A quem as exposições universais beneficiavam por quê

Por Tatiana Girardi SÃO PAULO, 13 ABR (ANSA) - A partir do dia 1º de maio, a cidade italiana de Milão irá receber a Exposição Universal (Expo Milão 2015), que terá como tema "Alimentando o planeta: Energia para a Vida". O evento, que durará até o dia 31 de outubro, vai reunir 145 países, que representam 94% da população mundial, e três organizações internacionais (ONU, Cern e União Europeia).

As Exposições Universais começaram a ser realizadas em 1851 e surgiram de uma ideia do príncipe Albert, marido da Rainha Victoria da Inglaterra. Não por acaso, a primeira edição da "Grande Exposição dos Trabalhos da Indústria de Todas as Nações" foi realizada no Palácio de Cristal, em Hyde Park, no Reino Unido.

Essa foi a primeira vez na história que os países puderam mostrar ao mundo seus produtos manufaturados, suas invenções e novas tecnologias. Porém, com o passar dos anos, o foco da Expo foi mudando. Entre 1851 e 1938, esses eventos eram voltados mais para as indústrias, a chamada "era da industrialização". Já entre 1939 e 1987, ocorreu o período "cultural", em que as invenções tecnológicas já não eram os principais destaques. A partir de 1988, as nações começaram a usar a Expo para fortalecer sua visão no exterior, usando diversas vertentes.

"Os estudiosos das exposições universais consideram que, após a Primeira Guerra Mundial, esses eventos tiveram uma mudança profunda em seus objetivos. Ramificaram-se, na verdade, ficando as feiras industriais de um lado e as exposições universais de outro. Essas últimas passaram a ter um caráter, pode-se dizer, mais filosófico", explica a historiadora, museóloga e professora Heloisa Barbuy.

Para a especialista, atualmente as feiras "podem ser entendidas como uma espécie de método para projetar o futuro, que usa como ferramenta a agregação de ideias, propostas e iniciativas em curso em todos os países que delas participam". Seguindo por essa linha, a Expo Milão quer debater uma das maiores contradições da sociedade moderna: como é possível desperdiçar toneladas de alimentos e, ao mesmo tempo, cerca de 870 milhões de pessoas - segundo dados da ONU - passarem fome.

Além disso, haverá debates sobre como produzir comida de maneira segura e sem destruir a natureza.

Dividida em pavilhões nacionais espalhados por 1,1 milhão de metros quadrados, cada país participante levará suas novas tecnologias e métodos para debater o tema. Além da parte de produtos, apresentações culturais também fazem parte do roteiro.

Outro benefício da Expo é a participação de milhões de pessoas de todos os lugares do mundo. Em um cálculo geral, cerca de 20 a 40 milhões de pessoas visitam cada edição do evento. Mas esses números podem ser bem maiores. Segundo Harbuy, a Expo Paris de 1900 recebeu mais de 50 milhões de visitantes, o que pode ser considerado "como um dos primeiros fenômenos de massa".

Invenções, tecnologias e arte- Você pode até não saber, mas muitas invenções comuns - ou até mesmo obsoletas - que conhecemos na atualidade foram lançadas na Expo. Um dos maiores exemplos conhecido no Brasil é que o telefone, inventado por Alexander Graham Bell, só ganhou notoriedade porque Dom Pedro II ficou encantado com a invenção. Quando o monarca do Brasil visitou a Exposição Universal na Filadélfia (EUA) em 1876, ele quis experimentar a invenção de Bell e ficou impressionado com o aparelho "que fala". E foi na Exposição de Paris, em 1889, que Thomas Edson lançou o fonógrafo, "a primeira máquina com a qual se conseguiu gravar sons". Outra novidade que ganhou destaque foi o elevador. Apesar de seu funcionamento ser conhecido há muito mais tempo, foi Elisha Otis que, em 1854, durante o evento de Nova York, mostrou como fazer a elevação de pessoas de maneira segura. Ele inventou o que chamou de "molinete de segurança" e testou o equipamento na frente de uma multidão.

Além das tecnologias, os restaurantes segmentados também surgiram em feiras universais. De acordo com a historiadora Heloísa Barbuy, "foi também nas exposições universais que teve início a prática de se instalar restaurantes de comidas típicas de diversos países, o que hoje nos parece algo tão natural nas cidades capitais". No campo das artes, a contribuição mais conhecida é, certamente, a Torre Eiffel. A obra de Gustave Eiffel deveria ter sido desmontada em 1889, após a Expo de Paris. Porém, o sucesso entre os visitantes foi tamanho que a construção não foi desmontada - apesar de críticos franceses dizerem que ela era um "monstro" que não se encaixava na arquitetura da França. Atualmente, um dos maiores pontos turísticos franceses recebe mais de sete milhões de visitantes ao ano, segundo dados oficiais.

Muito mais que deixar monumentos ou invenções, esses eventos também traziam boas resoluções para os espaços urbanos e criavam projetos de revitalização. Em Lisboa, por exemplo, uma área inteira da cidade portuguesa foi reurbanizada graças à feira de 1998.

Para Heloísa Barbuy, "as exposições eram, e são, como que cidades efêmeras, construídas para durar apenas seis meses. Por isso, eram usadas como canteiro de experiências arquitetônicas e urbanísticas como um teste para usos posteriores nas próprias cidades que as sediavam". (ANSA)

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Qual era o objetivo das Exposições Universais?

As Exposições Universais são conhecidas por diversos nomes diferentes: World's Fair, World Expo, Exposição Internacional e o mais curto e conhecido Expo. Essas feiras nasceram com o objetivo dos países demonstrarem seus avanços tecnológicos, descobertas e invenções.

Qual era o objetivo das Exposições Universais no século 19?

As Exposições Universais O objetivo dessas exposições era mostrar a força e a consolidação do sistema fabril ao grande público e às outras nações. Os avanços técnico-científicos, que antes só se viam nos ambientes das fábricas, puderam ser vistos e mostravam as mercadorias do capitalismo triunfante.

O que foram as Exposições Universais?

Conhecidas como “espetáculos da modernidade” e “festas do progresso”, as Exposições Universais foram uma série de megaeventos científicos e empresariais a partir da segunda metade do século 19.

O que foram as Exposições Universais ocorridas a partir da metade do século XIX?

Durante meados do século XIX, surgiram as Exposições Universais, que reuniam em pavilhões novas máquinas, experimentos, matérias-primas, pesquisas e outros produtos desenvolvidos pelo homem, a fim de países, indústrias e pessoas fecharem acordos econômicos de compra e venda desses itens.