Porque eu não aguento mais beber?

Cerveja, vodca, catuaba, gim, vinho, caipirinha. Quando se é jovem, misturar todas essas bebidas muitas vezes não é sinônimo de problema. Muito pelo contrário. Você bebe, bebe, bebe e a ressaca não aparece --ou é bem fraquinha.

Porém, para quem gosta de uns bons drinques, infelizmente com o passar dos anos os efeitos da bebedeira tendem a ser bem mais complicados, pois o corpo não responde mais da mesma maneira. Não, não é coisa da sua cabeça: a ressaca piora conforme envelhecemos.

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Os motivos para sua ressaca piorar

O fígado não trabalha como antes A ressaca tende a aparecer de seis a oito horas após o consumo de bebidas alcoólicas. Ela acontece devido ao acúmulo no sangue de uma substância chamada acetaldeído, que possui efeitos tóxicos e, em excesso no organismo, gera problemas como sudorese, dor de cabeça, náusea, vômito e taquicardia.

O fígado é responsável por transformar essas toxinas em subprodutos inofensivos, que são eliminados nas fezes ou na urina. Porém, como o passar dos anos, a taxa de metabolização do órgão vai diminuindo e certas enzimas que são responsáveis pela limpeza do corpo são produzidas em menor quantidades. Assim, as toxinas do álcool permanecem por mais tempo na corrente sanguínea e os efeitos da ressaca são piores.

Você perde músculos (e água) Quando envelhecemos, há uma tendência natural em reduzirmos nossa massa muscular e acumularmos mais gordura. O músculo é constituído de cerca de 70% de água, enquanto a gordura possui apenas 10%. E menos água no corpo significa menor quantidade de líquido para o álcool ser diluído. Assim, a substância fica mais concentrada no sangue e seu efeito tóxico é acentuado --é por isso que existe aquela velha e boa recomendação de sempre intercalar um copo de drinque com um de água para minimizar a embriaguez e a ressaca.

Bebemos com menos frequência Conforme a idade avança, é natural que muitas pessoas diminuam o número de vezes que vão a festas, baladas e bares. E o nosso organismo vive de adaptações. Se você bebe constantemente, ele tende a se tornar mais "resistente" ao álcool e sofre menos com seus efeitos tóxicos --mas em longo prazo isso vai continuar gerando sérios problemas de saúde.

Você usa mais medicamentos O aumento no número de velinhas no bolo de aniversário tende a ser acompanhado de dores e desconfortos pelo corpo, resfriados recorrentes etc. Aí, você passa a tomar mais remédios para minimizar esses problemas. E sabe quem metaboliza as substâncias presentes nos comprimidos (e nos xaropes, nas pílulas etc.)? Pois é, o fígado! Com mais trabalho, a taxa com que o órgão realiza a limpeza das toxinas da bebida alcoólica do organismo diminui e a ressaca aumenta.

Como evitar a ressaca?

Aquela velha história de que se alimentar bem ajuda a evitar que você fique bêbado rapidamente também vale para ressaca. Ao "forrar" o estômago a absorção do álcool pelo organismo fica mais lenta e a substância demora mais tempo para chegar à corrente sanguínea. Assim, o fígado tem mais tempo para eliminar suas toxinas. Como falamos, a tática de intercalar um copo de água e um de drinque também é válida

Além disso, não misture bebidas alcoólicas e prefira as de cor clara que, segundo os especialistas, dão menos ressaca por geralmente ter menos aditivos, corantes e outras substâncias que também são metabolizadas pelo fígado. Se é fã de vinho, cerveja e outros drinques mais escuros, maneire no consumo para não ficar sofrendo durante muitas horas no dia seguinte.

Fontes: Bianca Della Guarda, hepatologista da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein; Andressa Heimbecher Soares, endocrinologista e colaboradora do Grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo); e Ricardo Barbuti, gastroenterologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Porque eu não aguento mais beber?
O Brasil supera em 27% a média global de ingestão de álcool. Entre as bebidas mais consumidas, a cerveja é campeã Foto: Francesco Carta/Getty Images

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Se depender de um dos maiores estudos globais já feitos para mensurar o impacto do álcoolna saúde humana, até mensagens como “aprecie com moderação” estão com os dias contados. Após analisar o consumo e suas repercussões em mais de 100 mil pessoas de 195 países entre 1990 e 2016, pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, concluem: não há limite seguro para a ingestão de bebidas alcoólicas. E fazem outro alerta: mesmo eventuais vantagens, como aquela taça de vinho prescrita pelo bem do coração, não superam os malefícios, caso do aumento no risco de câncer e outros males.

