Summer tem mais participação que Morty em alguns episódios e também se aventura em mais “rolês com o vovô”, e até com o irmão caçula. A personagem consegue contribuir muito graças à sua mentalidade, que é uma mescla de adolescente do colegial e mulher madura que já lutou em guerras multiversais. Essa característica fica muito expressiva se comparada a personalidade atrapalhada e insegura de Morty e promove um ritmo diferente na temporada, como nos episódios três e sete. Show Entretanto, a principal marca dessa mudança de rota da temporada são os vários rachas na relação entre Morty e Rick. Desde o primeiro episódio, os dois quase não fazem missões juntos, e quando iniciam uma aventura, algum outro elemento os separa. Essa fragilidade na relação abusiva entre avô e neto faz a roda da temporada girar até o alucinante final, em que Rick reconhece que ficar perto de Morty é prejudicial para ambos. As autocríticas de Rick aparecem com frequência na série, indicando uma possível mudança de ares para os próximos anos. O cientista transformado em um ser altamente niilista pelo próprio conhecimento agora parece se preocupar com a atual versão de sua família. Adult Swim/Divulgação Mesmo com as mudanças na narrativa, a quinta temporada mantém o estilo da série e conta com momentos desconfortáveis, como o bebê incestuoso de Summer e Morty, e os momentos de puro arrependimento de Rick, que aparecem sempre como fantasmas para atormentar o cientista que gosta de fingir que não se importa com nada. Após uma quarta temporada mediana, a série entra no ano cinco tateando um novo formato. Nos primeiros cinco episódios, as linhas ainda não se encaixam tão bem e a fórmula do ano anterior parece estar se repetindo. Porém, o desgaste entre os protagonistas serve como trampolim para levar os episódios finais ao topo das expectativas, mostrando que a trama clássica pode estar voltando - o que Rick chama de “aventuras simples” no décimo episódio. Ao resolver seus problemas de uma maneira nada saudável, os personagens reiniciam a trama de uma maneira nostálgica. A dupla é levada de volta para a cidadela dos Ricks, onde as batalhas mais alucinantes foram travadas entre as milhares de versões do vovô Sanchez. Assim como o finale da temporada quatro ditou o ritmo do quinto ano da série, o episódio “Rickmurai Jack” nos sugere o caminho que Rick e Morty vão seguir agora. O retorno do possível maior vilão da trama aumenta muito as expectativas para o futuro, e o final ajuda a série a se redimir após uma quarta temporada morna e um início de quinta que não surpreendeu. Ao longo da quinta temporada, os roteiristas fazem várias piadas com a estrutura do show. Confesso que algumas são até divertidas, como quando Rick nega que um personagem estabeleça um backstory canônico, ou quando ele não quer ir à Cidadela com Morty, pois seria “retornar para o enredo principal”. Todavia, a piada está mesmo na equipe criativa da série, especialmente os criadores Justin Roiland e Dan Harmon, por não estabelecerem um contexto com o público. Será um show episódico e solto ou teremos continuidade narrativa? Não temos a menor ideia, e fazer humor com isso soa como uma maneira covarde do roteiro encobertar a falta de coerência da proposta. E, vejam bem, não estou necessariamente ditando uma linearidade do encadeamento da temporada, com ligações certinhas a cada episódio. A qualidade estrutural da animação está justamente no caráter episódico das aventuras, mas quando está em correlação com um sentido dramático para a construção de personagens. Vou parecer disco arranhado, mas a 2ª Temporada é o melhor exemplo do que a animação pode oferecer, nos dando aventuras ordinárias com início, meio e fim, mas também mantendo um cânone, desde o arco dramático da família Smith, a temática da temporada em questão, até a finalidade do enredo principal, normalmente culminando em um clímax lógico e sugerido ao longo da narrativa geral – quem aí se lembra do emocionante final que Rick se entrega, para que sua família possa retornar à Terra? Estou falando tudo isso, pois o último episódio da 5ª Temporada, Rickmurai Jack, é um desfecho que trabalha muito bem a dinâmica tóxica (e mitologia) entre Rick e Morty, insere o típico humor negro e irreverente da animação com camadas dramáticas para a dupla, além de brindar o público com ótimos twists e cliffhangers que foram sugeridos há muito tempo com o melhor antagonista da série. Dessa forma, ele merecidamente recebe louvores como um dos melhores episódios em toda a série. Mas aí jaz minha pergunta e a base do meu argumento: isso foi contextualmente construído durante a temporada? Eu diria que não. Pode ser feito a alegação de que o mote da temporada é o afastamento entre Rick e Morty com vários episódios destacando uma distância entre eles, mas, ainda que esse intuito pareça existir, tematicamente é muito superficial. O quinto ano, até o nono episódio, mantém a mesma estrutura episódica da temporada anterior, e até mais mal escrita, na minha opinião. Acabo retornando à mesma reclamação que fiz em