Por quê a capoeira e muito importante

A capoeira é ao mesmo tempo uma luta e uma arte. Mas você sabia que durante muito tempo a capoeira foi proibida no Brasil? Quem vê crianças pequenas jogando capoeira nas escolas ou rodas de capoeira com a apresentação de grandes mestres nem pode imaginar que essa conhecida forma de expressão das raízes negras era mal-vista e considerada perigosa.

Para jogar capoeira precisamos de um ritmo, ditado pelo atabaque, pelo berimbau e pelo agogô. Essa música é bem característica. Dois parceiros, de acordo com o toque do berimbau, executam movimentos de ataque, defesa e esquiva. Eles simulam uma luta. Para jogar capoeira é preciso habilidade e força, além de integração e respeito entre os parceiros.

O gingado é a base da capoeira. É um movimento ritmado que mantém o corpo relaxado e o centro de gravidade em constante deslocamento. A partir do gingado surgem os outros movimentos de ataque ou contra-ataque. Os jogadores nunca estão parados e isso torna a capoeira muito bonita de se ver.

História da capoeira

A origem da capoeira data da época da escravidão no Brasil. Muitos negros foram trazidos da África para o Brasil para trabalhar nos engenhos de cana-de-açúcar, nas fazendas de café, nas roças ou nas casas dos senhores. A capoeira era uma forma de luta e de resistência.

Porém, para não despertarem suspeitas, os escravos adaptaram os movimentos da luta aos cantos da África, fazendo tudo parecer uma dança. A capoeira foi ficando do jeitinho que ela é hoje, gingada.

No início do século 19, no Rio de Janeiro, bandidos e malfeitores eram chamados de capoeiras, como registrou o escritor Manuel Antônio de Almeida, em "Memórias de um Sargento de Milícias". Em 1888, a escravidão foi oficialmente abolida no Brasil. Muitos negros libertos não tinham como sobreviver e acabaram na marginalidade. Em Salvador, chegaram a organizar gangues e provocar rebeliões. Durante muito tempo a capoeira foi proibida.

Na década de 1930 a capoeira já tinha adquirido um novo status em nossa sociedade. O próprio presidente Getúlio Vargas convidou um grupo de capoeira para se apresentar oficialmente no Palácio do Catete. A capoeira foi liberada. Professores de capoeira da Bahia se tornaram famosos, como os mestres Bimba, Pastinha e Gato, imortalizados nos romances de Jorge Amado.

Hoje em dia há muitas formas de jogar capoeira, e a mais tradicional preserva as raízes africanas, como a capoeira angola na Bahia.

1.     Introdu��o

    O trabalho de desenvolvimento da Capoeira dentro da universidade tem uma ideologia diferente da que � desenvolvida fora dela, pois em outros locais h� a forma��o do ser atrav�s da inser��o do indiv�duo nos grupos de Capoeira. Em contra partida, na universidade, h� a forma��o de um profissional, para que este seja capaz de trabalhar essa arte com outros alunos, disseminando assim essa cultura.

    Cola�o (2007) realizou uma pesquisa intitulada: �An�lise da produ��o cientifica sobre capoeira nas Universidades P�blicas do Estado de Santa Catarina�, realizada no per�odo compreendido entre os anos de 1996 a 2007, quantitativamente, aplicou-se aos dados an�lise descritiva para cada classifica��o, e concluiu-se que, do total das monografias analisadas, quatorze (53,9%) foram consideradas dentro da dimens�o pedag�gica; seis (23,1%) se encaixam na pol�tico-social e cultural; tr�s (11,5%) delas enfocam aspectos hist�ricos e tr�s (11,5%) est�o dentro da dimens�o fisiol�gica. Concluiu-se que a produ��o sobre a Capoeira nas universidades investigadas tem se direcionado majoritariamente para a dimens�o pedag�gica, sendo que, nesta dimens�o, a �nfase foi dada aos estudos que abordam a Capoeira dentro da escola.

    O presente artigo tem por objetivo apresentar a capoeira pelo seu prisma hist�rico, por�m, apresentando-a tamb�m com sua abordagem dentro das universidades, como disciplina ou conte�do das disciplinas de lutas, analisando as suas origens por meio de exist�ncia de relatos sobre esse tema ainda pouco explorado por parte dos alunos que utilizam a capoeira para elabora��o de trabalhos. Para tanto � importante o conhecimento sobre as v�rias diretrizes relacionadas � capoeira segundo alguns conceitos te�ricos, como o conhecimento do seu surgimento em outros aspectos.

