Tecnologias ou conhecimentos que herdamos do patrimonio cultural da antiguidade

Os sete pilares da cultura ocidental

Marco Aurélio Baggio

Círculo Psicanalítico de Minas Gerais


RESUMO

Reflete a importância das sete colunas de sustentação da civilização ocidental. O Mito, o Místico e a Filosofia constituem o tripé, proveniente da Antigüidade. A Ciência, a Economia capitalista e a Política ampliam o escopo da Cultura. A Ética impõe-se como o fecho da abóbada; é o coroamento que, a um só tempo, articula os demais componentes, os normatiza e amplia o sentido prospectivo.

Palavras-chave: Cultura, Mito, Místico, Economia, Ética, Filosofia, Ciência, Política, Capitalismo.


ABSTRACT

Brings the importance of the seven pillars on which the Western Civilization was created. The Myth, the Mystic and Philosophy make the tripod of this creation, all three coming from ancient times. Science, Capitalist Economy and Politic Science spread the scope of Culture. Ethic closes the dome and articulates all others.

Keywords: Culture, Myth, Mystic, Economy, Ethic, Philosophy, Science, Politic science.


"Erigiu a Sabedoria sua casa, construiu suas sete colunas".
(O Livro dos Provérbios. Capítulo IX 1. Vol. IV. A Bíblia. São Paulo: Abril, 1976.)

A Cultura

O homem é um animal inacabado. Isso o incita a ficar esperto. Incomodado com suas necessidades expostas em quase constante falta, o ser humano procura meios e modos de suprir suas carências.

Em decorrência de sua fome de suprimentos variados e por graça de sua inteligência, o homem diligencia, primeiro, em conceber o que bem lhe convém. A seguir, trabalha para criar o que lhe parece adequado para saciar sua fome e compensar sua falha. Logo após, estabelece o indivíduo um sistema de produção daquilo de que precisa.

Estabelecem-se assim relações de troca de mercadorias, criando-se um espaço de interessante convívio - o mercado - onde se institui um referencial negociado, chamado valor de permuta. Ou valor de uso e de troca.

É assim que, partindo da natureza natural, onde se inscreve sua ávida biologia, o homem utiliza o acicate de seu instinto de sobrevivência, logo transformado em pulsão - de ligação erótica, de luta contra a adversidade e de apropriação e de domínio sobre as coisas que lhe são acessíveis -, para operar-tecer-criar-produzir modificações definitivas e convenientes para ele. A essa parte do meio ambiente modificada pelo homem chamamos cultura.

Como animal gregário, convivente e sagaz, o homem produz uma segunda natureza. Natureza cultural. Aquilo que vem a se tornar natural, próprio, em cada cultura humana.

Cultura é o complexo imbricado de crenças, conhecimentos, costumes, modos de produção, artes, linguagem, leis, moral, padrões de relações de convívio, instituições, aptidões e riquezas, serviços e folclore, sentimentos e festas, que constituem o modo de vida - seja de uma comunidade, seja de um povo ou seja mesmo de uma sociedade.

Tendo-se tornado hegemônica e permanecendo vigente por décadas ou séculos, evoluindo por etapas até atingir seu apogeu, a certo momento tal cultura torna-se uma civilização.

Nos dez mil anos de registro, a História aponta para uma coleção de não mais que vinte e seis civilizações que percorreram seu espectro ao longo do eixo histórico.

A civilização ocidental é herdeira do patrimônio de todas elas e, sob muitos aspectos, supera-as todas.

A cultura é o mais poderoso instrumento de adaptação do ser humano ao seu meio ambiente, metido que está nas condições históricas em que vive.

É exatamente a imersão plena do homem na cultura que, gradativamente, apetrecha-o de recursos e habilidades para se constituir, primeiro, como indivíduo diferenciado da manada humana, e, em seguida, poder vir a granjear estofo e substância ao longo de sua missão de edificar-se em pessoa humana, distinta e valiosa.

É bom que se reafirme o magno papel da cultura como grande repositório de facilitações e de propriações de práticas amenas - funcionando como uma macromaternagem -, distribuindo benesses entre um povo.

