Quais foram os motivos que levaram os portugueses a navegar em mar aberto?

AS GRANDES NAVEGAÇÕES

Quais foram os motivos que levaram os portugueses a navegar em mar aberto?

Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/a-aventura-das-grandes-navegacoes.htm. Acesso em 08/03/2021

Para velejar em alto-mar os europeus daqueles tempos enfrentaram perigos reais e imaginários.
Entre os perigos reais estavam ventos desfavoráveis, ameaças de encalhe, lugares estranhos, fome, doenças e sede no interior dos navios.

Os perigos imaginários também eram muitos. Por exemplo, a crença de que a terra era achatada e que aquele que se afastasse muito do litoral cairia num abismo; de que na altura da linha do Equador os navios se incendiariam; de que o mar era habitado por monstros terríveis etc. Se era assim tão perigoso, por que, então, os europeus se lançaram às Grandes Navegações? É o que veremos a seguir.

O COMÉRCIO DE ESPECIARIAS ORIENTAIS NO SÉCULO XIV
Quando os cruzados voltavam do Oriente, depois de terem combatido os muçulmanos, traziam com eles especiarias, como pimenta-do-reino, cravo, canela, gengibre, mostarda, noz-moscada, entre outras. Por sua capacidade de conservar os alimentos e de torná-los mais saborosos, esses temperos passaram a ser cada vez mais consumidos na Europa no decorrer do século XIV. Além das especiarias, os europeus passaram a consumir também os artigos de luxo orientais, como os tecidos de algodão da Índia, os tapetes da Pérsia, a seda e a porcelana da China e as pérolas do Japão.

Como na época ainda não havia geladeiras, os europeus usavam as especiarias para conservar a carne e tornar seu sabor agradável. Além de servir para temperar alimentos, eram usadas no preparo de remédios e perfumes. No século XIV, o rico comércio de especiarias e de artigos de luxo orientais era quase todo controlado por mercadores árabes e italianos. Valendo-se de sua larga experiência comercial, os árabes traziam as mercadorias do Oriente até cidades como Cairo e Alexandria (na África) e Tiro e Antioquia, na Ásia Menor. Ali os mercadores italianos compravam esses produtos das mãos dos árabes e os revendiam na Europa com grande lucro.

O QUE LEVOU OS PORTUGUESES A NAVEGAR EM MAR ABERTO?


No século XIV, os portugueses já participavam do comércio de especiarias orientais. É que, ao distribuir essas especiarias pela Europa, os mercadores italianos fundaram entrepostos comerciais em cidades portuguesas como Porto e Lisboa; lá eles vendiam especiarias aos portugueses que, por sua vez, as revendiam em Londres (Inglaterra) e no norte da Europa.

Para ampliar sua participação no rico comércio mundial de especiarias, os portugueses precisavam evitar o mar Mediterrâneo (que era quase todo controlado pelos italianos) e buscar as especiarias na fonte, isto é, no Oriente; controlando as fontes de especiarias, conseguiriam obtê-las a preços mais baixos e podiam revendê-las na Europa com grande lucro.

Além da motivação econômica, houve também a religiosa: ou seja, o desejo dos portugueses de expandir a fé cristã e combater o que chamavam de infiéis. Por motivos religiosos e comerciais, o rei português D. João I organizou, em 1415, uma grande expedição que tomou dos muçulmanos a cidade de Ceuta, no norte da África. Esse fato é tido como o marco inicial da expansão marítima portuguesa.

PORTUGAL, O PRIMEIRO NAS GRANDES NAVEGAÇÕES
Portugal foi o pioneiro nas Grandes Navegações por vários motivos; apresentaremos a seguir alguns deles:

Pioneiro: primeiro, líder.
Portulano: espécie de roteiro que incluía descrição detalhada das costas marítimas, distância entre um lugar e outro e desenhos dos melhores portos para se atracar.
Bússola: agulha magnética permanentemente apontada para o norte que permitia aos navegantes manobrar o navio na direção desejada. A bússola foi inventada pelos chineses e levada para a Europa pelos árabes.

NAVEGANDO COM OS PORTUGUESES


Com uma monarquia centralizada, mercadores ricos e o apoio de capitães experientes, de estudiosos e construtores de navios, os portugueses iniciaram o périplo africano, isto é, o contorno da África para chegar ao Oriente.