“Sabe quem inventou essa história de que beber moderadamente faz bem? A indústria do álcool, baseada em estudos pouco controlados”, afirma o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, diretor da Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “O mais saudável é não beber. Mas, se beber, o ideal é não passar de uma ou duas doses por semana”, diz. Perceba: tomar algo todo dia, ainda que só um pouco, está fora de cogitação — pelo menos se você quer ter saúde.

Para dar seu veredicto, os cientistas americanos dividiram o público em dois grupos: os que bebiam e os abstêmios. Notaram, então, que a propensão a problemas (câncer, infarto, AVC, cirrose, violência doméstica…) aumenta à medida que se elevam a quantidade e a frequência de consumo.

O risco de adoecer crescia 0,5% entre quem tomava uma única dose por dia (como uma lata de cerveja ou taça de vinho). Subia para 7% diante de duas doses. E decolava para 37% na ingestão de cinco.

“Ainda que haja pesquisas indicando potenciais benefícios com o consumo leve ou moderado, isso não pode ser generalizado porque os efeitos do álcool também dependem do histórico médico e de riscos individuais”, explica o psiquiatra Arthur Guerra, presidente do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa). “Por essa razão, pensando em minimizar riscos à população, a recomendação mais segura mesmo é não beber.”

O sono sofre com as bebidas alcoólicas

Se você é daqueles que, antes de dormir, gostam de tomar uma taça de vinho para relaxar, esqueça: seu método pode até soar eficaz, mas é prejudicial à qualidade do sono. “À medida que o álcool é processado pelo corpo, o sono se torna superficial. Aí o indivíduo acorda pela manhã com a sensação de que não dormiu o suficiente”, esclarece a neurologista Andrea Bacelar, presidente da Associação Brasileira do Sono.

Um estudo finlandês, realizado com mais de 4 mil pessoas com idade entre 18 e 65 anos, atestou que a recuperação fisiológica durante o repouso à noite sofre uma redução significativa na presença do álcool — quanto mais se bebe, pior.

Já de Londres, na Inglaterra, veio outra descoberta: a bebida desregula os ciclos naturais do sono e, mesmo com moderação, incentiva roncos e insônia. O ideal é que, se for tomar uma taça no jantar, isso aconteça de três a quatro horas antes de dormir. E olhe lá.

Álcool engorda?

Sim. A médica Marisa Helena César Coral, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, já perdeu as contas de quantos pacientes, ávidos por entrar em forma, reclamaram: “Doutora, não sei por que não emagreço. Eu não como praticamente nada”.

O problema, explica, é que o indivíduo pode até fazer dieta e praticar exercícios, mas, se não cortar ou moderar o álcool, vai ser difícil.

Uma pesquisa da Universidade Federal de Ouro Preto (MG) com 178 universitárias investigou a relação entre bebida alcoólica e gordura corporal. O valor médio da gordura concentrada ao redor da cintura foi maior entre as que relataram beber socialmente.

“O álcool é muito calórico. Cada grama tem 7 calorias. Para ter ideia, cada grama de carboidrato tem 4″, compara Marisa. Na ponta do lápis, uma latinha de cerveja (350 ml) corresponde a 150 calorias e uma tulipa de chope (300 ml), 180 calorias. E ainda tem os acompanhamentos, né?

Malefícios dos drinques para a pele

Digamos que o álcool tem um efeito tóxico para o tecido que reveste o corpo. De acordo com a médica Sylvia Ypiranga, do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a ingestão frequente instiga um processo inflamatório que piora quadros de acne, dermatite e psoríase. Sem falar que anos de bebedeira abrem alas ao envelhecimento precoce, que se manifesta por manchas e rugas.

