Qual a recomendação de atividades físicas para crianças e adolescentes?

25/07/2017 por Rossana Soletti

Qual a recomendação de atividades físicas para crianças e adolescentes?

Crianças e adolescentes precisam muito de atividade física! Aliás, todo mundo precisa, mas para os primeiros anos da vida isso é ainda mais crítico, já que estamos construindo bons hábitos de vida. E quais os benefícios da atividade física para crianças e adolescentes? Só para citar alguns: melhora da saúde global, melhora da autoestima, postura, equilíbrio, concentração, interação social, aprendizado de novas habilidades, etc.  mas o que nós vemos é que ultimamente está bem mais raro ver crianças e adolescentes brincando, correndo, pulando.

Essa semana vi os resultados de uma pesquisa sobre atividade física na infância e adolescência que me deixaram chocada. Os dados foram coletados em mais de 12 mil participantes norte-americanos (mas acredito que o resultado aqui no Brasil deva ser parecido). A recomendação mundial é que crianças entre 5 e 17 anos façam pelo menos 60 minutos de atividade física moderada a intensa diariamente. Porém, segundo a pesquisa, mais da METADE das meninas e de UM QUARTO dos meninos de 6 a 11 anos não consegue cumprir essa meta. Entre os adolescentes (12 a 19 anos), a realidade é ainda pior: mais de METADE dos meninos e de 75% das meninas não atinge essa recomendação! Pra piorar, os níveis de atividade física no final da adolescência foram similares aos dos indivíduos de 60 anos!.

A única faixa etária em que a atividade física dá uma melhorada é entre adultos jovens de 20 a 29 anos, mas a partir dos 35 anos os níveis de atividade já tendem a cair.

Se nós pensarmos nesse cenário atual de sedentarismo somado às más escolhas alimentares da maioria da população… pronto, uma bomba-relógio, né?! Não é à toa que vemos aumentos anuais no percentual da população com doenças cardiovasculares, diabetes, síndrome metabólica e várias doenças relacionadas à obesidade e sedentarismo! Precisamos tentar mudar isso desde a infância. Segundo o próprio trabalho discute, o horário entre 14h e 18h foi o mais propício para as crianças se exercitarem, então as escolas deveriam dar prioridade para atividades físicas nesse período. As atividades físicas recomendadas para as crianças e adolescentes nessa fase seriam aquelas que as crianças chegam a ficar “sem fôlego”, como correr, andar de bicicleta, nadar, jogar bola… sem esquecer que a atividade precisa ser PRAZEROSA! Não dá para obrigar uma criança que odeia futebol a ficar uma hora jogando. Num mundo ideal, as escolas dariam várias opções para que o aluno pudesse escolher a que mais lhe agrada. O que não adianta é só ficar sentado em sala de aula esperando os anos passarem, para colher o estrago do sedentarismo anos depois!

Referência do artigo científico para saber mais: Varma VR et al. Re-evaluating the effect of age on physical activity over the lifespan. Preventive Medicine 101: 102-108, 2017.

atividade físicaobesidade infantilsaúde dos filhos

Autores

  • Samuel Carvalho Dumith Universidade Federal do Rio Grande, Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde, Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-5994-735X
  • Alcides ´Prazeres Filho Universidade Federal da Paraíba, Departamento de Educação Física, João Pessoa, Paraíba, Brasil. https://orcid.org/0000-0003-2661-090X
  • Felipe Vogt Cureau Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde: Cardiologia e Ciências Cardiovasculares, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. https://orcid.org/0000-0001-7255-9717
  • José Cazuza de Farias Júnior Universidade Federal da Paraíba, Departamento de Educação Física, João Pessoa, Paraíba, Brasil. Programa Associado de Pós-Graduação em Educação Física – Universidade de Pernambuco/Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Paraíba, Brasil.
  • Júlio Brugnara Mello Faculdade SOGIPA, Departamento de Educação Física, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-3013-1760
  • Michael Pereira da Silva Universidade Federal do Rio Grande, Faculdade de Medicina, Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-7628-3997
  • Thiago Sousa Matias Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Educação Física, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. https://orcid.org/0000-0003-0241-3776
  • Wendell Artur Lopes Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Educação Física, Maringá, Paraná, Brasil. https://orcid.org/0000-0001-7895-6799
  • Lorena Lima Magalhães Ministério da Saúde. Brasília, Distrito Federal, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-3860-7591
  • Pedro Curi Hallal Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Ginástica e Saúde, Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. https://orcid.org/0000-0003-1470-6461

