O que as conjunções comparativas expressam

Flávia Neves

Professora de Português

Conjunções são palavras que atuam como elementos de ligação entre duas orações ou entre termos semelhantes de uma oração. As conjunções são invariáveis, ou seja, não sofrem flexão em gênero e número: e, ou, mas, logo, pois, que, como, porque.

Como estabelecem relações de coordenação e de subordinação, as conjunções são classificadas em conjunções coordenativas e conjunções subordinativas.

Tabela com conjunções coordenativas

As conjunções coordenativas ligam orações coordenadas, ou seja, orações independentes, com sentido completo, que podem ser entendidas separadamente.

Tipos de conjunções coordenativas Exemplos de conjunções coordenativas Exemplos de frases
Aditivas
(expressam adição)
e; nem; também; bem como;

não só...mas também.

Eu vi o Pedro na praia e conversei com ele.
Adversativas
(expressam oposição)
mas; porém; contudo; todavia; entretanto; no entanto;

não obstante.

Meu irmão aceitou o novo emprego, mas não está satisfeito.
Alternativas
(expressam alternância)
ou; ou...ou; já…já; ora...ora; quer...quer;

seja...seja.

Você vai direta para o seu trabalho ou você vai a sua casa antes?
Conclusivas
(expressam conclusão)
logo; pois; portanto; assim; por isso; por consequência;

por conseguinte.

O diretor não concorda com a votação, logo não se vai envolver no processo.
Explicativas
(expressam explicação)
que; porque; porquanto; pois;

isto é.

Saí de forma apressada, porque não o queria encontrar.

Tabela com conjunções subordinativas

As conjunções subordinativas ligam orações subordinadas, ou seja, orações com sentido incompleto que dependem de outras que as completem.

Tipos de conjunções subordinativas Exemplos de conjunções subordinativas Exemplos de frases
Integrantes
(introduzem orações substantivas)
que; se;

como.

Espero que ela tenha sucesso no trabalho.
Adverbiais causais
(expressam causa)
porque; que; porquanto; visto que; uma vez que já que; pois que;

como.

A aluna tirou uma péssima nota porque não estudou para a prova.
Adverbiais consecutivas
(expressam consequência)
que; tanto que; tão que; tal que; tamanho que; de forma que; de modo que; de sorte que;

de tal forma que.

A mãe gritou tão alto, que assustou os filhos.
Adverbiais finais
(expressam finalidade)
a fim de que; para que;

que.

Fiz um esforço para que não houvesse falhas nos pagamentos.
Adverbiais temporais
(expressam tempo)
quando; enquanto; agora que; logo que; desde que; assim que; tanto que;

apenas.

Desde que parei de fumar, estou mais nervosa e agitada.
Adverbiais condicionais
(expressam condição)
se; caso; desde; salvo se; desde que; exceto se;

contando que.

Se você vier comigo, ficarei muito grata.
Adverbiais concessivas
(expressam contraste)
embora; conquanto; ainda que; mesmo que; se bem que;

posto que.

Embora ele estivesse atrasado, parou para conversar com o porteiro.
Adverbiais comparativas
(expressam comparação)
como; assim como; tal; qual;

tanto como.

Eu não gosto de física, como não gosto de química.
Adverbiais conformativas
(expressam conformidade)
conforme; como; consoante;

segundo.

Os pedidos serão atendidos conforme a ordem de chegada.
Adverbiais proporcionais
(expressam proporcionalidade)
à proporção que; à medida que; ao passo que;

quanto mais… mais.

Quanto mais faço dieta, mais fome eu tenho!

As conjunções subordinativas integrantes introduzem uma oração que desempenha uma função sintática de sujeito ou objeto. As conjunções subordinativas adverbiais introduzem uma oração que indica uma circunstância.

Nota: Apesar de incluir o modo nas circunstâncias expressas por advérbios, a Nomenclatura Gramatical Brasileira não reconhece as conjunções subordinativas adverbiais modais.

Veja também: Conjunções: o que é uma conjunção?

Professora de português, revisora e lexicógrafa nascida no Rio de Janeiro e licenciada pela Escola Superior de Educação do Porto, em Portugal (2005). Atua nas áreas da Didática e da Pedagogia.

As conjunções unem elementos ou orações em um mesmo enunciado. Elas podem ser coordenativas ou subordinativas, dependendo da relação de independência ou de dependência entre os elementos unidos por elas.

Leia também: Substantivo – classe de palavras responsável por nomear

O que é conjunção?

