O termo multiculturalismo se refere a uma pluralidade cultural que convive de forma harmônica

INTRODUÇÃO

            O multiculturalismo emerge em vários territórios não apenas como movimento social  em defesa das lutas dos grupos culturais negros e outras minorias, mas também, como abordagem curricular contrária a toda forma de preconceito e discriminação no espaço escolar.

            O  multiculturalismo se refere a uma pluralidade cultural que convive de forma harmônica pelo o qual costuma ser utilizado em alguns estudos antropológicos e sociológicos que tentam explicar como as sociedades que possuem um acervo cultural tão diferente convivem entre si. Este tipo de circunstância esteve presente no passado com vários resultados a serem observados, mas também pode ser explorado de forma significativa hoje. De fato, a globalização pode ser entendida em grande parte como um processo de inúmeras culturas que interage entre si.

            Segundo Rodrigues (2007), cultura para a Antropologia é o modo como indivíduos ou comunidades respondem às suas próprias necessidades e desejos simbólicos. O homem diferentemente dos animais, não  vive de acordo com o instinto, mas sim pela capacidade de pensar a realidade em que está inserido, realizando ações, criando símbolos e significados ( signos) que vão dar base  para a construção e compreensão da realidade. A esses símbolos e signos, que vai fundamentar a ação humana, é dado o nome de cultura. Nesse sentido podemos falar que cultura engloba formas de linguagem, pensamentos, modos de agir, os costumes, as instituições, enfim todas as esferas da atividade humana. Podemos dizer que tudo o que faz parte  do mundo humano é cultura.

            O multiculturalismo está sempre em movimento, mesmo que de maneira imperceptível, pois muitas vezes essas mudanças são lentas e não aparecem de imediato a nossos olhos. Não podemos pensar em nossa sociedade  sem pensar nas relações culturais que a construíram e as que a modificam. A realidade existe hoje em nossa sociedade, é muito diferente de vinte, trinta anos atrás. Só podemos compreender essas mudanças, se levarmos em consideração os aspectos sociais, históricos e culturais da nossa sociedade.

            A cultura mantém os indivíduos unidos em torno de determinadas idéias que são socialmente constituídos. Sendo assim, a cultura é um elemento indispensável à manutenção da ordem social, na medida em que envolve o aprendizado de hábitos, normas, tradições, valores e comportamento por parte dos indivíduos. Nesse sentido, a cultura é socializadora muitas vezes o individuo vive em sociedade e que muitas vezes nos deparamos com várias informações vindas de todos os cantos do mundo, que nos ajudam a formar uma opinião sobre os diversos assuntos que constituem a realidade social. Nesse sentido, entramos em contato com uma diversidade cultural que possibilita uma melhor compreensão da sociedade como um todo, ou seja, vamos formando nossas opiniões sobre os países, os povos, a maneira de viver de outros grupos sociais, etc.

            É muito comum julgarmos o comportamento de outros diferentes do nosso, a partir da nossa realidade, dos nossos valores e hábitos. Esse comportamento é chamado de Etnocentrismo                                                                              

Etnocentrismo é uma visão do mundo de onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo, e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência (ROCHA, 1994).

Em outras palavras, o comportamento etnocêntrico é aquele pelo qual o individuo analisa, avalia e julga os procedimentos dos outros grupos ( dos quais ele não faz parte) a partir de seu próprio mundo, de seus próprios hábitos, modelos e critérios.

No passado o multiculturalismo refletiu em diversas civilizações com  seu próprio conjunto de manifestações culturais. Elas se referem a várias situações, integrando desde o idioma até a religião, passando por sua forma de relacionamento, pelo modo  de produção  econômica apresentada, pelo grau e forma de desenvolvimento artístico,etc. Quando estas civilizações interage entre si podem acontecer vários fenômenos, entre aqueles que apresentam uma convivência pacifica. Em certas ocasiões, inclusive, podem acontecer que a interação cause um tipo de processo que elimine gradualmente as diferenças e gere uma espécie de cultura  comum.

