A reação que ocorre no estômago e uma reação de

O gás contido no refrigerante que consumimos é o gás carbônico (dióxido de carbono – CO2). Geralmente o refrigerante é formado por uma solução aquosa de um tipo de xarope e esse gás. Mas antes de misturar o gás no xarope os fabricantes misturam a água e o gás num parelho chamado carbonizador, gerando o ácido carbônico, que tem forma líquida. Nesse tipo de bebida existe, então, o seguinte equilíbrio químico:

2 H2O(l) + 1 CO2(g) ↔  1 H3O+(aq) + 1 HCO1-(aq)

O princípio de Le Chatelier diz que quando é causada alguma forma de perturbação em um sistema químico, o seu equilíbrio se desloca no sentido de reduzir essas perturbações.

Quando bebemos o refrigerante várias alterações são feitas nesse sistema, deslocando equilíbrio químico de diversas formas.

Por exemplo, no nosso estômago existe o suco gástrico que é formado principalmente pelo ácido clorídrico (HCl). Esse ácido, como todos os outros, é caracterizado pela presença de íons H+ ou H3O+ em meio aquoso. Portanto, a presença do ácido no estômago aumenta a concentração de H3O+ no equilíbrio descrito e, consequentemente, desloca o equilíbrio do refrigerante no sentido da reação inversa, para o lado esquerdo da equação química. Isso significa que haverá mais formação de gás carbônico.

Esse é um dos fatores que causam a chamada eructação (arroto) depois que tomamos bebidas com gás.

Outros fatores que também provocam isso são a diminuição da pressão e o aumento da temperatura. Quando o refrigerante é fabricado, o gás carbônico se solubiliza no líquido por meio de duas condições: pressões elevadíssimas e baixas temperaturas. Nessas condições o gás se torna líquido e é engarrafado. É por isso que o refrigerante já sai gelado das fábricas.

Mas quando ele chega ao nosso estômago a temperatura está bem maior e a pressão está menor. Veja como isso afeta o equilíbrio:

Quando a pressão de um sistema gasoso diminui, provoca a expansão do volume dos gases e o equilíbrio se desloca para o lado de maior volume (maior número de mol). Veja que no equilíbrio que estamos considerando, o volume gasoso é maior do lado esquerdo (dos reagentes), pois é o único lado que contém 1 mol de gás carbônico.

Desse modo, a diminuição da pressão desloca esse equilíbrio para o sentido da reação inversa, aumentando a quantidade de CO2 no sistema.

Visto que a solubilidade de CO2 em água diminui conforme o aumento da temperatura, quando chega em nosso estômago, cuja temperatura é de cerca de 36 ºC, esse gás é liberado. Assim, como nos casos anteriores, a reação inversa também é favorecida. A sensação de frescor que sentimos ao tomar um refrigerante resulta da expansão do dióxido de carbono, que é um processo endotérmico, isto é, que absorve o calor de nosso organismo.

A diminuição da pressão e o aumento da temperatura não ocorrem apenas em nosso estômago. Podemos observar isso assim que abrimos a garrafa de refrigerante e o gás é liberado, pois diminuímos a pressão. Além disso, você já deve ter observado que quanto mais quente estiver o refrigerante, mais gás sairá dele.

Por Jennifer Fogaça

Graduada em Química

O estômago é um importante órgão do sistema digestório. Ele é responsável por atuar no processo de digestão e por armazenar alimentos. Esse órgão secreta enzimas e hormônios, sendo, portanto, uma estrutura que possui funções exócrinas e endócrinas. Podemos apontar quatro partes principais no estômago: cárdia, fundo, corpo e porção pilórica. Gastrite, refluxo e úlceras são condições que podem provocar dor no estômago.

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Resumo sobre estômago

  • O estômago é uma parte dilatada do sistema digestório.

  • Ele produz suco gástrico, que atua no processo de digestão de proteínas.

  • O suco gástrico é formado por ácido clorídrico e pepsina.

  • Além de produzir enzimas, o estômago produz hormônios.

  • O estômago apresenta quatro regiões distintas: cárdia, fundo, corpo e porção pilórica.

  • Algumas doenças podem afetar o estômago, provocando dor.

Características gerais do estômago

O estômago é um órgão do sistema digestório que se caracteriza por ser a porção mais dilatada deste. Ele está localizado na região logo abaixo do diafragma. Esse órgão é capaz de se distender para acomodar o alimento que ali chega.

Quando ele não está distendido, as camadas mucosa e submucosa formam dobras, as quais se achatam quando o órgão acomoda alimento. Essa estrutura corporal pode armazenar cerca de dois litros de alimento e líquido.

O estômago secreta o suco gástrico, que está relacionado à digestão parcial de proteínas, como discutiremos mais detalhadamente a seguir. Além disso, ele é responsável pela secreção do chamado fator intrínseco, uma glicoproteína. Essa glicoproteína é responsável por se combinar com a vitamina B12 de modo a torná-la disponível para a absorção intestinal.

