A árvore de problemas é um passo importante, pois esquematiza:

Entenda como usar a ferramenta e porque ela é peça-chave para o trabalho de impacto social.

Você já ouviu falar em Árvore de Problemas? Ela é uma maneira relativamente simples de organizar informações de modo a se estabelecer ligações de causa e consequência. Além disso, ela auxilia no processo de investigação daquilo que está nas camadas mais profundas de determinado problema.

Queremos mudar o mundo, promover impacto social positivo. Todavia, quantas vezes criamos soluções que parecem brilhantes, mas que, na prática, se mostram ineficientes? Isso ocorre porque, geralmente, voltamos nossa força e atenção para aquilo que está mais à vista, que salta aos olhos, nos choca e incomoda. Assim, acabamos não levando em conta o que está por trás.

Entenda: não há nada de errado em colocar seus esforços em um problema pontual, caso esse seja mesmo o seu objetivo. Há situações em que precisamos resolver aquilo que é imediato, urgente. O essencial aqui é sempre refletir sobre o que essa escolha significa e se planejar para tanto, para que, assim, não saiamos frustrados.

A trajetória costuma ser assim: algum acontecimento ou realidade nos motiva a iniciar um projeto, buscando sanar um problema que afeta não só a nós mesmos, como também toda uma comunidade. Nosso desejo de transformação é real e somos conectados com a causa. Entretanto, é exatamente essa vontade de ver uma mudança acontecer rapidamente que pode nos passar para trás. Pensamos superficialmente no problema e partimos logo para a solução.

Um conselho que sempre damos aos empreendedores sociais é que não se apaixonem pela solução - pois ela pode não funcionar - e sim pelo problema -, que pode ter milhões de maneiras de se tentar resolver. Pensar assim faz com que você mantenha a sua motivação relacionada ao problema, mesmo quando as primeiras tentativas não chegam ao resultado esperado.

“Se eu tivesse uma hora para resolver um problema e minha vida dependesse dessa solução, eu passaria 55 minutos definindo a pergunta certa a se fazer.”

- Albert Einstein

Esse é um alerta que nos ajuda a compreender a relevância de se identificar o que de fato estamos tentando resolver. Nesse sentido, a Árvore de Problemas aparece para nos levar a uma pesquisa mais profunda sobre as raízes do problema que queremos solucionar - que, normalmente, é aquilo que estamos enxergando, que está na “superfície”.

Atacar apenas o que está mais visível em determinado cenário é como enxugar gelo. Mesmo que os resultados apareçam no curto prazo, a médio e longo prazo os sintomas voltarão a aparecer. Um exemplo disso é a ineficácia da lei que proíbe os canudos plásticos no Rio de Janeiro.

Com o intuito de reduzir o lixo gerado pelos canudinhos plásticos e os efeitos no meio-ambiente decorrentes de seu descarte irregular - como a morte de tartarugas-marinhas -, em 2018, a Prefeitura do Rio sancionou uma lei que proíbe que os mesmos sejam usados em bares e restaurantes, obrigando-os a aderir aos canudos de papel biodegradáveis, laváveis ou recicláveis.

A questão é que o problema do plástico nos oceanos não está restrito aos canudos, como vemos na foto ao lado, cedida pela @ju_nas.mares. Há tampas, sacolas, embalagens de produtos, entre tantas outras coisas. Proibir somente o uso de canudo, sem ações que promovem educação e consciência ambiental, apenas mascara o imenso prejuízo para a natureza decorrente dos plásticos de uso único.

Entendido o valor da Árvore de Problemas, vamos ao passo-a-passo de como construí-la.

1) Identifique um tema ou problema central (geralmente aquele que é mais facilmente visível ou sentido) e escreva-o no tronco da árvore;

2) Na copa da árvore, escreva as consequências e efeitos derivados do problema central. As primeiras consequências podem ter consequências secundárias e assim por diante;

3) Abaixo do problema central, nas raízes da árvore, liste as causas, razões e fatores geradores do determinado problema. Você pode encontrar essas respostas se perguntando o porquê daquele problema existir. Essa parte é fundamental para o bom exercício da ferramenta. Não se contente em fazer apenas uma “camada” de raízes, pergunte o porquê do que está escrito na própria raiz e você alcançará outras raízes, de segundo, terceiro ou até quarto nível. Quanto mais profundo você for, mais perto chegará das origens sistêmicas do problema central.

4) Uma vez identificados problema, causas e efeitos, pode ser interessante ligá-los com linhas. O resultado é uma Árvore de Problemas que ilustra as relações de causa e efeito entre os diferentes níveis, facilitando a visualização global do problema.

Temos aqui um exemplo no qual o problema central é o alto índice de evasão escolar no Ensino Médio:

Agora, quando você for pensar em um projeto ou programa que vise a solucionar um problema, pode escolher começar atacando uma ou mais raízes - tendo clareza de que há diversos caminhos possíveis.

Dessa forma, a Árvore de Problemas se apresenta não apenas como uma ferramenta como também como uma mentalidade para trabalhar com qualquer projeto, especialmente aqueles com o objetivo de tratar de questões socioambientais.

Ressaltamos que, mesmo que você não tenha capacidade operacional para corrigir um problema em sua causa sistêmica, ter consciência de sua existência é um fator que lhe permitirá abrir possibilidades de soluções diversas.

Conhecer bem o problema que se quer resolver é o primeiro e mais importante passo para propor uma solução realmente efetiva para o mundo.