Porque durante uma tempestade vemos primeiro o clarão de um relâmpago é só depois ouvimos o estrondo do trovão?

Ilustração: Diogo Puhl Pereira

— Vó, vóóóóóó!!!

— O que aconteceu, menino? Que gritaria é essa?

— Não adianta, vó, eu não consigo dormir. O clarão na janela e os estouros no céu não me deixam pegar no sono. Estou com medo, vovó!

— Mas, querido, faz parte da chuva.

— Chuva? Isso é uma tempestade! E logo hoje, no meu primeiro dia de férias? Chovendo desse jeito, amanhã não vai dar para pescar no rio com o vovô.

— Calma, é uma tempestade de verão! Você vai ver que amanhã cedinho vai sair sol e o dia vai ser bem quente para tomar banho no rio e pescar com o vovô. Mas, para poder aproveitar, você precisa descansar essa noite. Vamos, Marcelo, é só uma chuva! Feche os olhos e tente dormir, pois já é tarde e sua mãe não vai gostar nada de saber que você ainda está acordado a uma hora dessas.

— Ah, vó, fica aqui comigo? Por favor! Quando eu vejo um clarão no quarto, já tapo meus ouvidos e vou para debaixo da coberta, porque sei que em seguida vai dar um barulhão.

— Hum, e você sabe por que isso acontece?

— Isso o quê?

— Primeiro o clarão no céu e depois o barulhão?

— Não sei! Só sei que é assustador. Parece que a casa chega a tremer.

— Mas mesmo que seja assustador, faz parte da natureza e tem uma explicação.

— Tem, é?

— Está bem, você venceu, mocinho! Já que o seu medo me fez perder o sono, vou aproveitar para tentar te explicar direitinho como surgem esses fenômenos.

— Iupi! Boa ideia, vó! Assim, a senhora me faz companhia, e a noite passa mais depressa.

— Então, preste atenção: quando a parte de uma nuvem acumula muita carga elétrica, acontece um fenômeno chamado relâmpago. A carga elétrica é formada pelo choque que acontece entre o ar quente e a água que está congelada dentro da nuvem. Sabe quando o céu fica cheinho de nuvens enormes e escuras? São essas nuvens que produzem as descargas elétricas que atingem o chão, formando o que chamamos de raios. Ou seja: os raios que caem em direção ao solo produzem os clarões que vemos no céu. São apenas relâmpagos, não precisa ter medo!

— Ah, entendi, vovó! Mas os relâmpagos não são tão assustadores quanto o barulho que vem depois.

— Mas também há uma explicação para os barulhos que assustam você.

— É mesmo?

— Sim! Os estrondos que nós ouvimos se chamam trovões. Eles acontecem porque uma parte do raio se aquece muito rápido fazendo com que o ar se desloque e se espalhe com violência causando um barulho muito forte.

— “O ar se espalha com violência”? Como assim?

— É que quando o relâmpago sai da nuvem para o chão, as descargas elétricas deixam o ar muito quente e provocam uma espécie de explosão. Aí o som vai se espalhando e causa um barulho que deixa muita gente assustada.

— Mas por que primeiro vemos o relâmpago e só depois ouvimos o trovão?

— Porque a velocidade da luz é maior que a velocidade do som. Por isso que, às vezes, quando você vê o clarão, dá tempo de se esconder debaixo da coberta, porque a luz chega mais rápido que o som. Quando vemos o relâmpago e logo conseguimos ouvir o som do trovão, significa que o raio caiu em algum lugar perto de nós. E quando demoramos mais tempo para ouvir o estrondo, significa que o raio caiu em algum lugar mais distante.

— Então quer dizer que estamos em perigo com uma tempestade como essa?

— Quer dizer que, durante uma tempestade, precisamos nos abrigar em um local seguro, como aqui dentro de casa. E também quer dizer que não devemos ficar embaixo de árvores, em espaços abertos, na piscina e no mar, por exemplo, porque os raios caem mais facilmente em lugares como esses.

— Puxa, vovó, quanta coisa interessante! Como é que a senhora sabe tudo isso?

— Ué, sendo curiosa, lendo e pesquisando muito. Os fenômenos da natureza são explicados pela Ciência, e nós precisamos acreditar na Ciência, porque os cientistas estudam muito para descobrir e explicar todas essas coisas. Para pesquisar sobre os raios, por exemplo, eles precisam ser ágeis e usar câmeras rápidas e de ótima qualidade porque tudo o que acontece em um raio, acontece muito rápido, durando, no máximo, dois segundos.