É a cultura de uma sociedade que deve e que tem de atuar como uma Grande-Mãe - não divinatória -, mas sim cunhada à face das carências e das necessidades dos cidadãos que a sustentam e, sem dúvida, dela dependem.

Assim, cultura é campo de treinamento de habilidades sociais que capacitam seus membros a educar-se - paidéia - na arte de forjar corpos, criar gentes e formar almas.

Mais que cultuar deuses, guerrear semelhantes, valorizar honra, disputar posses, obter honrarias, acumular dinheiro, impor vontade de poder ou divertir-se às pamparras, a civilização hegemônica, esta, exatamente, que abrange as culturas e as sociedades ocidentais, terá de se resignar a um ato de contrição, perceber seu erro, corrigir seus desvios e se voltar ao que interessa.

Só o homem interessa. A única ação nobre que há na vida de todos nós é educar, é conduzir por boas sendas outros mais jovens seres humanos.

A grande função de uma civilização não é construir mausoléus ou arranha-céus nem supermáquinas ou realizar megaeventos. A grande tarefa de uma civilização depurada de superficialidades e de espetaculosidades caracteriza-se por sua missão educativa.

Os gregos antigos - nossos predecessores mais bem-sucedidos - perceberam que é a formação de homens e de mentalidades a principal messe em que uma civilização diferenciada deve labutar.

É a paidéia - a conformação de gentes e de espíritos humanizados - o magno empreendimento a ser exercido pelo empenho humano. Essa é a função a ser amplamente resgatada pela cultura ocidental.

É nas lutas circunstanciais do convívio cultural que a psique dos homens apura a sagacidade de que é possível e desejável conceber uma enunciação abstrata, mediadora e reguladora dos interesses díspares e das relações conflituosas. A essa norma abstrata e geral, capaz de pôr fim a uma discórdia de vontades, dá-se o nome de Lei.

Lei estabelecida como um pacto que disciplina demandas incongruentes e as normatiza no âmbito de um ordenamento a que todos admitem submeter-se.

Conjunto de mecanismos bem articulados, a cultura permite acolher a variedade dispersiva de tudo aquilo que pode acontecer, mas mantém os seus componentes duros e delimitadores, que dão forma ao acontecido.

No entanto, este é o campo onde a sagacidade do espírito humano deve campear, já que este é o âmbito que mais carecemos de elucidar.

Não mais dispomos de profetas que nos revelem verdades inspiradas. Também a crença em deuses não faz avançar quaisquer de nossos recursos ou de nossos conhecimentos.

Está cada vez mais claro que o cientista é um pequeno e diligente funcionário que opera em campos em que já estamos suficientemente saciados: a física, a matemática, a química, a astronomia, a biologia, a computação, a comunicação.

O ideal de educação do ser humano está na areté dos gregos, isto é, pelo aprendizado da destreza para o cidadão participar plenamente da vida social e política da cidade.

Os gregos antigos aspiravam a apreender a forma que subjaz, como lei universal que determina a essência dos aconteceres dos fenômenos naturais e das relações entre os homens. A essa consciência gradual das leis gerais que configuram a essência humana, coalizada sob o influxo da psique - vale dizer, do espírito -, eles denominaram Humanismo.

Os grandes homens da Grécia não eram profetas de deus, mas sim mestres independentes, transmitindo seus ensinamentos para o povo. O poeta, o filósofo, o artista e o político esculpiam o homem vivo, enquanto configuravam seus ideais.

Dessa forma, da Antigüidade clássica, herdamos um tesouro de conhecimentos imperecíveis. E dela deriva a consciência de que a adequada formação humana é a grande tarefa histórica a ser desempenhada pela cultura.

Maternagem no acolhimento do ser.

Paternagem na condução da evolução do ser.

Modelagem na apuração de suas excrescências.

Destas três operações sustentadas aflora como resultado a civilidade do indivíduo. Civilidade que nada mais é do que a capacidade de bem interagir um sujeito com os demais, no âmbito de sua sociedade.

Ortega y Gasset define cultura como o sistema de idéias das quais o tempo vive.

