Um estudante afirmou que mesmo que todo o solo do planeta seja destruído pelo desmatamento

Um dos mais ricos e importantes domínios naturais do Brasil é o Cerrado, localizado em boa parte da região Centro-Oeste e também em partes das regiões Norte, Nordeste e Sudeste do país. Embora o seu ambiente apresente importantes funções ambientais para espécies animais, vegetais e também para nascentes e leitos de rios, o seu processo de devastação acentuou-se ao longo das últimas décadas e boa parte de sua formação original foi destruída.

O processo de desmatamento do Cerrado consolidou-se ao longo da segunda metade do século XX, graças aos avanços da agropecuária para o interior do país nesse período. Dados revelam que menos de 48% da vegetação original encontra-se total ou parcialmente conservada, e, para piorar, o desmatamento vem aumentando em grande medida nos últimos anos, sendo maior até mesmo que o da Amazônia.

As principais causas da devastação do Cerrado são o avanço das queimadas e a retirada de suas matas para a utilização do solo na agropecuária. A área de sua ocupação original configura-se, hoje, como o principal local fornecedor de grãos do Brasil, com destaque para a soja, que é voltada, principalmente, para o mercado externo. Tal processo ocorreu graças aos avanços dos sistemas de cultivo, que permitiram a instalação de lavouras em locais antes considerados pouco propícios, pois os solos do Cerrado são muito ácidos e apenas a aplicação da calagem (correção do pH do solo através da adição de calcário) pode corrigir essa dificuldade.

Um estudante afirmou que mesmo que todo o solo do planeta seja destruído pelo desmatamento

Área de ocupação do Cerrado no Mato Grosso para o cultivo da soja em larga escala *

Outro motivo foi o pouco interesse do poder público em preservar esse domínio natural, visto os poucos esforços de sua conservação ao longo do século XX e a não inclusão do Cerrado nas áreas de preservação natural na Constituição promulgada em 1989. Além disso, apenas 3% da área do Cerrado é formada por reservas e unidades de conservação, o que é considerado um índice muito baixo. Vale lembrar ainda que mesmo essas áreas de proteção ambiental sofrem pressão de fazendeiros e grileiros para a sua ocupação.

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Lobo-guará, espécie típica do Cerrado que pode entrar em extinção

Apenas nos últimos anos é que medidas públicas de preservação do Cerrado foram adotadas, fazendo com que, a partir de 2006, o seu processo de destruição passasse a diminuir, embora ainda seja elevado. Dados da Organização Conservação Internacional estimam que, caso o processo de devastação do Cerrado continue, suas reservas durarão somente até 2030.

As principais consequências do desmatamento do bioma Cerrado envolvem a extinção de algumas espécies animais e vegetais, com a perda da biodiversidade, além do impacto gerado sobre o leito de muitos rios importantes para o país, a exemplo do São Francisco, que passará a contar com cada vez menos nascentes. Outro efeito é a degradação de outros domínios naturais que dependem direta e indiretamente do bioma Cerrado, o que inclui, principalmente, o Pantanal mato-grossense.

Atualmente, o Cerrado é considerado um hotspot, termo que se refere ao conjunto de áreas do planeta com alta biodiversidade e que se encontram ameaçadas, carecendo de maiores atenções a fim de manter a sua preservação. No Brasil, existe apenas mais um hotspot além do Cerrado, que é a Mata Atlântica. Espera-se que, em um futuro próximo, a devastação desse importante domínio natural seja totalmente interrompida e ao menos algumas partes de sua vegetação sejam reflorestadas e recuperadas.

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* Créditos da imagem: AFNR / Shutterstock


Por Me. Rodolfo Alves Pena

A sucessão ecológica é uma sequência de alterações graduais e progressivas na comunidade de um ecossistema, as quais podem ocorrer após uma pertubação ou após o surgimento de um novo habitat.

