Como ocorre o controle do coração pela inervação simpática e Parassimpática?

O coração tem dois tipos de células, as células miocárdicas, também denominadas células funcionais, que quando estimuladas eletricamente são capazes de se contrair, e as células marcapasso, responsáveis pela geração e condução dos estímulos elétricos. Os tecidos especializados que geram e conduzem impulsos elétricos através do coração, são o nó sinoatrial (nó SA), nó atrioventricular (nó AV), feixe de His e fibras de Purkinje (VAN DE GRAAF, 2003).

O controle da atividade cardíaca é feito sistema nervoso simpático e parassimpático, que inervam de forma abundante o coração (GUYTON; HALL, 2006).

O nó SA está localizado na parede posterior do átrio direito, onde a veia cava chega ao coração. O nó AV está na porção inferior do septo interatrial. O feixe de His está no topo do septo interventricular, esse feixe se divide no interior da parede dos ventrículos denominando-se fibras de Purkinje, causando a contração simultânea dos ventrículos. Sístole é a contração da câmara cardíaca para ejeção do sangue presente em seu interior. Diástole é o relaxamento da câmara cardíaca para um novo preenchimento de sangue em seu interior (GUYTON; HALL, 2006).

A média de batimentos cardíacos em um adulto saudável fica em torno de 70 batimentos por minuto, variando conforme as necessidades do corpo, como exercícios físicos, situações de estresse e repouso (VAN DE GRAAFF, 2003).

A regulação da ritmicidade do coração ocorre no nó SA ou marca passo do coração. Esta ritmicidade ocorre porque as membranas das fibras do nó SA são muito permeáveis ao sódio, que passa para o interior das fibras, fazendo com que o potencial da membrana em repouso passe para o valor positivo até atingir seu limiar transformando em potencial de ação. O impulso é propagado pelos átrios através do sistema de Purkinje provocando sua contração. Centésimos de segundos depois, o impulso atinge o nó AV, que retarda o impulso para que os átrios forcem a passagem de sangue para os ventrículos. Após esse retardo, o impulso é propagado pelo sistema de Purkinje aos ventrículos contraindo-os (GUYTON; HALL, 2006).

Os impulsos elétricos que passam pelo complexo estimulante do coração podem ser registrados pelo eletrocardiograma. Onda P é a despolarização das fibras atriais do nó SA, o complexo QRS é a despolarização dos ventrículos e a onda T é a repolarização dos ventrículos, iniciando assim um novo ciclo cardíaco (VAN DE GRAAFF, 2003).

Recursos do assunto

O sistema nervoso autônomo regula os processos fisiológicos. Essa regulação ocorre sem controle consciente, i. e., autonomamente. As 2 principais divisões são

  • Sistema simpático

  • Sistema parassimpático

Os distúrbios do sistema nervoso autônomo podem causar insuficiência autonômica e podem afetar qualquer sistema do corpo.

O sistema nervoso autônomo recebe informações de partes do sistema nervoso central, o qual processa e integra estímulos do corpo e do ambiente externo. Essas partes incluem o hipotálamo, núcleos do trato solitário, formação reticular, tonsilas, hipocampo e córtex olfatório.

Os sistemas simpático e parassimpático consistem, cada um, em 2 conjuntos de corpos neuronais:

  • Pré-ganglionar: esse conjunto está situado no sistema nervoso central e tem conexões com o outro conjunto situado nos gânglios fora do sistema nervoso central.

Sistema nervoso autônomo

Os corpos celulares pré-ganglionares do sistema simpático estão localizados no corno lateral da medula espinal entre T1 e L2 ou L3.

Os gânglios simpáticos são adjacentes à medula espinal e compreendem gânglios vertebrais (tronco simpático) e pré-vertebrais, que incluem os gânglios cervical superior, celíacos, mesentérico superior e aorticorrenais.