Edgard de Vasconcelos assinala, bem a propósito, que cultura é tudo aquilo que o homem acrescenta à natureza.

Sociedades abertas são típicas das culturas ocidentais. A liberdade permite a variedade de experimentações, que pode colher insucessos, desvios, perdas. No entanto, também possibilita a obtenção de êxitos, novidades e soluções valiosas. O que se lucra com a perda de um centralizador rígido é a ampla possibilidade de combinações criativas, inovadoras, que enriquecem o repertório da cultura de forma acendrada. É no campo das artes - cênicas, plásticas, literárias, fílmicas, arquitetônicas - que melhor se vê isso. Também nas atividades econômicas e financeiras, a liberdade de investimento e de produção alcança resultados tão expressivos, a ponto de o Ocidente ter-se tornado hegemônico em poderio econômico e cultural.

Cultura ocidental é o lugar do progresso: melhores alimentos; melhores objetos de conforto; melhor aplicação da justiça; maiores prazeres; maiores oportunidades.

Tudo evolui, cresce, complexifica-se. Essa cultura é acionada pelo desejo, pela energia humana que nos impele para coisas, objetos e metas.

A maior característica constitutiva da cultura no Ocidente é a prevalência da Liberdade do sujeito. Liberdade concebida como autonomia, ou seja, como a capacidade do indivíduo de poder estabelecer normas para si mesmo.

Os Pilares da Cultura Ocidental

O primeiro pilar que se ergue para sustentar a cultura ocidental é o mito.

A mitologia é a criação de explicações fantasiosas acerca dos formidáveis fenômenos repetitivos, na natureza e na vida humana.

As perguntas espantosas que os povos sempre se fizeram obtiveram, de início, um tratamento mitológico.

O que é a vida? De onde viemos? Para onde vamos? Por que a dor, a guerra, a morte? Por que a natureza ruge? O que é o universo? Há seres fantásticos, supra-humanos, divinos? Por que a maldade? Como o mundo começou? Acabará um dia? Quando? Como é que as coisas acontecem? O que faz as coisas se desenvolverem?

O conhecimento mítico é de baixa qualidade, sabemos hoje. Explica mal todos esses fenômenos que interroga. No entanto, o mito é o princípio fundante necessário para que se estabeleça o conhecimento.

O segundo pilar da cultura é constituído pelo místico

Diante da constatação da precariedade da vida e da fragilidade da condição humana, as comunidades primitivas sofrem as agruras de seu desamparo em um mundo que lhes é sempre indiferente, quando não, fortemente hostil. Acuados, inferiorizados, os seres humanos reagem para mais, em escansão, concebendo poderosos seres supra-humanos, gigantes, titãs, deuses. Passam a se referir a eles e a cultuá-los. Um minueto de relações rapidamente se estabelece: a essas criaturas se atribuem poderes para o bem e também para o mal. O deus se posta como um ordenador dos dispositivos sociais. Dele se espera revelação de verdades, proteção contra infortúnios, encaminhamento de processos e até salvação transcendente.

A dimensão mística operante no psiquismo humano é responsável pela criação de uma das mais interessantes - e problemáticas - instituições humanas, que são as religiões.

Cada religião elege um ultrapoderoso e etéreo Pai. Estabelece regras, preceitos e normas que balizam as relações dessa comunidade com seu deus-Pai. Com isso, criam-se mandamentos que normatizam a vida dos fiéis, ordenando melhor seus fluxos pulsionais.

Todas as tradições místicas são assemelhadas. Cada época e cada cultura criam sua roupagem e liturgia peculiares.

O terceiro pilar da cultura é a filosofia

Homens ociosos deram de colocar sua razão a emitir juízos, utilizando a lógica. Foi na Grécia, sobretudo no século V antes de Jesus de Nazaré, que aconteceu a maior explosão do gênio da humanidade. Notáveis cogitadores sobre a existência e a condição do homem, amantes do conhecimento, tornaram-se amigos da sabedoria: filósofos. Procuraram responder com lucidez e inteligência àquelas perguntas básicas que os homens sempre se fizeram. Com uma metodologia lógico-racional, foram capazes de fincar, solidamente, respostas que permaneceram válidas, ao longo dos séculos, até nossos dias. O pensamento mostrou-se precisa ferramenta de acesso ao âmago da Verdade contida nas coisas.

