Quem monitora o desmatamento no Brasil?

Publicado em 19/04/2021 18h38 Atualizado em 23/03/2022 17h56

O Censipam desenvolveu um sistema de monitoramento do desmatamento na Amazônia chamado de SipamSAR. O sistema utiliza radares de abertura sintética (do inglês Synthetic Aperture Radar: SAR) a bordo de satélites para realizar o monitoramento da superfície terrestre.

A tecnologia SAR é capaz de enxergar o terreno mesmo que ele esteja sob cobertura de nuvens. Desta forma, durante a época de fortes chuvas na Amazônia, que duram cerca de oito meses, o radar consegue obter imagens do terreno e monitorar o desmatamento.

Analistas do Censipam desenvolveram uma metodologia de detecção semiautomática de desmatamento com uso de imagens de radar. Assim, o SipamSAR produz alertas de desmatamento que são disponibilizados para órgãos de fiscalização ambiental, como Ibama e ICMBio.

Para receber dados em tempo real, uma antena multissatelital foi instalada em Formosa (GO) e outra está em processo de instalação em Manaus (AM). A posição estratégica das antenas permite o recebimento de informações diretamente de satélites brasileiros ou estrangeiros em todo de território nacional.

Com o avanço da tecnologia SAR, estão disponíveis constelações de satélites, que o Censipam possui acesso, garantindo um aumento na repetitividade e na rapidez na emissão dos alertas de desmatamento durante todo o ano. Além disso, o Censipam utiliza imagens com maior resolução (podendo chegar a um metro), o que gera maior precisão aos alertas emitidos.

Quem monitora o desmatamento no Brasil?

O objetivo geral do programa é detectar, quantificar e monitorar, por meio de imagens de satélite, o desmatamento, a degradação florestal, a exploração madeireira, as estradas não oficiais e outras formas de pressão humana na Amazônia Legal. Os resultados do monitoramento são combinados com diversos mapas digitais, por meio de Sistemas de Informações Geográficas (SIG), para a qualificação dos problemas ambientais e planejamento regional. O programa também desenvolve propostas para políticas públicas e capacitação em geotecnologias e dissemina estrategicamente os seus resultados, contribuindo para a redução do desmatamento e degradação florestal.

No mês em que se celebra o Dia da Amazônia (05/09), um estudo inédito publicado na revista Nature revelou que o processo de degradação ambiental na região, provocado pela ação humana, entre os anos de 2001 e 2019, já afetou mais de 95,5% das espécies de plantas e animais vertebrados conhecidas da Floresta Amazônica. 

O levantamento ainda aponta que as altas taxas de desmatamento e os quase 190 mil km² de floresta que queimaram durante o período analisado já alteraram, por exemplo, o habitat de 85,2% das espécies de plantas e animais ameaçadas de extinção na maior floresta tropical do mundo. 

Somado a isso, os povos tradicionais que habitam a região também estão sob ameaça. Em territórios indígenas com povos isolados, a derrubada de floresta cresceu 118% em julho deste ano, quando comparado ao mesmo período de 2020, segundo dados do Boletim Sirad Isolados

O momento crítico exige um monitoramento ativo das ameaças que cercam a Amazônia Legal. Por isso, conheça algumas plataformas que possibilitam mapear dados de desmatamento, queimadas, entre outras informações sobre o bioma.

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TerraBrasilis
Desenvolvida pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a plataforma TerraBrasilis permite ordenamento, acesso e uso dos dados geográficos produzidos pelos programas de monitoramento ambiental da organização. 

Por meio do site, é possível acessar gráficos com dados de avisos de desmatamento de todos os meses desde 2016 – início da série histórica do DETER, que traz um levantamento de alertas de evidências de alteração da cobertura florestal na Amazônia. O usuário consegue visualizar os estados, municípios e áreas de proteção com maior número de alertas de desmatamento, bem como filtrar os dados pelo período desejado. Entre setembro de 2020 a agosto deste ano, mais de 8 mil km² tiveram avisos de desmatamento na Amazônia Legal.