Se não bastasse, uma bomba foi noticiada por estudiosos do Instituto Karolinska, na Suécia, e da Universidade de Monza, na Itália. Mesmo o consumo moderado de bebida alcoólica foi associado a um aumento de 20% no risco de melanoma, o câncer de pele mais agressivo.

Os cientistas se aventuram em algumas hipóteses para elucidar o achado. Uma delas é que, além de mexer com o controle da inflamação no corpo, o álcool potencializa a sensibilidade da pele aos raios solares — vilões por trás do tumor.

O rival do esporte

Não importa se você é atleta ou malha de leve pensando no seu bem-estar, o consumo de álcool e a prática de exercícios definitivamente não combinam. Nem antes nem depois de suar a camisa. A bebida interfere na força, na velocidade e no equilíbrio, acarretando pior desempenho e mais lesões.

Quem toma umas antes de jogar ou malhar, então, fica mais sujeito à hipoglicemia, quando o açúcar no sangue despenca. Um perigo!

E sabe aquela rodada de cerveja que costuma fechar a pelada de futebol? Reconsidere. “O álcool é o inimigo número 1 da hidratação. Se o sujeito já está desidratado, vai ficar ainda mais depois de beber”, avisa o fisiologista Turíbio de Barros, da Unifesp. “Por ter efeito diurético, quanto maior o consumo, maior a perda de líquidos e eletrólitos como sódio e potássio.”

Vai se exercitar? Então é melhor suspender a bebida alcoólica por 72 horas antes ou 24 horas depois da atividade.

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Fertilidade em xeque

Ao que tudo indica, o álcool atrapalha o sonho de ser pai e mãe. Um estudo americano indica que mesmo meras três taças de vinho por semana já podem reduzir a capacidade de mulheres engravidarem.

Para os homens, o cenário não é tão diferente. E, quanto maior a ingestão, mais dificuldades à vista. Segundo a pesquisadora Tina Kold Jensen, da Universidade do Sul da Dinamarca, a bebida afeta a qualidade dos espermatozoides. “O consumo crônico pode impactar na forma e na função dessas células, diminuir a libido e até levar à atrofia dos testículos”, alerta.

Pensando em fazer tratamento para ter filhos? A recomendação do ginecologista e obstetra Isaac Yadid, da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida, é não ingerir álcool pelo menos um mês antes. “Estudos demonstram tendência de pior resultado com a ingestão diária”, diz.

Quer ser produtivo?

Quem bebe com frequência vê ou verá o rendimento no emprego naufragar. Mas não para aí. O consumo de álcool já se tornou a principal causa de afastamento do trabalho por uso de substâncias psicoativas no Brasil. Entre 2010 e 2014, o número de brasileiros nessas condições que precisaram parar de trabalhar e pediram auxílio-doença registrou um aumento de 19%.

“O álcool provoca efeitos físicos e cognitivos que impactam no desempenho do trabalhador, o que traz riscos para si e para terceiros”, observa João Silvestre da Silva Júnior, diretor da Associação Nacional de Medicina do Trabalho.

Dados do último Levantamento Nacional de Álcool e Drogas indicam que 4,9% da população (cerca de 4,6 milhões de cidadãos) admitiram já ter perdido o emprego por causa do álcool e 8% (7,4 milhões) relataram que o uso de bebidas alcoólicas teve repercussão em sua rotina de trabalho.

Dependência por álcool na família

Vinte e oito milhões. Eis o número de brasileiros que, segundo o Levantamento Nacional de Famílias dos Dependentes Químicos, da Unifesp, têm algum dependente químico na família. “Para cada usuário de drogas, existem outras quatro pessoas afetadas”, estima Laranjeira.

As mulheres são as que mais padecem: 80% delas sofrem os impactos negativos, psicológicos ou financeiros, do vício dentro de casa (seja do filho, seja do marido).

Um dos desafios apontados na pesquisa é o tempo para busca de apoio: no caso dos dependentes de álcool, uma média de sete anos até procurar um serviço especializado — entre dependentes de cocaína, essa janela não passa de dois anos.