CRONOLOGIA DA EXPANSÃO PORTUGUESA – SÉCULO XV
1419 – Os portugueses chegam às Ilhas da Madeira.
1443 – Atingem a Ilha de Arguim, junto ao rio do Ouro, e, no ano seguinte, o rio Senegal. Quatro anos depois, criam a primeira feitoria e iniciam o comércio com os africanos, que envolvia principalmente ouro em pó, escravizados, armas de fogo e pólvora.
1456 – Chegam às Ilhas do Cabo Verde e constroem engenhos de produção de açúcar utilizando mão de obra africana escravizada.
1482 – Erguem o castelo de São Jorge da Mina e, nesse mesmo ano, chegam à foz do rio Zaire, iniciando a exploração do Congo.
1488 – Bartolomeu Dias contorna o Cabo das Tormentas, situado no extremo sul da África. Para valorizar o feito, o rei de Portugal, D. João II, muda o nome do local para Cabo da Boa Esperança.
1498 – Vasco da Gama chega a Calicute, na Índia, uma das mais importantes fontes de especiarias orientais.

Com a chegada de Vasco da Gama à Índia, em 1498, os portugueses realizavam seu maior sonho: chegar ao Oriente contornando a África. Ao regressar a Lisboa, Vasco da Gama levou consigo uma fortuna em pimenta, canela e gengibre. A venda dessas especiarias possibilitou aos investidores um lucro extraordinário (alguns historiadores falam em 600%).

Aberto o caminho marítimo para o Oriente, os portugueses ergueram muitas feitorias nas áreas banhadas pelo Oceano Índico. Ao mesmo tempo, com a chegada de Cabral à região mais tarde conhecida como Brasil, os portugueses ergueram feitorias também no litoral leste da América do Sul. Assim, apoiados em suas feitorias africanas, asiáticas e americanas, os portugueses passaram a controlar boa parte do comércio pelo Oceano Índico e pelo Atlântico Sul. Portugal tornou-se, então, a cabeça de um imenso império: o Império Ultramarino Português.

AS NAVEGAÇÕES ESPANHOLAS
Enquanto os portugueses buscavam o caminho marítimo para o Oriente navegando em direção ao leste, os espanhóis, seus principais concorrentes, esforçavam-se para atingir o mesmo objetivo navegando para o oeste. Os reis espanhóis Fernando e Isabel também se aplicavam na busca de um novo caminho marítimo para o Oriente. Em 1492, esses reis aprovaram o audacioso plano do navegador genovês Cristóvão Colombo. O plano de Colombo consistia em chegar ao Oriente navegando em direção ao Ocidente, isto é, dando a volta ao redor do mundo, pois acreditava que a Terra era redonda. Além disso, julgava que ela fosse menor do que realmente é. O que ele não sabia, porém, é que no meio do caminho havia outro continente.

Colombo saiu do porto de Palos com três caravelas – Santa María, Pinta e Niña – e, depois de velejar por cerca de dois meses, embalado por fortes ventos favoráveis, teve uma grata surpresa: encontrou um continente “novo” para os europeus: a América. Era 12 de outubro de 1492. Mas, como pensou ter chegado às Índias, chamou de “índios” os diversos povos que habitavam essas terras havia milhares de anos.

CABRAL TOMA POSSE DAS TERRAS BRASILEIRAS
Animado com o lucro da viagem de Vasco da Gama, o rei de Portugal, D. Manuel, decidiu enviar outra expedição às Índias, a fim de firmar o comércio português com o Oriente.

Essa esquadra, comandada pelo nobre Pedro Álvares Cabral, partiu de Lisboa em 9 de março de 1500. Era formada por 13 navios (dez naus e três caravelas) e cerca de 1500 pessoas, incluindo escrivão, cartógrafos, padres, soldados e navegadores experientes, como Bartolomeu Dias, o primeiro europeu a contornar a África. O rei encarregou Cabral de tomar posse das terras que encontrasse pelo caminho. Por isso, Cabral ordenou aos pilotos de sua esquadra que se afastassem do litoral africano, velejando cada vez mais em direção ao Ocidente.

