Raia e o último dragão

Raia e o último dragão

Raya e o Último Dragão | © Disney

19 de Abril de 202126 de Março de 2022 7556 Views Awkwafina, Benedict Wong, Carlos López Estrada, Daniel Dae Kim, Disney, Disney Portugal, Don Hall, Gemma Chan, Kelly Marie Tran, Raya e o Último Dragão, Sandra Oh

“Raya e o Último Dragão” já estreou na Disney+ e chega agora aos cinemas portugueses. Com lugar no fantasioso reino de Kumandra, o filme tem a difícil tarefa de chegar aos calcanhares dos seus antecessores e tornar-se um título de relevo no catálogo da Disney. Afinal de contas, chega aos cinemas após “Soul – Uma Aventura com Alma“, da Disney/Pixar.

É o primeiro grande filme original de animação dos estúdios da Disney desde a sequela do icónico “Frozen”, e tem muito a conquistar. Com uma estreia que ficou abalada pela pandemia global, “Raya e o Último Dragão” traz em si uma referência aos tempos modernos, onde não há príncipes encantados, as apostas são em personagens femininas e fortes, e a mensagem do filme recai numa nota importante para todas as idades (à semelhança do que os filmes da Disney nos têm habituado).

E perguntam… consegue o filme destacar-se por estes pontos? Certamente que sim. Nesta animação da Walt Disney Animation Studios, satisfaz-nos ver uma jovem rapariga, retratada como ambiciosa, destemida, segura de si mesma e cheia de sonhos. E se vimos uma destas no largo grupo de “princesas Disney”, foi mesmo Mulan, que nos parece ser a parceira ideal de Raya para muitas ocasiões, não fossem ambas astutas e detentoras de sonhos grandes em prol de um bem maior.

Vamos procurar não dar muitos spoilers daqui em diante, com eventual alusão a pequenos momentos do filme mas sem contar cenas por inteiro!

Raia e o último dragão
Raya é a nova princesa guerreira da Disney | © Disney

Numa história de Adele Lim (“Crazy Rich Asians“) e Qui Nguyen (“The Society”), Raya mostra-se como uma protagonista capaz de se sustentar sozinha, ainda que exista muito apoio de Sisu e até das personagens antagonistas da história. Uma rapariga guerreira desde pequena, Raya luta para remediar um erro do passado, que não é sua culpa; afinal de contas, tudo se desenvolveu porque ela foi genuína e acreditou no bem das pessoas. Em busca de um mito, mas sempre com a esperança de reencontrar o seu pai, e encontrar um novo rumo para Kumandra, a guerreira parte numa aventura, com as suas devidas cautelas e sabendo que a sua jornada não será fácil.

Quando encontra Sisu, o mítico último dragão que pode ser a salvação de todos os povos de Kumandra, Raya começa a perceber que as suas barreiras terão de ser quebradas em prol de Kumandra. Com dificuldade em confiar nos outros, por medo que algo maléfico volte a assolar as suas terras, é com Sisu que Raya começa a aprender a ver o mundo de outra forma.

E Sisu é nesse sentido a personagem central da história, a bússola da narrativa, de certo modo. Com voz de Awkwafina, a estrela em ascensão que também entrou em “Crazy Rich Asians”, Sisu é um dos exemplos claros de personagem que não sabemos se foi desenhada e idealizada para Awkwafina já em mente, ou se simplesmente foi uma obra do destino. É praticamente impossível distinguir Sisu da persona que vamos conhecendo da actriz e não o apontamos como algo negativo, muito pelo contrário. A voz e interpretação de Sisu conferem à personagem uma dimensão diferente, agradável e sem dúvida muito muito divertida – e convenhamos, depois de Mushu, da “Mulan”, havia que dar uma voz única a um novo Dragão que pudesse entrar no universo Disney.

Raia e o último dragão
Sisu é a grande personagem da história, e responsável por equilibrar um mundo que se julgava perdido | © Disney

E, excluindo os grandes protagonistas da história, “Raya e o Último Dragão” traz em si também a magia Disney através de um grupo de personagens secundárias super adoráveis e queridas. Fáceis de se gostar, divertidas e sempre protagonistas de alguns dos momentos mais caricatos, Tuk Tuk, a bebé e os três macacos e até Boun por vezes são eternamente likeable. E com isto não queremos dizer que os vilões são particularmente detestáveis. Nem por isso. Apesar de existir uma vilã, Namaari (Gemma Chan), é importante referir que assim o é por força das circunstâncias. E vamos tentar explicá-lo sem oferecer muitos spoilers.

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O ser humano é produto do meio em que vive, certo? Ou pelo menos é essa a teoria na grande maioria dos casos. E esta história não é diferente. Raya é desconfiada com base num acontecimento da sua vida, assim como Namaari é uma força da natureza perspicaz, assertiva e com mente guerreira por outras circunstâncias familiares e de vida. Não necessariamente por ter pensamentos negativos ou por actos de malvadez. E é esta dualidade das duas que é posta em causa durante o filme, com Sisu a mostrar-se uma balança em certo ponto, mostrando que para o mundo ser um lugar melhor, é necessário que ambas cedam… e confiem. O importante, e onde tudo começa, é na confiança.

