Observatorio Econom�a Latinoamericana. ISSN: 1696-8352 BrasilAN�LISE COMPARATIVA DA IND�STRIA CANAVIEIRA NAS REGI�ES TRADICIONAIS E DE EXPANS�O NO ESTADO DE S�O PAULO Show
Autores e infomación del artículoDiego Pierotti Proc�pio (CV) Instituto de Ci�ncias Agr�rias da UFV, Brasil Archivo completo en PDF Resumo Comparative Analysis of the sugar cane industry in the traditional regions and expansion in São Paulo Abstract Classificação JEL: Q18 Para citar este art�culo puede uitlizar el siguiente formato: Diego Pierotti Proc�pio (2016): �An�lise Comparativa da ind�stria canavieira nas regi�es tradicionais e de expans�o no estado de S�o Paulo�, Revista Observatorio de la Econom�a Latinoamericana, Brasil, (mayo 2016). En l�nea: http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/16/canavieira.html http://hdl.handle.net/20.500.11763/br-16-canavieira 1. INTRODUÇÃO A produção de açúcar na região Nordeste foi o que impulsionou o cultivo da cana-de-açúcar no Brasil-colônia, ressaltando que os produtores nordestinos se destacaram
pela produção e participação no mercado internacional com as exportações dessa commodity. Essa condição foi alcançada graças às condições edafoclimáticas favoráveis e pela proximidade territorial com o continente europeu. Com relação ao cultivo da cana na região Centro-Sul, principalmente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, apenas a partir do século XVIII que este tipo de atividade agrícola teve início. Nesse período, o cultivo da cultura destinava-se principalmente
para a produção de açúcar e aguardente, porém apenas nos meados do século seguinte é que o açúcar da região passou a ter destaque nacional. No entanto, o produto em questão apresentava baixa qualidade e era destinado principalmente para o mercado doméstico (RAMOS e BELIK, 1989). 2. DETERMINANTES DA COMPETITIVIDADE Coutinho e Ferraz (1995) realizam uma análise estrutural da competitividade industrial a partir de três dimensões, que são a
empresarial, estrutural e sistêmica. De acordo com Esser et al. (1997) a terminologia de competitividade está relacionada com quatro níveis mais abrangentes de variáveis que afetam a capacidade competitiva das unidades produtivas, sendo eles: (i) nível micro, que é relacionado com a capacidade das empresas de aumentarem as receitas; (ii) nível meso, que trata da competitividade industrial e regional relacionada à infraestrutura e à capacidade das firmas de formarem
redes e de realizarem melhorias por meio de sistemas de inovação; (iii) nível macro, sendo este relacionado com os fatores macroeconômicos como a taxa de juros e de câmbio, a balança comercial e de pagamentos e dívida pública; e, (iv) nível meta que se relaciona com os aspectos culturais do país. As cinco forças competitivas para Porter (2004) são expostas no Quadro 1. 3. METODOLOGIA A metodologia de Matriz de Análise Política (MAP) foi desenvolvida por Monke e Pearson (1989) com o intuito de avaliar as mudanças na política agrícola de Portugal. A técnica do MAP está ligada a uma intensa literatura de análise de custo-benefício, cuja aplicação tem diversos exemplos na avaliação de projetos de investimento na agricultura (GITTINGER, 1982). Outro antecedente é encontrado nos
estudos de comércio internacional, especialmente nos de eficiência e análise de política econômica (JONES e KENEN, 1984). Uma revisão mais detida da metodologia pode ser encontrada em Monke e Pearson (1989), a qual serviu como base teórica para a metodologia utilizada neste trabalho. 3.2 OPERACIONALIZAÇÃO DO MODELO A Matriz e os devidos componentes são mostrados no Quadro 2. A partir da matriz são obtidos os seguintes índices, conforme indicado por Vieira et al. (2001): Em que:
(ii) Razão do Custo Privado (RCP): é um indicador de competitividade para uma cadeia individual, que tem por objetivo o de realizar uma comparação entre cadeias diferentes. Quanto menor a razão, maior será a competitividade da cadeia. Em que:
(iii) Lucro Social (LS): o lucro social mede a eficiência da cadeia agroindustrial ou a sua vantagem comparativa. Permite, também, ordenar as várias cadeias ou os sistemas de acordo com o grau de eficiência, desde que seja analisado o mesmo produto. Em que:
(iv) Razão dos Custos Domésticos (RCD): permite avaliar a cadeia e comparar as cadeias ou sistemas que produzem produtos distintos. Esse indicador é uma medida de vantagem comparativa e indica o quanto se utiliza dos recursos domésticos (G) para gerar um dólar de divisa pela exportação ou para economizar um dólar de divisa por meio da diminuição da importação. Em que:
(v) Transferência Líquida de Políticas (TLP): é a soma dos efeitos de todas as políticas consideradas, ou seja, o efeito sobre o preço do produto, o custo dos insumos comercializáveis e nos custos dos fatores domésticos. É o valor em unidade monetária que as políticas transferem da cadeia ou para a cadeia no sistema analisado. Em que:
(vi) Coeficiente de Proteção Nominal (CPN): é a divisão ou comparação do preço privado pelo preço equivalente ao internacional; permite comparação de sistemas e produtos distintos. Em que:
(vii) Coeficiente de Proteção Efetiva (CPE): considera os efeitos de políticas distorcidas sobre o produto e os insumos comercializáveis. Estima as políticas que afetam os mercados de
produtos e fazem o valor adicionado diferir do valor que ocorreria na ausência de políticas para as cadeias.