    O estudo verificou que a Capoeira est� presente na sociedade como esporte, como atividade f�sica em escolas e como disciplina nas universidades servindo de instrumento facilitador de aprendizagem de adolescentes e adultos.

    Acredita-se que o trabalho ter� uma boa contribui��o para os envolvidos no tema. Assim especula-se a introdu��o, as origens e a import�ncia da Capoeira como disciplina nas institui��es de ensino superior, como forma de enriquecimento dos conhecimentos por parte dos alunos dessa arte marcial t�o brasileira. Nesse aspecto, vale observar a grandiosa import�ncia ao relatar fatos hist�ricos e a forma como � trabalhada a capoeira dentro das universidades.

    Para realiza��o de tal estudo adotou-se como procedimento metodol�gico a revis�o bibliogr�fica em publica��es diversas, como livros, artigos cient�ficos e cita��es. Tal revis�o foi desenvolvida no per�odo compreendido entre Janeiro e Abril de 2014.

2.     Um breve hist�rico sobre a capoeira

    Difundida nos Estados Unidos e na Europa a partir de meados da d�cada de 1970, a capoeira ganhou o mundo. Segundo dados do Minist�rio da Cultura do Brasil, o jogo j� alcan�a mais de 150 pa�ses. Os motivos que levaram a essa difus�o internacional s�o muitos e, na maioria das vezes, est�o ligados ao contexto das culturas locais em que sua pr�tica � desenvolvida. No entanto, n�o havia um projeto de emigra��o por parte dos capoeiristas. De maneira geral, eles narram a sa�da do Brasil como uma aventura, uma viagem em busca de terras distantes. De fato, foram os mestres e os professores de capoeira que, em suas err�ncias, levaram a arte para os pa�ses estrangeiros. O mesmo ocorreu com Mestre Jo�o Grande, baiano do interior de Itagi, nascido em 1933 e radicado desde 1990 nos Estados Unidos, mais precisamente em Manhattan, cora��o da cosmopolita e multicultural cidade de Nova Iorque. (Castro, 2008).

    O �nico consenso que parece existir sobre os estudiosos da Capoeira, � que sua origem � bastante controversa, Ara�jo; Jaqueira (2008, p.90) afirmam que:

    �No que se refere ao estudo das primeiras influ�ncias e condi��es que contribu�ram para o aparecimento da capoeira no Brasil, inicialmente sob o aspecto de arte guerreira, por certo, somente o per�odo colonial contenha elementos que clarifiquem esta quest�o e, por conseguinte, a origem da capoeira em territ�rio nacional. Indubitavelmente, � nesse per�odo hist�rico referido que ocorrem fatores determinantes para que se promovam interpreta��es sobre a origem da express�o foco desse estudo, visto ocorrer um significativo fluxo do tr�fico negreiro das mais distintas regi�es africanas, o registro da presen�a de outros contingentes populacionais europeus e n�o europeus, e as primeiras evid�ncias da presen�a da luta da capoeira em v�rias cidades do Brasil colonial, e n�o exclusivamente nos estados da Bahia e do Rio de Janeiro.�

    Mas afinal, o que � Capoeira? Para uma melhor explana��o do trabalho, ser�o apresentadas algumas defini��es atualmente utilizadas para a palavra em quest�o.

    Segundo Silva (2003, p 34), poder�amos compreender Capoeira como: �gaiola grande ou casinhola onde se criam e alojam cap�es e outras aves domesticas [...] esp�cie de cesto para resguardo da cabe�a dos defensores de uma fortaleza�, ou ainda outra interpreta��o como �[...] terreno em que o mato foi ro�ado e/ou queimado para cultivo da terra para outro fim�, ou ainda �[...] jogo atl�tico, constitu�do por um sistema de ataque e defesa, de car�ter individual e origem folcl�rica genuinamente brasileira, surgido entre os escravos bantos procedentes de Angola no Brasil Col�nia [...]�

    O mesmo autor fala que Capoeira � dan�a � luta, brincadeira e combate, mandingueira e objetiva, malandra e vadia: a Capoeira � resist�ncia de um povo integrado a massa, � cultura, � ra�a, enfim, � o fen�meno do inacabado.

