Como eram as condições de vida na cidade do Rio de Janeiro antes da chegada da família real?

Faça um passeio pelo Rio de Janeiro na época em que a cidade se tornou a sede da Coroa Portuguesa

Em obras

A chegada da Família Real Portuguesa ao Rio de Janeiro promoveu grandes transformações na cidade. Antes, as construções eram antigas e tinham condições precárias. Mas, no momento em que ficou decidido que dom João VI e família iriam morar ali, tudo mudou para abrigar a Corte. Diversas reformas modernizaram a arquitetura da cidade.

Porto carioca

Logo após a chegada dos portugueses, foi decretado que os portos brasileiros deveriam ser abertos para outras nações, o que transformou o Rio de Janeiro em um ponto ideal para o comércio. Todas as exportações e importações da Colônia passavam pelo porto da cidade, que se tornou parada obrigatória para os navios que cruzavam os mares.

A Baía da Guanabara oferecia segurança para o reparo das embarcações e para o reabastecimento com água, comida e especiarias.

Gente demais, casas de menos

Quase 15 mil pessoas a mais passaram a viver no Rio de Janeiro com a chegada de dom João VI – toda essa gente estava nos navios que trouxeram a Família Real.

Como a cidade ainda não era grande, houve dificuldade para acomodar tudo mundo. Por isso, o governo passou a confiscar residências para uso da nobreza. Uma placa com o nome de dom João VI era colocada nas moradias escolhidas, o que gerou revolta na população.

Moradia real

Maria I, dom João VI, Carlota Joaquina e os filhos do casal ficaram hospedados no Paço Imperial, prédio no centro do Rio de Janeiro, que virou sede oficial do governo enquanto a Família Real esteve no Brasil. Lá, o rei recebia os súditos no ritual beija-mão: as portas eram abertas à população que quisesse prestar homenagens à Família Real, fazer pedidos e reclamações.

Como eram as condições de vida na cidade do Rio de Janeiro antes da chegada da família real?
Paço Imperial à Praça XV (2015) / Crédito: Divulgação/Wikimedia Commons

Hora de aprender!

O ensino brasileiro foi modernizado com a criação de faculdades para a população — antes, o povo só tinha acesso ao ensino básico. Surgiram escolas agrícolas, laboratórios de análises químicas e a Academia Real Militar (instituição de ensino superior portuguesa). O Rio de Janeiro ainda ganhou a Biblioteca Nacional, o Museu Nacional e o Jardim Botânico.

Como eram as condições de vida na cidade do Rio de Janeiro antes da chegada da família real?
Museu Nacional (2011) / Crédito: Divulgação/Wikimedia Commons

Como eram as condições de vida na cidade do Rio de Janeiro antes da chegada da família real?
A Chegada de D. João VI à Bahia. Óleo sobre tela de 1952 (Crédito: Candido Portinari/Projeto Portinari)

A família real portuguesa aportou em Salvador, situada na capitania da Bahia de Todos os Santos, em 22 de janeiro de 1808. O príncipe regente D. João (1767-1826), que iria desembarcar naquela cidade, segundo a historiadora Mary Del Priore, não era um refugiado, “e sim o chefe de um Estado nacional em funções que resolveu migrar para cá”. Era o governante de um reino que ainda se estendia por quatro continentes; reino que realizara feitos náuticos nos séculos anteriores.

Essa chegada seria uma surpresa para o governador da capitania e para a população. Pelas ruas e janelas curiosas, perguntas derramavam-se, alcançando o cais. Afinal, era a primeira vez que alguém da realeza chegava até a possessão lusa na América. Outro espanto aconteceu quando os habitantes avistaram o estado lastimável dos viajantes que desembarcaram, exauridos, da travessia. Citado pelo historiador Kenneth Light, um marinheiro do navio inglês Belford, que fazia parte da frota que transportou a família real portuguesa, registrou em seu diário pessoal: “Minha pena é inadequada para descrever a situação angustiosa das pobres mulheres que superlotavam a nau”.

O governador da capitania de Pernambuco, sendo informado da chegada de tão ilustres visitantes, enviou uma embarcação repleta de frutas tropicais, como pitanga e caju, além de verduras e de legumes. Sabores exóticos para aqueles europeus, agora em terras tropicais; alimentos frescos depois de tanta carne salgada, tanto biscoito envelhecido.

No período em que permaneceu em Salvador, o regente visitou plantações e recebeu a elite local. Festejos espalhavam-se pelas ruas, homenageando o príncipe D. João. Porém, não só as visitas, as missas, os folguedos e os rapapés ocuparam o tempo do príncipe. Medidas régias, como a Abertura dos Portos, foram adotadas, permitindo leituras diferenciadas. Tal atitude, concebida pela necessidade da corte portuguesa de assegurar a sua sobrevivência na possessão americana, gerou, de fato, o fim do monopólio comercial – base das relações entre metrópole e colônia. Para alguns, esse monopólio era fruto de um cálculo político associado ao sistema mercantilista vigente. Para outros, somente reforçava a dependência econômica que Portugal e a sua possessão americana tinham com a Inglaterra, diretamente beneficiada por aquele decreto real promulgado em 28 de janeiro de 1808.

Consta que o governador da capitania da Bahia de Todos os Santos propôs a D. João (1767-1826) construir um palácio, em troca da permanência da corte na cidade de Salvador – saudoso estava, possivelmente, da condição de antiga sede do vice-reinado no Brasil. O príncipe, porém, manteve o propósito original, contrariando até desejos de alguns componentes da sua corte: fixar-se no Rio de Janeiro, centro do poder, muito bem guardado por inúmeras fortalezas e bem distante dos franceses. Em Salvador, o povo lamentou a decisão em rimas citadas pelo historiador Pedro Calmon:

“Meu príncipe regente,
Não saias daqui,
Cá ficamos chorando,
Por Deus, e por ti”.

Como estava o Rio de Janeiro antes da chegada da família real?

O Rio era uma cidade de casas térreas simples, de ruas estreitas, boa parte delas carecendo de calçamento, ocupadas por escravos, libertos, brancos pobres, comerciantes, artesãos e uma pequena presença de senhoras brancas.

O que mudou no Rio de Janeiro com a chegada da família real?

Nessa época, foram construídos chafarizes para o abastecimento de água, pontes e calçadas; abriram-se ruas e estradas; foi instalada a iluminação pública; passaram a ser fiscalizados os mercados e matadouros; organizadas as festas públicas, etc.

Como era a cidade do Rio de Janeiro em 1808?

As mulheres se sentavam no chão, com as pernas cruzadas. Nas ruas o dinheiro corria no maior entreposto de escravos da colônia. Uma cidade que era um grande porto, com gente de todas as colônias e feitorias portuguesas na África e na Ásia.

O que aconteceu antes da vinda da família real para o Brasil?

A vinda da família real portuguesa para o Brasil foi um desdobramento da crise entre Portugal e França por conta da disputa desta com a Inglaterra. Desde a derrota dos portugueses na Guerra das Laranjas, em 1801, as relações diplomáticas entre Portugal e França eram delicadas.