O filósofo grego desligou-se das respostas já amplamente insatisfatórias, provenientes da mitologia e das verdades reveladas profeticamente, procurando entender o mundo e a vida, usando o raciocínio para melhor inteligir entre os elementos, usando a lógica para separar incongruências e contradições. Com método e diligência, o pensador encontrou respostas menores, mas mais consistentes, para as questões que enunciava.

Os gregos criaram uma teoria do conhecimento, a partir da formulação: O que posso saber?

Erigiram um código ético, ao questionar: O que devo fazer?

Desenvolveram uma antropologia filosófica como um adequado saber sobre o que é e como funciona o homem, ao tentar responder à questão: O que é e quem é o homem?

Uma existência deve, pois, ser examinada e compreendida, para que a pessoa possa sentir que viver valeu!

A ciência constitui o quarto pilar da civilização ocidental

Ela é a mais visível e a mais confiável coluna de sustentação do estamento ocidental. A ciência persegue, denodadamente, o ideal de subverter o aforismo de Heráclito: "o ser das coisas ama esconder-se". Ela, a ciência, é vista como um farol iluminando o ignoto e o escuro.

Com Da Vinci, Bacon, Galileu, Copérnico, Kepler, Newton e Leibnitz, aos poucos, criou-se o método científico. Entenda-se como tal a capacidade de um homem curioso, perquiridor, ser capaz de isolar um tema, delimitar um assunto ou formular uma questão simples. Estabelece-se assim o privilégio paranóico da dúvida. Tenta-se, então, fazer bascular as variáveis, procurando tirar disso todas as conseqüências possíveis. Deste laborioso processo, extrai-se um sumo, considerado como melhor verdade.

Já no segundo século após o seu aparecimento, a ciência tinha obtido avanços tão notáveis que parecia que, em breve, iria superar e obscurecer os três pilares antecessores. Foi o "Século das Luzes" - Aufklärung - (esclarecimento, iluminação, ilustração) movimento de idéias desenvolvido essencialmente no século XVIII, em que a razão, a consciência e a ciência deram a entender que obteriam respostas a todas as questões que a humanidade propunha. De fato, a ciência foi espantosamente prolífica, proporcionando, como resultado, o surgimento de irreversíveis e vantajosas tecnologias.

Ciência e tecnologia mudaram radicalmente, para melhor, nosso modo cotidiano de vida. A água encanada, a luz elétrica, os alimentos melhores, as vacinas e os medicamentos, a locomoção por meio de automóvel, os navios, trens e aviões, a fabricação de objetos facilitadores da vida humana, a música e a eletricidade, agora os processadores eletrônicos, tudo isso trouxe conforto, vantagens e sobrevida à vida de cada vez maior número de seres humanos. Em todo o planeta. Generalizadamente.

Os modelos científicos são descrições quantitativas dos fatos e dos fenômenos concretos presentes como tal no mundo da natureza.

A ciência é um sistema de conhecimento desenvolvido com o objetivo de organizar a realidade à nossa volta. Ela opera muito bem com coisas evidentes, palpáveis.

A ciência é um instrumento insatisfatório de acesso ao conhecimento. A democracia e a ciência - uma tão insuficiente quanto a outra - são, no entanto, apenas o melhor de que dispomos.

Demócrito, secundado por Jacques Monot, pregava que "tudo que existe no universo é fruto do acaso e da necessidade". Acrescentaríamos: e também daquilo que é empenhadamente buscado e transformado pelas mãos e pela inteligência humana.

Acaso e necessidade geraram a evolução biológica.

Trabalho, ciência, engenho e arte vêm criando este insuportável mundo em que vivemos. Algumas coisas muito importantes faltam...

O modo científico de pensar é, ao mesmo tempo, imaginativo e disciplinado. A ciência acolhe os fatos, propõe hipóteses alternativas, mantém-se aberta a idéias novas e impõe o exame céptico mais rigoroso sobre os achados.

