Qual foi a importância da invenção da prensa de tipos móveis para as produções renascentistas

A Invenção da Imprensa ocorreu no século XV por obra do alemão Johannes Gutenberg. Essa invenção foi uma das maiores revoluções da modernidade.

Por Me. Cláudio Fernandes

Do mesmo modo que a invenção do telescópio por Galileu Galileu, no século XVII, revolucionou a astronomia, a invenção da máquina de impressão em tipos móveis, mais conhecida como imprensa, pelo alemão Johannes Gutenberg, no século XV, provocou uma enorme revolução na modernidade: o processo de aceleração da produção de livros. Após a invenção da imprensa, imprimir e compor livros deixaram de ser práticas manuais e artesanais e tornaram-se uma produção em série mecanizada.

Gutenberg desenvolveu o seu invento por volta do ano de 1430. A máquina de imprensa de Gutenberg contava com uma prancha onde eram dispostos os tipos, ou caracteres, móveis. Esses tipos móveis nada mais eram que símbolos gráficos (letras, números, pontos etc.) moldados em chumbo. Um só molde desses tipos, alimentado com tinta, poderia imprimir inúmeras cópias de um mesmo texto em questão de horas. Se na elaboração manual dos livros (que eram chamados de códex, ou códice), o tempo gasto era enorme; com a imprensa, esse tempo foi amplamente reduzido.

No início do século XVI, os efeitos provocados pela imprensa de Gutenberg já eram perceptíveis nos principados alemães, sobretudo quando, por meio da imprensa, houve a popularização dos panfletos críticos do reformista Martinho Lutero. A Reforma Protestante deflagrada por Lutero em 1517 passou a ter uma grande recepção entre a população letrada da Alemanha, em virtude da circulação das teses e dos panfletos impressos. Posteriormente, uma contribuição ainda maior de Lutero para a história da leitura estaria de “mãos dadas” com a imprensa de Gutenberg: a tradução da Bíblia do latim para o alemão.

Com a Bíblia traduzida para uma língua vulgar (no sentido de que não era clássica, como o latim), a demanda por sua leitura também se tornou grande, já que nem toda a população letrada do século XVI dominava o latim. O papel da impressão em tipos móveis foi decisivo para suprimir essa demanda no menor tempo possível. Do século XVI para cá, as máquinas de imprensa (ou impressão, como é mais comumente dito hoje) tornaram-se ainda mais sofisticadas, bem como o público leitor mais amplo, diversificado e sofisticado, o que gerou novas perguntas e novas problemáticas a respeito de se estamos ou não passando por uma nova revolução no campo da leitura, como bem sugere o historiador francês Roger Chartier:

“A revolução do nosso presente é, com toda certeza, mais que a de Gutenberg. Ela não modifica apenas a técnica de reprodução do texto, mas também as próprias estruturas e formas do suporte que o comunica a seus leitores. O livro impresso tem sido, até hoje, o herdeiro do manuscrito: quanto à organização em cadernos, à hierarquia dos formatos, do libro da banco ao libellus; quanto, também, aos subsídios à leitura: concordâncias, índices, sumários etc. Com o monitor, que vem substituir o códice, a mudança é mais radical, posto que são os modos de organização, de estruturação, de consulta do suporte do escrito que se acham modificados. Uma revolução desse porte necessita, portanto, outros termos de comparação.” [1]

NOTAS

[1] CHARTIER, Roger. Do códice ao monitor: a trajetória do escrito. Estud. av.[online]. 1994, vol.8, n.21, pp. 187.

Entre as grandes invenções da modernidade, está, seguramente, o telescópio, desenvolvido por Galileu Galilei. Essa invenção foi responsável pela mudança radical no modo de observação astronômica até então vigente. De igual modo, podemos dizer que houve, com a invenção da máquina de imprensa pelo alemão Johann Gutenberg (1398-1468), uma mudança radical na forma de se ler e de se divulgar escritos (panfletos, jornais ou livros). A invenção da máquina de imprensa possibilitou a formação das comunidades de leitores (grandes massas de leitores que tinham acesso a livros até então de escassa circulação), bem como a formação de um aparato comercial em torno da leitura – algo que começou a aparecer no século XVIII.

