Relacione as principais causas da concentração industrial na região sudeste do Brasil

O Sudeste é a região brasileira que possui o maior dinamismo econômico do país. Sua economia é bem diversificada, abriga as maiores montadoras, siderúrgicas, empresas transnacionais, bancos, universidades, além de deter o maior parque industrial do Brasil. Os estados que compõem o Sudeste são responsáveis por aproximadamente 55% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

Indústria – Apresenta a maior concentração industrial do país, bem diversificada e com grande uso de aparatos tecnológicos. Destacam-se os setores de telecomunicações, têxtil, informática, alimentício, metalúrgico, siderúrgico, petrolífero, mineração, etc.

Agropecuária – Extremamente diversificada, a agropecuária baseia-se principalmente no cultivo de café, cana-de-açúcar, soja, laranja, milho, arroz, algodão e mamona. A pecuária  destaca-se na região, o rebanho bovino é o segundo maior do país.

Turismo – Outra atividade econômica de fundamental importância para o Sudeste é o turismo. As belas praias atraem milhares de visitantes, além dos eventos como o carnaval, por exemplo. São Paulo é considerado a capital brasileira do turismo de negócios, concentrando 70% do movimento nacional. 
 

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A distribuição industrial do Brasil é marcada pelos sucessivos processos de concentração e desconcentração geográfica.

A Distribuição Industrial do Brasil é historicamente caracterizada pela elevada concentração de indústrias na região Sudeste do país, apesar do processo de desconcentração produtiva que o país vem passando nas últimas décadas.

A industrialização brasileira iniciou o seu processo após a crise de 1929, quando a economia do país foi profundamente afetada pela dependência na exportação de matérias-primas. Com isso, durante a Era Vargas, os primeiros esforços de industrializar o país foram estabelecidos. No entanto, foi somente a partir da segunda metade do século XX que esse processo foi efetivamente consolidado.

Como a concentração das obras e bens em infraestrutura estavam situados na região Sudeste, com destaque para as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, a industrialização do país ocorreu nessas localidades, estendendo-se também a Minas Gerais. Além da infraestrutura, essa região contava com a maior parte da massa de trabalhadores no país em razão da prática da cafeicultura, a principal atividade econômica do país até então.

Assim, a partir da década de 1950, com a ampliação do sistema rodoviário – que em um curto período de tempo conseguiu, finalmente, superar o sistema ferroviário –, foi possível iniciar o processo de industrialização no restante do território nacional, porém, de forma tímida e lenta.

Ao longo da década de 1970, dados estatísticos chegaram a registrar uma concentração industrial de 45%, do total de fábricas instaladas no país, somente na Grande São Paulo. Tal processo motivou um sistema de migração em massa da população de outras regiões para essa área do território, contribuindo para ocorrência do fenômeno da macrocefalia urbana que, além da capital paulista, afetou também as cidades do Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

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Com a promulgação da Constituição de 1988, as Unidades Federativas ganharam uma maior autonomia por parte do Governo Federal para gerirem a política de incentivos fiscais para indústrias em seus territórios. Isso acarretou o surgimento da chamada Guerra Fiscal, em que os estados disputavam a presença das empresas – principalmente as multinacionais – em seus territórios através de redução ou isenção de impostos, entre outros benefícios.

A partir de então, o Brasil assistiu ao seu processo de desconcentração industrial, o que contribuiu para frear, ao menos em partes, o processo de intenso fluxo migratório em direção ao Sudeste do país. No entanto, essa desconcentração foi responsável pela perda na arrecadação de impostos e pelo aumento da exploração da força de trabalho, visto que para receber as grandes empresas em seus territórios, muitos governos locais faziam (e ainda fazem) concessões e “vistas grossas” para determinadas práticas, tanto no âmbito trabalhista quanto no quesito ambiental.

Além disso, essa desconcentração foi responsável para a expansão do êxodo rural (migração em massa da população do campo para a cidade), que fez com que as problemáticas urbanas deixassem de ser uma exclusividade das grandes metrópoles do Sudeste brasileiro.

Por: Rodolfo F. Alves Pena

Geografia do Brasil

O espaço geográfico, especialmente sob o viés econômico, está em constantes transformações. Com o passar dos anos, as características do tecido industrial brasileiro foram severamente modificadas. Dentre os fatores que mais influíram nessas mudanças, está o processo de concentração industrial, ou seja, a concentração da base industrial em regiões muito específicas dentro do território.

Ao processo oposto à concentração industrial dá-se o nome de processo de desconcentração. Nesse caso, um parque industrial antes concentrado passa a se espalhar por diversos pontos e localidades.

Fatores de concentração industrial

O processo de concentração industrial no Brasil certamente está ligado à concentração do capital durante as fases do surgimento das principais indústrias do país. Esse fenômeno foi também fortalecido na Era Vargas, com a política de substituição das importações e os incentivos ao emprego no setor industriário.

Historicamente, a concentração regional já existente tornou-se mais intensa quando empresas estrangeiras começaram a se fixar no país. Os investidores do exterior buscavam, entre outros, infraestrutura para viabilizar seus projetos e, claro, optaram por locais nos quais essa malha infraestrutural já existia – o que fez com que grande parte dos investimentos ocorresse na região Sudeste, onde a indústria nacional havia sido iniciada.

