O que seria necessário ocorrer para que essas populações pudessem ser consideradas duas novas espécies?

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ainda no início do século XX. Segundo esse conceito, uma espécie é “uma população (ou conjunto de populações) isolada reprodutivamente de quaisquer outra população ou conjunto de populações”. De modo mais simples, indivíduos pertencem a uma mesma espécie quando, sendo de sexos opostos, podem se reproduzir, gerando descendentes potencialmente férteis (capazes de se reproduzir). Esse conceito ainda é o mais usado pelos cientistas de modo geral, ainda que tenha limitações. Vamos falar um pouco dessas limitações apenas para que você compreenda o quanto o assunto de que estamos tratando é especialmente interessante. Voltemos ao caso de cães e lobos. Um bassê dificilmente poderia, de fato, cruzar com um pastor alemão ou um dinamarquês. Isso, no entanto, não impede que os consideremos de uma mesma Pastor Alemão :: Foto: Jack Monterrey Pastor Alemão :: Foto: Debbie Miller Lobo :: Foto: Peter Beres Lobo :: Foto: Dave Dyet espécie. Sabemos que as raças de cães foram geradas por criadores que cruza- vam apenas os exemplares que possuíam características desejadas, para o tipo de função que o cão deveria exercer (caça, corrida ou pastoreio, por exemplo). E muitas raças de cães muito diferentes podem cruzar entre si, dando origem muitas vezes ao conhecido cachorro vira-lata. E o lobo e o cão, podem cruzar e produzir descendentes férteis? A verdade é que podem. Mas para a ciência, eles são consi- derados como pertencendo a espécies diferentes, o que não é difícil de aceitar. Já os jumentos e os cavalos, embora possam cruzar, gerando burros ou mulas, são considerados como duas espécies independentes porque os dois híbridos (mulas e burros) são estéreis. Há situações que fogem ainda mais à regra, como é o caso de bactérias e outros microrganismos, que se reproduzem por duplicação pura e simples. Nesses casos, a ideia de cruzamentos e descendentes férteis não faz qualquer sentido. Mesmo assim, os cientistas aceitam que existem milhares de diferentes espécies de bactérias e protistas. A própria definição de espécie é, portanto, insuficiente para ser gene- ralizada para todos os casos conhecidos. Porém, se quisermos entender o processo de evolução, temos de aceitar que as espécies existem, adotando um conceito que nos ajude a compreender e explicar os fenômenos de trans- formação dos seres vivos ao longo do tempo. Admite-se, porém, que o pro- cesso de formação de uma nova espécie pode ser muito demorado (longo), durando milhares ou milhões de anos. E, se a formação de uma nova espécie toma tanto tempo, ela não pode ser observada por seres humanos diretamen- te, nem testada em laboratório. O que não significa, no entanto, que não 60 :: biologia :: Módulo 1 Em A representamos por pequenos círculos os indivíduos de uma espécie. Como sabemos, podem surgir indivíduos diferentes em uma população ao longo do tempo. Essas diferenças podem ser genéticas, ou seja, podem ser transmitidas aos descendentes. Diferenças genéticas hereditárias são chamadas de mutações. Imaginemos, como mostrado em B, que surjam dois indivíduos mutantes na popu- lação. E que cada uma dessas mutações seja útil para a sobrevivência dos indiví- duos (vantajosa, como se costuma dizer). Como essas mutações são hereditárias, os descendentes dos dois indivíduos mutantes, também as terão. Como ambas são vantajosas, os descendentes portadores de qualquer uma dessas mutações irão se tornar numerosos (C). Por isso mesmo, poderão cruzar entre si, produzindo indivíduos portadores das duas mutações (D). Se, juntas em um mesmo indivíduo, as duas mutações continuarem sendo vantajosas, podemos imaginar que, após um longo tempo, todos os indivíduos da espécie serão portadores de ambas (D e E). E, ao final de um longo período, poderemos ter o surgimento de uma nova espécie, mas a espécie original terá desaparecido (F). É importante que você entenda que as mutações muitas vezes são desvantajosas (lembre-se de que a evolução não tem um propósito). Porém, as mutações desvantajosas tendem a desaparecer, pois seus portadores, pelo que já vimos, têm menos possibilidade de se reproduzir e passar suas características aos seus descendentes. Na verdade, pode-se dizer, a respeito do exemplo acima, que a espécie ori- ginal se transformou, mas que não faz sentido chamá-la de uma nova espécie. Para essas espécies que se transformam muito ao longo do tempo, a ponto de ficarem muito diferentes do que eram antes, alguns pesquisadores sugeriram o termo cronoespécies. Ou seja, espécie que se torna diferente ao longo do tempo (crono). Mas