Em uma sucessão ecológica, observamos progressivamente a mudança na composição e na estrutura das comunidades, até que ocorra o estabelecimento da comunidade clímax, ou seja, de uma comunidade estável.

Leia também: Diferença entre população e comunidade

Tópicos deste artigo

  • 1 - → Sucessão ecológica primária
  • 2 - → Sucessão ecológica secundária
  • 3 - Mapa Mental: Sucessão ecológica
  • 4 - → Estágios da sucessão ecológica
    • Comunidade pioneira
    • Comunidade intermediária
    • Comunidade clímax
  • 5 - → Eventos que ocorrem ao longo de uma sucessão
  • 6 - → Exercícios resolvidos

→ Sucessão ecológica primária

A sucessão ecológica primária acontece em ambientes que anteriormente não haviam sido ocupados por outros organismos, ou seja, em áreas praticamente sem vida. Essa situação ocorre, por exemplo, em afloramentos rochosos, superfície de areia com exposição recente e lava vulcânica recém solidificada.

Imagine, por exemplo, a sucessão ecológica em um afloramento rochoso. Inicialmente o que observamos é a presença de organismos como bactérias e protozoários, e, posteriormente, o desenvolvimento de outros seres. De uma maneira geral, os primeiros organismos fotossintetizantes a fixarem-se no ambiente são os líquens e os musgos, sendo essas espécies chamadas de pioneiras.

Um estudante afirmou que mesmo que todo o solo do planeta seja destruído pelo desmatamento
A sucessão primária ocorre em locais onde anteriormente não havia vida.

Na medida em que esses organismos fixam-se e a ação do vento e do sol ocorre sobre o ambiente, vemos a formação do solo.

O solo então se desenvolve e a matéria orgânica acumula-se no local. Inicia-se, após esse momento, a colonização por outras espécies, como plantas herbáceas, arbustos e árvores.Essa substituição de espécies ocorre até que seja observada uma comunidade estável (comunidade clímax), um processo que pode demorar décadas.

Em 1883 o vulcão Cracatoa entrou em erupção e foi responsável pela destruição da ilha de mesmo nome. A vida no local foi exterminada, e os fragmentos da ilha tornaram-se importantes para o estudo da sucessão ecológica primária.

Inicialmente, nessa ilha, observou-se o surgimento de gramíneas e samambaias, e, com o tempo, uma verdadeira floresta formou-se. Em 1920, várias espécies pioneiras já haviam desaparecido e uma floresta fechada havia se desenvolvido em grande parte da ilha.

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→ Sucessão ecológica secundária

A sucessão ecológica secundária acontece em áreas que já apresentaram uma comunidade. Nesse caso o que se observa é que aquela área sofreu algum tipo de distúrbio, o que causou a destruição de sua comunidade original.

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A sucessão secundária leva à recuperação de áreas desmatadas.

A sucessão ecológica secundária pode ser observada, por exemplo, em áreas desmatadas, regiões atingidas por furacões e clareiras.

Nesses locais podem ser encontrados vestígios de alguns organismos, como sementes e raízes, e, devido a esse fator, essa sucessão ocorre de maneira mais rápida do que a primária. Além disso, pelo fato de que naquela área já houve uma comunidade, temos um território mais propicio ao desenvolvimento de espécies.

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Mapa Mental: Sucessão ecológica

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* Para baixar o mapa mental em PDF, clique aqui!

→ Estágios da sucessão ecológica

A sucessão ecológica pode ser dividida em três estágios: comunidade pioneira, comunidade intermediária e comunidade clímax. Veja, a seguir, mais sobre cada um desses estágios.

  • Comunidade pioneira

É formada pelos primeiros organismos que se instalam em uma região, como os líquens e musgos em rochas. De uma maneira geral, as espécies pioneiras apresentam como características: o crescimento e amadurecimentos rápidos, fácil dispersão e brotos que são intolerantes à sombra. Essas características tornam as espécies pioneiras organismos com grande capacidade de colonização.