A infraestrutura de transportes, o que inclui rodovias, ferrovias, aeroportos, hidrovias e até mesmo armazéns e centros de distribuição, é talvez o aspecto mais relevante e decisivo para a instalação de indústrias. Especialmente porque essa malha logística é mantida sobretudo pelo Poder Público, ela não representa custos para investidores e proporciona canais para o escoamento e distribuição da produção a um custo mais vantajoso.

Relacione as principais causas da concentração industrial na região sudeste do Brasil
Rede de rodovias, um dos fatores de concentração industrial.

A existência de universidades e centros de pesquisa também é um fator que atrai investimentos. As indústrias precisam, além da mão-de-obra de chão de fábrica, de técnicos e especialistas, tanto na fase de implantação quanto na fase de produção. Desse modo, há uma tendência de escolha de áreas nas quais a mão-de-obra capacitada possui melhor oferta.

A concentração industrial ocasiona alguns problemas, como a especulação imobiliária. Terrenos antes pouco procurados tornam-se mais valiosos com aquisições de grandes lotes por parte de indústrias. O inflacionamento se faz sentir não apenas em lotes industriais e áreas afastadas, mas também nas cidades que circundam essas indústrias. Com o tempo, regiões mais industrializadas tendem a refletir essa inflação em toda a gama de produtos, serviços e custos de manutenção – o que pode levar a uma desconcentração industrial.

Fatores de desconcentração industrial

Em contraposição ao processo de concentração, a segunda metade do século XX começou a apresentar um quadro de desconcentração industrial no contexto brasileiro, mas também em países como os Estados Unidos, onde cidades antes conhecidas por polos industriais altamente concentrados – sendo o setor automotivo de Detroit um exemplo – começaram a perder indústrias para regiões menos povoadas e mais baratas do país.

Nesse fenômeno, primeiro o número de indústrias no centro produtivo torna-se estacionário. Novas empresas não se fixam e algumas delas iniciam um processo gradual de migração para outras localidades. A inter-relação existente entre muitas delas quase que obriga algumas a acompanharem o movimento – como por exemplo metalúrgicas e produtores de autopeças, que tendem a estar próximas das grandes montadoras.

O processo de desconcentração industrial no Brasil teve início com o processo de povoamento de cidades interioranas e chegou ao seu auge a partir dos anos 1990, quando grandes empresas iniciaram uma movimentação nesse sentido. Os motivos que levaram esses empreendimentos a cidades médias e pequenas foram muitos:

  • a renovação de estruturas de transporte em alta velocidade, em particular de estradas, com privatizações e novas concessões;
  • a guerra fiscal entre estados e municípios, com vantagens competitivas;
  • a saturação do mercado de trabalho nas regiões metropolitanas e explosão do setor de serviços;
  • custo elevado de instalação para novos empreendimentos em regiões tradicionalmente industrializadas.

Guerra fiscal

A guerra fiscal ocorre quando diferentes governos e administrações nas esferas estaduais e municipais iniciam um ciclo de concessão de remissões, isenções e benefícios tributários e fiscais para a instalação de novos empreendimentos.

Além da isenção de impostos por determinados períodos de tempo, alguns municípios e estados chegam a conceder terrenos, serviços e até mesmo oferecer apoio em forma de crédito ou financiamento para a construção de novas empresas.

A justificativa, sob a óptica pública, envolve não apenas a geração de novos empregos, mas também o aumento da arrecadação no médio prazo e, claro, a eventual atração de novas empresas, indústrias e serviços para a localidade.

Quando conduzida de forma desregrada, a Guerra Fiscal pode afetar o erário e dificultar a gestão pública, além de acarretar episódios de concorrência desleal entre indústrias de um mesmo setor: uma delas beneficiada pelo governo e outra não.

A desconcentração da produção e a indústria globalizada

Compreendemos desconcentração industrial como a migração da produção de uma região para outra do país (ou até mesmo países diferentes, como ocorreu nos anos 1990 com a migração de muitas indústrias japonesas para os países conhecidos como “Tigres Asiáticos”). Esse fenômeno também pode receber o nome de desconcentração da produção.

Por: Carlos Artur Matos

Veja também:

  • Fatores que favorecem a localização industrial
  • Distribuição das Indústrias no Brasil
  • História da Indústria
  • Tipos de Indústria
  • O Processo da Industrialização do Brasil
  • O processo de desindustrialização no Brasil
  • A Indústria Brasileira

Assuntos relacionados:

Quais as principais causas da concentração industrial na Região Sudeste do Brasil?

O surgimento das indústrias na região sudeste está vinculado à produção cafeeira decorrente da: Grande quantidade de trabalhadores da produção do café foi atraída para trabalhar nas indústrias que iniciavam suas atividades.

Por que o processo de industrialização brasileira foi marcada pela concentração industrial na Região Sudeste?

Porque desde o Segundo Reinado e durante a Velha República a infraestrutura brasileira havia se desenvolvido apenas na região sudeste devido à economia cafeeira, além de ter mão de obra.

Qual é a principal área industrial da Região Sudeste brasileira?

Alguns dos mais importantes ramos industriais da região são: as automobilística (com mais força em São Paulo), siderúrgica (São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo), petroquímica (Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais), navais (Rio de Janeiro) petrolífera ( Rio de janeiro e Espirito Santo).

O que foi a concentração industrial no Brasil?

O processo de concentração industrial do Brasil ocorreu com o desenvolvimento da política de substituição de importações, assumida de maneira mais proeminente durante o Governo Vargas, após os eventos relativos à Crise de 1929 e o consequente declínio da economia cafeeira.