A imprensa de Gutenberg foi desenvolvida entre os anos de 1439 e 1440 a partir da confecção e combinação de tipos móveis (símbolos gráficos moldados em chumbo), que eram passados em tinta à base de óleo de linhaça e impressos em papel por meio de uma prensa movimentada por uma barra de madeira. Sabe-se que esse tipo de impressão com tipos móveis não é originalmente uma invenção de Gutenberg. Na China do século XI, o inventor Bi Sheng, já havia conseguido fazer algo semelhante. Outros modelos também haviam sido desenvolvidos na Europa medieval, mas o de Gutenberg foi o que obteve maior sucesso e tornou-se plenamente viável.

O sucesso da imprensa de Gutenberg começou sobretudo com sua impressão de cópias da Bíblia, ainda na década de 1440. Mas a utilização da imprensa tornou-se realmente intensa no século seguinte, com a Reforma Protestante empreendida por Martinho Lutero. Os panfletos luteranos, que começaram a ser veiculados em 1517, passaram a ser rodados nas máquinas de imprensa (réplicas do modelo de Gutenberg) dos vários principados alemães simpáticos à causa reformista. Essa disseminação dos escritos de Lutero por meio da impressa começou uma revolução sem precedentes na prática da leitura, haja vista que, antes disso, a demora em se fazer uma cópia à mão de um documento era enorme. Com a impressa, centenas eram feitas em um único dia.

A tradução que Lutero fez da Bíblia, do latim para o alemão, também foi impressa nos modelos da imprensa de Gutenberg. Isso ajudou ainda mais na disseminação da leitura e na proliferação do protestantismo na Europa, tornando esses dois fatos históricos correlacionados: a Reforma e a Imprensa, como bem destaca os historiadores Peter Burke e Asa Briggs:

“Depois que as igrejas protestantes se estabeleceram, elas começaram a transmitir suas tradições por intermédio da educação das crianças. Peças, pinturas e impressos agora eram rejeitados em favor da palavra, fosse ela escrita ou falada, Bíblia ou sermão. Por outro lado, na primeira geração ([…] décadas de 1520 e 1530), os protestantes se baseavam no que pode ser chamado de 'ofensiva da mídia', não somente para comunicar suas próprias mensagens, mas também para enfraquecer a Igreja Católica, ridicularizando-a, usando o repertório tradicional do humor popular para destruir o inimigo pelo riso.” [1]

NOTAS

[1] BURKE, Peter e BRIGGS, Asa. Uma história social da mídia: de Gutenberg à Internet. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.

A prensa de tipos móveis, ou somente prensa móvel, é um dispositivo que aplica pressão numa superfície com tinta, transferindo-a para uma superfície de impressão, geralmente papel ou tecido. Ela é normalmente utilizada para imprimir textos ("a reprodução técnica da escrita"),[1] mas também foi adaptada para impressão em larga escala de imagens, mapas, diagramas e tabelas matemáticas.[2] Da mesma maneira, a xilogravura, criada na Idade Média, e a litografia, do século XIX, fazem reprodução em massa de imagens mas com técnicas um pouco diferentes da técnica utilizada pela prensa móvel.

Qual foi a importância da invenção da prensa de tipos móveis para as produções renascentistas

Prensa de tipos móveis de 1811, em exposição em Munique, Alemanha

Qual foi a importância da invenção da prensa de tipos móveis para as produções renascentistas

Rapaz trabalhando como compositor tipográfico

A prensa de tipos móveis foi inventada pelo alemão Johannes Gutenberg por volta de 1450, com base nas prensas de vinhos. A técnica de impressão já existia na China e no Japão (acredita-se que desde o século VIII), porém, o método usado era diferente, chamado de “impressão em bloco” usando um bloco de madeira talhado, para imprimir uma página com determinado texto. Essa técnica era mais adequada para alfabetos constituídos de vários ideogramas, possivelmente por esse motivo não foi tão difundido na China do século XI como na Europa, que possuía um alfabeto com limitados números de caracteres.[3] Ressalta-se ainda que os blocos feitos de madeira tinham uma qualidade inferior aos metálicos, pois se desgastavam e iam sofrendo alterações na forma ao longo do uso.