— Que legal, vovó. Eu acho que, quando eu crescer, vou querer ser cientista!

— Excelente escolha, meu neto! Nós precisamos da Ciência para sobreviver. Mas esses planos ficam para outro dia. Hoje, você precisa dormir.

— Nossa, vovó, foi tão bom aprender sobre os raios e trovões que eu nem percebi que já parou de chover.

— Viu só? Eu te disse que era uma chuva passageira de verão. Quando você acordar, um lindo dia de sol estará te esperando. Mas agora feche os olhos e tente descansar porque já passou da meia-noite e nós precisamos dormir.

— Tá bem, vó, mas será que a senhora pode deixar a luz acesa? Pode ser que volte a chover.

— Você não tem jeito mesmo, não é? Boa noite, querido!

— Boa noite, vovó!

Tauana Marin
Diário do Grande ABC

25/11/2018 | 07:00


O trovão é o barulho ou o estrondo provocado pela descarga elétrica que vemos no céu. Esse som acontece pela rápida expansão do ar, que fica aquecido devido ao efeito do raio. É algo semelhante quando ouvimos a explosão de alguma bomba ou bexiga.

Nem sempre o clarão visto no céu faz barulho e o som que ouvimos depende da distância de onde estivermos em relação ao fenômeno natural. Uma descarga elétrica na atmosfera provoca grande aquecimento no ar durante sua passagem pelo céu. A temperatura na região da descarga pode ser bem maior do que a existente na superfície do Sol, podendo chegar a milhares de graus – atualmente, a temperatura média do nosso planeta é de 14°C.

O raio pode ocorrer de diversas maneiras: de uma nuvem para outra, de uma nuvem para a Terra ou até mesmo dentro de uma mesma nuvem. Acontece que o clarão provocado por descarga elétrica pode ser visto a centenas de quilômetros de distância. Já o barulho provocado não consegue viajar tão longe assim. O som precisa de meio material para se propagar (no caso, o ar da atmosfera) e, muitas vezes, é atenuado ou absorvido quando encontra grandes nuvens de chuva em seu caminho. Além disso, ele não se propaga no vácuo e, por isso, não pode ser ouvido fora da atmosfera terrestre.

Geralmente, o trovão é mais comum quando há nuvens carregadas eletricamente. Basta que ocorra descarga elétrica que haverá a expansão repentina do ar aquecido. Não só nuvens de tempestade podem se eletrizar. As formadas por poeira geradas pela erupção de vulcão ou tempestades de areia no deserto, por exemplo, também podem gerar energia para provocar esses tipos de fenômenos.

DIFERENÇAS - Chamamos de raio a descarga elétrica que acontece no ar. Ele provoca clarão de luz conhecido como relâmpago. Em geral, o trovão não causa nenhum dano às pessoas, apenas sendo responsável por alguns sustos.

Detalhe que a força do raio depende da intensidade de sua descarga elétrica, chegando a provocar estrondo semelhante ao de uma bomba em certos casos e causando onda de choque no ar. Neste caso, a explosão pode causar sérios danos físicos a quem estiver por perto.

O trovão pode ser ouvido (bem fraquinho) até cerca de 20 quilômetros de distância. Já o relâmpago pode ser visto a mais de 100 quilômetros

Consultoria de Cláudio H. Furukawa, físico e professor do Laboratório de Demonstrações do Instituto de Física da USP (Universidade de São Paulo).  

Porque durante uma tempestade vemos primeiro o clarão de um relâmpago é só depois ouvimos o estrondo do trovão?

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Porque em uma tempestade Primeiro vemos o relâmpago é depois ouvimos o trovão?

O trovão sempre acontece logo após o relâmpago, porque a velocidade da luz é muito maior do que a velocidade do som.

Por que numa tempestade Primeiro vemos o relâmpago?

Primeiramente, vemos o relâmpago e o trovão vem somente depois. Isso acontece porque a velocidade da luz é absurdamente mais rápida em comparação com a velocidade do som. Geralmente, os trovões provocam um grande estouro.

Por que ouvimos o som do trovão após vermos o relâmpago como estimar a distância em que o raio aconteceu por meio da diferença de tempo entre o raio é o trovão?

A resposta é simples: a velocidade da luz é muito maior que a velocidade do som. Enquanto a velocidade da luz alcança 299.792.458 m/s, a velocidade do som apenas chega a 340 m/s.

O que vem primeiro o trovão ou o raio?

Como a velocidade de propagação da luz é muito superior à velocidade de propagação do som no ar, sempre perceberemos o raio primeiro e só posteriormente ouviremos o trovão.