Conjunção é a classe de palavras que une elementos ou orações em um mesmo enunciado, deixando o discurso mais fluido e estabelecendo relação de sentido entre esses elementos ou orações conectados. Observe:

(i) Ele iria à praia. Estava chovendo.

(ii) Ele iria à praia, mas estava chovendo.

No primeiro enunciado, há duas orações separadas, mas que estão relacionadas. As orações são compreensíveis isoladamente, são coordenadas.

No segundo enunciado, as orações coordenadas foram unidas pela conjunção “mas”. Tal conjunção nesse contexto estabelece relação de oposição.

(iii) Eu vou se você for.

Nesse terceiro enunciado, há duas orações: a oração principal “eu vou” seguida da oração subordinada “se você for”. Não é possível retirar a conjunção “se” e deixar a oração subordinada isolada, logo, esta é dependente da oração principal. Por isso, trata-se de uma conjunção subordinativa.

As conjunções são classificadas com base na relação de dependência ou de independência estabelecida entre os elementos ou as orações unidos por elas.

Orações que são compreensíveis isoladamente são chamadas de coordenadas, e, portanto, as conjunções que as ligam são as conjunções coordenativas.

Algumas orações, no entanto, dependem da oração à qual estão ligadas, isto é, só têm sentido naquele contexto estando vinculadas a outra oração. Chamamos esta de oração principal e a dependente de oração subordinada. Assim, as conjunções que ligam essas orações são conjunções subordinativas.

Conjunção → relação entre elementos ligados

Coordenativa → independência entre as orações

Subordinativa → dependência entre as orações

Classificação

Tipo de
relação

Exemplos

Aditivas

Adição, acréscimo

e [afirmação]
nem [negação]

Adversativas

Oposição

mas porém entretanto todavia

contudo

e [oposição]

Alternativas

Alternância

ou (... ou) ora ... ora

nem ... nem

Conclusivas

Conclusão

então assim portanto

logo

Explicativas

Causa

porque
pois


Nos exemplos, vemos como as conjunções são usadas com base no tipo de relação semântica estabelecido entre as orações coordenadas. É necessário que haja coerência entre as orações, e as conjunções são importantes nesse processo.

Veja também: Quais são os tipos de coerência?

Exemplos:

- Aditiva

Ela era muito inteligente e queria ser professora.

- Adversativa

Ela queria ser professora, mas não gostava de estudar.

- Alternativa

Ela pode dedicar-se aos estudos ou desistir do curso.

- Conclusiva

Ela queria ser professora, então se dedicava bastante aos estudos.

- Explicativa

Ela estudava demais porque queria ser professora.

Classificação

Tipo de
relação

Exemplos

Causais

Causa, motivo

porque
como

Concessivas

Concessão, cessão

embora ainda que apesar de

por mais que

Comparativas

Comparação

como mais/menos (do) que tal qual tanto quanto

assim como

Condicionais

Condição

se caso contanto que salvo se

a não ser que

Conformativas

Conformidade

Consecutivas

Consequência

tanto ... que
de modo que

Finais

Finalidade

para (que)
a fim de (que)

Proporcionais

Proporção

quanto mais/menos ... mais/menos à medida que

à proporção que

Temporais

Tempo

quando assim que até que logo que cada vez que

apenas [tempo]


mal [tempo]

Integrantes

Iniciam orações subordinadas que exercem função sintática em relação à principal.

que
se


Veja, nos exemplos, como as conjunções subordinativas conectam a oração principal e a oração subordinativa. Note que a conjunção subordinativa está no começo da oração subordinada, enquanto a oração principal pode aparecer antes ou depois desta.

Exemplos:

- Causal

Como neguei o convite, ele resolveu não ir.

- Concessiva

Está bebendo chimarrão apesar de estar na praia.

- Comparativa

Viajar pelo Norte é tão gostoso quanto viajar pelo Nordeste.

- Condicional

Caso ela ligue, pode chamar-me.

- Conformativa

Conforme as autoras afirmaram, a pesquisa ainda está em andamento.

- Consecutiva

Choveu bastante, de modo que a represa voltou a ficar cheia.

- Final

Pegou a mamadeira para o bebê parar de chorar.

- Proporcional

Quanto mais esperava, menos satisfeita ficava.

- Temporal

Mal cheguei, começou a chover.

- Integrante

Vimos o filme que tanto indicaram.

Leia também: Diferenças entre conjunção integrante e pronome relativo

As conjunções formam uma classe gramatical responsável por trazer coerência e coesão ao discurso.