Mas, os desenvolvimentos de Johannes Gutenberg, um ourives de profissão, se diferenciam dos métodos já usados pelos chineses em dois aspectos: a invenção da máquina impressora e o uso de tipos alfabéticos e não ideográficos. Além disso, ele desenvolveu um sistema de impressão completo, que aperfeiçoou o processo de impressão em todas as etapas, adaptando as tecnologias existentes (como por exemplo a tradicional prensa de parafuso, conhecida na Europa desde o século I) às invenções de sua autoria. A inovadora Matriz (tipografia) possibilitou, pela primeira vez, maior agilidade no processo de cópias, usando tipos móveis metálicos em grandes quantidades, um elemento chave para a lucratividade da imprensa no mundo inteiro, já que os tipos móveis de metal absorvem muito menos tinta e o processo de fabricação envolvia um número menor de pessoas. Com o tempo, esses detalhes técnicos foram aperfeiçoados de diversas maneiras, contudo, os princípios básicos da prensa de Gutenberg permaneceram em uso por mais de três séculos.

 

Tipos móveis justapostos num componedor, do ponto de vista do compositor tipográfico (ou chapista). Sob o componedor vê-se a caixa de tipos.[4][5][6]

A invenção e a difusão da prensa móvel é amplamente considerada como o acontecimento mais influente do segundo milênio d.C.,[7] revolucionando a maneira como as pessoas concebem e descrevem o mundo, e inaugurando a Idade Moderna. Porém, seu sucesso e sua sobrevivência dependeram da capacidade de mercantilizar efetivamente formas simbólicas. Logo, tal invenção contribui em parte no crescimento da economia no início da Europa moderna. Simultaneamente, estas se tornaram as novas bases do poder simbólico, que possuía relações ambivalentes com as instituições políticas dos estados emergentes, por um lado, e com aquelas instituições religiosas que reivindicavam certa autoridade sobre o exercício do poder simbólico, por outro. [8]

 

Prensa manual de Gutemberg

Como funciona uma prensa móvel

Essencialmente consistia em pequenos blocos metálicos esculpidos em relevo (com letras, símbolos e também áreas de espacejamento) que seriam organizados em placas que receberiam então o nome de matriz. Essa placa (matriz) com todos os caracteres necessários para formação de uma página já organizados e fixados seria levada a uma máquina chamada prensa, que iria aplicar uma pressão na matriz contra diversas folhas de papel gerando assim uma sequência de páginas que seriam armazenadas para utilização futura. Após esta etapa, a matriz era inteiramente desmontada e receberia uma nova organização de caracteres para a impressão de uma nova sequência de páginas que daria continuidade ao texto anteriormente impresso e formaria um futuro impresso ou meio de comunicação como um jornal, revista, livro ou outro. Conforme os tipos (bloquinhos metálicos, em geral, de chumbo) se desgastassem, poderiam ser fundidos novamente e remodelados. Apesar de inicialmente parecer trabalhoso, esse processo permitiu a produção sequencial de páginas de uma forma sem precedentes na história.

 

Produção de livros impressos por cidade até 1500[9]

 

Proporção dos livros impressos no século XV por região[9]

As técnicas de impressão foram originalmente desenvolvidas na China e logo depois se espalhou para Coréia (os coreanos foram os primeiros a usar formas de tipo móvel). Mas somente nos séculos XVI, na China e no XVII, no Japão é que os impressos tomaram uma direção comercial. Embora não exista prova direta da transferência das técnicas de impressão da China e da Coréia para a Europa, tais métodos podem ter sido disseminados com a difusão do papel-moeda, das cartas de jogo e dos livros impressos na China e com a gradual expansão dos contatos comerciais e diplomáticos entre oriente e ocidente.[8]