críticas anteriores: inconsistência. A temporada até começa entusiasmando o espectador com o hilário Mort Dinner Rick. Não sou lá muito fã da estranha dinâmica entre Rick e Nimbus no episódio – apesar de achar divertido a vulnerabilidade de Rick -, mas a trama de Nárnia com Morty tem um timing cômico fantástico entre as viagens temporais e o aspecto rotineiro, assim como o contraste entre o Morty cínico e selvagem com o oprimido. Os dois episódios seguintes, Mortyplicity e A Rickconvenient Mort, também trabalham eficientemente seus conceitos com uma boa parcela de criatividade da aventura e no humor, especialmente a repetição bem pontuada das cópias da família Smith. E então veio Rickdependence Spray, vulgo episódio do “espermatomonstro”. A única explicação que vejo para a existência desse capítulo é a de estufar a temporada. É um episódio que tem como base conceitual a masturbação, e, como normalmente acontece em Rick and Morty, utiliza a ficção científica para exagerar o conceito e fazer comédia com a reação dos personagens, aqui sendo a vergonha de Morty. Mas a execução narrativa é um absurdo infantil, cheio de piadas nojentas e inconfortáveis. O próprio humor é realmente vazio de imaginação (surpreendente até pensando nos piores episódios da série), dependendo da repetição de atos toscos com espermatozoides, incestos, e outras piadas típicas de besteiróis americanos. O que se segue é um trinca de episódios bobinhos e preguiçosos, característicos de uma animação preocupada com quantidade. Temos Amortycan Grickfitti que é basicamente uma referência à Hellraiser, repetindo as piadas cansativas de que Jerry é um perdedor, enquanto os episódios 6 (sobre os perus e o presidente) e 7 (com a trama de megazords), nem parecem roteiros da série, pensando na estranheza dos personagens. Principalmente Rick, que vira um idiota paspalhão na dupla de capítulos. É como se os personagens perdessem a essência, caracterização, personalidade e traços comuns para apenas exercerem qualquer tipo de papel que a aventura demanda. Felizmente, os dois episódios que antecedem o finale conseguem retificar a série comicamente, e até dramaticamente. Um deles tem como mote um drama íntimo de Rick com o Homem-Passáro, que nos fazem relembrar da curiosa complexidade de Rick, enquanto o penúltimo capítulo manuseia a sempre interessante dinâmica de Rick e Morty em uma história que separa as aventuras, mas dedica-se em retratar a desequilibrada relação entre mesquinhez e empatia dos protagonistas. Até ali vinha sendo uma temporada regular, quase ruim pensando que quatro episódios vão do medíocre ao tenebroso. E então temos o já citado fantástico Rickmurai Jack. Como eu expus anteriormente, o desfecho da temporada aprofunda-se na mitologia e no cânone da animação, oferecendo uma experiência digna do que a série pode realmente almejar: criatividade conceitual, comédia absurda e emocionante, desenvolvimento de personagem e uma trama com substância. É uma pena que o episódio venha com essa nota de traição ao pensarmos no percurso até o final. Qual é a ideia aqui? Criar toda uma temporada inconsistente, sem implicações ou enredo principal, para então revirar o contexto na finale como gancho para o público continuar vendo a série? Realmente me parece covardia dos criadores não estabelecerem uma abordagem para a audiência. Fica aquele desfecho que te deixa feliz, mas receoso de que o próximo ano de Rick and Morty faça a mesma trapaça. Rick and Morty – 5ª Temporada (EUA, 20 de junho de 2021 a 05 de setembro de 2021) Albro LundyAnimaçãoAnne LaneCaitie DelaneyChris ParnellClaudia BlackDan HarmonEddie PepitoneElon MuskJames SicilianoJeff LovenessJeffrey WrightJustin RoilandJustin TherouxKathleen TurnerKeegan-Michael KeyLiam CunninghamMatthew BroderickMichael WaldronMike McMahanPamela AdlonPaul GiamattiRick and MortySam NeillSarah ChalkeSherri ShepherdSpencer GrammerSusan SarandonTaika Waititi Quando lança 5 temporada Rick and Morty?O 5º ano de Rick and Morty terminou exatamente um ano antes da data marcada para a estreia do 6º, em 5 de setembro de 2021. Além de estar completa no catálogo da HBO Max, a produção criada por Justin Roiland e Dan Harmon tem 4 temporadas disponíveis na Netflix. O Omelete agora tem um canal no Telegram!
Onde consigo ver a 5 temporada de Rick and Morty?Você pode assistir "Rick and Morty" no HBO Max em Stream legalmente.
Por que Rick and Morty saiu da Netflix?Rick e Morty foi removida da Netflix por causa dos contratos feitos entre o serviço e o estúdio que a produz. A plataforma trabalha exclusivamente com contratos, por isso, quando eles vencem, os títulos são removidos.
O que aconteceu com a 5 temporada de Rick and Morty?O passado de Rick Sanchez
"Rickmurai Jack", o último episódio da 5ª temporada, começa acompanhando Rick e seus parceiros corvos. Ele descobre que as aves eram aliadas de um rival e é abordado por Morty, agora adulto, dizendo que o avô esta longe de casa há 40 anos. Por fim, o cientista topa retornar para sua família.
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