DOI:

https://doi.org/10.12820/rbafs.26e0214

Palavras-chave:

Atividade física, Promoção da saúde, Políticas públicas, Crianças, Adolescentes

Resumo

A prática regular de atividade física promove benefícios fisiológicos, psicológicos e sociais na vida de crianças e jovens. Apesar da alta prevalência de jovens que não praticam atividade física em nosso país e de termos uma boa colocação no ranking mundial de produção acadêmica sobre pesquisa na área de atividade física e saúde, ainda não havia sido publicadas as recomendações brasileiras de atividade física. O objetivo deste artigo consistiu em descrever como foi desenvolvido o capítulo para crianças e jovens de 6 a 17 anos do Guia de Atividade Física para População Brasileira e apresentar as principais recomendações para esta faixa etária. A construção do capítulo para crianças e jovens envolveu as seguintes etapas: a) revisão de literatura; b) redação da versão preliminar do capítulo; c) processo de escuta com o público alvo referente ao capítulo e especialistas da área de promoção da atividade física; d) realização de consulta pública e; e) redação da versão final do capítulo. Os tópicos apresentados abordam exemplos de atividades físicas praticadas em diferentes domínios; recomendações para a prática (tipos, intensidade, frequência, duração e as formas que a mesma pode ser estruturada). Além disso, são apresentadas orientações para jovens, pais/responsáveis e professores sobre como adotar e manter um estilo de vida mais ativo fisicamente, assim como sugestões para reduzir o tempo em comportamento sedentário. A elaboração de um guia nacional de atividade física para a população brasileira foi algo inédito, e resultou de um esforço conjunto entre diversos setores da sociedade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Bull FC, Al-Ansari SS, Biddle S, Borodulin K, Buman MP, Cardon G, et al. World Health Organization 2020 guidelines on physical activity and sedentary behaviour. Br J Sports Med. 2020;54(24):1451-62.

Powell KE, King AC, Buchner DM, Campbell WW, DiPietro L, Erickson KI, et al. The scientific foundation for the physical activity guidelines for Americans, 2nd edition. J Phys Act Health. 2019;16(1):1-11.

U.S. Department Of Health and Human Services. Physical Activity Guidelines for Americans, 2 nd edition. Washington, DC; 2018.

Leech RM, McNaughton SA, Timperio A. The clustering of diet, physical activity and sedentary behavior in children and adolescents: a review. Int J Behav Nutr Phys Act. 2014;11(1):4.

Paavola M, Vartiainen E, Haukkala A. Smoking, alcohol use, and physical activity: a 13-year longitudinal study ranging from adolescence into adulthood. J Adolesc Heal. 2004;35(3):238-44.

Hallal PC, Andersen LB, Bull FC, Guthold R, Haskell W, Ekelund U, et al. Global physical activity levels: surveillance progress, pitfalls, and prospects. Lancet. 2012;380(9838):247-57.

Guthold R, Stevens GA, Riley LM, Bull FC. Global trends in insufficient physical activity among adolescents: a pooled analysis of 298 population-based surveys with 1·6 million participants. Lancet Child Adolesc Heal. 2020;4(1):23-35.

Condessa LA, Soares CA, Mielke GI, Malta DC, Caiaffa WT. Prevalence of physically active adolescents in Brazilian capitals: National Adolescent School-based Health Survey 2012 and 2015. Rev Bras Epidemiol. 2018;21(suppl 1):e180012.

Australian Government Department of H. Australian 24-Hour Movement Guidelines for Children (5-12 years) and Young People (13-17 years): An Integration of Physical Activity, Sedentary Behaviour, and Sleep. Canberra; 2017.

Chen P, Wang D, Shen H, Yu L, Gao Q, Mao L, et al. Physical activity and health in Chinese children and adolescents: expert consensus statement (2020). Br J Sports Med. 2020;54(22):1321-31.

Piercy KL, Troiano RP, Ballard RM, Carlson SA, Fulton JE, Galuska DA, et al. The Physical Activity Guidelines for Americans. JAMA. 2018;320(19):2020-8.

Tremblay MS, Carson V, Chaput JP, Connor Gorber S, Dinh T, Duggan M, et al. Canadian 24-hour movement guidelines for children and youth: An integration of physical activity, sedentary behaviour, and sleep. Appl Physiol Nutr Metab. 2016;41(6):S311-S27.

Weggemans RM, Backx FJG, Borghouts L, Chinapaw M, Hopman MTE, Koster A, et al. The 2017 Dutch Physical Activity Guidelines. Int J Behav Nutr Phys Act. 2018;15(1):58.

