No ano de 1968, o Brasil passava um dos seus piores momentos da história: a ditadura militar. Desde a tomada do poder em 1964, a opressão contra os movimentos culturais e sociais foram tomando força, até se concretizar através do AI-5. Show
Mesmo sendo repreendido, Geraldo Vandré escreveu uma das músicas mais conhecidas na MPB: “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores”, também conhecida como “Caminhando”, que ganhou o segundo lugar no III Festival Internacional da Canção. Essa música tem uma história conturbada que hoje iremos contar aqui no Além da Letra. Vem com a gente! Em meio à ditadura, Geraldo Vandré escreveu a letra da música, que expressava o sentimento perfeito dos manifestantes da época. A liberdade de expressão de Geraldo foi tanta, que a letra chegou a ser censurada e o cantor precisou sair do país, em exílio, para se proteger. A música quer passar a mensagem de que todos estamos lutando por algo em comum: o direito à liberdade. Em alguns trechos, é possível perceber o autor dizendo para sairmos às ruas, pois não podemos mais esperar. Geraldo compôs uma letra em que conversa diretamente com o povo. Por isso ela foi tão repreendida e censurada na época, pois ela chama todo mundo para o movimento e lutar contra a ditadura. Agora que você já sabe sobre a história da música, vale a pena relembrar esse clássico da MPB. Confira abaixo: A HISTÓRIA DE "PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES": Caminhando pelos descaminhosEm 1968, próximo ao auge da ditadura militar no Brasil, Geraldo Vandré apresentava Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores (também conhecida como Caminhando) no Festival Internacional da Canção da Rede Globo. Maracanãzinho lotado: Festival Internacional da Canção 1968 PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES (Geraldo Vandré - 1968) Caminhando e cantando Vem, vamos embora Vem, vamos embora Pelos campos há fome Vem, vamos embora Vem, vamos embora Há soldados armados Vem, vamos embora Vem, vamos embora Nas escolas, nas ruas Os amores na
mente Vem, vamos embora Vem, vamos embora O paraibano Vandré, formado em direito, militante de esquerda, membro do CPC (Centro Popular de Cultura) e da UNE (União Nacional dos Estudantes), era um crítico feroz dos militares. A música confrontava diretamente o regime, os valores que pregava e como os pregava. Seu tom crítico sobre a sociedade já era conhecido em festivais desde "Disparada", em 1966. Caminhando ganhou o coração dos estudantes, principal público dos festivais da época. E era considerada favorita. Acabou ficando em segundo lugar. Venceu a belíssima Sabiá, de Chico Buarque e Tom Jobim - vaiada pelo público na apresentação final no Maracanãzinho. Vandré defendeu os colegas, ao som de "É marmelada, é marmelada!" e deixou para a história a célebre fase "A vida não se resume aos Festivais". Multidão enfurecida com o resultado: Vandré pede que não vaiem Chico e Tom Ziraldo deu nota 10 para Caminhando e 5 para as outras músicas, inclusive Sabiá. “O que ninguém percebeu na época, nem eu, é que a letra de Sabiá era também inconformista, uma canção de protesto. ‘Me deitar à sombra de uma palmeira que já não há, colher a flor que já não há... as noites que eu não queria... anunciar o dia!’ Estava tudo lá, de maneira velada”, recorda. Como muitos, ele viu algo de heroico na composição de Vandré. “Era uma emoção ver aquele cara sozinho naquele palco enorme enfrentando apenas com seu violão a fúria dos militares. Que era imensa naquela época”, observou Ziraldo. Apenas em 1991, Walter Clark, diretor-geral da Rede Globo de Televisão à época, revelou em sua autobiografia que a direção da emissora recebeu ordens do comando do Exército para que nem Caminhando nem América, América, de César Roldão Vieira, extremamente críticas ao governo, vencessem o festival. Capa do disco, gravado ao vivo no Maracanãzinho Em dezembro de 1968, a ditadura militar implanta o terrível AI 5. Vandré, temendo o pior, foge do país. Mas a música vira tema da resistência, cantada em passeatas e outros atos públicos. Atualmente Geraldo Vandré reside no centro da cidade de São Paulo. Em 12 de setembro de 2010 (dia de seu aniversário de 75 anos), Vandré concedeu no Clube da Aeronáutica no Rio de Janeiro uma polêmica entrevista ao jornalista Geneton Moraes Neto. Vandré em 2010 Ele criticava o cenário cultural brasileiro e afirmava que seu afastamento da música popular não foi causado pela perseguição sofrida pela ditadura mas, sim, pela falta de motivação para compor ao público brasileiro, vítima do processo de massificação cultural e histórica (clique para ler a entrevista completa). Confira o áudio original da apresentação de 1968. De arrepiar.
Referências: Pesquisa: Robson Leite Quando foi feita a música Pra não dizer que não falei das flores?A música "Pra não dizer que não falei das flores" foi escrita e cantada por Geraldo Vandré em 1968, conquistando o segundo lugar no Festival Internacional da Canção desse ano. O tema, também conhecido como "Caminhando", se tornou um dos maiores hinos da resistência ao sistema ditatorial militar que vigorava na época.
Porque a música Pra não dizer que não falei das flores foi censurada?Geraldo compôs uma letra em que conversa diretamente com o povo. Por isso ela foi tão repreendida e censurada na época, pois ela chama todo mundo para o movimento e lutar contra a ditadura.
Por que a época a música de Geraldo Vandré Pra não dizer que não falei das flores TornouA letra de “Para não dizer que eu não falei das flores” transmitia esperança e incentivava os brasileiros a se mobilizarem contra a ditadura. A música acabou tornado-se um hino de resistência do movimento civil e estudantil no país e foi censurada e proibida pelos militares.
Quem e o autor da música Pra não dizer que não falei das flores?Geraldo VandréPra não dizer que não falei das flores / Compositornull
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