com o da linhagem dos chimpanzés. Ou seja, há cerca de pouco mais que 5
milhões de anos, essa espécie ancestral acumulava diferenças em seu genoma, ao longo de duas gerações, que diferenciavam um grupo de indivíduos de outro grupo, da mesma espécie. Com o tempo, as diferenças acumuladas foram tantas, que deu-se origem a linhagens distintas. Essas linhagens, alguns milhões de anos depois, estão representadas por espécies viventes, os seres humanos e os chimpanzés. Essas comparações contribuem de formas diversas. Ao se comparar, por exemplo, o gene de uma proteína específica envolvida com a leucemia de um paciente com essa doença com o mesmo gene, mas em um paciente saudável, é possível identificar quais modificações na sequência de bases podem estar envolvidos com o surgimento da doença. Da mesma forma, ao comparar o genoma do ser humano com o do chimpanzé, atentando para genes importantes, é possível entender a história evolutiva da espécie humana e tentar reconstruir as alterações que foram transmitidas por nossos ancestrais, de forma a surgir uma espécie com as peculiaridades da nossa – e o mesmo vale para os chimpanzés e para qualquer outra espécie de ser vivo do planeta. E se genes e genomas ainda soam como algo distante, que só interessa à ciência, talvez seja hora de repensar isso. As informações genéticas são tão importantes quanto o ambiente que nos rodeia, e estão no centro de definir quem somos nós – como espécie ou mesmo como indivíduos. escrito por Vinicius Anelli revisado por Marisa Barbieri Qual a diferença entre tamanho do genoma e complexidade do genoma?Logo, não há uma relação entre tamanho de genomas e “complexidade biológica” e sim uma relação com a quantidade de elementos transponíveis. Assim, grande quantidade desses elementos podem gerar o DNA “entulho” que correspondem a segmentos repetitivos.
Quanto maior o genoma de uma espécie maior é a complexidade biológica dessa espécie?Em geral, como é de se esperar, quanto mais complexo o organismo, maior é o seu DNA. Mas essa relação entre tamanho do genoma e complexidade do organismo não é perfeita, ela apresenta várias exceções. Ao contrário do que talvez você esperava, o genoma da nossa espécie não é um dos maiores.
Por que é consenso que o tamanho do genoma não tem relação com a complexidade de um organismo?O conhecimento acumulado, particularmente sobre genomas e diversidade, nos permite rejeitar essa hipótese de correlação entre quantidade de DNA e complexidade. Um dos principais problemas com essa hipótese é o uso de um conceito ambíguo como complexidade.
São processos que aumentam o tamanho do genoma ao longo da evolução?Sendo mais estáveis, o DNA pode aumentar de tamanho através do processo de duplicação gênica. Apresenta a informação duplicada, em cada uma das fitas de DNA, o que também facilita o reparo em caso de dano de uma das fitas, já que a fita complementar apresentará a mesma informação.
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