Em torno de 1450, Gutenberg já tinha desenvolvido suficientemente as suas técnicas para explorá-las comercialmente, e poucos anos depois estavam operando em Mainz diversas oficinas tipográficas. As técnicas de impressão se espalharam rapidamente, já que os tipógrafos carregavam seus equipamentos e seus conhecimentos de uma cidade para outra.[8] Da cidade de sua origem, Mogúncia na Alemanha, as prensas gráficas se espalharam por grande parte do continente europeu. Por volta de 1500, havia uma máquina de impressão gráfica[3] em mais de 250 lugares da Europa. Em poucas décadas toda a Europa Ocidental já havia produzido mais de vinte milhões de volumes.[10] No século XVI, com prensas popularizadas ainda mais longe, a produção aumentou dez vezes, para um número estimado de 150-200 000 000 de exemplares.[10] Com o tempo as impressoras chegaram na América Espanhola - México e Peru - durante o século XVI.[11] Contudo, houve uma grande dificuldade de entrada dos impressos no mundo muçulmano e ortodoxo. Na Turquia, a prática de impressão era vista como heresia pelos fiéis e chegou a ser decretada punição com pena de morte para quem a praticasse. Somente no início da Era Moderna que foi permitida a entrada dos impressos nos países muçulmanos e, no século XIX, no mundo ortodoxo. Na Europa, alguns também não eram a favor da prensa. Os escribas, por exemplo, se sentiam ameaçados pela nova invenção desde o início. Até 1808 as prensas foram proibidas no Brasil, os livros que existiam no país vinham de Portugal.[11]

A Igreja também era contra, pois assim daria aos fiéis , normalmente indivíduos que ocupavam uma posição hierárquica social baixa a possibilidade de ler os textos por conta própria ao invés de acreditar no que as autoridades diziam.[3] Para manter o controle sobre as informações que poderiam ser obtidas, foi criado um sistema de censura considerado o mais difundido do período, o "Index dos Livros Proibidos". Trata-se de um catálogo com os títulos que os fiéis não eram permitidos a ler. Nele estavam, principalmente, os livros com conteúdos heréticos, imorais e mágicos.

As tipografias primitivas eram, em sua grande maioria, comerciais organizadas nos moldes capitalistas.[8] A operação de uma prensa de tipos móveis tornou-se tão sinônimo da empresa de impressão que emprestou seu nome a todo um novo ramo da mídia, a imprensa.

Meios técnicos como a escrita, o pergaminho e o papel já contribuíam muito para a reprodutibilidade e retenção das formas simbólicas, mas o passo crucial foi a invenção da máquina impressora que permitiu a reprodução em velocidade e escala jamais vistas até então.[8] A mecanização levou à primeira produção em massa de livros na história,[12] estes que antes eram manuscritos, caros e em pouca quantidade, passaram a ser impressos em menos tempo, em grandes quantidades[2] e com um menor custo. No renascimento, uma só prensa móvel podia produzir 3 600 páginas por dia,[13] muito em comparação as quarenta cópias feitas manualmente por um escrivão.[14]

 

Produção de livros impressos até 1800 na Europa.[15]

O impacto da prensa de Gutenberg na história é difícil de apreender na globalidade. Tentativas de analisar seus efeitos múltiplos incluem a noção de uma "revolução da impressão". E essa "revolução" causada pela impressão gráfica não se relaciona apenas com a tecnologia. Foi necessário a existência de condições sociais e culturais específicas. A estas condições, pode-se atribuir o fato de existir uma parcela da população letrada na Europa em meados do século XV, que viabilizou tal êxito.[3]

A disponibilidade e acessibilidade ao público em geral da palavra impressa impulsionou a democratização do saber e lançou as bases materiais para a moderna economia do conhecimento, pois além de tornar o conhecimento acessível a um público maior também permitiu que as gerações seguintes conhecessem o trabalho das gerações predecessoras de forma sistemática e cumulativa.[3] As pessoas poderiam aprender por conta própria, os alunos universitários tiveram a oportunidade de avançar no conteúdo dado por seus professores.[2] Além disso, ao longo de toda a idade media livros manuscritos tinham sido produzidos por escrivãs e copistas trabalhando em sistemas de produção para comerciantes leigos, que forneciam livros para as faculdades universitárias e para as ordens mendicantes, o que fez com que os primeiros impressores vissem o mercado como potencial e quisessem entrar nele.[8] Ademais, esta invenção também contribuiu para a alfabetização, neste período foram criadas campanhas para incentivar a população.[3]

A fixidez do conteúdo impresso (textos de conteúdo uniformizados em relação aos antigos manuscritos interpolados, ou seja, com intervenções textuais deliberadas por parte dos copistas) assim como a durabilidade física viabilizada através de múltiplos exemplares idênticos de uma mesma obra, ainda que impressos em uma superfície mais frágil como o papel também merecem destaque. Em relação as imagens, apesar das xilogravuras serem danificadas ao longo do uso, sua repetição era muito mais precisa do que os desenhos que perdiam os detalhes no decorrer das cópias, na fase dos manuscritos.

