Por que eu soou muito

Em decorrência de mudanças de temperatura, exercícios físicos ou fatores emocionais – como nervosismo ou estresse –, o corpo sua. Essa quantidade liberada varia ao longo do dia e das estações do ano, mas serve para equilibrar o corpo com o meio externo (de no mínimo 35,5° C a no máximo 36,5° C) e eliminar substâncias tóxicas.

Cada pessoa tem de 2 a 5 milhões de glândulas atuando nesse processo de transpiração, que é mais frequente nas axilas, mãos, pés, virilha, rosto e couro cabeludo. Elas liberam água (95%) e alguns elementos do sangue (5%), como sal.

Para aprofundar o tema, o Bem Estar desta sexta-feira (22) convidou o cirurgião do tórax José Ribas e o dermatologista Luiz Guilherme Castro, que passaram dicas úteis para evitar o suor e o mau cheiro.

Por que eu soou muito

O suor não tem odor, que vem da degradação desse líquido pelas bactérias, cujos lugares preferidos do corpo são os mais úmidos, quentes e escondidos, como as axilas, a virilha e os pés.

Na pele, os chamados termoreceptores percebem que a temperatura ambiente ou corporal está elevada e avisam o cérebro, que ativa o sistema nervoso simpático, responsável por emitir um sinal para as glândulas sudoríparas.

Quem bebe muita água não tende a suar mais, mas o contrário ocorre, pois para se preservar o organismo libera menos líquido. Já as pessoas mais gordinhas podem transpirar mais. Entre as técnicas para evitar o suor excessivo, estão o uso de antitranspirantes, toxina botulínica (que tem efeito temporário) e cirurgia.

Tipos de glândulas
- Écrinas: são estimuladas pelo calor, regulam a temperatura e produzem uma solução de água e sal. Distribuem-se pelo corpo todo.

- Apócrinas: são mais estimuladas pela emoção, reúnem uma mistura de proteínas, lipídios e aminoácidos (são mais gordurosas) e concentram-se nas axilas e na virilha. A secreção tem um cheiro forte, resultado da degradação de bactérias. Na puberdade, essas glândulas começam a funcionar e é por isso que aparece um odor intenso.

Desodorante x antitranspirante
A venda de antitranspirantes representa 83,5% do mercado e a de desodorantes, 16,5%. Para ser antitranspirante, o produto precisa conter pelo menos 20% do suor, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O máximo da redução chega a 60%.

Cinco dicas
1 - Ao usar o antitranspirante, espere secar antes de se vestir, para evitar manchas na roupa e favorecer a ação do produto, que pode ser em roll on, spray ou talco.

2 - Sempre passe desodorante ou antitranspirante com o corpo seco, para evitar alergias e melhorar o resultado.

3 - Em momentos de nervosismo, você pode usar um antitranspirante para suar menos.

4 - Se seu produto for do tipo aerossol, afaste-o a uma distância segura de 15 cm para evitar queimaduras na pele.

5 - Agite bem antes de aplicar os produtos, para poder fazer efeito e não entupir a embalagem.

Alimentos
Produtos termogênicos, riquíssimos em carboidratos, são “bombas de suor”, pois elevam a temperatura do corpo e fazem com que o metabolismo se acelere na digestão.

Alguns exemplos:

- Pimenta

- Feijoada e tutu de feijão

- Churrasco

- Café, chá mate e refrigerante de cola

Roupas
Antes de usar um tecido, observe se ele é arejado ou não. Os que permitem a passagem do ar (como algodão e linho) facilitam muito a vida de quem costuma suar.

Já os supersintéticos, impermeáveis ou plásticos (como poliéster e nylon) são mais complicados. Quanto mais fechado for o tecido, mais difícil será para o corpo se resfriar. Ele, então, fica abafado e transpira mais.
 

Calcula-se que até 5% da população possa sofrer com hiperidrose, condição caracterizada pelo suor excessivo. Embora não seja perigoso, o problema pode comprometer a qualidade de vida, mas tem jeito de amenizar o incômodo.

Entenda por que algumas pessoas suam demais e o que pode ser feito a respeito:

1) A origem do suor

O suor é um mecanismo de regulação da temperatura corporal. Em toda a pele, temos sensores, chamados termorreceptores periféricos, que detectam as variações térmicas. Conectados ao sistema nervoso central, eles enviam mensagens ao cérebro.

Por que eu soou muito
Ilustrações: Rodrigo Damati/SAÚDE é Vital

2) Glândulas em ação

O hipotálamo, região cerebral responsável pela regulação da temperatura, recebe o sinal e envia estímulos às glândulas sudoríparas. Essas estruturas, por sua vez, captam líquido dos arredores e o bombeiam por um tubo que desemboca na epiderme, camada superficial da pele.

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Ilustrações: Rodrigo Damati/SAÚDE é Vital

3) Além do calor

Em quem tem hiperidrose, o mecanismo de produção do suor funciona mais do que deveria, tanto em situações normais — durante o exercício físico, ao comer itens apimentados ou viver uma emoção intensa — quanto inesperadamente, sem motivo claro.

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Ilustrações: Rodrigo Damati/SAÚDE é Vital

De onde vem a hiperidrose?

Pessoas com o problema tendem a suar demais mesmo quando não há nenhum gatilho em cena — e em locais bem específicos do corpo.

A condição é crônica, costuma aparecer no adulto jovem e permanecer durante a vida toda. A ciência ainda não sabe por que isso acontece e não existem fatores de risco conhecidos — exceto a presença de uma doença ainda oculta.

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+ Leia também: Suor noturno: 6 motivos que causam o desconforto e como evitá-los

Soando o alerta para outros males

Em algumas situações, a sudorese excessiva é fruto de algum problema de saúde. Caso dos suores noturnos — na hiperidrose, as crises ocorrem somente quando a pessoa está acordada.

Diabetes, distúrbios neurológicos, alterações hormonais e alguns tipos de câncer têm como sintoma a transpiração anormal, que pode vir ainda do uso de certos medicamentos.

Dá para conter a transpiração

Roupas manchadas e vergonha de interagir em público? Dá para remediar isso com algumas táticas:

Cremes e desodorantes: Produtos com sais de alumínio bloqueiam mecanicamente a saída de suor das glândulas sudoríparas.

Botox: A toxina botulínica pode ajudar por travar o músculo responsável pela ejeção do suor. Mas é preciso reaplicar de tempos em tempos.

Cirurgia: Casos mais drásticos podem ser resolvidos com a retirada das glândulas. Pode haver efeito rebote e o suor surgir em outro lugar.

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Ilustrações: Rodrigo Damati/SAÚDE é Vital

Fontes: Camila Arai Seque, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD); Ana Paula Pierro, dermatologista da BP — A Beneficência Portuguesa de São Paulo