    Na hist�ria oficial, a prioridade sempre foi dos acontecimentos vistos pelo lado dos dominantes, resultando na falta de informa��es a respeito da cultura dos oprimidos, principalmente dos �ndios e negros (Fontoura; Guimar�es, 2002).

    Segundo Assun��o (2008), A hist�ria ocupa um lugar importante na pr�tica da capoeira do s�culo XX. Muitas letras cantadas nas rodas � ladainhas, louva��es, corridos e quadras � referem-se a capoeiras eminentes do passado, personagens hist�ricos ou guerras de que o Brasil participou. At� os pr�prios gestos da arte incorporam, segundo muitos praticantes e alguns estudiosos, a resist�ncia contra a escravid�o (Tavares, 1984).

    N�o � de se estranhar, portanto, que a hist�ria da capoeira tamb�m tenha virado um palco de embates entre v�rias correntes interpretativas, ou �narrativas-mestre�. Essas disposi��es fundamentais quanto �s origens e ao desenvolvimento da capoeira permeiam a maioria dos discursos sobre a capoeira, desde as aulas e rodas dos praticantes aos artigos na imprensa e nos livros acad�micos. Como j� assinalou Pires (1996, p. 227) em rela��o � capoeira, �a origem de uma tradi��o cultural � sempre uma constru��o que obedece a manipula��es ideol�gicas�. Muitas vezes essas narrativas se utilizam de mitos e meias verdades, que, � for�a de repeti��o, acabam sendo aceitos como verdades (Vieira; Assun��o, 1998).

    Baseado em Holloway (1989); Karasch (1987); Soares (1994), o autor Obi (2008) afirma que �Embora associado na imagina��o popular � Bahia, o jogo de capoeira, na verdade, parece ter tido como seu epicentro brasileiro o Rio de Janeiro�. Ainda segundo o autor, a primeira documenta��o detalhada do final do s�culo XVIII revela que essas pr�ticas estavam associadas a homens escravizados, que trabalhavam como dom�sticos ou por sal�rios na cidade. Fontes do s�culo XIX fornecem um quadro mais claro das pr�ticas relacionadas � capoeira. � muito importante distinguir entre tr�s pr�ticas sociais ligadas entre si, mas distintas umas das outras. A primeira eram as sociedades de inicia��o dos capoeiras chamadas de maltas, badernas e ranchos ou simplesmente grupos de capoeira. Essas maltas frequentemente se engajavam em brigas sangrentas de rua, umas contra as outras, e, por vezes, contra a pol�cia e a Guarda Nacional, que batalhavam constantemente para ultrapassar essa amea�a incessante � domina��o simb�lica da elite da cidade.

    Pode-se dizer que muito se comprime o conhecimento de tudo que ocorrera no passado da humanidade. Sabe-se que em 15 de dezembro de 1890, o ent�o ministro da fazenda Rui Barbosa, um dos mais renomados pol�ticos, mandou queimar todos os documentos � escravid�o negra no Brasil, n�o existindo esses documentos, com o passar do tempo, fatos ocorridos na historia da capoeira podem ter ca�do no esquecimento ou, eventualmente, terem sido distorcidos, pois grande parte do que hoje se sabe sobre a capoeira praticada pelos escravos foi transmitida, atrav�s das gera��es, de forma verbal. No entanto, elementos de express�o corporal, como ginga, acrobacias e floreios, e de comunica��o, como o canto e a m�sica, a capoeira permaneceu viva na cultura popular brasileira e assim se manteve desde os prim�rdios, porque cativou muitos que a ela se dedicaram de corpo e alma (Fontoura; Guimar�es, 2002).

    Estes autores ainda afirmam que atualmente a capoeira esta bastante difundida por todo o pa�s, por�m h� uma enorme dificuldade em encontrar documentos a respeito de suas ra�zes.

    Quando os europeus aqui chegaram, necessitaram encontrar m�o de obra barata para a explora��o das terras. Os ind�genas, de imediato capturados, reagiram � escravid�o ent�o suportaram os maus tratos a que foram submetidos. Da� seria necess�ria nova m�o de obra escrava, e para isso trouxeram os negros da �frica (op. cit, 2002).