esse tipo de processo não leva ao surgimento de duas espécies a partir de uma única. Isso porque, com o cruzamento dos indivíduos, as novas características se combinaram nos descentes, alterando a população como um todo ao longo do tempo. Agora vamos ver, na figura 11.4, uma situação ligeiramente diferente. Figura 11.4: O surgimento de novas espécies. existam evidências suficientes na natureza de que novas espécies surgem e outras desaparecem, como está documentado, por exemplo, nos fósseis. O que é menos simples de demonstrar é o processo de formação de uma nova espécie a partir de outra, ou seja, é difícil identificar uma espécie ancestral e aquelas (ou aquela) que se formaram a partir dela posteriormente. Mesmo assim, há pelo menos duas explicações importantes para o processo de sur- gimento de novas espécies, conhecido como especiação. Nesse capítulo utili- zaremos o conceito de espécie que apresentamos há pouco, mesmo sabendo de suas limitações. Como veremos, ele nos permite propor explicações para diversos fenômenos relacionados à Evolução. Mecanismos de especiação Uma característica considerada essencial para o processo de espe- ciação é o isolamento reprodutivo de duas populações. Isso significa que para que uma mesma população de uma única espécie original dê origem a uma ou mais espécies novas, é preciso que ela seja dividida em duas populações (A e B, por exemplo) e que os indivíduos de uma dessas populações continuem cruzando entre si, mas sejam de algum modo, impedidos de cruzar com a outra população (ou seja, indivíduos de A não cruzam com B). Isso pode parecer estranho, mas se pensarmos na formação de novas espécies ao longo do tempo, poderemos compreender melhor a importância do isolamento reprodutivo. Vamos tentar explicar isso com ajuda da figura 11.3. Figura 11.3: A transformação de uma espécie ao longo do tempo. CaPítulo 11 :: 61 entre nós, cujo nome em português (ela existe em Portugal) é pilriteiro. Os ovos se desenvolvem, dando origem a larvas, que, por sua vez, abandonam os frutos e se refugiam no solo, dando origem posteriormente a novas moscas. No século XVIII iniciou-se o cultivo de maçãs nos EUA, a partir de mudas trazidas da Euro- pa. Logo se verificou que as moscas da espécie Rhagoletis pomonella estavam parasitando também as maçãs. Supôs-se então que pudessem estar surgindo duas espécies diferentes de moscas, uma que se reproduziria nas maçãs e outras nos pilriteiros. Estudos têm confirmado que as duas populações parecem estar de fato se separando: as moscas nascidas em maçãs são atraídas pelo cheiro dessas frutas, mas respondem pouco ao cheiro do pilrito. Já as moscas nascidas em pilriteiros respondem ao odor destes frutos e não ao das maçãs. Diversas di- ferenças genéticas foram descritas entre as duas populações. Como as macieiras e os pilriteiros frutificam em épocas do ano um pouco diferentes, a explicação mais provável é que cada população de moscas esteja se tornando mais e mais adaptada ao fruto em que se desenvolve. Nesse caso, portanto, estariam se formando novas espécies em um mesmo local – sem isolamento geográfico. O que é mais interessante é que a mesma espécie de moscas parasita também as cerejas, ou seja, pode ocorrer (ou estar ocorrendo) a formação de uma terceira

O que seria necessário ocorrer para que essas população pudessem ser consideradas duas novas espécies?

Para que a especiação ocorra, duas novas populações devem ser formadas a partir de uma população original, e elas devem evoluir de tal maneira que se torne impossível para os indivíduos das duas novas populações se intercruzarem.

Quais são as condições necessárias para o aparecimento de novas espécies?

O mecanismo principal que define o surgimento de uma nova espécie é o isolamento reprodutivo. Esse isolamento reprodutivo pode ocorrer por meio de dois mecanismos básicos: os mecanismos pré-copulatórios e os mecanismos pós-copulatórios.

Qual é a principal maneira de se formarem novas espécies?

A principal maneira de se formarem novas espécies é a cladogênese, também chamada de especiação por diversificação. Esse processo tem início com o isolamento entre populações de uma espécie ancestral, de modo a impedir o cruzamento entre os indivíduos das populações isoladas.

Quando os dois grupos se formam a partir de uma população original?

O efeito fundador é mais um exemplo extremo de deriva, que ocorre quando um pequeno grupo de indivíduos de uma população maior se separa para estabelecer uma colônia. A nova colônia é isolada da população original, e os indivíduos fundadores não representam a diversidade genética completa da população original.

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