O Ministério da Saúde inicia hoje uma campanha nacional para vacinar contra a poliomielite crianças de cinco anos que ainda não tenham recebido as primeiras doses. O Brasil não detecta casos de pólio desde 1989, mas a cobertura vacinal está cada vez mais longe da meta de 95% das crianças protegidas.
No último domingo (7), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, pediu que pais e responsáveis levem as crianças para se vacinar.
Faço um apelo a todos os pais e mães, avós e avôs para que levem as crianças da sua família para as mais de 38 mil salas de vacinação do país. Não faltam vacinas, elas estão aí e elas só têm um dono: o povo brasileiro. Temos que imunizar 15 milhões de crianças contra a pólio.
Marcelo Queiroga
Relacionadas
Entenda o que é a poliomielite, a importância da imunização e o tipo de vacina usado contra a pólio.
O que é a poliomielite?
A poliomielite, também conhecida como pólio ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada por um vírus que pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes, por objetos, alimentos ou água contaminados, além de secreções eliminadas pela boca das pessoas infectadas.
Em casos graves, o vírus pode causar paralisia nos membros inferiores.
A infecção pelo poliovírus é muitas vezes assintomática, mas pode ser grave e provocar paralisias irreversíveis e fatais, já que, além dos membros, a pólio também pode paralisar os músculos responsáveis pela respiração. Nesses casos, a sobrevivência do paciente pode passar a depender do uso de um respirador.
A falta de saneamento e más condições habitacionais favorecem a transmissão da pólio. A vacinação é a única forma de prevenção.
Quem deve tomar a vacina contra a poliomielite?
Segundo o Ministério da Saúde, menores de cinco anos devem ser vacinados. Com a campanha, o governo pretende imunizar 14,3 milhões de crianças desta faixa etária.
A vacina contra a poliomielite estará disponível em 40 mil postos de saúde de todo o Brasil.
A vacina da poliomielite é de injeção ou gotinha?
Depende da idade da criança. O PNI (Programa Nacional de Imunização) recomenda que seja administrada a vacina inativa contra a poliomielite —de injeção intramuscular —aos dois, quatro e seis meses de idade. Ela foi introduzida em 2012 com duas doses, mas ampliada para três doses em 2016.
A injeção é considerada mais eficaz e segura que as famosas gotinhas que erradicaram a doença no Brasil e em boa parte do mundo.
Aos 15 meses e aos quatro anos, a imunidade da criança é reforçada com as gotinhas da vacina oral.
A infectologista Luiza Helena FalleirosArlant explica que as três doses da vacina intramuscular deixam as crianças protegidas contra os três sorotipos do poliovírus, enquanto as gotinhas imunizam apenas contra dois deles.
O que fazer se atrasar uma dose da vacina?
Ainda segundo a Luiza Arlant, os pais que perderam o momento da vacina ou atrasaram alguma das três doses devem retornar imediatamente aos postos para continuar o esquema vacinal de onde ele foi interrompido.
"Se uma criança tomou uma vacina e ficou três anos sem receber nenhuma outra dose, ela tem que receber a segunda dose e, dois meses depois, receber a terceira. Ninguém recomeça o esquema, tem que continuar de onde parou. E continuar com a vacina intramuscular", afirma a médica.
Como está a cobertura vacinal contra a pólio no Brasil?
Segundo o SI-PNI (Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações), as doses previstas para a vacina inativada contra a pólio atingiram a meta pela última vez em 2015, quando a cobertura foi de 98,29% das crianças nascidas naquele ano.
Depois de 2016, quando a vacinação foi ampliada para três doses, a cobertura caiu para menos de 90%, chegando 84,19% no ano de 2019. Em 2020, a pandemia de covid-19 impactou as coberturas de diversas vacinas, e esse imunizante chegou a apenas 76,15% dos bebês. Em 2021, que ainda pode ter dados lançados no sistema, o percentual ficou abaixo de 70% pela primeira vez, com 69,9%.
A queda das coberturas vacinais no continente fez a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) listar o Brasil e mais sete países da América Latina como áreas de alto risco para a volta da doença. O alerta ocorre em um ano em que o Malawi, na África, voltou a registrar um caso de poliovírus selvagem, e a cidade de Nova York, nos Estados Unidos, notificou um caso de poliomielite com paralisia em um adulto que não teria viajado para o exterior.
O setor de imunização do centro administra as vacinas descritas no calendário vacinal, estabelecido pelo Ministério da Saúde. A vacina contra poliomielite é oferecida habitualmente e, nas campanhas de vacinação, pelo centro de saúde.
A vacina é indicada para prevenir contra a poliomielite causada por vírus dos tipos 1, 2 e 3.
O Programa Nacional de Imunização - PNI, recomenda a vacinação de crianças a partir de 2 meses até menores de 5 anos de idade, como doses do esquema básico. Sendo descrita sob duas formas distintas, a saber:
a) vacina poliomielite 1, 2, 3 (atenuada) (VOP) é apresentada sob a forma líquida em frasco multidose, sendo apresentada, geralmente, em bisnaga conta-gotas de plástico; e,
b) vacina de poliomielite VIP (aos 2 e 4 meses) e uma dose da VOP (aos 6 meses), com intervalo de 60 dias entre as doses e mínimo de 30 dias.
São realizadas doses de reforço com a VOP aos 15 meses e aos 4 anos de idade.
Cada dose da vacina corresponde a duas gotas. A vacina pode ser administrada simultaneamente com as demais vacinas dos calendários de vacinação do Ministério da Saúde.