Exercícios resolvidos

Questão 1 – (UFMT)

Data show

Sempre que vou falar em algum lugar, o pessoal técnico me pergunta, com antecedência, se vou usar data show. Se você não sabe, data show é uma expressão americana. Falar inglês é mais adequado tecnologicamente. Show quer dizer mostrar. E data quer dizer dados. Trata-se de um artifício para mostrar dados, que são projetados em uma tela numa sala escura. Acho que o data show pode ser útil para mostrar dados. Mas o uso que dele se faz é horrível: os palestrantes o usam para projetar na tela o esboço da sua fala, eliminando dela qualquer surpresa, pois é claro que os ouvintes, de saída, leem o esboço até o fim. É como contar o fim da piada no início... Apagam-se as luzes, o palestrante e os ouvintes olham todos para a tela, e ele vai falando. Ninguém presta atenção. Mas todos acham que usar data show é prova de ser avançado, tecnologicamente. Quem não usa é atrasado. Quem leva suas notas num caderninho é como alguém que anda de carro de boi num mundo de Fórmula Um. Assim vão os palestrantes, todos com seus laptops, para a sessão de cineminha sem graça. Falando sobre isso, uma mulher que trabalha numa firma promotora de eventos contou-me qual a maior vantagem dos data show, uma coisa em que eu não havia pensado: com as luzes apagadas, longe do olhar do palestrante, os ouvintes podem dormir à vontade. Contou-me de uma ocasião em que um homem dormiu e roncou tão alto que chegou a perturbar palestrante e ouvintes. Todo mundo se pôs a rir. Barulho de ronco é muito divertido... Mas ela foi obrigada a tomar providências. E o que ela fez, sádica e humoristicamente, foi colocar um microfone perto da boca do roncador. Aí ele acordou-se a si mesmo.

(Ostra feliz não faz pérolas. São Paulo: Planeta, 2008.)

Sobre as ocorrências da conjunção mas no texto, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.

( ) Em Mas o uso que dele se faz é horrível, a conjunção inicia oração com sentido de oposição ao que foi dito anteriormente em que o autor fala de forma positiva do data show.

( ) Em Mas ela foi obrigada a tomar providências, a conjunção pode ser substituída pela conjunção “e”, pois apresenta sentido de adição.

( ) Em Mas todos acham que usar data show é prova de ser avançado, tecnologicamente, a conjunção pode ser substituída por “portanto”, sem alteração de sentido.

( ) Nas três ocorrências da conjunção “mas”, o sentido apresentado é o mesmo: oposição a alguma ideia já exposta no texto.

Assinale a sequência correta.

A) V, V, F, F

B) F, F, V, V

C) V, F, F, V

D) F, V, V, F

Resolução

Alternativa C. Nas três ocorrências indicadas, a conjunção “mas” inicia um período que se contrapõe ao período anterior, podendo ser substituída apenas por conjunções adversativas.

Questão 2 – (Fepese) Analise as frases abaixo quanto à coesão estabelecida pela conjunção.

I. Todo escritor é útil ou nocivo, um dos dois.

II. Visto que me peças não te perdoarei.

III. Vou-me embora posto que estou cansado.

IV. O livro que o professor recomendou já está esgotado, visto que foi publicado há menos de um mês.

V. Não nos entendíamos, embora falássemos línguas diferentes.

Julgue as afirmativas abaixo feitas sobre as frases.

1. Na frase I, a conjunção estabelece uma relação de alternância exclusiva.

2. Na frase II, há inadequação quanto ao sentido que busca estabelecer a conjunção. Para corrigir, a conjunção deve trazer ideia de concessão.

3. A frase III está correta e a conjunção estabelece uma relação de causa.

4. Em IV, temos uma correta coesão articulada com a conjunção “visto que”, que estabelece uma consequência do fato apresentado na oração principal.

5. A frase V poderia ser adequada quanto à coesão se a conjunção fosse outra e indicasse uma relação de casualidade; por outro lado, a simples troca da conjunção não corrige o desvio apresentado.

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.

A) São corretas apenas as afirmativas 1 e 4.

B) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 5.

C) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.

D) São corretas apenas as afirmativas 2, 4 e 5.

E) São corretas apenas as afirmativas 3, 4 e 5.

Resolução

Alternativa B. O terceiro enunciado não está correto, pois “posto que” estabelece relação de concessão, não devendo ser usado em tal enunciado, que pede conjunção causal. No quarto enunciado, “visto que” estabelece relação de causa, e não de consequência.  

Última postagem

Tag