Você vai iniciar esse estudo da Psicomotricidade, conhecendo um pouco da história e áreas de atuação.
Em 1907, a figura do francês Dupré, neuropsiquiatria, foi de fundamental importância para o âmbito psicomotor, trouxe importantes contribuições a partir de seus estudos clínicos, principalmente com a definição de debilidade motora. As pesquisas trouxeram pressupostos que esclarecem que os aspectos neurológicos e as perturbações motoras infantis o conhecimento que direciona para a noção de psicomotricidade relacionada com o desenvolvimento da inteligência e afetividade.
O médico, psicólogo e pedagogo Henri Wallon (1925) marcou de forma veemente estudos sobre a psicomotricidade e como parte da construção do psiquismo. Wallon relacionou o movimento ao afeto, à emoção, ao meio ambiente e aos hábitos do indivíduo, falou também sobre o tônus e relaxamento. Defendia em seus estudos o entendimento de que o movimento é o pensamento em ação, sendo que a linguagem e o pensamento caminham juntos e são indissociáveis.
Nesta contextualização histórica, por volta de 1960, Ajuriaguerra, juntamente com Wallon e Piaget deixam um legado substancial para outros autores que dão a psicomotricidade uma redefinição sobre o seu objeto de estudo. Estas definições enfatizaram especialmente a inter-relação, a emoção e o movimento do sujeito como um todo. Definições que influenciam também na formação dos conceitos do campo da psicanálise relativo à afetividade.
As obras de Piaget (1896-1980) se preocuparam com estudos sobre as inter-relações, sobre a percepção e a psicomotricidade por meio das experiências. Seus relatos apontam que o período sensório motor é de suma importância para o desenvolvimento da motricidade e consequentemente estimula a inteligência.
A psicomotricidade no Brasil foi norteada pela escola francesa durante as primeiras décadas do século XX. A princípio, ela foi introduzida nas escolas especiais como um recurso pedagógico, com objetivo de corrigir distúrbios e preencher lacunas de desenvolvimento das crianças excepcionais. Portanto a Educação Especial foi o elo de surgimento e ligação da psicomotricidade na Europa e no Brasil
Acompanhando esta linha, a psicomotricidade foi direcionada também a ação educativa para os movimentos naturais da criança e das atitudes corporais. Favoreceu a gênese da imagem corporal, contribuindo para as aprendizagens escolares, aspecto que justificou a inclusão de psicomotricidade na grade escolar, com o entendimento de que a criança toma consciência de seu corpo, da lateralidade, da situação no espaço, no tempo, na dominação de seus gestos e movimentos. Valorizando ainda, o processo de aprendizagem e não um gesto técnico isolado.
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- Histórico da Psicomotricidade
Historicamente o termo "psicomotricidade" aparece a partir do discurso médico, mais precisamente neurológico, quando foi necessário, no início do século XIX, nomear as
zonas do córtex cerebral situadas mais além das regiões motoras.
Com o desenvolvimento e as descobertas da neurofisiologia, começa a constatar-se que há diferentes disfunções graves sem que o cérebro esteja lesionado ou sem que a lesão esteja claramente localizada.
São descobertos distúrbios da atividade gestual, da atividade práxica. Portanto, o "esquema anátomo-clínico" que determinava para cada sintoma sua correspondente lesão focal já não podia explicar alguns fenômenos
patológicos. É, justamente, a partir da necessidade médica de encontrar uma área que explique certos fenômenos clínicos que se nomeia, pela primeira vez, a palavra PSICOMOTRICIDADE, no ano de 1870.
As primeiras pesquisas que dão origem ao campo psicomotor correspondem a um enfoque eminentemente neurológico.
A figura de Dupré, neuropsiquiatra, em 1909, é de fundamental importância para o âmbito psicomotor, já que é ele quem afirma a independência da debilidade motora
(antecedente do sintoma psicomotor) de um possível correlato neurológico.
Em 1925, Henry Wallon, médico psicólogo, ocupa-se do movimento humano dando-lhe uma categoria fundante como instrumento na construção do psiquismo. Esta diferença permite a Wallon relacionar o movimento ao afeto, à emoção, ao meio ambiente e aos hábitos do indivíduo. íquico.
Em 1935, Edouard Guilmain, neurologista, desenvolve um exame psicomotor para fins de diagnóstico, de indicação da terapêutica e de prognóstico.Em 1947, Julian de Ajuriaguerra, psiquiatra, redefine o conceito de debilidade motora, considerando-a como uma síndrome com suas próprias particularidades. É ele quem delimita com clareza os transtornos psicomotores que oscilam entre o neurológico e o psiquiátrico. Com estas novas contribuições, a psicomotricidade diferencia-se de outras disciplinas, adquirindo sua própria especifidade e autonomia.
Na década de 70, diferentes autores definem a psicomotricidade
como uma motricidade de relação. Começa então, a ser delimitada uma diferença entre uma postura reeducativa e uma terapêutica que, ao despreocupar-se da técnica instrumentalista e ao ocupar-se do "corpo de um sujeito" vai dando progressivamente, maior importância à relação, à afetividade e ao emocional. Para o psicomotricista, a criança constitui sua unidade a partir das interações com o mundo externo e nas ações do Outro (mãe e substitutos) sobre ela.
A especificidade do
psicomotricista situa-se assim, na compreensão da gênese do psiquismo e dos elementos fundadores da construção da imagem e da representação de si. O sintoma psicomotor instala-se, quando ocorre um fracasso na integração somatopsíquica, conseqüente de fatores diversos, seja na origem do processo de constituição do psiquismo, ou posteriormente em função de disfunções orgânicas e/ou psíquicas. A patologia psicomotora é, portanto, uma patologia do continente psíquico, dos distúrbios da representação
de si cuja sintomatologia pode se apresentar no somático e/ou no psíquico.
Associação Brasileira de Psicomotricidade