(viii) Coeficiente de Lucratividade (CL): é a razão entre o lucro privado e o lucro social. Mede o efeito de todas as políticas e serve como “Proxy” da transferência líquida de políticas, dando idéia de distância entre o lucro privado e o lucro que obteria na ausência de políticas causadoras de distorções. Este coeficiente é uma extensão do coeficiente de proteção efetiva, por incluir transferência de fatores. Em que:
(ix) Razão de Subsídio ao Produtor (RSP): é a transferência liquida de política com proporção da receita total. Permite a comparação sobre qual a extensão em que as políticas subsidiam os sistemas e pode ser desagregado para mostrar os efeitos de políticas de produtos, insumos e fatores. Quanto menor o valor absoluto desse indicador, menores os subsídios dessa cadeia. 3.3 FONTE DE DADOS Os dados de preços, calculados a partir da média de 2010, do açúcar e etanol comercializado no mercado interno foram retirados no banco de dados do CEPEA/ESALQ e os preços de exportação dos produtos em
questão, também obtido a partir da média de 2010, foram extraídos da base de dados de comércio exterior do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). A taxa de câmbio utilizada para a conversão dos preços em dólares para reais foram retirados do Banco Central e foi feita uma média do ano de 2010, dado que o valor utilizado foi de R$1,72 para US$1,00. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste tópico são apresentados os resultados da MAP – Matriz de Análise Política para cadeia produtiva de açúcar e etanol no estado de São Paulo, especificamente para as regiões tradicional e expansionista desta unidade federativa. Na cadeia produtiva do açúcar foi possível verificar a ocorrência de divergências positivas entre os preços e lucros, sociais e privados, tanto na região de expansão quanto na região tradicional da unidade federativa paulista, conforme mostrado na Tabela 1. Na Tabela 2 são mostradas as matrizes do etanol para as regiões paulistas analisadas. Destaca-se que as divergências de preços e lucros são negativas em ambas as localidades. De acordo com a metodologia aplicada, essas divergências
são resultados de falhas no mercado e, ou, políticas públicas adotadas. Com relação à remuneração do açúcar paulista, tanto na região tradicional quanto na de expansão, os preços do mercado interno foram superiores ao de exportação, resultando assim, em uma divergência positiva. Por outro lado, o preço de exportação do etanol das regiões analisadas foi superior ao do mercado interno, fazendo com que a divergência fosse negativa. 4.1 ANÁLISE DOS INDICADORES ECONÔMICOS A partir dos dados obtidos da MAP, foram calculados os índices econômicos que permitem medir a eficiência e a competitividade das cadeias produtivas do açúcar e do etanol no estado paulista. Os resultados obtidos são mostrados nas Tabelas 3 e 4. No que diz respeito ao Lucro Privado (LP), este índice foi maior que zero em ambas as regiões, para os dois produtos analisados, indicando assim que ambas cadeias produtivas são competitivas. O valor positivo evidencia a permanência dos agentes na atividade com tendência a aumentar seus investimentos no setor. Já quando se compara a lucratividade do açúcar em relação ao etanol, percebe-se que o mercado doméstico está remunerando mais o
primeiro produto do que o outro. 5. CONCLUSÃO Os resultados apontaram que o setor sucroalcooleiro, representado pelos seus dois produtos principais açúcar e álcool, é bastante competitivo em ambas as regiões analisadas em razão, principalmente, da lucratividade apresentada tanto a preços privados quanto sociais. No entanto, observou-se que cada sistema produtivo apresentava suas divergências, devido à