Fibras longas vão desses gânglios aos órgãos efetores, como:

  • Músculo liso dos vasos sanguíneos, vísceras, pulmões, couro cabeludo (músculos piloeretores) e pupilas

  • Coração

  • Glândulas (sudoríparas, salivares e digestivas)

Os corpos celulares pré-ganglionares do sistema parassimpático estão localizados no tronco encefálico e na parte sacral da medula espinal. Fibras pré-ganglionares emergem do tronco encefálico com o III, VII, IX e X pares cranianos (vago) e emergem da medula espinal em S2 e S3; o nervo vago (X) contém aproximadamente 75% de todas as fibras parassimpáticas.

Os gânglios parassimpáticos (p. ex., ciliares, esplenopalatinos, ópticos, pélvicos e vagais) estão localizados no interior dos órgãos efetores e as fibras pós-ganglionares possuem somente 1 a 2 mm de comprimento. Assim, o sistema parassimpático pode produzir respostas específicas e localizadas nos órgãos efectores, como a seguir:

  • Os vasos sanguíneos da cabeça, pescoço e vísceras toracoabdominais

  • Glândulas lacrimais e salivares

  • O músculo liso das glândulas e vísceras (p. ex., fígado, baço, cólon, rins, bexiga, órgãos genitais)

  • Músculos da pupila

O sistema nervoso autônomo controla pressão arterial, frequência cardíaca, temperatura corporal, peso, digestão, metabolismo, equilíbrio hidroeletrolítico, sudorese, micção, evacuação, resposta sexual e outros processos. Muitos órgãos são controlados basicamente pelo sistema simpático ou pelo parassimpático, embora possam receber aferências de ambos; às vezes, as funções são antagônicas (p. ex., as aferências simpáticas aumentam a frequência cardíaca e as parassimpáticas a diminuem).

O sistema nervoso simpático é catabólico e ativa as respostas de luta ou fuga.

Como ocorre o controle do coração pela inervação simpática e Parassimpática?

Os dois principais neurotransmissores do sistema nervoso autônomosão

  • Acetilcolina: as fibras que secretam acetilcolina (fibras colinérgicas) incluem todas as fibras pré-ganglionares e todas as fibras parassimpáticas pós-ganglionares e algumas fibras simpáticas pós-ganglionares (as que inervam os músculos piloeretores, glândulas sudoríparas e vasos sanguíneos).

  • Norepinefrina: as fibras que secretam norepinefrina (fibras adrenérgicas) incluem a maioria das fibras pós-ganglionares simpáticas. As glândulas sudoríparas das palmas e plantas também respondem em algum grau a estímulo adrenérgico.

As doenças que causam insuficiência autonômica podem se originar no sistema nervoso periférico ou sistema nervoso central e podem ser primárias ou secundárias a outras doenças.

As causas mais comuns de insuficiência autonômica são

  • Envelhecimento

Outras causas são

  • Certos fármacos

  • Certas infecções virais, possivelmente incluindo Covid-19

  • Lesão dos nervos no pescoço, incluindo as decorrentes de cirurgia

A insuficiência autonômica que ocorre por causa da covid-19 normalmente se desenvolve após a recuperação dos sintomas respiratórios e outros sintomas sistêmicos agudos da covid. A manifestação habitual inclui a síndrome da taquicardia ortostática postural (STOP), caracterizada por respostas autonômicas anormais (p. ex., atordoamento) quando na posição vertical (intolerância ortostática). Não se sabe se o mecanismo é viral ou imunomediado.

Os sintomas que sugerem disfunção autonômica incluem

  • Intolerância ortostática (desenvolvimento de sintomas autonômicos como atordoamento, que é aliviada ao sentar-se) decorrente de hipotensão ortostática ou síndrome de taquicardia postural ortostática

  • Intolerância ao calor

  • Perda de controle da bexiga e intestinal

  • Disfunção erétil (um sintoma precoce)

Outros possíveis sintomas são: olhos secos e boca seca, mas não são específicos.

