O que a Inglaterra exigiu em 1827 para reconhecer a independência do Brasil?

     O reconhecimento e o preço da independência:

     Muitos países tinham interesses no reconhecimento da independência do Brasil. Os Estados Unidos foram o primeiro país a reconhecer. O presidente da época, James Monroe, defendia um lema que tratava da interferência da Europa na política americana "A América para os americanos." 

      Portugal também reconheceu a independência brasileira (em 1825). Mas exigiu que o Brasil pagasse 2 milhões de libras esterlinas (cerca de 8 milhões de reais, atualmente) para pagar isso, o governo do Brasil pediu dinheiro da Inglaterra. A Inglaterra lucrou, pois Portugal tinha dividas, então, o dinheiro do pagamento do Brasil para Portugal, foi para a Inglaterra.

     Inglaterra reconheceu a independência do Brasil em 1827. Mas, exigiu a renovação do Tratado de Comércio e Navegação por mais 15 anos. Consequentemente, os produtos teriam 15% de impostos.

O que a Inglaterra exigiu em 1827 para reconhecer a independência do Brasil?

REFERÊNCIAS: BOULOS JUNIOR, ALFREDO. História: Sociedade & Cidadania, 8º ano. 2015, 304 p. 

Escrito por: Brenda Dettmer


O Bill Aberdeen foi uma lei inglesa aprovada em 1845, que concedia direitos à Marinha Real britânica de atuar de maneira rígida contra o tráfico negreiro, que trazia milhares de africanos para o Brasil anualmente. Essa medida drástica foi tomada pela Inglaterra por conta da falta de iniciativas do governo brasileiro em pôr fim ao tráfico de escravos.

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Contexto histórico

A questão do fim do tráfico negreiro foi um assunto de grande relevância tanto para Portugal quanto para o Brasil e desde o começo do século XIX, a Inglaterra esteve atuando diplomaticamente para obter dos dois países garantias de que o tráfico ultramarino de escravos teria fim. O primeiro acordo nesse sentido deu-se em 1810, com o Tratado de Amizade e Aliança com a Grã-Bretanha.

Esse acordo foi assinado quando o Brasil ainda era uma colônia portuguesa e aconteceu no contexto da vinda da família real portuguesa para o Rio de Janeiro. Nesse acordo, d. João, regente de Portugal e futuro d. João VI, comprometeu-se em cooperar com os ingleses na questão referente ao comércio de escravos.

Em 1815, um novo acordo foi realizado, e ingleses e portugueses chegaram ao consenso de que o tráfico estava definitivamente proibido no Hemisfério Norte. Esse acordo foi substituído por outro assinado em julho de 1817. A partir de 1822, o Brasil conquistou sua independência, e as negociações que eram realizadas com Portugal estenderam-se ao Brasil.

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A independência do Brasil só foi reconhecida pelos ingleses mediante um compromisso realizado pelo Brasil de que medidas para impor o fim do tráfico seriam tomadas. O compromisso brasileiro foi realizado por meio do Tratado Anglo-Brasileiro de 1826 e assegurava que medidas nesse sentido seriam tomadas até 1830.

Desse acordo foi aprovado no Brasil a Lei Feijó, em 7 de novembro de 1831. A Lei Feijó, basicamente decretava o fim do tráfico negreiro no Brasil e todos os africanos que adentrassem o território brasileiro, a partir da sua data de aprovação, seriam considerados livres. Essa lei, porém, ficou conhecida como “lei para inglês ver”, frase que sugere a pouca efetividade dela no combate ao tráfico negreiro.

Alguns anos após essa lei, o tráfico negreiro no Brasil aumentou consideravelmente e entre 1831 e 1845 cerca de 470 mil africanos foram trazidos ilegalmente ao Brasil|1|. Isso porque a opinião pública era abertamente favorável à continuidade do comércio de escravos no Brasil e as autoridades políticas foram condescendentes e faziam vista grossa aos milhares de africanos trazidos para cá.

A situação era tão escancarada que na Câmara dos Deputados existiam projetos que estipulavam o fim da lei de 1831. Essa situação incomodava profundamente os britânicos, sobretudo, porque o primeiro-ministro inglês Robert Peel vinha sofrendo fortes críticas por conta do crescimento do tráfico negreiro a partir da segunda metade da década de 1830.

Essa situação levou os britânicos a agirem mais energicamente contra o Brasil e por meio de Lorde Aberdeen foi aprovada uma lei que mexeu com os brios brasileiros e acirrou os ânimos entre os dois países: a lei Bill Aberdeen.

O que foi o Bill Aberdeen?

O que a Inglaterra exigiu em 1827 para reconhecer a independência do Brasil?

O Bill Aberdeen foi uma lei elaborada por George Hamilton-Gordon, conhecido como Lorde Aberdeen, e aprovada em agosto de 1845.

Bill Aberdeen foi uma lei inglesa, promulgada no dia 8 de agosto de 1845 no Parlamento inglês e foi elaborada por George Hamilton-Gordon, também conhecido como Lorde Aberdeen, na época, secretário do Estado para os Assuntos Estrangeiros. Essa lei concedia direitos à Marinha Real britânica a monitorar o Atlântico Sul à procura de embarcações que traficassem africanos.

Todas as embarcações brasileiras que fossem encontradas traficando africanos escravizados seriam acusadas de pirataria e os membros dessas embarcações seriam julgados, de acordo com as determinações da lei inglesa. Os navios capturados pelos ingleses poderiam ser vendidos, os escravos seriam libertos e reencaminhados ao continente africano.