Vivemos em um país multicultural formado por religiões, etnias, raças e sexualidades diferentes. O fato de o Brasil ser um lugar multicultural propicia que o sincretismo se torne realidade na vida dos brasileiros. Se sairmos nas ruas vamos nos deparar, o tempo todo, com elementos diferentes  na linguagem ( tons, significados, gírias, sotaques, manias lingüísticas...), aparência ( rico, pobre,elegante, cafona, clichê, punk, rock,romântico, exagerado, discreto...) identidades ( masculino, feminino, trans...) raça, cor, etnia ( negra, branca, mameluco, índio, nisseis...) religiões (católica, evangélica, candomblé, umbanda, islâmica, budista ...) entre outros elementos. Estas interfaces em constante interação contribuem diretamente para a construção da identidade cultural do Brasil. 

Diversidade étnica e racial, novas identidades políticas e culturais: estes são termos diretamente relacionados ao multiculturalismo. Se  a diversidade cultural acompanha a história da humanidade, o acento político nas diferenças culturais data da intensificação dos processos de globalização econômica  que anunciam, segundo os analistas, uma nova fase do capitalismo, denominada pelo o autor, como Daniel Bell( 1973), de “sociedade pós-industrial”.

            O multiculturalismo discute o fortalecimento dos direitos fundamentais dos indígenas. Estes direitos foram garantidos pela Constituição Federal de 1988 e são considerados indispensáveis para a manutenção de suas expressões culturais, mas não são respeitados. A partir de uma concepção mais abrangente de cidadania, aborda-se a trajetória indígena no Brasil  e seu contexto de discriminação social, para melhor explicar o cenário atual de indiferença e exclusão sofrida por esses povos. Trabalha-se com a hipótese de que o reconhecimento do outro à diversidade cultural, defendida pela teoria do multiculturalismo, enaltece o debate sobre a questão da igualdade e da diferença, tendo como fundamento ético-político o principio da dignidade humana.

Os gritos de resistência são ouvidos a cada momento nas ruas, quando vemos a tentativa de esconder essa mistura brasileira, como se este principio  fosse algo vergonhoso para o país.

Pensar em cultura brasileira é pensar em diversidade cultural visto que basta olharmos para o nosso lado, para compreendermos que o Brasil é um país multicultural, visto que somos frutos do processo de miscigenação entre o povo europeu, indígena e africano. Para compreendermos esse processo, basta fazermos uma leitura do legado cultural que herdamos desses povos que ao se misturarem, deram origem ao povo brasileiro.

Para compreendermos como se inicia a formação da nossa identidade, devemos voltar um pouco na historia para analisarmos o processo de colonização  a partir do século XVI. Os europeus entraram em contato com o povo indígena e, logo após, com os africanos ( em virtude do trabalho escravo ), iniciando um processo de mudança social em que as diferentes manifestações culturais entram em conflito, moldando-se, agrupando-se dando inicio à formação do chamado “ povo brasileiro”.

A integração social entre o negro, branco e índio estabeleceu-se de forma harmoniosa, sendo que essa miscigenação proporcionou um equilíbrio entre os diferentes grupos culturais. Segundo Freire (2001), as relações sociais fundamentavam-se no trabalho escravo, no poder e mando do senhor de engenho e da família patriarcal, o que identificava o processo de colonização portuguesa no Brasil.

Dessa relação entre poder e sobrevivência, respectivamente entre brancos e negros, que surgiram  uma cultura propriamente brasileira expressa em fusão do vocabulário das duas raças, nas práticas diárias, nas crenças e nas representações de poder, o que resultou em um processo democratização racial entre os indivíduos.