    Os negros eram tirados de seu h�bitat, colocados nos por�es dos navios, e levados para os novos horizontes rec�m-descobertos pelas grandes pot�ncias da �poca (Areias, [s.d] apud. Fontoura; Guimar�es, 2002)

    Quando aqui chegavam eram separados para que um senhor n�o ficasse com negros que falassem o mesmo dialeto, a fim de evitar que se comunicassem e armassem rebeli�es (Oliveira, [s.d] apud. Fontoura; Guimar�es, 2002).

    Para Areias ([s.d] apud. Fontoura; Guimar�es, 2002), como os escravos n�o possu�am armas para se defender dos inimigos � os feitores, os senhores de engenho � movidos pelo instinto natural de preserva��o da vida, descobriram em si mesmos a sua arma, a arte de bater com o corpo [...]. Aproveitaram ainda suas manifesta��es culturais trazidas da �frica, suas dan�as, cantigas e movimentos. Dessa forma nasceu o que hoje chamamos de capoeira.

    Segundo C�mara Cascudo, na �frica eram praticadas dan�as lit�rgicas ao som de instrumentos de percuss�o, transformadas em luta aqui no Brasil. Por essas considera��es e por n�o haver nada parecido no continente africano pode-se concluir que ela foi criada em solo brasileiro, pelos negros africanos. ([s.d] apud. SILVA, 1995).

    A capoeira sofreu persegui��o por parte do sistema governamental, que naquela �poca atuava com repress�o decisiva. Isso contribuiu de maneira significativa para a discrimina��o que a capoeira sofre at� hoje por uma parcela da nossa sociedade (Santos, 1990).

    Segundo Marinho (1945), no s�culo XVII, quando aconteceram as invas�es holandesas aqui no Brasil, os negros escravos aproveitaram as confus�es para fugirem, agrupando-se no topo da Serra da Barriga, no Estado de Alagoas. Sabe-se que os negros fugitivos formaram v�rios quilombos, sendo que entre eles o mais poderoso era o Quilombo dos Palmares, cujo chefe era Zumbi, que passou a ser considerado como primeiro mestre de capoeira, pelas suas qualidades f�sicas (Santos, 1990).

    Ainda em Marinho (1945), foi poss�vel verificar que ap�s a extin��o dos quilombos existentes e principalmente o de Palmares, a capoeira j� era conhecida como meio de ataque e defesa pessoal, mais precisamente nos Estados da Bahia, Alagoas, Pernambuco, Rio de Janeiro, entre outros locais onde havia escravos lutando pelo dia da sua liberta��o ([s.d] apud Santos, 1990).

    Com a guerra do Paraguai, o Imp�rio viu-se na conting�ncia de formar batalh�es especificamente de negros, em sua grande maioria capoeiristas. Sendo assim, entre 1865 e 1886, os grandes provinciais fizeram seguir para frente de batalha, grande n�mero de capoeiristas, em batalh�es denominados Zuavos. Se por um lado o objetivo era reduzir sensivelmente o n�mero de capoeiristas, por outro conseguiram tornar a modalidade uma Arte Marcial, posto ser este um t�tulo que usualmente � conquistado por alguma forma de luta que tenha passado por uma experi�ncia de guerra. (Silva, 1995).

    Segundo o mesmo autor, nas cidades, principalmente no Rio de Janeiro, no Recife e em Salvador, os adeptos da capoeira se tornaram not�veis por suas fa�anhas, criando assim uma compara��o nem sempre positiva. Iniciando assim o desvirtuamento da capoeira.

    Proclamada a Republica, iniciou-se uma nova fase de persegui��o � capoeira decorrente do sistema pol�tico da �poca. O decreto n� 487 do C�digo Penal Brasileiro de 11 de Outubro de 1890 estabelecia, que trata dos �Vadios e Capoeiras�.

    Art. 399 � Deixar de exercitar profiss�o, of�cio ou qualquer mist�rio em que ganhe a vida, n�o possuindo meio de subsist�ncia e domicilio certo em que habite prover a subsist�ncia por meio de ocupa��o proibida por lei, ou manifesta ofensiva da moral e dos bons costumes;

    Pena de pris�o celular por quinze a trinta dias.