Depois de 43 dias no mar, os tripulantes avistaram pássaros e algas marinhas, sinal de que havia terra por perto. Finalmente, na tarde do dia seguinte, 22 de abril de 1500, uma quarta-feira, avistaram um monte verde azulado de formas arredondadas, ao qual deram o nome de Monte Pascoal, pois era semana da Páscoa.

OUTROS EUROPEUS
Ingleses, franceses e holandeses também cobiçavam as especiarias orientais. Para chegar a elas, navegaram em direção ao Oriente por diversos caminhos.

Ingleses, franceses e holandeses também cobiçavam as especiarias orientais. Para chegar a elas, navegaram em direção ao Oriente por diversos caminhos.

Em 1534, foi a vez do navegador francês Jacques Cartier buscar uma passagem para o Oriente pelo extremo norte. Ele explorou o rio São Lourenço e tomou posse, em nome do rei da França, de parte dos atuais Canadá e Estados Unidos. Tanto os ingleses quanto os franceses daquela época dedicavam-se à pirataria.

A Holanda lançou-se às navegações só no final do século XVI. Mas em poucas décadas conquistou terras em diversos continentes: região do Cabo (África); Java, Ceilão e ilhas Molucas (Ásia); Nova Amsterdã (atual Nova York), Antilhas e nordeste do Brasil (América).

A Holanda lançou-se às navegações só no final do século XVI. Mas em poucas décadas conquistou terras em diversos continentes: região do Cabo (África); Java, Ceilão e ilhas Molucas (Ásia); Nova Amsterdã (atual Nova York), Antilhas e nordeste do Brasil (América).

As Grandes Navegações provocaram mudanças importantes no cenário mundial, entre as quais cabe citar:

  1. o extraordinário crescimento do volume e do valor do comércio mundial;
 
  1. Atlântico passou a ser mais importante do que o Mediterrâneo como via de comércio. Com isso, assistiu-se ao declínio das cidades italianas e à ascensão dos países banhados pelo Atlântico, como Portugal, Espanha, Inglaterra, França e Holanda;
 
  1. a construção de vastos impérios coloniais pelos europeus e a apropriação da riqueza dos povos africanos, asiáticos e ameríndios;
 
  1. a consciência, por parte de muitos europeus, da enorme diversidade de povos e culturas e da necessidade de conviver com essas diferenças.

ATIVIDADES

  1. Leia o trecho com atenção e responda ao que se pede.

Criada a moderna rota das especiarias
Portugal encontrou realmente especiarias e outros fabulosos tesouros da Índia. [...]
Após várias batalhas no mar, na Índia e em muitas partes da Ásia e da África, os portugueses conseguiram controlar o comércio no Oceano Índico. Estava assim criada uma nova rota comercial desde a Europa até as especiarias [...]. Diferente da medieval, era uma rota totalmente marítima, que alcançava a Índia pelo Atlântico. Os portugueses chamaram-na de “Rota do Cabo”, porque passava pelo Cabo da Boa Esperança, no extremo sul da África [...].

AMADO, Janaína; FIGUEIREDO, Luiz Carlos. A magia das especiarias: a busca de especiarias e a expansão marítima. São Paulo: Atual, 1999. p. 21. (Nas ondas da história).
a) O que eram as especiarias?
b) O que era a Rota do Cabo e por que ela tinha esse nome?
c) Quais foram as consequências do controle dessa rota pelos portugueses?

  1. Copie a frase INCORRETA e justifique sua escolha.
 
  1. Os europeus da época medieval usavam as especiarias para conservar a carne e tornar seu sabor agradável.
  2. No século XIV, o rico comércio de especiarias e de artigos de luxo orientais era quase todo controlado por mercadores árabes e italianos. Os portugueses tinham uma pequena participação nesse comércio.
  3. Para ampliar sua participação no comércio mundial de especiarias, os portugueses precisavam evitar o mar Mediterrâneo (que era quase todo controlado pelos italianos) e buscar as especiarias na fonte, isto é, no Oriente.
  4. Nas Grandes Navegações, além da motivação econômica houve também uma motivação religiosa; ou seja, o desejo português de expandir a fé cristã e combater os muçulmanos.
  5.  As Grandes Navegações foram motivadas exclusivamente pelo espírito de aventura.
 