Holanda (2003) estabelece a relação entre o português, o índio e o negro, fundado na questão da dominação legal do branco sobre as outras culturas, instituindo uma relação de superioridade e de poder sobre o homem simples ( fruto da mistura de raças ) Sendo assim institui-se culturalmente o homem cordial, que aceitas as estruturas sociais vigentes, sem questionar, pois é muito forte culturalmente,o domínio de uma classe  sobre a outra.  O negro sempre e sua cultura sempre participaram  do processo de desenvolvimento do país, mas sempre em posição de inferioridade dentro da estrutura social, visto que no inicio do processo de  colonização eles eram vistos como mercadorias e depois da abolição da escravidão em 1988, a presença do negro sempre foi vinculada ao trabalho não capacitado. O negro sempre esteve presente no processo de construção da sociedade brasileira e essa participação também influenciou os padrões culturais do povo brasileiro. Mas a sociedade, historicamente e ideologicamente, colocou o negro à margem do processo social visto que, com o desenvolvimento das relações de trabalho assalariado nas cidades, os negros passaram a concorrer com os trabalhadores imigrantes, que já estavam acostumados com o trabalho estipulado pelo modo de produção capitalista. Vejamos o que diz Caldas  (1986), a cultura de massa consiste na produção industrial de um universo muito grande de produtos que abrangem vários setores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

            É importante considerarmos a globalização como um processo que promove o contato intenso entre as diferentes culturas, e as trocas culturais abrem sempre possibilidades de crescimento, de amadurecimento, de ganho para os lados envolvidos. Na medida em que estamos  constantemente em contato com outras realidades, outras pessoas e culturas, é impossível não haver mudanças. A forma como posicionamos diante desse movimento é que vai definir nossa situação na sociedade global de completa apatia, indiferença, submissão etc. ou de ação, de construção de novos significados para nossa práticas, para nossa cultura, tendo em vista sua  manutenção, ainda que em outros moldes.

            Sem duvida, a educação adquire aqui papel importantíssimo. Na condição de instrumento, é por meio dela que vamos colaborar na formação de indivíduos comprometidos com a reconstrução constante de nossa cultura e sociedade, tendo em vista sua manutenção diante das instabilidades decorrentes do contato entre as diferentes culturas num mundo globalizado.

REFERÊNCIAS

BELL, Daniel, A sociedade Cultural: São Paulo: 1973

CALDAS,W, Cultura. 3 ed. São Paulo: Global 1986.

FERNANDES, Florestan, A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Ática 1978.

FREIRE, Gilberto: Casa grande e senzala introdução à história da sociedade patriarcal no Brasil. 43. Ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.

HOLANDA, Sergio Buarque de. Raízes do Brasil. 26. Ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

HOLLANDA, B.B.B. Raízes do Brasil: do filme ao livro. Disponível em <http: WWW.artnet.com.br Gramsci arquiv350.htm>.

ROCHA, E. P. G.  O que é etnocentrismo? 7.ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

RODRIGUES, A. P. Cultura. Disponível em: <htpp: www. para  ler e pensar .com.br antoniopaiva_cultura.htm>

Quanto à definição de multiculturalismo?

O que é o multiculturalismo: O multiculturalismo é a inter-relação de várias culturas em um mesmo ambiente. É um fenômeno social que pode ser relacionado com a globalização e as sociedades pós-modernas. Alguns países apresentam uma maior multiculturalidade.

O que e multiculturalismo e pluralismo cultural?

Multiculturalismo, ou Pluralismo Cultural, é um termo que descreve a existência conjunta de muitas culturas em uma mesma cidade, região, estado ou país.

O que se refere à pluralidade cultural?

A pluralidade cultural consiste na diversidade de culturas e expressões culturais existentes na sociedade. Em diversos países no mundo, cada um possui seus valores, suas culturas e uma forma de ver, entender e agir, formando assim as diferentes aptidões.

Qual e a teoria do multiculturalismo?

O Multiculturalismo é a teoria que defende a valorização da cultura dos diversos grupos que compõem a humanidade, que defende que ser diferente não significa ser nem melhor nem pior do que ninguém, que é contra a uniformização ou padronização do ser humano, que valoriza as minorias e suas especificidades e que entende ...