    Art. 402 � Fazer nas ruas e pra�as p�blicas exerc�cios de agilidade e destreza corporal, conhecidos pela denomina��o de capoeiragem, andar em correrias, com armas ou instrumentos capazes e produzir uma les�o corporal, provocando tumulto ou desordens, amea�ando pessoa certa ou incerta, ou incluindo temor ou algum mal;

    Pena de pris�o celular de dois a seis meses (Op. cit., 1995, p. 17).

    Nesta �poca havia assumido a Presid�ncia da Rep�blica, o Marechal Deodoro da Fonseca, convidara Sampaio Ferraz para chefe de Seguran�a P�blica, dando-lhe totais poderes para perseguir a capoeira atrav�s dos praticantes da mesma. Isso fez com que acontecessem v�rios combates entre capoeiristas e Sampaio Ferraz resultando na pris�o de v�rios capoeiristas que foram enviados a Ilha de Fernando de Noronha (Santos, 1990).

    Sampaio Ferraz conseguiu que a capoeira fosse removida das ruas e pra�as e passasse a ser praticada nos terreiros e morros onde viveu camufladamente por muito tempo; reapareceu tempos depois com algumas transforma��es, tendo se tornado mais civilizada na percep��o das classes dominantes. (Santos, 1990, p. 21).

    Ainda segundo Silva (1995), � assim que se compreende a quest�o: a Capoeira surgiu no Brasil como luta de resist�ncia de uma comunidade que trazia uma imensa bagagem cultural de sua terra de origem, e que precisou desenvolver um conjunto de t�cnicas de ataque e defesa em virtude da situa��o de opress�o em que vivia durante a escravid�o, ali�s, deve-se considerar que a capoeira faz parte de todo um processo de resist�ncia dos negros no Brasil, que tamb�m se expressou na religi�o, na arte, na culin�ria etc.

3.     A capoeira na universidade

    Proclamada a Independ�ncia do Brasil, havia a necessidade de nacionalizar a educa��o, de diminuir a espantosa quantidade de analfabetos, de melhorar as condi��es culturais do povo. (Silva, 1995).

    Segundo o mesmo autor, em 1907, surge a primeira tentativa de institui��o de uma gin�stica brasileira. Alguns mestres organizaram pequenas academias, principalmente no Rio e em Salvador, tentando divulgar a capoeiragem.

    Segundo Vieira (2013), por volta de 1932, Manoel dos Reis Machado, conhecido como Mestre Bimba, no Engenho Velho de Brotas, foi o grande pioneiro da oficializa��o, pelo governo da primeira academia de capoeira. Posteriormente em 1937, pela ent�o Secretaria da Educa��o foi dado o registro oficial que qualificava seu curso de capoeira em Curso de Educa��o F�sica. Manoel dos Reis Machado estava disposto a metodizar e aperfei�oar a �Capoeira de Angola�, surgindo assim a Capoeira Regional (Silva, 1995).

    Segundo Santana (1985) apud (Silva, 1995), s�o dois os estilos de Capoeira, a primeira � a Capoeira Angola: a pr�tica da capoeira exerceu na personalidade de Vicente Ferreira Pastinha (Mestre Pastinha) um irresist�vel fasc�nio que o transformou num verdadeiro predestinado para o ensino desta modalidade que praticada em obedi�ncia a seus ensinamentos pode contribuir para o equil�brio f�sico-t�cnico do homem. O autor afirma que Pastinha � o mais expressivo nesse estilo. A Capoeira Angola � considerada a capoeira m�e. Esse nome surgiu logo ap�s o surgimento da Regional criada por Bimba, j� que antes eram apenas conhecidos como capoeira ou capoeiragem e com o surgimento de outro estilo foi necess�rio dar nome a outra j� existente. Estilo mais lento, com a presen�a marcante da ginga, golpes baixos tendo assim mais contato com o solo.

    A Capoeira Regional foi desenvolvida por Manoel dos Reis Machado (Mestre Bimba), com a introdu��o de golpes ligados e cinturados da luta grego-romano, que ele aprendeu nas docas do cais da Bahia, por achar a Capoeira Angola sem muita criatividade.