Varela AR, Pratt M, Powell K, Lee IM, Bauman A, Heath G, et al. Worldwide surveillance, policy, and research on physical activity and health: the global observatory for physical activity. J Phys Act Health. 2017;14(9):701-9.

World Health Organization. WHO Guidelines on Physical Activity and Sedentary Behaviour for Children and Adolescents, Adults and Older Adults. Geneva; 2020. 104 p.

The Canadian Society for Exercise P. Canadian 24-Hour Movement Guidelines for Children and Youth: An Integration of Physical Activity, Sedentary Behaviour, and Sleep. Ottawa; 2016. 2 p.

United Kingdom. UK Chief Medical Officers' Physical Activity Guidelines. 2019.

Ministerio De Salud, Secretaria Nacional Del Desporte. ¡A MOVERSE! Guía de actividad física. Montevidéu; 2017.

Ministerio de Salud de la Nación. Manual Director de Actividad Fisica y Salud de la Republica Argentina. Buenos Aires; 2013. 116 p.

Federal Office of Sport, Federal Office of Public Health, Health Promotion Switzerland, Swiss Council for Accident Prevention, Swiss Accident insurance Fund, Health and Physical Activity Network Switzerland. Health-Enhancing Physical Activity. Magglingen; 2013. 28 p.

Health Council of the Netherlands. Physical activity guidelines 2017. Amsterdam: 2017. 45 p.

Ministerio de Sanidad, Servicios Sociales e Igualdad. Actividad Física para la Salud y Reducción del Sedentarismo. Recomendaciones para la población. Estrategia de Promoción de la Salud y Prevención en el SNS. Madrid; 2015.

The State of Qatar. The State of Qatar National Physical Activity Guidelines First Edition. Doha; 2014. 70 p.

Faigenbaum AD, MacDonald JP, Stracciolini A, Rebullido TR. Making a strong case for prioritizing muscular fitness in youth physical activity guidelines. Curr Sports Med Rep. 2020;19(12):530-6.

Poitras VJ, Gray CE, Borghese MM, Carson V, Chaput J-P, Janssen I, et al. Systematic review of the relationships between objectively measured physical activity and health indicators in school-aged children and youth. Appl Physiol Nutr Metab. 2016;41(6 (Suppl. 3)):S197-S239.

García-Hermoso A, Alonso-Martínez AM, Ramírez-Vélez R, Pérez-Sousa MÁ, Ramírez-Campillo R, Izquierdo M. Association of physical education with improvement of health-related physical fitness outcomes and fundamental motor skills among youths: a systematic review and meta-analysis. JAMA Pediatr. 2020;174(6):e200223

Chaput J-P, Willumsen J, Bull F, Chou R, Ekelund U, Firth J, et al. 2020 WHO guidelines on physical activity and sedentary behaviour for children and adolescents aged 5–17 years: summary of the evidence. Int J Behav Nutr Phys Act. 2020;17(1):141.

Sallis JF, Cervero RB, Ascher W, Henderson KA, Kraft MK, Kerr J. An Ecological approach to creating active living communities. Annu Rev Public Health. 2006;27(1):297-322.

Mendonça G, Cheng LA, Mélo EN, Farias Júnior JC. Physical activity and social support in adolescents: A systematic review. Health Educ Res. 2014;29(5):822–39.

Umstattd Meyer MR, Bridges CN, Schmid TL, Hecht AA, Pollack Porter KM. Systematic review of how Play Streets impact opportunities for active play, physical activity, neighborhoods, and communities. BMC Public Health. 2019;19(1):335.

Qual a recomendação de atividade física para crianças e adolescentes?

Mas, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), a recomendação é que crianças de 2 a 5 anos façam, pelo menos, duas horas de atividade física por dia. Já para as crianças de 5 a 17 anos, o indicado é uma hora por dia. E isso vale para todos os dias da semana.

Quais atividades físicas são indicadas para cada faixa etária?

Quais atividades físicas são indicadas para cada faixa etária.

Quanto uma criança deve andar por dia?

– 6 anos ou + Crianças e adolescentes devem acumular pelo menos 60 minutos diários de atividades físicas de intensidade moderada a vigorosa.

Quantas horas por dia uma criança tem que brincar?

No mínimo 3 horas para brincar e 10 horas para dormir são as recomendações da OMS para crianças com menos de 5 anos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou novas diretrizes para a atividade física, sedentarismo e sono para as crianças com menos de 5 anos de idade.