Raia e o último dragão
As paisagens das terras de Kumadra são pensadas ao detalhe e de beleza inegável | © Disney

Complementando toda esta complexidade das personagens, e da forma como observam o mundo, a narrativa ganha outro poder com a sua música de fundo. Afinal de contas, um dos melhores pontos de “Raya e o Último Dragão”, e que não podíamos deixar de apontar, é a magnífica banda sonora de James Newton Howard. O compositor, que já foi nomeado para nove Óscares por trabalhos como “Michael Clayton” ou o mais recente “News of the World”, não deixa nada ao acaso neste projecto da Disney. Com influências das músicas tradicionais asiáticas, a sua composição é tão poderosa como serena e melancólica. As notas não deixam ficar ao acaso os momentos do filme, e se num momento deixamo-nos submergir à cena de acção pelo som de fundo que nos puxa, também na cena a seguir poderá um outro som de fundo facilmente arrancar-nos uma lágrima no canto do olho.

As músicas, aliadas às paisagens de perder a respiração, onde cada detalhe é pensado, e todos os pormenores são notáveis, faz com que o filme tenha bonitas imagens que irão perdurar nas telas de animação (ainda que não seja nenhuma técnica inovadora, e em muito semelhante aos últimos filmes dos estúdios, a sua beleza é inegável).

Em suma, “Raya e o Último Dragão” corresponde à expectativa criada. É um filme bonito, que apesar de nos levar a um reino mágico nos faz acreditar que este existe, algures no meio de uma Ásia escondida. É simples, apelativo e cheio de personagens vibrantes, diferentes e exóticas. No final, é uma animação de aventura e fantasia para toda a família, que nos leva a um novo imaginário, e que nos transmite uma importante mensagem: para o mundo ser melhor, temos de saber confiar. E nada melhor do que sermos nós a dar o primeiro passo.

Raia e o último dragão

Movie title: Raya e o Último Dragão

Movie description: "Raya e o Último Dragão" viaja para o mundo de fantasia de Kumandra, onde humanos e dragões viveram juntos há muito tempo em harmonia. Mas, quando uma força maligna ameaçou a terra, os dragões sacrificaram-se para salvar a humanidade. Agora, 500 anos depois, o mesmo mal voltou e cabe a uma guerreira solitária, Raya, localizar o último dragão lendário para recuperar a terra separada e o seu povo dividido. No entanto, ao longo da sua jornada, vai aprender que será necessário mais do que um dragão para salvar o mundo - será também necessário confiança e trabalho em equipa.

Country: EUA

Director(s): Don Hall, Carlos López Estrada, Paul Briggs (co-realizador), John Ripa (co-realizador)

Actor(s): Kelly Marie Tran, Awkwafina, Gemma Chan, Izaac Wang, Benedict Wong, Daniel Dae Kim, Sandra Oh, Alan Tudyk,

Genre: Aventura, Fantasia, Animação

  • Marta Kong Nunes - 87
  • Virgílio Jesus - 80
  • Inês Serra - 87
  • Manuel São Bento - 70
  • Cláudio Alves - 65

CONCLUSÃO

“Raya e o Último Dragão” destaca-se não apenas pelas magníficas paisagens mas pela mensagem. Se não confiarmos nos outros, não podemos pedir o mesmo de volta, e talvez seja esse sentimento que precise de ser enraizado para o mundo ser um local melhor. Uma mensagem que é transversal a todas as idades, e que a nova animação da Walt Disney Animation Studios transmite de forma exímia. Não é uma narrativa inovadora, mas é uma história actual, adequada a todos, e que faz bem a todos ver e ouvir.

Pros

  • A banda sonora de James Newton Howard;
  • As personagens secundárias que elevaram os momentos de leveza e comédia da história – Tuk Tuk, Boun e até a pequena bebé com os 3 macacos;
  • Sisu e a escolha de Awkwafina para dar voz à personagem

Cons

  • A inconsistência de Raya ao longo da narrativa por vezes;
  • O final relativamente previsível (ainda que satisfatório)

  • Walt Disney Studios
  • Disney+ Portugal
  • Disney Animações | Ranking oficial MHD

Marta Kong Nunes

Fanática de cinema e séries por pura paixão, sou da geração Disney mas também das Tartarugas Ninjas, Motoratos e afins. Já passei pela obsessão de vários géneros de cinema e apesar de me considerar eclética, nada me tira o gozo de um bom filme de acção (por muito irrealista que seja). Séries também se devoram por cá, mas a magia de um filme, será sempre a magia de um filme!

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Raia e o último dragão

Qual a mensagem do filme Raya e o Último Dragão?

Raya e o Último Dragão” destaca-se não apenas pelas magníficas paisagens mas pela mensagem. Se não confiarmos nos outros, não podemos pedir o mesmo de volta, e talvez seja esse sentimento que precise de ser enraizado para o mundo ser um local melhor.

Qual a nacionalidade da Raya?

A princesa polinésia que se lança ao mar para salvar seu povo fez centenas de milhões de bilheteria e desbravou um terreno fértil tanto no quesito empoderamento feminino, quanto na diversidade geográfica.

Onde se passa a história de Raya?

A história se passa no reino fictício de Kumandra, inspirado nas culturas do sudeste asiático. Para pesquisar mais a respeito, a equipe cinematográfica viajou para países como Laos, Camboja, Tailândia, Vietnã e Indonésia.

Qual o poder da Sisu em Raya?

Quais são os poderes de Sisu em Raya e o Último Dragão? Mudar de forma: este poder de Sisu se deve à sua irmã Pranee. Ao conseguir a segunda jóia do Dragão, ela é capaz de mudar sua aparência e se transformar em humana. Brilho: este poder é como um feixe de luz intensa.