O desenvolvimento da comunidade pioneira está diretamente relacionado com o das comunidades intermediárias. Algumas vezes observamos que a comunidade pioneira é responsável por facilitar o desenvolvimento de outras espécies, uma vez que é responsável por aumentar, entre outros fatores, a biomassa da região.

Entretanto, nem sempre isso é observado. Algumas espécies podem inibir o desenvolvimento de outras, e outras espécies, no entanto, podem desenvolver-se sem influenciar as demais.

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Os líquens atuam muitas vezes como espécies pioneiras.

  • Comunidade intermediária

É aquela que se apresenta como uma comunidade de transição, em que é observado um aumento na diversidade, porém o ecossistema ainda não atingiu seu auge.

  • Comunidade clímax

É aquela em que se observa o auge da diversidade em um ecossistema. Nessa comunidade o que se percebe, geralmente, é uma maior biomassa e também uma teia alimentar mais complexa do que nas outras comunidades.

→ Eventos que ocorrem ao longo de uma sucessão

Na medida em que a sucessão ecológica ocorre, podemos observar uma série de modificações no ecossistema. Veja algumas dessas alterações:

  • Aumento da biodiversidade e da complexidade da comunidade do ecossistema.

  • Aumento de biomassa.

  • Tendência ao aumento do tamanho dos indivíduos.

  • Surgimento de organismos com ciclo de vida mais complexo e longo.

  • Aumento rápido das espécies que compõem a comunidade (inicialmente) e mudança mais lenta da composição (posteriormente).

  • Formação de teias alimentares complexas.

  • Aumento da taxa de fotossíntese em relação à taxa de respiração (inicialmente), seguido de igualação entre ambas as taxas (ao longo dos anos).

→ Exercícios resolvidos

EXERCÍCIO 1- (IFSul) Sucessão ecológica representa o processo de mudanças sucessivas nas comunidades que compõem um ecossistema. Durante esse processo, vários eventos ocorrem, ao longo da sucessão, até o estabelecimento de uma comunidade estável. Sobre esses eventos, são feitas as seguintes afirmações:

I. A produtividade primária bruta aumenta no início do processo, depois se estabiliza.

II. A diversidade das espécies aumenta, assim como a biomassa, atingindo o máximo no clímax.

III. A reciclagem dos nutrientes aumenta no início do processo, tornando-se mais rápida.

IV. As cadeias alimentares tornam-se mais simples, pois aumenta o número de nichos ecológicos.

Estão corretas apenas as afirmativas:

a) I, III e IV.

b) I, II e III.

c) II, III e IV.

d) I, II e IV.


Resolução do exercício 1: Letra B. Apenas a afirmação IV está incorreta, pois a medida que a sucessão ecológica ocorre, mais complexas se tornam as cadeias alimentares.

EXERCÍCIO 2- (PUC-RIO) “Krakatau, uma ilha do tamanho de Manhattan, localizada entre Java e Sumatra, foi destruída em 1883 após uma série de poderosas erupções vulcânicas. Apenas um pequeno pedaço da ilha original permaneceu acima do nível do mar. Essa pequena ilha, chamada de Rakata, não possuía qualquer vida, era uma ilha estéril. Mas a vida logo começou a surgir novamente…”

WILSON, E. O. Diversidade da vida. Companhia das Letras, 1992. Adaptado.

Quando o biólogo E. O. Wilson diz que “a vida logo começou a surgir novamente”, ele estava se referindo a que fenômeno ecológico?

a) Sucessão secundária.

b) Biomagnificação.

c) Sucessão primária.

d) Insularização.

e) Isolamento geográfico.


Resolução do exercício 2: Letra c. A sucessão ecológica primária ocorre em ambientes que não foram ocupados anteriormente, portanto, a sucessão relatada pelo biólogo E. O. Wilson pode ser assim classificada.

Por Ma Vanessa Sardinha dos Santos