Pedagogia da autonomia saberes necessários à prática educativa

Paulo Freire, no livro Pedagogia da Autonomia, enfoca a pedagogia fundamentada na ética, no respeito à dignidade e à própria autonomia do educando. 

Para isso, ele divide a temática em três capítulos, detalhando, de forma brilhante, vários saberes necessários à prática educativa, saberes estes que serão resumidos a seguir: 

No Capítulo I, Paulo Freire aborda que não há docência sem discência. Aqui, o autor considera que os saberes indispensáveis à prática docente do educador progressista estão, não só na reflexão crítica sobre sua ação técnico-pedagógica, mas também na responsabilidade da produção e construção do discente, sujeito que o educador ajuda a formar. Freire (2006, p.23) sintetiza esta relação dizendo que “quem forma se forma e reforma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado”.

Ele salienta que o ser humano é um ser condicionado, não determinado, que vai além de seus condicionantes, através da rebeldia, curiosidade e força criadora - vai além do que lhe é ensinado. Por isso, a responsabilidade do professor ao transmitir para o educando a beleza de estar no mundo, como ser histórico, produto e produtor de uma realidade construída.

A prática pedagógica exige pesquisa, respeito e criticidade. Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensinar. É o que o autor denomina de “curiosidade epistemológica”.

A curiosidade ingênua, o saber pela experiência e o respeito à capacidade criadora do educando. Respeito por sua experiência, pela sua realidade vivida, pelos saberes extra-curriculares que o educando traz consigo, enfim, respeito ao ser humano como ser histórico-social que, a cada momento, constrói e reconstrói a realidade vivenciada.

Outro tema abordado pelo autor é a estética e ética que envolve o ato de ensinar. Pela sua condição histórico-social, o homem é capaz de valorar, intervir, escolher, decidir, romper, enfim, é um ser ético porque está sendo (está em construção). Não se admite, diz o autor, uma transgressão à ética por que ela está na essência da natureza humana.

O educador ensina não só o conteúdo pedagógico, mas também a prática crítica, dinâmica, dialética, pensar sobre o que se faz. Esta reflexão possibilita a curiosidade ingênua, a crítica que deságua para a curiosidade epistemológica. Uma das tarefas mais importantes da prática educativa-crítica é possibilitar aos docentes e aos discentes, condições para assumir-se como ser social, histórico, transformador e realizador de sonhos, capaz de sentir, de viver fortes emoções, ter medo e coragem, tudo isso, retratado na condição multifacetada que constitui o ser humano.

No Capítulo II, o autor enfoca que o ensinar não é transferir conhecimento, é criar condições para que o educando produza sua própria construção. O educador ensina, não transfere conhecimentos. Apenas o ser humano é inacabado, inconcluso – ele se constrói diariamente.

Por esta razão, é necessário o respeito à sua autonomia, utilizando o bom senso e valores éticos como fundamentos da prática educativa.

O professor que desrespeita a curiosidade do educando, sua linguagem, inquietude, dentro outros, transgride os princípios fundamentais da ética humana.

O bom senso, a ética do professor progressista, respeita as condições sociais, culturais, econômicas e familiares de seus alunos, isso porque ele não só transmite conhecimento, mas também ajuda na formação integral do educando.

Do mesmo modo, o professor aprende com o aluno. É uma relação de mão dupla: ao ensinar ele aprende e ao aprender, ensina. Este é o cunho gnosiológico conceituado pelo autor. A inter-relação e dinamicidade são características da prática educativa.

No Capítulo III, Paulo Freire aborda o ensino como uma especificidade humana, ou seja, a autoridade docente democrática deve revelar para o aluno não o autoritarismo, mas a firmeza que o conhecimento lhe assegura. A competência profissional e o respeito ao docente são certezas para sua legitimidade. Portanto, o respeito ao outro, às relações justas, sérias, generosas, dão a sustentabilidade ao espaço pedagógico. A vivência da ética respeita a liberdade do outro. Também busca aproximação entre o que se diz e o que ser faz – entre o que parece ser e o que realmente é. Enfim, no espaço pedagógico o “texto” é constantemente lido, escrito, reescrito e interpretado.

A educação é uma forma de intervenção no mundo. Ela é dialética e contraditória porque comporta divergências, subjetivismos, compreensões diversas e grandes possibilidades.

A autonomia é uma construção que ser faz pela experiência, pelas decisões, pelas ações e, principalmente, pelos sonhos. Neles estão incluídos o dever de reagir frente ao opressor, à asfixia das liberdades democráticas, a recusa aos fatalismos, enfim, a luta constante pelo resgate da utopia que só na prática educativa humanizante se obtém.

Finalmente, o autor termina sua obra enfatizando o papel fundamental do professor em relação ao aluno. Tão importante quanto ensinar os conteúdos programáticos é dar testemunho ético ao ensiná-los. A prática educativa envolve afeto, emoção, capacidade científica, domínio técnico a serviço da mudança e da construção real da cidadania.

A Pedagogia da Autonomia está fundamentalmente alicerçada na ética, no respeito à dignidade e a própria autonomia do educando.

Quais os saberes necessários à prática educativa Segundo Paulo Freire?

A prática pedagógica exige pesquisa, respeito e criticidade. Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensinar. É o que o autor denomina de “curiosidade epistemológica”. A curiosidade ingênua, o saber pela experiência e o respeito à capacidade criadora do educando.

O que diz a Pedagogia da Autonomia?

O que diz o livro Pedagogia da Autonomia? Em Pedagogia da Autonomia, Paulo Freire discorre sobre como os professores devem ensinar os alunos, criando uma ação transformadora. Para isso, explica sobre a ética crítica, a competência científica e a amorosidade autêntica, com base em engajamento político.

Quais são os saberes de Paulo Freire?

Na Pedagogia da Autonomia, o Paulo Freire (2006) fala dos saberes indispensáveis à prática educativa. Afirma que o ensino demanda: rigorosidade metódica, pesquisa, respeito aos saberes dos educandos, criticidade, estética e ética, corporeificação das palavras pelo exemplo, risco, etc.

O que são os saberes da pedagogia?

São os saberes pedagógicos, os conhecimentos adquiridos sobre os processos de ensino e aprendizagem, procedimentos didáticos, práticas educativas, normas e regras do processo educativo, envolvendo, principalmente, o como ensinar.