 

Proporção dos livros impressos no século XV por língua[9]

Na Europa renascentista, a chegada de impressão por prensa de tipos móveis iniciou a era da comunicação de massa que alterou a estrutura da sociedade: a circulação relativamente irrestrita de informação e ideias (revolucionárias, como por exemplo as de Lutero) transcendeu fronteiras, galvanizou as massas para a Reforma Protestante e ameaçou o poder de autoridades políticas e religiosas, pois facilitou a difusão de críticas aos mesmos.[3] O aumento acentuado da alfabetização quebrou o monopólio de uma elite letrada sobre a educação e aprendizagem e reforçou a emergente classe média. Em toda a Europa acelerou o florescimento das línguas vernáculas em detrimento do latim, que perdeu o seu estatuto de língua franca.

Mudanças no formato dos livros e formas de pensar

As mudanças de reorganização feitas nos livros influenciaram no modo de pensar da sociedade. No começo do processo de impressão não havia uma padronização a seguir. À medida com que os impressos se multiplicavam com grande velocidade, houve a necessidade de se publicar erratas já que os livros eram fabricados em grandes quantidades e os erros se multiplicavam na mesma proporção. Com a padronização, era mais fácil corrigir os erros visto que nos manuscritos não haveria erros iguais na mesma edição. Houve a necessidade de inserir índices e folhas de rosto e de se catalogar os livros.[2] As bibliotecas foram ampliadas e, com tantos livros disponíveis, era preciso fornecer bibliografias para que os leitores pudessem selecionar da melhor forma os livros a serem lidos por eles.[3] Além disso, com a grande quantidade de opções de leitura, um estudante não se interessava mais em envolver-se com um só texto e dedicar-se a ele fazendo comentários. Desse modo começou a ocorrer o cruzamento de referências entre os livros.[2]

A Preservação dos textos era outro fator de mudança, com os manuscritos, os textos eram mais vulneráveis e se desgastavam à medida em que eram usados e com mais facilidade do que o papel, além do que a pele era muito mais custosa e menos abundante. Pós invenção da prensa também foram criadas novas formas de restauração dos textos.

Novas questões surgiram como o monopólio e a pirataria. As pessoas começaram a se preocupar com registro de suas obras, os escritores tomaram uma posição mais individualista quanto aos seus trabalhos. Os "termos plágio e direito de reprodução" começaram a ter um significado para o autor. O hábito de leitura solitária (silenciosa) já existia na Idade média, porém com o advento da prensa tornou-se mais intenso. Antes da invenção da prensa, as perguntas científicas estavam atreladas as inquietações religiosas sobre temas celestes e datações religiosas comemorativas. Depois da invenção os estudos astronômicos se complexaram de tal forma que caminharam para outro lado. Deixando para trás, as formas antigas de pesquisa.[2]

Livros de autores como Lutero e Erasmus tornaram-se então best-sellers, chegando a centenas de milhares de pessoas na época de seu lançamento.[16] Em 1620, o estadista e filósofo Inglês Francis Bacon escreveu que a impressão tipográfica tinha "mudado o rosto e estado de coisas em todo o mundo" associando-a ao trio "imprensa-pólvora-bússola".[17] Desde o início, a impressão era praticada também como uma verdadeira arte com um elevado padrão estético, como na famosa Bíblia de Gutenberg "de 42 linhas", impressa também em pergaminho. Hoje, as obras impressas entre 1455, data aproximada da sua publicação, até 1500, os chamados incunábulos[18] estão entre os bens mais valiosos das bibliotecas.

