Como a produção de gases do efeito estufa e a floresta amazônica se relacionam?

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    Publicado: Sexta, 23 de Setembro de 2016, 16h33 | Última atualização em Terça, 19 de Novembro de 2019, 15h32

    As florestas e os ecossistemas naturais armazenam grandes quantidades de carbono, tanto na estrutura da vegetação quanto no solo. Na comparação com as florestas de climas temperados, as florestas tropicais são mais densas e com menores flutuações sazonais no fluxo de carbono, constituindo-se como importantes estoques de carbono que contribuem para a estabilidade do clima global. As florestas tropicais ainda abrigam cerca de 50% da biodiversidade terrestre, desempenham um papel fundamental para regular a oferta de recursos hídricos e para a conservação dos solos. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 1,6 bilhões de pessoas dependiam das florestas para a subsistência no ano de 2011.

    O desmatamento e a degradação florestal são atividades que emitem gases causadores do efeito estufa (GEE), sobretudo gás carbônico (CO2), que causam a mudança do clima. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, o setor de Florestas e Outros Usos da Terra teve participação de 12% nas emissões globais no período de 2000 a 2009.

    Além de contribuir para o efeito estufa, o desmatamento gera outros impactos negativos para a sociedade e o meio ambiente. Ameaçando espécies da fauna e da flora com a destruição de habitats, afetando diretamente o meio de vida de milhões de pessoas, comprometendo a oferta hídrica de outros tantos milhões e contribuindo para a perda de solos férteis e a erosão. O desmatamento e as queimadas afetam também o clima local reduzindo a umidade nas áreas atingidas e podendo afetar o fluxo das chuvas no território.

    REDD+ foi criado no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) para incentivar países em desenvolvimento a conservar e a recuperar suas florestas. A conservação e recuperação de florestas traz benefícios para a mitigação e adaptação à mudança clima, frente a seus efeitos adversos, ao mesmo tempo em que proporcionam benefícios para a conservação da biodiversidade e oferece serviços ecossistêmicos para os povos que vivem na floresta, e também para as populações que vivem nos centros urbanos, como a regulação do clima.  

    Clique aqui para fazer o download da Nota Informativa sobre "Florestas tropicais, mitigação e adaptação à mudança do clima".

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    Como a produção de gases do efeito estufa e a floresta amazônica se relacionam?
     NurPhoto/Getty Images

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    A ideia de que a Amazônia é o pulmão do mundo é um dos maiores mal-entendidos sobre a floresta. Sim, ela de fato absorve gás carbônico e libera oxigênio por meio da fotossíntese, mas a Amazônia também consome quase todo o O2 que produz. Seu mérito é conseguir retirar um pouco do CO2 da atmosfera ao transformá-lo em glicose para as folhas e galhos. A novidade de um novo estudo publicado na Frontiers in Forests and Global Change é que agora a floresta pode estar emitindo mais gases poluentes do que absorvendo – graças à ação humana.

    A pesquisa contou com a participação de 30 cientistas de todo o mundo, inclusive do Brasil. Enquanto a maioria dos estudos foca apenas no armazenamento e ciclo do carbono na floresta, a equipe internacional se propôs a fazer um balanço de toda a bioquímica da Amazônia, calculando a emissão e absorção de gases do efeito estufa: o gás carbônico (CO2), óxido nitroso (N2O) e gás metano (CH4). Eles concluem que o aumento de emissões de N2O e CH4 na Bacia Amazônica compensa – e provavelmente supera – a absorção do CO2 atmosférico.

    A estimativa analisou uma série de dinâmicas do ambiente, e levou em conta fontes antropogênicas (ou seja, emissões causadas por alterações humanas) e fontes naturais. Uma das conclusões mais intuitivas é que, com o desmatamento, a floresta perde parte da sua capacidade de reter CO2 – mas não é só isso que tem acontecido. Os incêndios feitos para limpar as terras para o gado e agricultura também liberam partículas de fuligem conhecidas como carbono negro, que absorvem a luz solar e causam o aquecimento localizado. Só em 2019, cerca de 22 mil quilômetros quadrados de terra foram queimados na floresta amazônica.

    E não para por aí. A exploração madeireira leva a secagem de pântanos e compactação do solo, o que aumenta as emissões de óxido nitroso. O desmatamento pode ainda alterar padrões de pluviosidade, fazendo com que ora tenha seca, ora caiam chuvas em excesso. Uma das consequências das inundações e construção de barragens é a maior liberação de gás metano. Ele é produzido por microrganismos que vivem no solo úmido e canalizado para a atmosfera pelas árvores. Para ter ideia do problema, o CH4 é 28 a 86 vezes mais potente como gás de efeito estufa do que o CO2

    Muitas vezes, poucas ações já levam a um efeito cascata na emissão de gases. Se uma área da floresta é desmatada para a criação de gado, as árvores de lá não só deixam de absorver CO2, mas também liberam o carbono armazenado durante a decomposição do tronco. Além disso, o solo compactado pelo gado libera mais óxido nitroso, e você provavelmente sabe que esses animais liberam uma boa quantidade de metano pelos puns.

    Em entrevista à National Geographic, os pesquisadores explicam que os danos ainda podem ser revertidos. O mais importante é conter o desmatamento na Amazônia, reduzindo também a construção de barragens e incêndios. A interrupção das emissões globais de carvão, petróleo e gás natural também ajudaria a restaurar o equilíbrio, junto a um aumento dos esforços de reflorestamento. No ano de 2020, no entanto, o desmatamento aumentou 10% em relação ao ano anterior, atingindo a maior média dos últimos 12 anos.

    Uma análise de 2018 feita por dois especialistas – incluindo Carlos Nobre, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP) – sugere que o aumento do desmatamento pode alterar o fluxo de umidade da Amazônia, o que transformaria parte da floresta tropical em savanas estéreis. Esse ponto de virada acontecerá quando de 20 a 25% da Amazônia for desmatada. Atualmente, o desmatamento já levou 17% da floresta.

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    • Amazônia
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    • Meio Ambiente

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    Amazônia pode estar emitindo mais gases de efeito estufa do que absorvendo, aponta estudo

    Pesquisadores levaram em conta diferentes dinâmicas da floresta. Desmatamento, incêndios e outras interferências humanas aumentam a emissão de metano e óxido nitroso, além de diminuir a absorção de CO2.

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