  1. Quais os principais fatores do pioneirismo português nas Grandes Navegações?
 
  1. As histórias de sucesso são geralmente recontadas muitas vezes – livros, filmes, histórias em quadrinhos etc. Este é o caso, por exemplo, da chegada de Cabral ao território hoje conhecido como Brasil. Dos naufrágios que fizeram Portugal ser conhecido no século XVI como um “país de viúvas”, quase nada se fala. Veja o que o historiador Fábio Pestana diz:

Entre as principais causas [dos naufrágios] estavam o mau tempo [...], o desconhecimento do regime dos ventos e das correntes marítimas, a imperícia do piloto, o excesso de carga, o desgaste natural das embarcações, doenças que dizimavam a tripulação impossibilitando a continuidade da viagem, e ataques piratas seguidos da queima da embarcação.

RAMOS, Fábio Pestana. Os problemas enfrentados no cotidiano das navegações portuguesas da carreira da Índia: fator de abandono gradual da rota das especiarias. Revista de história, n. 137, 1997, p. 84

  • Segundo o texto, os naufrágios das caravelas portuguesas nas Grandes Navegações têm várias razões, exceto:
  1. O mau tempo.
  2. O excesso de carga
  3. A ausência de instrumentos náuticos
  4. Ataques de piratas
 
  1. Para refletir:
 
  • A carta de Caminha é um importante documento histórico. Leia a seguir um trecho que fala da nova terra

“Nesta terra, até agora, não pudemos saber se existe ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro. Porém, a terra em si é de bons ares, assim frios e temperados. As águas são muitas e infinitas. A terra é tão grandiosa que, querendo aproveitá-la, tudo dará nela, por causa das águas que tem. Porém, o melhor fruto que podemos tirar dela, me parece, será salvar esta gente, tornando-a cristã. E, desta maneira, aqui conto a Vossa Alteza o que vi nesta Vossa terra”.

TORRES, Adriana; PEREIRA, André. Ilustrações de Tibúrcio. A carta de Pero Vaz de Caminha. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1991. p. 21.

  1. O que se pode concluir da leitura da primeira frase?
  2. Em que trecho da carta se percebe a intenção dos portugueses em expandir sua religião?
  3. Em que trecho o escrivão diz que considera a nova terra propriedade do rei de Portugal?
 
  1. De acordo com o texto estudado o que eram especiarias e qual era a sua importância na época das grandes navegações?
 
  1. Qual foi o plano de Navegação organizado por Cristóvão Colombo? Quais ideias ousadas ele defendia/ O que ele conseguiu descobrir? Escreva a resposta com suas palavras.
 
  1. Explique, resumidamente, como os portugueses chegaram as terras onde hoje é o Brasil.
 
  1. Além dos portugueses e espanhóis, que outros povos europeus se aventuraram em grandes navegações objetivando descobrir terras e riquezas?
 
  1. Quais as principais mudanças provocadas pelas grandes navegações no cenário mundial da época?

Quais os motivos que levaram os portugueses a navegar em mar aberto?

O primeiro motivo que levou os portugueses ao empreendimento das Grandes Navegações foi a progressiva participação lusitana no comércio europeu no século XV, em razão da ascensão de uma burguesia enriquecida que investiu nas navegações no intuito de comercializar com diferentes partes do mundo.

Quais os motivos ou as necessidades que levaram os portugueses a se aventurar nos temidos oceanos?

Com as explorações, a economia portuguesa buscava obter, principalmente, especiarias e ouro. Na questão geográfica, podemos mencionar que todo o litoral português era voltado para o oceano Atlântico e a posição geográfica do país colocava-o próximo de correntes marítimas importantes, tornando a navegação mais fácil.

Como era navegar em mar aberto?

As grandes navegações Aquela época, navegar em mar aberto era preciso, mas muito perigoso. Os marinheiros tiveram que enfrentar doenças, tempestades, vento, fome e sede, perigos de todos os tipos, grandes riscos de naufrágio, solidão...

Quais são as condições que tornaram possível a Portugal iniciar as grandes navegações?

O acúmulo de conhecimento náutico e o desenvolvimento de novas tecnologias possibilitaram que as Grandes Navegações iniciassem-se no século XV, e os portugueses são considerados os pioneiros nesse processo.