aplicação de políticas distorcidas. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BACEN – BANCO CENTRAL DO BRASIL. Disponível em: http://www.bcb.gov.br/. Acesso em: 12 jan. 2015. BATALHA, M. O.; SOUZA FILHO, H. M. Agronegócio no Mercosul: uma agenda para o desenvolvimento. São Paulo: Atlas, 2009. CEPEA – CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA. Disponível em: http://www.cepea.esalq.usp.br/. Acesso em: 11 fev. 2015. CNA, Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária. Disponível em: http://www.canaldoprodutor.com.br/. Acesso em: 14 fev. 2015. COUTINHO, L. G.; FERRAZ, J. C. Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira. Campinas, SP: Paripus; Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1995. ESSER, K.; HILLEBRAND, W.; MESSNER, D.; MEYER-STAMER, J. Competitividad internacional de las empresas y políticas requeridas: competitividad sistémica. Berlín: Instituto Alemán de Desarrollo, 1997. GITTINGER, J. P. Economic analysis of agricultural projects. 2 ed. Baltimore: The Jones Hopkins University Press, 1982. 505p. JONES, W. R.; KENEN, P. B. Handbook of intenartional economics. Amsterdan: North-Holland, 1984. MARJOTTA-MAISTRO, M. C. Biocombustíveis: novos desafios por soluções do setor sucroalcooleiro nacional. In: COELHO, A. B.; TEIXEIRA, E. C.; BRAGA, M. J. (Orgs). Recursos Naturais e Crescimento Econômico. Viçosa, MG: Os Editores, 2008. MIDC – Ministério Do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Disponível em: http://www.mdic.org.br. Acesso em: 15 jan. 2015. MONKE, A.E.; PEARSON, S.R. The policy analysis matrix for agricultural development. New York: Cornell University Press, 1989. 278p. PECEGE, Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas. Disponível em: http://www.pecege.esalq.usp.br. Acesso em: 15 jan. 2015. PORTER, M. E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. RAMOS, B.; BELIK, W. Intervenção estatal e a agroindústria canavieira no Brasil. Revista de Economia e Sociologia Rural, v. 27, n. 2, p. 197-214, 1989. REGAZIINI, L. C. A tributação no setor sucroenergético do estado de São Paulo. Piracicaba: ESALQ/USP, 2010. Dissertação (Mestrado em Economia Aplicada) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, 2010. SIQUEIRA, T. V. Competitividade sistêmica: desafios para o desenvolvimento econômico brasileiro. Revista do BNDES, v. 16, n. 31, p. 139-184, 2009. ÚNICA – UNIÃO DA INDÚSTRIA DE CANA-DE-AÇÚCAR. Disponível em: http://www.unicadata.com.br/. Acesso em: 10 fev. 2015. VIEIRA, R. C. M. T.; FILHO, A. R. T.; OLIVEIRA, A. J.; LOPES, M. R. Cadeias Produtivas do Brasil - Análise da Competitividade. Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia/ Embrapa. Secretária de Administração Estratégica, 2001. 1 Abrange a região oeste do Estado de São Paulo. Recibido: 21/03/2016 Aceptado: 11/05/2016 Publicado: Mayo de 2016 Nota Importante a Leer:
Quais os fatores que influenciaram a instalação da atividade agroindustrial canavieira no Brasil?Devido aos estoques que acumulara por força da superprodução de anos anteriores, e por causa da disponibilidade de uma ampla capacidade ociosa em sua agroindústria canavieira, o Brasil era na época um dos poucos países do mundo capazes de responder imediatamente a esses estímulos repentinos dos mercados internacionais ...
Quais foram os motivos que determinaram a implantação da economia canavieira no Brasil?Os portugueses esperavam que, ao introduzir o cultivo da cana, conseguissem firmar a colonização, garantir a presença portuguesa e, com isso, impedir as invasões externas e ameaças estrangeiras.
Quais eram as principais características da produção canavieira do Brasil?Eram instalados em latifúndios, concedidos a donatários pelo Império Português por meio sistema de sesmarias. A mão de obra utilizada era predominantemente escravagista. Em um primeiro momento, entre o século XVI e o início do XVII, os indígenas foram utilizados como mão de obra escrava.
Foram características marcantes da economia canavieira do Brasil?A implantação do cultivo da cana-de-açúcar teve grande êxito no Brasil colônia, sendo assim, a economia canavieira proporcionou grandes lucros para Portugal e Holanda.
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