Mudanças no valor de obra "original" ou "autêntica"

O desenvolvimento da técnica de impressão com o advento da prensa móvel nos deu uma facilidade muito maior de reproduzir múltiplas réplicas ou cópias de obras originais para serem comercializadas, o que implicou à noção de obra "original" ou "autêntica". Como a reprodução das formas simbólicas se tornou algo "comum", o fato da obra ser original ou autêntica passou a ter grande importância para determinar o seu valor no mercado de bens simbólico. Por sua vez, uma réplica ou cópia de uma obra, é cotada em valores mais baixos.[8]

  1. BENJAMIN, Walter. A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica. In: ADORNO et al. Teoria da Cultura de massa. Trad. de Carlos Nelson Coutinho. São Paulo: Paz e Terra, 2000. p. 221-254
  2. a b c d e f EISENSTEIN, Elizabeth L. A Revolução da Cultura Impressa: Os Primórdios da Europa Moderna. Editora São Paulo: Editora Ática, 1998.
  3. a b c d e f g h Briggs, Asa e Burke, Peter, Uma História social da mídia, Rio de Janeiro, Zahar, 2006.
  4. [1] HEITLINGER, Paulo. Glossário de termos de tipografia.
  5. [2] ARTIAGA, Larissa. Tipógrafo e linotipista: profissões do tipo "em extinção".
  6. [3] STIGJ. Profissões que fazem parte do setor gráfico, conforme a CBO − Classificação Brasileira de Ocupações. (Chapista: código 7686-05).
  7. Ver People of the Millennium Arquivado em 3 de março de 2012, no Wayback Machine.. Em 1999, a A&E Network classificou Gutenberg no. 1 on their "People of the Millennium" countdown. Em 1997, Time–Life magazine elegeu Gutenberg's invention as the most important of the second millennium Arquivado em 10 de março de 2010, no Wayback Machine.; the same did four prominent US journalists in their 1998 resume 1,000 Years, 1,000 People: Ranking The Men and Women Who Shaped The Millennium Arquivado em 3 de março de 2012, no Wayback Machine.. A entrada Johann Gutenberg na Catholic Encyclopedia descreve a sua invenção com uma influencia sem paralelo na Era cristã.
  8. a b c d e f g A mídia e a modernidade (1995) - Thompson, John B.
  9. a b c Incunabula Short Title Catalogue, consultado em 2 Março de 2011
  10. a b Febvre, Lucien; Martin, Henri-Jean 1976 by Anderson, Benedict 1993, 58f.
  11. a b Ribeiro, Ana Paula Goulart e Herschmann (org.), Comunicação e História - Interfaces e Novas Abordagens, Rio de Janeiro:Mauad X, 2008
  12. McLuhan, Marshall (1962), The Gutenberg Galaxy: The Making of Typographic Man (1st ed.), University of Toronto Press, ISBN 978-0802060419
  13. Wolf 1974, 67f.
  14. Ch'on Hye-bong 1993, 12
  15. Buringh, Eltjo; van Zanden, Jan Luiten: "Charting the “Rise of the West”: Manuscripts and Printed Books in Europe, A Long-Term Perspective from the Sixth through Eighteenth Centuries", The Journal of Economic History, Vol. 69, No. 2 (2009), pp. 409–445 (417, table 2)
  16. Issawi 1980, pp. 492; Duchesne 2006, p. 83
  17. Francis Bacon: "Novum Organum, Liber I, CXXIX" − Adapted from the 1863 translation
  18. Biblioteca Nacional Portuguesa

  • BENJAMIN, Walter. A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica. In: ADORNO et al. Teoria da Cultura de massa. Trad. de Carlos Nelson Coutinho. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
  • MCLUHAN, Herbert Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. Tradução de Décio Pignatari. São Paulo: s.e, 2007.
  • BRIGGS, A; BURKE, P. Uma História Social da Mídia. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006
  • EISENSTEIN, Elizabeth L. A Revolução da Cultura Impressa: Os Primórdios da Europa Moderna. Editora São Paulo: Editora Ática, 1998.
  • ONG, W. Oralidade e cultura escrita. Campinas: Papirus, 1997.
  • Wolf, Hans-Jürgen (1974), Geschichte der Druckpressen (1st ed.), Frankfurt/Main: Interprint
  • Issawi, Charles (1980), "Europe, the Middle East and the Shift in Power: Reflections on a Theme by Marshall Hodgson", Comparative Studies in Society and History 22 (4): 487–504
  • Duchesne, Ricardo (2006), "Asia First?", The Journal of the Historical Society 6 (1): 69–91
  • Thompson, John B (1995). A mídia e a modernidade.
  • Febvre, Lucien; Martin, Henri-Jean (1997), The Coming of the Book: The Impact of Printing 1450–1800, ISBN 1-85984-108-2, London: Verso 

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