A principal razão para a credibilidade e o sucesso obtidos pela ciência se deve ao fato de que esta tem um mecanismo de correção de erros embutido em seu próprio âmago.

A ciência requer raciocínio lógico adequado, atitude investigativa, esgrima de argumentos coerentes e apuração da gota ocasional da Verdade em meio a um grande oceano de confusão e mistificação, mediante padrões rigorosos de evidência e honestidade.

A ciência criou um eficiente kit de ferramentas para desenvolver o pensamento crítico:

- Não se aceitam argumentos, só porque provêm de autoridades.

- A hipótese mais simples que explica os dados obtidos com igual eficiência tem mais chance de ser a verdadeira.

- Não se deve ficar demasiado ligado a uma hipótese apenas.

- Deve-se procurar obter confirmação múltipla e independente dos fatos.

- Todos os elos de uma cadeia de argumentos devem funcionar.

- Devem-se submeter os fatos à experimentação.

- Se possível, medir, quantificar, testar.

A magna contribuição que, em caráter definitivo, a ciência nos legou é a certeza de que o mundo e o universo são regidos por leis da Natureza e não por deuses cheios de antropomórficos caprichos.

O quinto pilar da cultura ocidental é a economia

É ela a deusa ascendente responsável pela abundância de recursos colocados à disposição da sociedade.A atividade econômica é a fonte de criação da riqueza em toda sociedade.

No Ocidente, a economia tem-se tornado a atividade prevalente sobre todos os demais pilares de sustentação da cultura. Ela é a mais exitosa atividade humana, na medida em que gera e expande a riqueza de bens materiais de toda espécie, permitindo que todos os compartimentos da sociedade sejam beneficiados. A economia tem um motor - o dinheiro -, essa invenção do capeta, que habita o cerne do homem. E tem um motivador que a incentiva - o lucro -, esse azougue que suplanta todos os obstáculos: cansaço, desgaste, trabalheira, envelhecimento.

A manipulação dos objetos associou-se ao dinheiro e ao lucro, criando a riqueza, que possibilita a diversidade na sociedade. Surgiu assim o sistema do capital - o capitalismo - como o mais formidável sistema de criação e de expansão da riqueza que houve na história da humanidade.

A economia é a arte e a ciência de administrar os recursos escassos que são propriedades de uma sociedade. Ela se interessa em estudar as formas de produção de bens e serviços, suas relações de troca, sua distribuição no mercado, a maneira como esses recursos escassos suprem as necessidades das pessoas, bem como satisfazem seus desejos de aquisição, posse, desfrute e distinção.

A riqueza tem a propriedade diabólica de ser cumulativa. Riqueza atrai riqueza em razão exponencial. Tem um subproduto subjetivo da pior espécie: gera no homem rico a cupidez, a possessividade e a avareza. A riqueza, no entanto, tem uma atratividade fascinante. Em sua melhor virtude, ela fertiliza de possibilidades quase todas as atividades humanas. Isso a torna extremamente desejável.

Riqueza gera renda: fluxo de dinheiro previsível e contínuo, que bem compassa o coração dos homens e tranqüiliza seus cérebros trepidantes.

A economia ainda não consegue distribuir renda e riqueza satisfatoriamente.

Sabe-se hoje que o mercado é i-perfeito sob vários aspectos. E que ele absolutamente não opera em certos setores importantes de uma sociedade. Daí realçar-se a relevância da função do governo, que deve exercer forte papel de regulador das relações de troca, de redistribuidor de renda para os fracassados e os pobres da sociedade. Embora sua função precípua seja administrar, o Executivo tem competência constitucional para a iniciativa de projetos de lei e de propostas de emenda à Constituição sobre matérias adequadas aos interesses do bem comum.

Dessa forma, compete ao governo cuidar de áreas difíceis, tais como a segurança pública, a saúde da população, sua educação, e arcar com os custos do próprio aparelho do Estado.

