Foto: Getty Images Ao pensarmos sobre a presença da arte na educação infantil, logo vem à nossa mente práticas comuns como oferecer folhas sulfites brancas para desenhar ou com uma imagem previamente impressa para pintar, fornecer massinha colorida para modelagem e tintas de várias cores e texturas. Além disso, é comum que a gente desenvolva atividades com sucatas em geral e disponibilize revistas para recorte, colagem e rasgaduras. Estou errada? Muitas vezes essas atividades são utilizadas como prêmio pelo bom comportamento dos alunos ou para ocupar o restante do tempo da aula. Sem fazer juízo de valor, mas a arte não tem esses objetivos. Show
LEIA MAIS Os professores de Arte podem trazer o Brasil à razão Também observamos na educação infantil a marcante presença da contação de histórias que, em alguns casos, é muito semelhante à leitura formal e desinteressante de um texto qualquer, desprovido de magia e encantamento. As danças e encenações teatrais, no geral, ficam restritas às datas comemorativas que, por sua vez, nem sempre trazem significado para a criança. Há tantas outras práticas desconectadas com o universo dos alunos, o fazer pelo fazer.... Estaria a arte presente nessas práticas? Buscar respostas a essas questões pode ser o início de uma conversa sobre os sentidos da arte na educação infantil. Segundo Ostento (2010), o educador é “essa pessoa-chave para mediar os caminhos da criança no mundo simbólico da cultura, da arte. E nesse caminhar, na experiência compartilhada, ele vai aprendendo a reparar em seu ser poético. Seguindo de mãos dadas com as crianças e comprometido com o resgate de seu próprio eu-criador, o professor amplia sua possibilidade de compreendê-las, de reconhecer seus ‘despropósitos’ e apoiar suas buscas e escolhas. Converte-se, então, em parceiro privilegiado de novas e infinitas aventuras poéticas!” LEIA MAIS Como é o letramento midiático fora da Língua Portuguesa? Qual seria então, o papel do professor ao trabalhar as várias linguagens da Arte na educação infantil? Acredito que o papel do professor mediador é a de organizar o ambiente, promover situações problema, propostas e provocações estabelecendo correlação com a faixa etária das crianças. Essa postura docente é fundamental para criar um ambiente propício à criatividade e à expressão. A partir do momento que o educador entender que as crianças vivenciam e produzem cultura, que são seres ativos e sujeito de direitos, a prática docente tende a ser transformada e entendida como suporte, ponte, elo de ligação para novos saberes. Criar e deixar criar Holm (2007) afirma que “quando se trabalha com a primeira infância, arte não é algo que ocorra isoladamente. Ela engloba: controle corporal, coordenação, equilíbrio, motricidade, sentir, ver, ouvir, pensar, falar e ter segurança. E ter confiança para que a criança possa se movimentar e experimentar. E que ela retorne ao adulto, tenha contato e crie junto. O importante é ter um adulto por perto, coparticipando e não controlando. ” Trabalhar com a arte na educação infantil é abraçar o mundo com o corpo todo! Para que isso ocorra, precisamos dar o direito da criança se expressar do jeito dela, com a estética que lhe é peculiar e de todas as formas possíveis. Quanto mais elementos artísticos o educador apresentar para as crianças, mais rica será a linguagem e a expressividade delas. Dançar, pintar, cantar e dramatizar, dentre outras formas de expressão humana, são linguagens. Portanto pensamento e cognição. Criar e deixar criar talvez sejam caminhos ainda não percorridos por muitos, mas necessários e urgentes quando falamos de educação infantil e arte. Encontramos em muitas instituições de educação infantil um grande equívoco, que é a reprodução sistemática e estereotipada, a intervenção excessiva dos professores na busca pelo esteticamente correto, não respeitando a concepção estética da criança. Tais práticas reforçam e alicerçam a necessidade premente de ressignificar a prática docente. A criança é um campo fértil para a criatividade e a imaginação e nós, muitas vezes sem intenção, subestimamos sua capacidade e impedimos o seu desenvolvimento estético cada vez que interferimos demasiadamente e direcionamos sua expressão artística-criativa, sufocando as possibilidades de novos saberes. A mente humana é naturalmente investida de curiosidade, basta deixar a criação acontecer, sem modelos estereotipados, seja na dança, nas artes visuais, no teatro ou na música. Porém, sem esquecer do papel fundamental do professor, que deve ser o interlocutor, promotor e organizador do processo de criação. Papel que para desempenhar é necessário sair da zona de conforto, das atividades prontas e acabadas, da reprodução sistematizada e estéril, desprovida de intencionalidade e objetivos pedagógicos. Para garantir oportunidades para a expressão viva da criança, precisamos considerar que “expressar não é responder a uma solicitação de alguém, mas mobilizar os sentidos em torno de algo significativo, dando uma outra forma ao percebido e vivido” (CUNHA, 1999), o que também é diferente de simplesmente “deixar fazer”, acreditando na chamada “livre expressão”. Para mobilizar os sentidos, é essencial o enriquecimento de experiências, promovendo encontros com diferentes linguagens, alimentando a imaginação para que meninos e meninas possam aventurar-se a ir além do habitual, à procura da própria voz e da sua poesia. (OSTETTO, 2010). Para saber mais: 1. CUNHA, S. R. V. Pintando, bordando, rasgando, desenhando e melecando na educação infantil. In: CUNHA, S. R. V. da (Org.). Cor, som e movimento. Porto Alegre: Mediação, 1999. p. 7-36. 2. HOLM. A. M. Baby - Art: os primeiros passos com a arte. São Paulo: Museu de Arte Moderna de São Paulo, 2007. 3. OSTETTO, L. Educação Infantil Saberes e Fazeres da Formação de Professores. São Paulo. Editora: Papirus. 2010 *Rosana Cintra é pedagoga, pós-doutora em psicologia da Educação pela Universidade de Lisboa e professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), onde lidera o Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Especial e Múltiplas Linguagens (GEPEMULT). . Por que desenvolver aulas de arte no ensino fundamental anos iniciais?A arte valoriza a organização do mundo da criança, assim como o relacionamento com o outro e com o seu meio. Estimular o ensino da arte nesta perspectiva tornará a escola um espaço vivo, contribuindo assim para o desenvolvimento pleno de seus educandos.
Qual é o papel da arte na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental?A criança na educação infantil explora os sentidos em tudo que faz. Através da realização de atividades artísticas ela desenvolve sentimento, auto estima, capacidade de representar o simbólico. A arte pode ir além de uma atividade prática e precisa ser compreendida como um processo que envolve sentimentos e emoções.
Quais os principais motivos para trabalhar a arte na educação infantil?6 benefícios da arte na educação infantil. Ajuda na coordenação motora. ... . Amplia a criatividade. ... . Melhora o vocabulário. ... . Trabalho em equipe. ... . Expressão de sentimentos e comunicação. ... . Estimula o pensamento crítico.. Por que a arte pode contribuir no processo de ensino e aprendizagem na escola?Qual é o papel da arte na educação. O estudo artístico auxilia o aluno a desenvolver e a trabalhar várias características, como o foco e a concentração, a disciplina, a imaginação, o senso crítico, a criatividade, a resiliência, além de aumentar o repertório cultural e histórico do estudante.
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