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A palavra QUE tem muitas possibilidades de uso, e por isso mesmo pode causar algumas dúvidas sobre a sua regência, concordância, significado, etc. Veremos abaixo as principais funções desta palavra:
SUBSTANTIVO
Nestes casos admite o acompanhamento de um artigo indefinido (um), e pede uma preposição (de), além disso, deve ser acentuado (quê).
Exemplo: Este texto tem um quê de romance... nem parece um texto modernista.
PRONOME ADJETIVO
Como pronome, o QUE poderá ser interrogativo, exclamativo ou indefinido.
Exemplos:
- Que horas são? (interrogativo)
- Que delícia de jantar! (exclamativo)
- Que palavras duras você usou!
PRONOME RELATIVO
Neste caso dizemos que é um dêitico, pois serve para recuperar termos que estão citados antes dele, fazendo-lhes referência.
Exemplo: O livro que você me deu é muito bom!
PRONOME INTERROGATIVO
Considera-se nesse caso, também como pronome indefinido. É encontrado o início frases interrogativas.
Exemplo: Que aconteceu com o aniversariante?
PREPOSIÇÃO
Até pouco tempo atrás era considerado coloquialismo, mas já é aceito pela gramática. O “Que” é utilizado aqui para substituir o “de” após o verbo “ter”.
Exemplo: Teremos que sair mais cedo hoje.
ADVÉRBIO DE MODO
O “que” pode também substituir o “como”.
Que roupa mal costurada era aquela!
(Como aquela roupa era mal costurada!)
ADVÉRBIO DE INTENSIDADE
Como a própria denominação diz, serve para intensificar o termo ao qual se refere.
Exemplo: Que enganados andam os homens!
PARTÍCULA EXPLETIVA
Neste caso não tem função na oração, serve apenas para realçar determinado termo.
Exemplo: Há muito tempo que não vou à minha cidade natal.
INTERJEIÇÃO
Exemplo: Quê! Não acredito que vai custar tudo isso!
PARTÍCULA ITERATIVA
É quando o “que” é repetido para dar ênfase ou realce à frase.
Exemplo: Oh! Que lindos que são esses cachorrinhos!
CONJUNÇÃO COORDENATIVA
a) ADITIVA
Exemplo: Mexe que mexe e não encontra nada!
b) ALTERNATIVA
Exemplo: Que aceitem ou que não aceitem, eu vou falar mesmo assim.
c) ADVERSATIVA
Exemplo: Pode falar à vontade que não vai fazer efeito!
d) EXPLICATIVA
Exemplo: Vocês precisam escutar, que é muito importante.
CONJUNÇÃO SUBORDINATIVA
a) INTEGRANTE – aparece no início de uma oração subordinada substantiva e não tem função sintática.
Exemplo: Falou que não iria, mas acabou indo.
b) COMPARATIVA – aparece no início de uma oração subordinada adverbial comparativa.
Exemplo: Não há maior prova de amor que doar a vida pelo irmão.
c) CAUSAL - aparece no início de uma oração subordinada adverbial causal.
Exemplo: Tenho que tomar cuidado, que esse chão é muito escorregadio.
d) CONCESSIVA – expressa uma concessão, uma exceção à regra.
Exemplo: Gosto de goiabas, verdes que estejam.
e) CONSECUTIVA – expressa uma conseqüência do que acabou de ser afirmado.
Exemplo: É tão pequeno que não alcança a geladeira.
Texto originalmente publicado em //www.infoescola.com/portugues/funcoes-da-palavra-que/
Quando usar 'porque', 'por que' 'porquê' e 'por quê'? Professor Pasquale responde
11 abril 2017
Anderson, Glaciane, Rubia, Robson, Denilson, Myrian, João Pedro, Estelle, Deywer e Victor perguntaram à BBC Brasil quando usar “porque”, “por que” “porquê” e “por quê”.
Para responder a esta dúvida, consultamos o professor Pasquale Cipro Neto, que já começa derrubando a ideia compartilhada por muitos de que o “por que” é usado em todas as frases terminadas com ponto de interrogação.
“Isso é o caminho para o naufrágio”, alerta.
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Confira, a seguir, dicas para não errar:
"Por que" separado
“O ‘por que’ separado sempre pode embutir a palavra ‘razão’ ou a palavra ‘motivo’”, explica o professor.
Isso vale para perguntas diretas - “Por que você não foi?" vira "Por que razão você não foi?" e "Por que você não pagou a conta?" vira "Por que motivo você não pagou a conta?".
E também para frases terminadas com ponto final - “Você sabe por que eu ajo assim” vira “Você sabe por qual razão eu ajo assim” ou “Você sabe por qual motivo eu ajo assim”.
“E existe ainda um outro ‘por que’ separado", acrescenta Pasquale. “Lembra aquela música? ‘Só eu sei as esquinas por que passei’, lembra?”.
Com esse exemplo, ele explica que o “por que” também é separado quando equivale a "pelo qual", "pela qual", "pelos quais", "pelas quais".
No caso da música, a letra também poderia ser: “Só eu sei as esquinas pelas quais passei”.
"Porque" junto
O “porque” junto é uma conjunção que indica causa, motivo, justificativa ou explicação.
Um exemplo: "Eu não fui porque estava doente".
De acordo com o professor, "Porque estava doente" é a oração que indica a razão pela qual ele não foi.
Nesses casos, o “porque” é junto e sem acento.
Com isso, é possível existir “porque” junto mesmo em frases que terminam com interrogação, como esta: “Será que ela está chateada comigo porque eu não fui ao aniversário dela?”
Alguns professores recomendam tentar trocar o "porque" junto por "pois". Se der certo, está correto o uso do "porque" junto.
O “por quê” separado e com acento é um “por que” separado localizado antes de uma pausa na fala ou na escrita.
“É preciso que haja uma pausa, um ponto final, um ponto de interrogação..." explica Pasquale.
Exemplo: “Por quê?”
Só isso. É o mesmo que perguntar "Por qual razão?", "Por qual motivo?".
De acordo com o professor, esse "quê" vira tônico na entonação. Assim, quando há um “por que” separado encerrando uma frase, ele ganha o acento e passa a ser “por quê”.
Nesse caso, o “porque” vira sinônimo da palavra "motivo".
O professor exemplifica: “Qual é o porquê de tanta tristeza?".
É o mesmo que perguntar “Qual é o motivo de tanta tristeza?".
Reportagem: Paula Reverbel / Imagens e edição: Isadora Brant
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