PrevisIA
Utilizar a inteligência artificial para mapear as áreas sob maior risco de desmatamento na Amazônia brasileira é o princípio da plataforma PrevisIA. Criada em parceria pelo Imazon, Microsoft e Fundo Vale, a PrevisIA analisa um conjunto de variáveis para indicar um modelo de previsão de desmatamento nos territórios amazônicos baseado em estatística espacial. 

O padrão tecnológico combina informações sobre a localização da ocorrência da degradação no passado para gerar estimativas da probabilidade da destruição da floresta no próximo calendário de desmatamento, que vai de agosto até julho do ano seguinte. Portanto, é uma previsão de desmatamento de curto prazo (até 12 meses). De acordo com a plataforma, 9.635 km² estarão em risco alto/muito alto de desmatamento até julho de 2022. 

PlenaMata
Com base na média do desmatamento diário detectado pelo DETER, do INPE em 2021, o MapBiomas monitora em tempo real a estimativa de árvores derrubadas por minuto pelo desmatamento na Amazônia. Para ajudar o usuário a entender o tamanho da degradação, a plataforma traz mapas e gráficos da evolução do desmatamento.

Mas, além do monitoramento, o PlenaMata traz um conjunto de informações que vão desde reportagens, artigos e boas práticas sobre a Amazônia até um Glossário com termos técnicos, Políticas Públicas e iniciativas que envolvem a conservação da floresta. A plataforma é uma aliança entre a Natura, InfoAmazonia, MapBiomas, Hacklab e Natura &Co.

Amazônia Sufocada 
A Amazônia está na estação seca, período entre julho e outubro, quando as queimadas se intensificam. O mapa do fogo na Amazônia Legal produzido pelo InfoAmazonia atualiza a cada 24 horas os pontos de foco de calor identificados em unidades de conservação e terras indígenas da região.

As atualizações do fogo podem ser conferidas também pela conta do Twitter botqueimadas, que traz os detalhes sobre os locais mais atingidos. Em 15 de setembro, o robô detectou 117 terras indígenas e 79 unidades de conservação da Amazônia Legal com fogo ativo nas últimas 24 horas. A análise usa dados do satélite S-NPP, da NASA.

Global Fire Data
Este painel mapeia os incêndios individuais na região amazônica por tipo de queimada, que pode ser classificado como: incêndio de desmatamento, incêndio florestal de sub-bosque, pequena clareira e incêndio agrícola, ou incêndio na savana. 

Com atualização diária, os dados e números são provenientes de detecções de incêndio ativas combinadas de instrumentos VIIRS, nos satélites Suomi-NPP e NOAA-20. A plataforma foi criada pela NASA, Gordon and Betty Moore Foundation e The Netherlands Organisation for Scientific Research (NWO).

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Quem controla o desmatamento no Brasil?

Para enfrentar esse novo cenário, o Ministério do Meio Ambiente estabeleceu o Plano Nacional para Controle do Desmatamento Ilegal e Recuperação da Vegetação Nativa, que fornece as diretrizes para combater o desmatamento com base em três temas transversais: ambiente de negócios; inovação e soluções tecnológicas; e ...

Quem é responsável pela fiscalização do desmatamento?

Todo o desmatamento na Amazônia é registrado por satélite, pelo Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes/Inpe). São, em média, 20 mil novos focos por ano. A fiscalização é feita de forma presencial pelo Ibama, que precisa chegar ao local por terra ou pelo ar.

Como é monitorado o desmatamento?

Para fazer a observação, são usados três tipos de sistemas: o Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes); o Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter); e o TerraClass, que mapeia o uso da terra após o desmatamento, em parceria com a Embrapa.

Quem fiscaliza o desmatamento da Amazônia?

A estruturação do Ibama mediante a disponibilização de viaturas e helicópteros para atividades de monitoramento e fiscalização ambiental na Amazônia contribuem diretamente para a redução da perda de cobertura vegetal decorrente de desmatamentos ilegais, impactando diretamente o objetivo geral do Fundo Amazônia de “ ...