Parece que, em economia, não existem soluções fáceis. Há sempre um jogo em que uns ganham e outros perdem. É difícil uma medida econômica agradar a todos. Por isso, o diferencial que faz com que uma nação se torne mais rica é dado pelo crescimento sustentado, por décadas a fio, com sacrifício dos mais pobres, empreendimentos dos mais ricos e enorme disciplina dos governantes. Algo que não se faz sem dor, injustiça, desgaste e muita, muita infelicidade.

Sendo assim, o campo econômico trabalha com uma dura realidade, que não admite nem vacilo, nem charme, nem, muito menos, milagres.

Ao lado disso, a economia terá de enfrentar todas as questões graves para as quais ainda não se descortina solução. Por exemplo:

1. Como dessalinizar a água do mar em quantidades expressivas, a baixo custo, para abastecer um terço da população da Terra?

2. Como substituir o motor a explosão, movido a combustível fóssil, por motor elétrico, a álcool ou a hidrogênio?

3. Como aproveitar a energia solar para gerar eletricidade em abundância?

4. Como construir um sistema habilidoso de estacionamento de automóveis nas ruas de nossas cidades?

5. Como reciclar o lixo da sociedade de consumo de maneira mais eficaz?

6. Como superar a verdade bíblica de que o rico domina os pobres, e que o devedor torna-se servo do credor?

O sexto pilar que sustenta a cultura ocidental é a política

Ela é a arte, a ciência e a prática de governar uma comunidade ou uma nação.

Compete à política estabelecer condições adequadas para que os indivíduos possam ser capazes de viver em sociedade.

A política é a argamassa, o cimento que permite juntar os múltiplos componentes - freqüentemente díspares e conflitantes - que possibilitam organizar a sociedade. Política é instrumento propício para encaminhar demandas e processar interesses divergentes.

É no âmbito da política que os cidadãos podem debater seus argumentos, estabelecendo o conflito, composto de uma gama de interesses que constituem os elementos dinâmicos positivos que deságuam em um enfrentamento de participantes equivalentes. Esses partícipes aprendem a submeter-se à norma concebida como Lei, que se torna o referente maior, prevalecendo sobre a força de cada um. Aceita cada um sujeitar-se ao governo da Lei (rex sub lege) sobre o governo dos homens (lex sub rege).

É assim que, seguindo o preceito da Lei, ordena-se a condução das forças em disputa, até a obtenção de um consenso.

A Lei, por sua vez, é imposta por uma autoridade que exerce o poder em nome do povo. Poder como a capacidade de a autoridade política usar da coerção e da força para determinar e encaminhar o comportamento dos agentes sociais, tendo em vista o bem comum.

Já passa da hora de relembrar a antiga e sábia prescrição dos Provérbios: "Pelo que não se castiga instantaneamente a má ação, por isso o homem se anima em praticar o mal."

A política é o campo de operação da democracia, âmbito em que o poder é instruído pela ética, no sentido de estabelecer direitos e deveres dos cidadãos.

O Estado moderno é a instituição privilegiada em que se exerce a democracia representativa, por meio de plebiscitos, referendos e pelo exercício do voto. Em seu fundamento está o reconhecimento da pessoa em sua dupla dimensão moral e social.

O Estado, como centro da vida política, sofre hoje os ataques de um neoliberalismo que o quer mínimo em funções, desregulamentado para liberar as práticas cobiçosas do capital e desnacionalizado para facilitar a exploração hegemônica do país extrator: os EUA.

Sendo o homem um ser mau, movido por avidezes, carências e paixões, sua propensão inata é para viver imerso na barbárie, na qual impera a lei do mais forte.

A cultura surgiu no momento em que indivíduos iguais em forças decidiram abdicar de parte dela, elegendo um representante com autoridade delegada por eles, dotado de força para impor solução que trouxesse vantagem para todos ou, senão, para a maioria.

O exercício dessa arte tornou-se o sexto pilar da cultura. Este, exatamente, que suplica por uma ampla restauração diante dos desgates que o vêm acometendo.

O sétimo pilar da civilização ocidental é constituído pela ética

Esta é fruto do intelecto humano quando este se imiscui no âmago das coisas para inteligilas, tornando-as scire, discernidas. Conhecidas.