São partes importantes do exame:

  • Reflexos urogenital e retal: reflexos urogenitais e retais anormais podem indicar deficits do sistema nervoso autônomo. O exame avalia testes do reflexo cremastérico (normalmente, a estimulação da coxa resulta em retração do testículo), reflexo da prega anal (normalmente, a estimulação da pele perianal resulta em contração do esfíncter anal) e reflexo bulbocavernoso (normalmente, a compressão da glande do pênis ou do clitóris resulta em contração do esfíncter anal). Na prática, os reflexos geniturinários e retal são raramente testados porque o exame laboratorial é muito mais confiável.

Quando os pacientes apresentam sinais e sintomas sugerindo disfunção autonômica, geralmente são realizados testes sudomotor, cardiovagal e adrenérgico para ajudar a determinar a gravidade e a distribuição da insuficiência.

O teste sudomotor é feito da seguinte forma:

  • Teste de reflexo do axônio sudomotor quantitativo: esse teste avalia a integridade das fibras pós-ganglionares. As fibras são ativadas por iontoforese utilizando acetilcolina. São testados os locais padrão no membro inferior e no punho, e o volume de suor é então medido. O teste pode detectar diminuição ou ausência da produção de suor.

  • O teste do suor termorregulador avalia as vias pré e pós-ganglionares. Após a aplicação de uma tinta sobre a pele, o paciente entra em um compartimento fechado que é aquecido para provocar máxima transpiração. A sudorese promove alteração de cor da tinta, de forma que as áreas de anidrose e hipoidrose tornam-se evidentes e podem ser calculadas como porcentagem da superfície corporal.

O teste cardiovagal avalia a resposta da frequência cardíaca (em uma fita de ritmo de eletrocardiograma) à respiração profunda e à manobra de Valsalva. Se o sistema nervoso autônomo está íntegro, a frequência cardíaca varia com essas manobras; as respostas normais à respiração profunda e a relação de Valsalva variam com a idade.

O teste adrenérgico avalia a resposta da pressão arterial batimento a batimento ao seguinte:

  • Manobra de Valsalva: essa manobra aumenta a pressão intratorácica e reduz o retorno venoso, causando alteração da pressão arterial e frequência cardíaca que refletem a função barorreflexa vagal e adrenérgica.

Em ambos os testes, o padrão de respostas é um indicador de função adrenérgica.

Clique aqui para acessar Educação para o paciente

OBS.: Esta é a versão para profissionais. CONSUMIDORES: Clique aqui para a versão para a família

Como ocorre o controle do coração pela inervação simpática e Parassimpática?

Direitos autorais © 2022 Merck & Co., Inc., Rahway, NJ, EUA e suas afiliadas. Todos os direitos reservados.

Como ocorre o controle do coração pela inervação simpática e Parassimpática?

Como ocorre o controle do coração pela inervação simpática e Parassimpática?

Como ocorre o controle do coração pela inervação simpática e Parassimpática?

Como ocorre a estimulação simpática e parassimpática do coração?

Assim, a atuação do sistema nervoso simpático e parassimpático no coração é bem distinta, uma vez que o simpático aumenta os batimentos cardíacos (sendo ativado, por exemplo, em situações de estresse ou exercícios físicos) e o parassimpático os diminui (predispondo, por exemplo, à bradicardia necessária para que o ...

O que é inervação simpática e parassimpática?

O sistema nervoso simpático é a primeira das duas divisões do sistema nervoso autônomo. O sistema nervoso parassimpático é a segunda das duas divisões do sistema nervoso autônomo. Responsável por preparar o organismo para responder a situações de estresse e emergência.

Como o sistema simpático e parassimpático realiza o controle da FC?

Resumo: O Sistema Nervoso Autônomo, através das vias simpáticas e parassimpáticas, controlam o sistema cardiovascular agindo com a liberação de neurotransmissores que podem aumentar ou diminuir a freqüência cardíaca.

Quais as funções do simpático e do parassimpático respectivamente sobre o comportamento cardíaco?

A relação entre SNP Autônomo Simpático e Parassimpático Em geral, nos órgãos em que o Simpático é estimulador, o Parassimpático tem ação inibidora, e vice-versa. Por exemplo: a estimulação do Simpático acelera o ritmo cardíaco, ao passo que a estimulação das fibras parassimpáticas diminui esse ritmo.