Essa lei ficou conhecida também como Slave Trade Supression Act ou Aberdeen Act e gerou fortes reações no Brasil. Representantes brasileiros manifestaram sua forte oposição à ação dos ingleses e os discursos surgidos após a lei inglesa foram carregados de teor nacionalista. Isso aconteceu porque essa lei permitia que as embarcações inglesas invadissem as águas territoriais do Brasil.

A lei inglesa utilizava como argumento o tratado assinado entre Brasil e Inglaterra, em 1826, e o fato de o Brasil ter assumido o compromisso, mas de ter realizado poucas ações para efetivar o cumprimento desse acordo. Uma análise de todas as determinações do Bill Aberdeen, o coloca como uma lei dura e intransigente por parte da Inglaterra.

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Reações ao Bill Aberdeen

Como mencionado, a lei inglesa gerou fortes reações no Brasil e inúmeros representantes manifestaram sua insatisfação perante essa lei. Um dos argumentos levantados era que cidadãos brasileiros não poderiam ser levados a julgamento pela justiça britânica. Outra insatisfação era pelo fato de os ingleses equipararem o tráfico negreiro com a pirataria.

Essa situação acirrou os ânimos entre Brasil e Inglaterra e reforçou discursos nacionalistas no país. A grande questão era a invasão das águas territoriais brasileiras por embarcações inglesas e a possibilidade de guerra entre os dois países assustava a muitos e atemorizava aqueles que acreditavam nas consequências negativas que isso teria para o país.

A intolerância das ações inglesas, no que se refere ao fim do tráfico negreiro, acabou desagradando mesmo aqueles que defendiam o fim desse comércio. Os discursos sempre evocavam sentimentos nacionalistas e a situação agravou-se por conta de um incidente que aconteceu em 1850. Nessa ocasião, um forte instalado na costa paranaense abriu fogo contra uma embarcação britânica, resultando na morte de um marinheiro inglês. Os ingleses reagiram e incendiaram navios negreiros brasileiros.

A situação poderia ter levado o país à guerra contra a Inglaterra ou ao rompimento das relações diplomáticas entre os dois países. A situação a longo prazo seria prejudicial ao Brasil e, além disso, o país estava isolado internacionalmente, pois o tráfico negreiro era impopular no mundo. A única saída encontrada era proibir definitivamente o tráfico negreiro.

Lei Eusébio de Queirós

Foi nesse contexto que se propôs a Lei Eusébio de Queirós, que proibia definitivamente o tráfico negreiro no Brasil. A lei, porém, não tinha caráter humanitário, mas visava, unicamente, a resguardar a posição do Brasil internacionalmente. Com essa lei, uma guerra contra os britânicos seria evitada e, além disso, a economia brasileira não sofreria com possíveis sanções tomadas pela Inglaterra.

Isso fica evidente, principalmente, porque se analisado a quantidade de africanos enviados para o Brasil, entre 1845-1850, percebeu-se que a entrada dos africanos no Brasil continuou elevada (a média anual estava em torno de 40 mil africanos). O Bill Aberdeen, portanto, falhou no seu ponto essencial – impedir a entrada de africanos no Brasil – mas, por outro lado, conseguiu pressionar o Brasil e colocá-lo em uma situação em que ele foi forçado a proibir o tráfico definitivamente.

O Brasil, portanto, não acabou com o tráfico, porque a ação inglesa havia prejudicado esse negócio e por ter sido convencido da crueldade dessa atividade, mas o fez, exclusivamente, por temer uma guerra contra os ingleses ou sanções econômicas. Os interesses internos relacionados com a soberania e economia do país é que levaram à proibição do tráfico negreiro.

|1| ARAÚJO, Carlos Eduardo Moreira de. Fim do tráfico. In.: SCHWARCZ, Lilia Moritz e GOMES, Flávio (orgs.). Dicionário da escravidão e liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 232.

Por Daniel Neves
Graduado em História

O que a Inglaterra exigiu para reconhecer a independência do Brasil em 1827?

Portugal não queria aceitar a independência do Brasil. No entanto, com a ajuda da Inglaterra, os dois países chegaram a um pacto: Portugal reconheceria a independência, e em troca o governo britânico exigiu que o Brasil pagasse um débito de 2 milhões de libras que Portugal devia a Inglaterra.

O que os ingleses exigiram para reconhecer a independência do Brasil?

Tratado de Paz e Aliança Segundo esse acordo, o governo brasileiro deveria pagar uma indenização de dois milhões de libras esterlinas para que Portugal aceitasse a independência do Brasil.

Quais foram as vantagens obtidas pela Inglaterra no processo de apoio e reconhecimento da independência do Brasil?

A vantagem obtida pelos ingleses nesse acordo ficava claramente percebida nas alíquotas alfandegárias que foram determinadas. Segundo o documento, os ingleses pagariam 15% de imposto sobre as mercadorias que desembarcassem nos portos brasileiros.

O que levou os Estados Unidos a reconhecer a independência do Brasil?

Essas revoltas anteriores faziam críticas ao colonialismo e contribuíram para o corte do cordão umbilical entre Portugal e Brasil. Os norte-americanos foram os primeiros que deram este reconhecimento, uma vez que eram publicamente favoráveis à independência de todas as colônias da América.