    Para Silva (1995), a capoeira vem sendo inclu�da nos curr�culos de v�rias escolas de Educa��o F�sica do Brasil, Com essa inclus�o da Capoeira enquanto manifesta��o popular afro-brasileira, o Minist�rio da Educa��o, pela SEED/ME pretende introduzi-la nas escolas de 1� e 2� graus, atrav�s do chamado Programa Nacional de Capoeira.

    � poss�vel afirmar que o tratamento da capoeira como disciplina curricular surge como uma possibilidade de aproxima��o da universidade com as chamadas manifesta��es culturais. Ao ser inserido no curr�culo como disciplina propomos que a capoeira deva ser concebida como pr�xis (capoeirana) e tratada como complexo tem�tico essencial interdisciplinar. (Falc�o, 2004).

    Ainda segundo o mesmo autor, � poss�vel afirmar que a capoeira, como complexo tem�tico inserido no curr�culo de forma��o profissional, deve ser levada em considera��o a necess�ria articula��o de sua �did�tica� especifica com �did�tica� geral. A nega��o de estreitas rela��es entre conte�dos espec�ficos e processos metodol�gicos e organizacionais mais amplos contribui para a desarticula��o da teoria pedag�gica geral.

    A disciplina capoeira, na perspectiva de um complexo tem�tico, deve ser mediada por conhecimento �til, constru�do em fun��o da transforma��o da realidade social, com vistas � promo��o do homem. E ela somente ser� �til, se for capaz de contribuir para a forma��o de profissionais com aguda consci�ncia da realidade em que v�o atuar com adequada fundamenta��o te�ricas e com uma satisfat�ria instrumentaliza��o t�cnica que lhes possibilitem a��es eficazes (Falc�o, 2004).

    A Capoeira, mesmo dentro das Universidades, locais de grande difus�o do conhecimento cient�fico, nunca deixar� de existir com seu prisma da simplicidade e do popularismo, pois, na integra, � do que � feita a capoeira, uma arte simples e popular.

4.     Considera��es finais

    � poss�vel concluir que o vasto leque de caminhos sobre a capoeira j� foi aberto, por�m ainda � bastante conflituosa, densa, din�mica e contradit�ria sua origem, e o �nico consenso entre os autores e estudiosos da capoeira, � que mais prov�vel � que ela tenha realmente nascido no Brasil, atrav�s da necessidade dos negros ent�o escravos, de terem algum meio de defesa frente � escravid�o total e superioridade de poder daqueles que os cativavam. Ao longo dos s�culos a cultura capoeirana vem aumentando e se transformado consideravelmente pelas diversas formas de express�o e criatividade humana em reflex�o voltada para o aspecto pedag�gico. Contudo, atrav�s da an�lise do material e de toda a bibliografia pesquisada, � poss�vel afirmar que a capoeira � genuinamente brasileira, n�o existindo registros que atestem a sua origem em outros pa�ses.

    Foi poss�vel verificar que dos in�meros trabalhos de conclus�o de curso entregues as universidades relatam em sua grande maioria o cunho pedag�gico, deixando a desejar sobre a sua introdu��o nas universidades. � muito escasso tamb�m relatos sobre esses fatos de forma geral � poss�vel encontrar esse tema apenas de forma isolada.

    O estudo da Capoeira � bastante amplo, segue linhas de racioc�nio diferentes, e sempre merecer� ser melhor aprofundado, tanto no intuito de criar novos conceitos, quanto no de debater sobre os j� existentes.

Refer�ncias

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  • Assun��o, M.R. (2008). Da �destreza do mesti�o� � �gin�stica nacional�. Narrativas nacionalistas sobre a capoeira. Revista Contempor�nea de Antropologia. Niter�i, n. 24, p. 19-40, 1. sem.

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Porque a capoeira é muito importante?

A prática da capoeira trabalha a coordenação motora, aprimora a flexibilidade, equilíbrio e destreza, alivia as tensões do dia a dia, proporciona criatividade e liberdade de movimentos.

Por que a capoeira é uma arte?

Mistura de dança e arte marcial, símbolo de resistência dos escravos, a roda de capoeira foi reconhecida, nesta semana, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

Qual é o movimento mais importante da capoeira?

O principal movimento da Capoeira é a Ginga,é dela que vai partir qualquer um dos 52 golpes da Capoeira,fora as combinações. Na Capoeira de angola a ginga é diferente,é uma coisa mais malandra,eles não gingam mecanizado igual na Regional.