a)É um pedindo socorro / e outro fazendo festa. b)A natureza e os seres humanos c)De um lado, há a natureza desrespeitada, que nos envia alertas de socorro, como degelo dos polos, aquecimento global, abertura na camada de ozônio etc. Do outro, há o homem enriquecendo às custas da exploração (acúmulo de riqueza, aquisição de bens de consumo desnecessários etc.) a)É um pedindo socorro / e outro fazendo festa. b)A natureza e os seres humanos c)De um lado, há a natureza desrespeitada, que nos envia alertas de socorro, como degelo dos polos, aquecimento global, abertura na camada de ozônio etc. Do outro, há o homem enriquecendo às custas da exploração (acúmulo de riqueza, aquisição de bens de consumo desnecessários etc.) Cordel: O burro é o ser humano Fonte da imagem -https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiC1foMi3Xpc_KcSAACC7krUcZ1RX5jHOplwwRtOg9R1WaoY5EoJZuSDc4jO6X8B2H1SNvMvyYVrjLR7tEUxkjoINLh-RsENkEtKCTOuMJCJo04itjEIuHyDSEKd_LXnf8tfTIhEw8BPODqkI_GqqDE8AFX6mkZsVfnI4BgaMQUR5Sc_jGmUE0SWOra/s600/jegue.jpgJosé de Acaci Acordei de madrugada E comecei a fazer risco... Pedi licença ao poeta, Meu mestre Antônio Francisco, E puxei pela memória Pra escrever essa história Que chegou como um corisco: Andando pela cidade Vi uma carroça larga Cheia de areia e cimento E pensei na vida amarga, O sofrimento, a tortura, Como é a vida dura De um pobre burro de carga. Ao ver o burro cansado Perguntei no pensamento: – Como é que um homem pode Causar tanto sofrimento? – Como pode ser tão mau Com esse pobre animal? – Coitado desse jumento! E fiquei ali parado Pensando na humanidade Que pra se satisfazer Perde o rumo da verdade. E entre todos os animais, Entre todos os demais, É o único que tem maldade. [...] Olhando aquele jumento Escutei a voz de alguém, Mas olhei ao meu redor Vi que não tinha ninguém. Só o jumento cansado, Olhando para o meu lado Como uma coisa do além. Fiquei todo arrepiado Quando o jumento me olhou Chamou minha atenção E para mim cochichou: “– Não se assuste comigo Você não corre perigo.” E depois continuou: “– Você, meu caro poeta, Com esse seu sentimento Foi por Deus abençoado. E agora, nesse momento, Vai ter a capacidade E a oportunidade De escutar um jumento.” Eu senti um arrepio, O suor veio na palma, Ao escutar o jumento Senti um frio na alma, Meu coração disparou, Mas o jumento falou: “– Meu poeta, tenha calma!” Olhou-me com a grandeza De um Sábio de Alexandria, E disse: “-- O que o homem faz Comigo é covardia, Mas eu lhe dou o perdão Porque no meu coração Só tenho paz e alegria.” “– Não adianta queixar-me De todo meu sofrimento. Eu não reclamo da vida Nem resmungo um só momento, Não vivo no desatino Porque sei que o meu destino Foi nascer para ser jumento.” “– Porém, você meu poeta, Faz parte da raça humana. A quem Deus deu liberdade E a vontade soberana Pra decidir com cuidado Entre o certo e o errado Entre o amor e a gana.” “– O ser humano optou Pelo lado que não presta. Poluiu rios e mares, Tocou fogo na floresta E desmatou sopé de morro, É um pedindo socorro E outro fazendo festa.” [...] “Com trator e motosserra Fizeram o desmatamento Deixaram a areia solta Gerando assoreamento. – Oh atitude infeliz! Ainda tem gente que diz Que eu é sou jumento.” “– Desculpe, caro poeta, Magoar não é meu plano, Mas o homem me maltrata E ainda comete o engano De dizer que eu sou burro”, E falou dando um esturro: “O burro é o ser humano.” “– Um bicho que inventa armas, Que destrói uma nação, Que tem inveja e ganância No sangue e no coração. Que faz o mal e sai rindo, Tá se autodestruindo. – Esse perdeu a razão!” [...] ACACI, José. O burro é o ser humano. Parnamirim: s.d. Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 8º ano – Ensino Fundamental – IBEP – 4ª edição. São Paulo. 2015. p. 66-8. Entendendo o cordel: 01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo: · Corisco: faísca elétrica, raio. · Desatino: ausência de bom senso, de juízo. · Soberano: de grande poder, que exerce autoridade. · Gana: desejo grande e excessivo de obter lucro, lícito ou ilícito. · Sopé: base da montanha, parte inferior. · Assoreamento: surgimento de montes de areia por enchente ou construções. · Esturro: urro, rugido; estrondo; queimado. 02 – Em resumo, qual é o assunto tratado nesse cordel? Reflexões sobre a natureza humana e sobre as ações do homem em relação ao meio ambiente. 03 – Uma das personagens do poema é um burro falante. Em que outro gênero de texto o recurso de personificação de animais costuma ser utilizado? Nas fábulas. 04 – O eu poético comenta, na primeira estrofe, que recorre à memória para narrar o que virá em seguida. Que outra expressão, usada anteriormente nessa mesma estrofe, antecipa a ação de escrever? “Fazer risco”. 05 – Releia esta estrofe: “E fiquei ali parado Pensando na humanidade Que pra se satisfazer Perde o rumo da verdade. E entre todos os animais, Entre todos os demais, É o único que tem maldade.” a) Que palavra poderia sintetizar a ideia apresentada no terceiro e no quarto versos desta estrofe? Transcreva-a em seu caderno. I. Anseio. II. Ganância.III. Maldade. IV. Orgulho. b) Explique o que seria “perder o rumo da verdade”, segundo o ponto de vista do jumento. Seria não mais praticar atos justos e verdadeiros, afastando-se do que é adequado e correto. c) Segundo o poema, qual é o único animal que tem maldade? O ser humano. d) Você concorda com essa ideia? Justifique sua resposta. Resposta pessoal do aluno. 06 – Releia outro trecho do poema: “[...] Mas eu lhe dou o perdão Porque no meu coração Só tenho paz e alegria.” a) De quem é essa afirmação? Do burro. b) O que é possível perceber sobre a índole dessa personagem a partir da leitura desses versos? Que ele é um ser bom, puro. 07 – Na 12ª estrofe, percebe-se um confronto de atitudes. a) Localize e transcreva em seu caderno os dois versos que apresentam essa oposição. É um pedindo socorro / e outro fazendo festa.” b) Identifique quais elementos estão em oposição nesses versos. A natureza e os seres humanos. c) Dê exemplos que confirmem a ideia que esses versos apresentam. De um lado, há a natureza desrespeitada, que nos envia alertas de socorro, como degelo dos polos, aquecimento global, abertura na camada de ozônio, etc. Do outro, há o homem enriquecendo às custas da exploração. |