Não podemos deixar de citar a renina, que atua sobre uma das proteínas do leite, facilitando a ação de enzimas proteolíticas. A renina é produzida pela mucosa gástrica nos primeiros meses de vida.

O estômago é, também, um órgão capaz de produzir hormônios. Um desses hormônios é a gastrina, produzida pelas células G em resposta à ingestão de alimentos. Esse hormônio atua estimulando a secreção gástrica de ácido e também o crescimento da mucosa gástrica. Outro hormônio liberado pelo estômago é a grelina, que está relacionado à estimulação da fome.

O estômago pode ser dividido em quatro porções: cárdia, fundo, corpo e porção pilórica, também chamado de antro.

A cárdia representa a região onde o esôfago se conecta ao estômago. O fundo é uma porção superior do estômago que está deslocada para a esquerda. O corpo é a porção central do estômago e corresponde à maior parte do órgão. A porção pilórica, também conhecida como antro, é a porção terminal do estômago e caracteriza-se por ser ligeiramente estreitada antes da entrada do duodeno.

É na porção pilórica que está localizado o piloro, que corresponde à transição entre o estômago e o duodeno. Nessa região de comunicação, há uma condensação de feixes musculares, que garantem a abertura e fechamento do óstio pilórico.

Essa abertura e fechamento regula o trânsito de alimento, permitindo que apenas uma pequena porção de quimo seja liberado por vez. Em média, o conteúdo estomacal é esvaziado em 2 a 6 horas após realizada uma refeição.

As margens do estômago são denominadas de curvatura maior e curvatura menor. A curvatura maior localiza-se à esquerda, enquanto a menor localiza-se à direita.

A reação que ocorre no estômago e uma reação de
O estômago pode ser dividido em quatro porções: cárdia, fundo, corpo e porção pilórica.

O suco gástrico é uma importante secreção produzida no estômago. Esse líquido é constituído, principalmente, por ácido clorídrico e pepsina, uma enzima. De acordo com Reece e colaboradores, no livro Biologia de Campbell, os componentes do suco gástrico são produzidos por dois tipos de células nas glândulas do estômago: as células-chefe e as células parietais.

As células parietais são responsáveis por produzir os componentes do ácido clorídrico. As células-chefe, por sua vez, são responsáveis por produzir pepsinogênio, a forma inativa da enzima pepsina. O ácido clorídrico é formado no lume do estômago e, nesse local, encontra o pepsinogênio. O pepsinogênio será convertido em pepsina e, posteriormente, a pepsina ajudará na ativação do pepsinogênio que ainda não foi convertido.

Veja também: Barulho do estômago — reação natural do processo de digestão

Como citado anteriormente, a secreção gástrica é ácida, o que pode causar grande agressão ao estômago. Entretanto, para evitar esse problema, o estômago conta com células que garantem a produção de muco, conferindo proteção ao órgão. Além disso, a mucosa estomacal é constantemente regenerada, substituída a cada três dias.

Videoaula sobre sistema digestório

O processo de digestão no estômago

Sabemos que o estômago é um órgão do sistema digestório extremamente importante para o processo de digestão. É nele que o bolo alimentar, vindo do esôfago, se transforma em uma massa viscosa chamada quimo e segue em direção ao intestino delgado. Essa transformação ocorre devido a processos químicos, que acontecem a partir da ação de enzimas produzidas pelo estômago, e processos físicos, uma vez que o estômago apresenta atividade muscular.

A digestão química que ocorre no estômago está relacionada à liberação do suco gástrico. Essa secreção é formada, principalmente, por ácido clorídrico e uma enzima chamada pepsina, responsável pela digestão parcial de proteínas. A pepsina atua rompendo ligações peptídicas nas proteínas, transformando-as em polipeptídeos menores. A quebra desses polipeptídeos em aminoácidos ocorrerá no intestino delgado.

A atividade muscular do estômago pode ser comparada à ação de uma batedeira. Através da atividade coordenada de seus músculos, o estômago permite que o bolo alimentar seja misturado ao suco gástrico, levando à formação do quimo. Por provocar essa agitação no bolo alimentar, podemos concluir que o estômago também atua proporcionando um processo de digestão mecânica.

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Dor no estômago

Dores no estômago são um sintoma relativamente comum e podem ser resultado de vários problemas. Um desses problemas é a gastrite, definida como uma inflamação da mucosa do estômago. Em algumas situações, a gastrite está relacionada à infecção por uma bactéria chamada Helicobacter pylori. Uso de determinados medicamentos, consumo de álcool e de cigarro também podem provocar gastrite.

Outro problema que pode causar dor no estômago são as chamadas úlceras gástricas, que são feridas que surgem na mucosa estomacal. Essas úlceras podem ser causadas também pela bactéria H. pylori e pelo uso de alguns medicamentos.

Além das duas causas citadas, dor no estômago pode ocorrer devido a refluxo, gastroenterite, câncer e vários outros problemas. Sendo assim, é importante procurar um médico quando esse sintoma surgir, principalmente se for persistente e vier acompanhado de outros, como, por exemplo, vômito.

Por Vanessa Sardinha dos Santos
Professora de Biologia