Conhecimento acarreta psiquização, cujo produto imediato é a expansão da consciência. Esta, por sua vez, instrui a mais elevada prerrogativa humana, que é o espírito, o qual contribui para estabelecer uma visão acurada e abrangente das todas circunstâncias da vida humana.

À inteligência espiritual cabe responder às questões: O que é isso? Para que serve? Qual o objetivo de tudo isso? Que valor isso tem? Quanto nos convém?

Como operador ideal, a ética utiliza os conhecimentos propostos pelos filósofos, poetas, literatos, místicos, políticos, psicanalistas e humanistas de todos os tempos. Sabe-se o que é mais correto, melhor, mais decente e mais digno.

É precisamente na aplicação e na sustentação da força da vontade política, amparado pelo tempo necessário para impor efeito e obter resultados, que a ética ainda falha. Ela não dispõe, por enquanto, de suficiente poderio para exigir as melhores e as mais virtuosas opções.

Sabe-se que a biologia prevalece sobre a matéria inanimada.

Já o ordenamento social prepondera sobre a biologia degenerada.

Por sua vez, o intelecto suplanta os desacertos sociais. A arte inova o intelecto rígido. A consciência integra os diversos elementos da mente e os harmoniza com a percepção da realidade exterior.

O exercício da política estabeleceu as diretivas mais vantajosas para a sociedade, na medida em que é capaz de obter um consenso valioso entre todas as forças em jogo.

Por fim, a ética supera, integra e normatiza todos os componentes anteriores.

O que é ético é a prescrição que proporciona o maior grau de realização e de satisfação para o maior número possível de pessoas em nossa sociedade.

A atividade humana de maior densidade que existe é aquela que cria espaço para que a vida possa prosseguir.

Quatro cenários se descortinam para o planeta Terra em 2032.

O primeiro prioriza o mercado e devasta o planeta em benefício dos homens ricos.

O segundo privilegia a segurança dos países ricos, excluindo o resto do mundo, criando quintais de disparidades.

O terceiro enfatiza a política como forma de amenizar impactos ambientais e regular o uso dos recursos do planeta.

O quarto cenário é aquele em que, em um assomo de lucidez e de prudência, de alguma maneira ainda incerta, a humanidade escolhe manter a sustentabilidade dos recursos renováveis da Terra, procurando suprir as necessidades básicas das populações, sem comprometer as necessidades das gerações futuras.

É hora de, por conveniência e por necessidade, a humanidade cogitar de instituir um Conselho Mundial de Ética com poderes suficientes para administrar todas as iniciativas que surgem no planeta. Um pugilo de Homens Bons precisa ajuizar as dispersivas e muitas vezes deletérias atividades egoístas de povos, nações e corporações.

Este nosso pequeno planeta precisa, urgentemente, de erigir um grande referente humano, um Governo Global capaz de administrá-lo ecológica e eticamente.

Quais tecnologias e conhecimentos que herdamos do patrimônio cultural da antiguidade?

O concreto e a construção de colunas são dois conhecimentos que herdamos como patrimônio cultural da antiguidade; sendo que o concreto foi uma invenção romana durante o reinado do imperador Nero.

O que herdamos do patrimônio cultural da antiguidade?

Resposta verificada por especialistas Herdamos como patrimônio da antiguidade uma série de obras literárias (como a Ilíada e a Odisseia), técnicas produtivas (como a irrigação e a produção de calendários) e mesmo formas de organizar as manifestações artísticas (como o teatro e a poesia).

O que são patrimônios culturais da antiguidade?

A arte, a arquitetura, a literatura, a religião, tradições, alimentação, sítios arqueológicos e documentos históricos compõem a expressão cultural de um povo, seu patrimônio cultural. As tradições orais, as danças e a forma de se alimentar fazem parte desse patrimônio como cultura imaterial de uma sociedade.

Como a tecnologia pode ajudar na preservação do patrimônio cultural?

O registro virtual do patrimônio auxilia a preservação da herança cultural, uma vez que compõe um banco de dados digital, com dimensões, materiais e formato das peças dos acervos culturais, armazenando essas informações de forma mais segura e precisa do que em meio analógico.