Nesse ínterim, o lar pode virar refém inclusive da violência. “O álcool é um veneno. Ao menor sinal de dependência, o indivíduo ou a família devem buscar ajuda”, ressalta o psiquiatra Jorge Jaber, presidente da Associação Brasileira de Alcoolismo e Drogas.

Os problemas do álcool em números e quem precisa ficar longe dele

“Cerveja? Só faz mal quando falta”, “Evite ressaca: mantenha-se de porre”… Frases do tipo, a estampar paredes de bar ou para-choques de caminhão, seriam cômicas se não fossem trágicas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo de álcool causa problemas a 10% da população do planeta — são 753 milhões de pessoas.

No ano de 2016, cerca de 2,8 milhões (100 mil delas só no Brasil) perderam a vida em decorrência dele. O motivo? De acidente de trânsito a falência do fígado. E não pense que o prejuízo se restringe a quem bebe demais.

No Brasil, o último Relatório Global sobre Álcool e Saúde da OMS revela que, entre 2010 e 2016, a média de consumo per capita caiu 11% e passou de 8,8 litros para 7,8 litros ao ano por cidadão. “É um avanço. Apesar de estar acima da média mundial de 6,4 litros, o país alcançou valor inferior à média das Américas, de 8 litros”, analisa Guerra.

Se a ingestão per capita caiu, o consumo de grande quantidade de álcool em curto espaço de tempo aumentou de 12,7% para 19,4% entre mulheres e jovens, revela o estudo Álcool e a Saúde dos Brasileiros – Panorama 2019 do Cisa.

“A situação é preocupante porque, biologicamente, o organismo feminino é mais suscetível aos efeitos do álcool e o cérebro adolescente pode sofrer danos irreversíveis”, avalia Guerra.

Jovens e gestantes estão entre aqueles que em nenhuma hipótese deveriam tomar bebida alcoólica. O grupo do “álcool zero”, por orientação da OMS, inclui, ainda, quem vai dirigir ou trabalhar com máquinas, faz uso de remédios que interagem com a bebida ou tem histórico de dependência química.

Para especialistas, porém, não basta ficar nas recomendações. É preciso proibir e fiscalizar a venda para menores de 21 anos e elevar o preço do produto. “O mercado no Brasil é completamente desregulado. Quem domina a política de álcool é a própria indústria. O governo, federal, estadual ou municipal, pouco faz”, critica Laranjeira.

Que as novas evidências ajudem a rever e a mudar essa situação, para o nosso próprio bem e de toda a sociedade.

Problemas clássicos que o álcool causa ou amplifica

  • Cirrose e falência do fígado
  • Câncer
  • Hipertensão
  • Vício
  • Infarto e AVC
  • Transtornos psiquiátricos
  • Acidentes de trânsito
  • Violência dentro e fora de casa
  • Prejuízos ao feto

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  • Bebidas alcoólicas
  • Câncer
  • Coração
  • Vícios

Porque não aguento mais beber?

“O principal órgão que metaboliza o álcool no nosso corpo é o fígado, ele é responsável por quebrar o álcool e eliminá-lo de alguma forma. Com o tempo, o fígado vai ficando sobrecarregado, pode ser por bebida, medicamentos em excesso, má alimentação diária ou a junção desses três fatores”, pontua.

O que fazer para aguentar beber muito?

Tome bastante água é preciso tomar água pura, sem gás. A desidratação é uma das principais causa da ressaca. Tomar um copão de água antes de dormir vai te ajudar a acordar melhor no dia seguinte. Claro que quanto mais água tomar, mais vontade você terá de fazer xixi, mas pelo menos não irá passar mal.

Porque quando começo a beber não consigo parar?

A solução mais cabível seria você começar um tratamento psicológico, pois quanto antes melhor para conseguir ter o controle da situação. Abraços, Milena Mendonça. Você já está querendo saber como lidar com isso, assim recomendo você procurar um profissional iniciar entrevistas preliminares para iniciar a sua análise.

Quando o corpo rejeita o álcool?

A intolerância ao álcool é mais comum nas pessoas. Alguns sintomas mais comuns são diarréia, pele vermelha, dor de cabeça, coceira, cólicas, ou até palpitações. Os sintomas da alergia são parecidos, mas normalmente são mais intensos.