Porquê os fazendeiros passaram a compra trabalhadores escravizados no Nordeste e incentivaram a vinda de imigrantes?

No Segundo Reinado, percebemos que as estruturas das relações de trabalho no Brasil foram sofrendo importantes transformações. Mediante a insistente pressão das autoridades britânicas, o governo imperial foi incorporando ações que impediam a expansão do trabalho escravo. Já com a expressa proibição do tráfico negreiro, em 1850, os grandes cafeicultores foram tendo enormes dificuldades para adquirir mão de obra capaz de suprir a sua demanda.

Uma das primeiras alternativas lançadas para tal impasse foi o chamado tráfico interprovincial de escravos. Nesse caso, os grandes fazendeiros da região sudeste adquiriam os escravos ociosos localizados na região nordeste. A disponibilidade dessa mão de obra ocorreu devido à crise agrícola que atingiu os produtores nordestinos, principalmente pela diminuição do preço obtido na comercialização da cana de açúcar, do algodão e do fumo.

Segundo algumas estimativas, essa prática foi responsável pelo deslocamento de aproximadamente 200 mil escravos pelo território brasileiro. Contudo, essa solução logo se mostrou ineficaz com a crescente expansão das lavouras de café. Em pouco tempo, a grande demanda por escravos acabou os transformando em uma mercadoria de alto valor que encurtava o lucro dos cafeicultores. Dessa forma, o emprego da mão de obra imigrante europeia se transformou na alternativa mais barata e viável.

O primeiro a empregar a mão de obra assalariada dos europeus foi o senador e fazendeiro Nicolau de Campos Vergueiro. Entre os anos de 1847 e 1857, ele trouxe várias famílias de origem portuguesa, alemã, suíça e belga para trabalharem em sistema de parceira. Nesse tipo de acordo, o proprietário de terras pagava todas as despesas com a viagem e a acomodação dos empregados. Ao chegar aqui, o colono estrangeiro trabalhava até saldar suas dívidas e participava nos lucros obtidos na plantação.

Em pouco tempo outros fazendeiros copiaram essa mesma estratégia na obtenção de mão de obra. Vale destacar que, acostumados com a exploração dos escravos, muitos cafeicultores impuseram condições de trabalho desvantajosas aos colonos. A partir da década de 1870, a entrada de trabalhadores europeus no Brasil passou a ser oficialmente organizada pelo governo. Aproveitando das conturbações políticas no Velho Mundo, o império propagandeava as oportunidades de trabalho existentes no Brasil.

Além de atender uma demanda econômica, a entrada de imigrantes no Brasil integrava um ambicioso projeto de engenharia social dos intelectuais dessa época. Tomando a Europa como um grande modelo a ser copiado, muitos pensadores e políticos acreditavam que a imigração abriria portas para o gradual “branqueamento” da população brasileira. Nesse sentido, projetava-se a expectativa racista de diminuir a “negativa” presença de negros e mulatos na formação do povo brasileiro.

Por Rainer Sousa
Graduado em História

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Por que os fazendeiros passaram a comprar trabalhadores escravizados no Nordeste e incentivaram a vinda dos imigrantes?

FAZENDEIROS COMPRAVAM TRABALHADORES ESCRAVIZADOS NO NORDESTE PARA TRABALHAR NA PRODUÇÃO DE CAFÉ. IMIGRANTES EUROPEUS E ASIÁTICOS VIERAM AO BRASIL PARA TRABALHAR NAS PLANTAÇÕES DE CAFÉ. O CAFÉ COMEÇOU A SER CULTIVADO NOS ESTADOS DO RIO DE JANEIRO E DE SÃO PAULO.

Por que os fazendeiros incentivaram a vinda de imigrantes?

Os imigrantes deixaram a Europa por problemas econômicos: os agricultores não conseguiam concorrer com as grandes fazendas e, nas cidades, muitos não conseguiam emprego nas poucas indústrias que estavam se instalando. Vieram ao Brasil atraídos pelos fazendeiros que precisavam de mão de obra.

Por que os fazendeiros passaram a substituir o trabalho escravo pelo trabalho assalariado em 1850?

Ao final da década de 1850, os contratos de parceria foram abandonados pelos cafeicultores. O fracasso da experiência foi para eles um importante aprendizado. Para que fosse possível substituir os escravos por meio da imigração, os estímulos precisavam funcionar.